A bicicleta como meio de transporte

Bicicleta - Foto - Paulo Paiva/DP.D.A.Press

Enquanto a bicicleta for vista como brinquedo e não como veículo de transporte, não será respeitada e tampouco terá as garantias de circulação no sistema viário. Uma pesquisa feita no Plano Diretor Cicloviário (PDC) de 2013 já apontava que 77% dos ciclistas que circulam na cidade são trabalhadores. O futuro Plano de Mobilidade do Recife pretende estabelecer dois parâmetros para a bicicleta: meio de transporte de passageiros e de cargas. No primeiro caso, será abordado o compartilhamento dos diversos modais com a bike. No segundo, a importância na distribuição de bens.

O caminho para alcançar esses parâmetros depende de políticas de incentivo e de infraestrutura. Dentro das ações de estímulo está a participação do poder público e do setor privado, com pesquisas para incluir as bicicletas nas contagens, projetos viários e campanhas específicas para o tema. Na infraestrutura, a rede ciclável terá que ser inserida também nos projetos de pontes e viadutos, além de ações de arborização, bicicletários e paraciclos. Os equipamentos serão obrigatórios nas vias, em prédios residenciais, escolas, universidades, prédios públicos e áreas comerciais. Por último, será enfocada a intermodalidade com ônibus, BRT, VLT e metrô.

Do ponto de vista de políticas públicas, o futuro Plano de Mobilidade não difere muito do que já está previsto no Plano Diretor Cicloviário de 2013, mas traz diferenças em relação ao cronograma e os espaços para a implantação da rede cicloviária. “O PDC é extremamente otimista em termos de prazos e metas e não leva em conta outros planos da cidade”, revelou o secretário executivo de planejamento e mobilidade do ICPS, Sideney Schreiner.

O “otimismo” previsto no PDC acabou frustrando os cicloativistas. A coordenadora da Associação Metropolitana dos Ciclistas do Grande Recife (Ameciclo), a arquiteta e urbanista Sabrina Machry, revela que há um descrédito na execução do que já está aprovado. “O PDC previa 27 km de infraestrutura até 2015 e 44,5 km até 2017. A primeira meta não foi cumprida e dificilmente serão 107 km até 2024”, afirmou.

Enquanto aguarda uma infraestrutura mais segura, o entregador Everton Oliveira,22 anos, faz um verdadeiro malabarismo para transportar seis garrafões de água mineral de bicicleta pela Rui Barbosa. “Aqui tem que ficar esperto ou os carros batem na gente”, contou. O servente Anderson Azevedo, 30 anos, vai para o trabalho de bicicleta e aprendeu uma regra. “Não confio no sinal de trânsito. Mesmo quando está fechado tem alguém que não respeita”, revelou.

Dentro da hierarquia do sistema viário os transportes não motorizados são prioridade em relação aos motorizados. Na sequência: pedestre, ciclista, transporte público e, por último, o veículo individual. O secretário executivo do ICPS faz uma ressalva. “A bicicleta tem prioridade em relação ao ônibus do ponto de vista de segurança, mas para a cidade iremos priorizar nas vias a faixa para o transporte público, que beneficia um número maior de pessoas”, disse.

 

Poucos Lugares para estacionar

 

Dados de contagem de bicicletas da Ameciclo e da própria CTTU apontam que na cidade circulam por dia de quatro mil a seis mil ciclistas. E, desses, 77% são trabalhadores que usam a bicicleta como principal meio de transporte. É para esse universo, ainda não totalmente conhecido, que a rede cicloviária deverá focar no Plano de Mobilidade

De acordo com mapas do atual Plano Diretor Cicloviário (PDC), a rede cicloviária da cidade atende 3,7% da população do seu entorno. O restante vai para a rua contando com a própria sorte. “A gente que anda de bicicleta não tem como chegar ao destino apenas com a infraestrutura cicloviária existente. Ela é curta e muito segregada. A realidade é compartilhar o espaço com o carro”, apontou Sabrina Machry, urbanista e cicloativista.

A infraestrutura de paraciclos na cidade ainda é insuficiente. Em frente ao prédio onde ela mora, os próprios ciclistas instalaram um equipamento. “Ao invés de estimular o uso da bicicleta, a Diretoria de Controle Urbano está apreendendo as bicicletas que são amarradas aos postes por falta de paraciclo”, revelou Machry. A assessoria da Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano informou que houve um caso na Avenida Conde da Boa Vista e outro na orla de Boa Viagem, mas foram iniciativas pontuais dos fiscais que já estão orientados a não proceder de tal forma.

O Plano de Mobilidade pode ajudar a impulsionar a instalação de paraciclos. O PDC fez um cronograma de 6.570 equipamentos na cidade até 2017. Em um trabalho paralelo, a Secretaria de Turismo e Lazer do Recife instalou, em parceria com o Itaú, 65 paraciclos. Os conjuntos estão no Bairro do Recife, parques 13 de Maio, Dona Lindu e Jaqueira, Forte das Cinco Pontas, Praça Sérgio Saiba mais…
A bicicleta como meio de transporte
Loreto, Lagoa do Araçá e Sítio da Trindade.

Rede cicloviária

Ações para os ciclistas previstas no Plano de Mobilidade
Implantação do PDC em cronograma (revisto)
Padronização construtiva da rede ciclável
Arborização da rede ciclável
Padronização de paraciclos
Paraciclos em polos geradores de tráfego e áreas comerciais
Bicicletários em estações do metrô, BRT e VLT
Incentivo do uso de bicicleta como meio de transporte
Campanha de educação do pedestre, ciclistas e motoristas
Fonte: ICPS

Rede cicloviária

HOJE
Total de rota ciclável: 41,63 km

Até 2024
Total de rota ciclável: 279,4 km

Rotas cicláveis implantadas no Recife

Zona Sul
4 km de ciclovia na Via Mangue (integrada à ciclofaixa da Av. Antônio Falcão)
7,87 km de ciclovia na orla de Boa Viagem
1,41 km de ciclofaixa de Brasília Teimosa
3,5 km da ciclofaixa Arquiteto Luiz Nunes
0,45 km de ciclovia Shopping
1,7 km de ciclofaixa na Antônio Falcão
0,85 km de ciclofaixa Jardim Beira Rio
Zona norte
1,47 km de ciclovia na Avenida Norte
5 km de ciclofaixa Binário de Casa Amarela – Arraial x Encanamento
1,9 km de rota Marquês de Abrantes
Zona oeste
2,3 km de ciclofaixa Cavouco
5,6 km de rota Tiradentes
3,2 km de rota Antônio Curado
2,4 km de rota Inácio Monteiro
Zona 30
22 vias do Bairro do Recife com uso compartilhado equitativo entre pedestres, veículos e ciclistas. (desde junho de 2014)
Fonte: CTTU

Padrão do uso da bicicleta na RMR
77% trabalhadores
13% estudantes
5% desempregados
4% aposentados
1% outros
Fonte: PDC

Bicicletários e paraciclos a serem implantados
6.570 vagas de bicicletários até 2017
4.840 vagas de paraciclos até 2017
Saiba mais…
Poucos lugares para estacionar
Fonte: PDC

1º Fórum Nordestino de Bicicleta é sediado no Recife

A bicicleta tem presença cada vez mais forte no trânsito do Recife, mesmo sem a estrutura necessária - Hoto - Hélder tavares DP/D.A.Press
A bicicleta tem presença cada vez mais forte no trânsito do Recife, mesmo sem a estrutura necessária – Hoto – Hélder tavares DP/D.A.Press

Fortalecer a bicicleta no Nordeste. Esse é o objetivo do I Fórum Nordestino de Bicicleta, o FNEbici, que acontece entre os dias 29 de outubro de 1º de novembro de 2015, no Centro de Artesanato de Pernambuco, localizado em Recife.As inscrições para o evento são gratuitas e podem ser feitas até o próximo dia 29, pelo site www.eventick.com.br/fnebici.

O Fórum é uma iniciativa de seis associações cicloativistas da região – Ameciclo, de Recife, Ciclovida, de Fortaleza, Mobicidade, de Salvador, Ciclourbano, de Aracaju, Acirn, de Natal, e Ciclomobilidade, de Maceió –, e conta com o apoio da UCB, União de Ciclistas do Brasil, e do Bike Anjo. Na programação, traz palestras, rodas de discussão, oficinas, além de exibição de trabalhos relacionados à temática da bicicleta enquanto meio de locomoção urbana. Outros formatos de atividades, como apresentação de cases de empreendedorismo na área e Bike Polo, modalidade esportiva forte em países europeus, compõem ainda a programação.

A bicicleta no Nordeste

Os organizadores vêem a bicicleta como uma ferramenta clássica na luta pela preservação ambiental, e também como meio de conscientização para a ocupação do espaço público. Nos últimos anos, esse veículo vem desenhando forte adesão, de forma contundente, entre diversos segmentos sociais nas capitais nordestinas. Em razão disso, surge este novo encontro, o FNEbici.

Entre os pontos que nortearão as atividades do Fórum estão: o compartilhamento de experiências vivenciadas nas grandes cidades da região, a busca pela articulação com o poder público (representado, por exemplo, pelo CTTU/Recife, CET/São Paulo e SCSP/Fortaleza) em prol da implementação de segurança viária de qualidade. Este é um dos maiores entraves aos ciclistas urbanos e às pessoas que desejam aderir à prática. E também serão discutidas ideias que fomentem a consolidação da bicicleta como meio de transporte que merece ser respeitado de acordo com a legislação de trânsito brasileira.

Serviço

I FNEbici – Fórum Nordestino de Bicicletas

Onde: Centro de Artesanato de Pernambuco

Quando: de 29 de outubro a 1 de novembro

Inscrições: www.eventick.com.br/fnebici

Entrada gratuita

Programação

Dia 29, quinta-feira

Local – Food Park Festival

17h – Credenciamento

19h – Palestra de abertura “A Bicicleta no Brasil”

20h – Cine Pedal

Dia 30, Sexta

Local – Centro de Artesanato de Pernambuco

8h40 – Compartilhando experiências (Pesquisa origem e destino no deslocamento urbano, Treinamento de motoristas, Estimulando a bicicleta nas empresas e Bike Blitz)

11h – Roda de diálogo “O Papel da Bicicleta na Emancipação Feminina”

14h – Palestra “Estimulando a Bicicleta nas Capitais”

16h20min – Palestra “Para além das ciclovias”

Local – The Impact Hub – Rua do Bom Jesus, 180.

8h – Oficina de Mapeamento Colaborativo

Local – Praça do Derby

18h – Bicicletada

Dia 31, Sábado

Local – Centro de Artesanato de Pernambuco

9h – Palestras “Organizações formais: sua construção e importância”

9h30min – Palestra “Recursos financeiros e associações”

9h50min – “Experiência com financiamento colaborativo”

10h50min – “O Movimento Bike Anjo no Nordeste”

11h20min – “O movimento da bicicleta na periferia”

11h40min – “O movimento da bicicleta no interior”

14h – Mesa Redonda “Associação: o que conquistamos”

16h – Mesa Redonda “O que conquistaremos”

Local – The Impact Hub – Rua do Bom Jesus, 180

14h – Empreendedorismo: “Como a bicicleta pode alavancar velhos e novos negócios”

Local – Rua do Bom Jesus

19h – Pedale o som

Dia 1º, Domingo

Local – Praça da República

8h – Encontro Bike Anjo Nordeste

14h – Encerramento: Cúpula de escolha do FNEBici 2016

Local – Marco Zero

9h – Pedal Cultural

Local – Rua da Aurora

15h30min – Bike Polo

Fonte:: FNEbici/ Assessoria/ Fórum Nordestino de Biciclet

Lei da bicicleta em Curitiba garante 5% das vias para sistema cicloviário

 

Em Curitiba o BRT é denominado de Rede Integrada de Transporte (RIT) - Foto - Prefeitura de Curitiba/Divulgação
Em Curitiba o BRT é o ponto forte no transporte público da cidade. Projeto irá destinar 5% das vias públicas para ciclovias e ciclofaixas. – Foto – Prefeitura de Curitiba/Divulgação

Por

Enzo Bertolini

Conhecida no Brasil e no mundo pela criação do BRT – Bus Rapid Transit (transporte rápido de ônibus, em tradução livre), Curitiba/PR se torna pioneira também na instituição da Lei da Bicicleta. A Lei n.º 14.594 determina que 5% das vias urbanas sejam destinadas à construção de ciclofaixas e ciclovias, de maneira integrada ao transporte coletivo.

O projeto foi construído coletivamente e apresentado ao Legislativo municipal por meio de iniciativa popular. “A Lei da Bicicleta é uma conquista e vitória”, diz Jorge Brand, conhecido como Goura, diretor da CicloIguaçu (Associação de Ciclistas do Alto Iguaçu). Para Alexandre Nascimento, autor do blog Ir e Vir de Bike, “sua aprovação por unanimidade pelos vereadores é uma grande conquista da sociedade”.

A nova lei estabeleceu um padrão para a construção de novas ciclovias, com largura mínima de 1,5 metro, mão única em cada faixa no mesmo sentido dos carros, demarcação dos símbolos de bicicleta no pavimento no mesmo sentido da faixa, pavimento demarcado por contraste de cor de acordo com a orientação do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), instalação de tachões bidirecionais na cor amarela para separar a ciclofaixa das ruas e avenidas, entre outros itens.

Um ponto importante da lei é o investimento em bicicletários e paraciclos em terminais de transporte coletivo, escolas, shopping centers, supermercados, praças e parques públicos.
eto ao uso de verba do Funset

Ao sancionar a lei, o prefeito Gustavo Fruet (PDT) vetou o artigo 3º, que previa que as despesas decorrentes da lei fossem custeadas pelo Fundo Nacional de Segurança e Educação de Trânsito (Funset). De acordo com a explicação publicada no Diário Oficial, o Município não tem acesso a esse recurso, sob responsabilidade do Denatran, e por isso não teria competência e possibilidade legal de atender à lei. “Se esse artigo fosse aprovado, a lei, que é um avanço para a cidade, se tornaria inconstitucional e sua aplicação seria prejudicada”, explica Luiza Simonelli, secretária municipal de Trânsito.

Para buscar financiamento para as obras necessárias, a prefeitura de Curitiba se encontrou com o ministro das Cidades, Gilberto Kassab, e pediu R$ 105 milhões do governo federal para a implantação de 300 quilômetros de vias cicláveis na capital paranaense até o final de 2016. Segundo fontes da prefeitura que o Vá de Bike ouviu, o apoio do prefeito ao PT nas eleições para o governo do estado teria sido com o intuito de ter apoio federal para diversos projetos, mesmo contrariando aliados no município.

Segundo Nascimento, do Ir e Vir de Bike, o veto ao artigo 3º da Lei da Bicicleta deixará de destinar anualmente R$ 10 milhões para investimentos na promoção da mobilidade urbana sustentável em Curitiba. “Como toda administração pública no Brasil, a prefeitura de Curitiba também trabalha hoje com um orçamento apertado e criar um gasto obrigatório da ordem de R$ 10 milhões é o pesadelo de qualquer gestor público. Daí a verdadeira razão do veto.”

Nascimento explica que na questão das multas municipais, o argumento pela inconstitucionalidade é baseado na suposta interferência entre os poderes, já que o Legislativo não teria a prerrogativa de criar essa obrigatoriedade. “Neste ponto, a jurisprudência do TJ-RS sobre caso semelhante em Porto Alegre pesa em favor dos ciclistas e não do argumento que sustenta o veto da prefeitura.”

De acordo com Goura, o caso de Porto Alegre se refere a multas municipais e não aos recursos do Funset. “Fui convencido de que barrar esse artigo foi o melhor e não acho que seja motivo de derrota. O ponto principal da lei foi sancionado, 5% de ciclovias, e foi um ganho. Temos que batalhar para a prefeitura garantir política orçamentária para tirar os projetos do papel para essa e as próximas gestões.”

Para Nascimento, em vez de contestar o veto em uma batalha jurídica, que pode se arrastar por anos, ou tentar a derrubada do veto na Câmara, a ideia mais viável parece ser a de forçar o prefeito a reabilitar o artigo 3º por meio de um projeto de lei de iniciativa do Executivo. “Seria juridicamente incontestável e atenderia à demanda original da iniciativa popular”, acrescenta.

Curitiba tem 4.600 quilômetros de vias e pouco mais de 160 km de estrutura cicloviária. Com a nova lei, a cidade pode ganhar mais 230 km de ciclovias. “Ainda é pouco e podemos avançar mais”, finaliza Goura.

Fonte: Vá de Bike

Ciclovias suspensas sobre os trilhos de Londres. Conheça o projeto

 

Projeto de arquitetura de ciclovias suspensas em Londres - créditos: Foster and Partners
Projeto de arquitetura de ciclovias suspensas em Londres                                       créditos: Foster and Partners

Norman Foster, arquiteto britânico vencedor do prêmio Pritzker, divulgou nesta semana seu mais novo projeto, em que pretende criar ciclovias suspensas sobre os trilhos dos trens suburbanos em Londres como alternativa ao transporte público, com tarifas em alta na capital britânica.

Chamada SkyCycle, a proposta envolve construir 220 quilômetros de ciclovias sobre a estrutura já existente dos trilhos urbanos, permitindo aos usuários uma circulação desimpedida pela cidade, sem dividir o espaço das ruas com carros e motocicletas.

Seu projeto já tem o apoio das autoridades londrinas responsáveis pelo transporte público e foi também apresentado ao prefeito de Londres, Boris Johnson, que, segundo o jornal britânico “The Guardian”, demonstrou interesse pela obra.

Uma primeira etapa para testar a ideia seria a construção uma ciclovia suspensa de 6,5 quilômetros, entre Stratford, no nordeste de Londres, até a estação Liverpool Street dos trens metropolitanos. Só esse trecho custaria cerca de R$ 856 milhões.

Fonte : Via Portal Mobilize

Rede de viadutos do corredor Norte/Sul no Grande Recife está completa

 

Viaduto Ouro Preto Foto Anna clarice Almeida

O quinto e último viaduto construído para fazer parte do Corredor Norte/Sul foi entregue ontem. O elevado terá duas faixas para o BRT (transporte rápido por ônibus), com sentido duplo, e as outras duas para o tráfego misto. A liberação promete desafogar o tráfego na PE-15, pelo menos no sentido Recife/Igarassu. Já o trânsito contrário continuará pelas vias locais. Com 360 metros de extensão e 15 de largura, o viaduto de Ouro Preto, que foi batizado de senador Nilvado Rodrigues Machado, custou R$ 10 milhões.

Os dois primeiros elevados do corredor, no sentido Recife/Igarassu, são os elevados da Pan Nordestina, nas imediações do Complexo Salgadinho, inaugurados em 2011 pela Secretaria de Transportes. Há mais dois viadutos nos Bultrins, entregues em fevereiro deste ano. Em cada um deles, o uso do espaço para o ônibus do BRT será distinto. Nos viadutos do Complexo Salgadinho, que ainda não dispõem de faixa exclusiva para o ônibus, a previsão é de uma pista por sentido. Nos Bultrins, o viaduto Oeste será exclusivo para o BRT nos dois sentidos.

A obra completa do Norte/Sul está orçada em R$ 151 milhões e atenderá uma demanda de cerca de 300 mil passageiros, entre Recife, Olinda, Paulista, Igarassu e Abreu e Lima. O corredor terá 33 estações e quatro terminais de integração.

PE15 urbanização e ciclovias Foto Anna clarice Almeida
De acordo com secretário das Cidades, Danilo Cabral, o projeto do corredor Norte/Sul entra agora em uma nova fase. “Vamos executar agora a fase da urbanização das vias locais e nas áreas sob os viadutos que receberão tratamento urbanístico e equipamentos de lazer”, explicou. A urbanização também prevê a recuperação das calçadas ao longo da PE-15 e requalificação da ciclovia. “Também será construída uma passarela para os pedestres. As intervenções já começam no início de setembro. E Até janeiro do próximo ano, entregaremos os corredores e as demais intervenções para a urbanização”, destacou Danilo Cabral.

Saiba mais

Corredor Norte/Sul

33,2 km de extensão
33 estações de BRT
5 viadutos:
2 viadutos na Pan Nordestina (entregues em 2011 pelo DER)
2 viadutos nos Bultrins (entregues em fevereiro de 2013)
1 viaduto em Ouro Preto (entregue em agosto de 2013)
R$ 151 milhões é o custo do corredor (não inclui viadutos da Pan Nordestina)
4 terminais de integração:
Igarassu
Abreu e Lima
Pelópidas da Silveira
PE-15
300 mil passageiros é a estimativa da demanda diária
30 minutos será o tempo de redução de percurso no corredorpor sentido

Fonte: Secretarias das Cidades e de Transportes

Percentual mínimo de ciclovias para os municípios de acordo com a população

A Câmara analisa proposta que obriga as prefeituras a preverem percentual mínimo de ciclovias ao projetarem e executarem obras de construção, ampliação ou adequação de vias urbanas. A medida está prevista no Projeto de Lei 4800/12, do ex-deputado Audifax.

De acordo com o projeto, esse percentual variará de acordo com a população do município e terá os seguintes valores mínimos:
– 10% nos municípios com população até 20 mil habitantes;
– 25% nos municípios com população de 20 mil até 50 mil habitantes;
– 50% nos municípios com população acima de 50 mil e até 200 mil habitantes;
– 75% nos municípios com população acima de 200 mil habitantes.

A proposta também prevê que, nos casos dos municípios obrigados pelo Estatuto da Cidade (Lei 10.257/01) à elaborarem plano de transporte integrado, esse plano deverá incluir a implantação gradual de ciclovias e ciclofaixas em toda a extensão das vias urbanas destinadas à circulação de veículos automotores.

Conforme o texto, os projetos em fase de elaboração e as obras em execução terão prazo de 180 dias, a partir da data de entrada em vigor da lei, para promover as devidas adequações. O prefeito ou outro agente público que descumprirem as medidas previstas incorrerá em improbidade administrativa.

Transporte regular
O projeto também reconhece o uso da bicicleta como modalidade de transporte regular. Segundo o autor, no Brasil ainda prevalece uma visão de que a bicicleta é apenas um veículo de lazer ou no máximo, uma alternativa adotada por pessoas que não dispõem de outros meios para os seus deslocamentos.

“Embora já comecem a surgir movimentos de valorização do uso da bicicleta como meio de transporte regular, a regra, na maioria de nossas cidades, é uma malha de vias urbanas destinadas apenas à circulação de veículos automotores, onde os ciclistas não encontram boas condições de segurança”, afirma o autor.

Tramitação
O projeto será analisado pelas comissões de Desenvolvimento Urbano; e de Constituição e Justiça e de Cidadania; e, em seguida, pelo Plenário.

Fonte: Agência Câmara

Brasília vai construir 580 km de ciclovias

Por

Caroline Aguiar

Antigo projeto do governo do Distrito Federal (GDF), a rede de ciclovias começa a sair do papel e a cortar toda a cidade. No total, serão construídos 580 km de pistas exclusivas para ciclistas na área central de Brasília e também nas cidades-satélite.
As obras estão em andamento nas Asas Sul e Norte, dentro da Universidade de Brasília, em Ceilândia, Paranoá e no Gama. Os trechos que passarão no Park Way e no Riacho Fundo II ainda estão em licitação. A previsão orçamentária para esses trechos é de aproximadamente R$ 38 milhões. O projeto completo deve custar R$ 121 milhões. A expectativa do governo é que tudo esteja pronto até 2014.

 

Em vários trechos, as pistas já estão prontas, mas ainda faltam a pintura e a sinalização. O governo corre contra o tempo para terminar a concretagem das ciclovias antes do período de chuvas. Depois da finalização desta fase, as pistas serão sinalizadas com postes, luzes de led e pintura no piso.

As vias em construção não fazem a interligação do Plano Piloto com as cidades-satélite, mas levam às estações de metrô, onde o usuário poderá fazer a interação de modais. O projeto ainda prevê a revitalização de calçadas e paisagismo.

Ronaldo Martins, do Instituto PedalaBrasília, considera que o que está acontecendo é uma revolução. “É preciso perceber que a implantação desse projeto é uma movimentação revolucionária na cidade mais projetada para carros do país. Esse é o resultado de uma luta que vem desde 2001. Nesse projeto, o ciclista é incluído ao paisagismo, comércio e quadras residenciais”, ressaltou.


Ministério Público pede interdição

Apesar do bom andamento das obras, o trabalho na ciclovia de Ceilândia corre o risco de ser paralisado. O Ministério Público do DF entrou com uma ação civil pública pedindo que obra seja interditada até que o projeto esteja adequado à legislação ambiental, de trânsito e de ordem urbanística.

 

O Ministério alega que os projetos da ciclovia não foram encaminhados ao Departamento de Trânsito (Detran) e para o Instituto Brasília Ambiental (Ibram) para aprovação. As companhias de água e telefonia também não teriam sido consultadas sobre as interferências já feitas na estrutura urbana. A paralisação seria para evitar futuros acidentes e garantir a segurança da população. A ação foi encaminhada para o Tribunal de Justiça, mas ainda não houve decisão sobre o caso.

 

A Administração Regional de Ceilândia informou que nenhum aviso ou informação chegou ao local, por isso as obras estão sendo tocadas normalmente. Os 40 km de ciclovia da cidade estão sendo finalizados e devem ser entregues nas próximas três semanas, informou a Administração.

Fonte: Portal Mobilize

 

Cem quilômetros de ciclovias para a RMR

 

A primeira proposta do Pedala PE é ampliar a malha cicloviária existente em Pernambuco para 100 km. As novas ciclovias serão instaladas no ramal de acesso à Cidade da Copa, na BR-101 e na II Perimetral. Os corredores Leste-Oeste e Norte-Sul, onde haverá o novo sistema de Bus Rapid Transit (BRT), também ganharão as vias exclusivas. Elas vão se somar às já existentes no Complexo do Paiva, no Cabo de Santo Agostinho, em Nossa Senhora do Ó e Porto de Galinhas, em Ipojuca, e na PE-15, que será recuperada. Todas devem ser entregues até dezembro de 2014.

Uma das avenidas que deverá ganhar ciclovias é a Agamenon Magalhães. As faixas serão integradas ao projeto do corredor Norte-Sul. Inicialmente, o projeto não previa a via para bicicleta, inserida após a demanda colocada pela sociedade. “O projeto previa um corredor de ônibus, mas o debate nos sugeriu e achamos interessante a ciclovia. Ao mesmo tempo, já estávamos desenvolvendo um olhar sobre a bicicleta, então juntamos as duas coisas: a sugestão e o estudo dos técnicos”, esclareceu o governador Eduardo Campos.

 

Fonte: Diario de Pernambuco

(Ana Cláudia Dolores)

Invisíveis, mas nem tanto

 

 

Eles nunca fizeram parte de um estudo de circulação e tampouco de estatística sobre origem e destino, mas nunca deixaram de estar lá. Os ciclistas sempre ficaram à margem do sistema viário do Recife, mas seja por modismo ou bandeira política eles começam a dar as caras. Que seja! O importante é que se façam vistos como uma das apostas nos deslocamentos e não apenas de lazer.

Há muitos caminhos a serem percorridos de todos os lados até que possamos perceber o Recife como uma cidade “amiga da bicicleta”. Mas alguns passos estão sendo dados. Pela primeira o sistema cicloviário faz parte de um plano diretor, que promete ampliar o número de ciclovias na cidade. Hoje temos apenas 28km e potencial para cerca de 2 mil km, segundo o Instituto da Cidade Pelópidas Silveira. E a própria Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) está ampliando a inserção de ciclofaixas, a exemplo do binário Encanamento/Arraial. É verdade que são necessários ajustes, mas isso é próprio de quem busca acertar e a CTTU com certeza ficará sensível às sugestões dos cicloativistas, que sabem o que é melhor para eles.

É importante que não se criem ciclovias ou ciclofaixas da mesma forma como implantaram rampas para cadeirantes em quase toda esquina para “atender” ao discurso da mobilidade, mas na maioria das vezes inacessíveis. Como disse, temos um longo caminho a percorrer, mas talvez o passo mais importante seja fazer com que o ciclista se sinta inserido dentro do sistema de trânsito. Ainda não há estudos de quantos são e para onde vão? O certo é que eles estão nas vias e cada vez menos invisíveis que antes.

Ciclista, uma escolha verde

Diario de Pernambuco
Por Anamaria Nascimento
Com o livro Como viver bem sem ter um carro nas mãos, o professor universitário Fernando Nóbrega, 29 anos, explica como, há quase dez anos, decidiu viver sem ter um carro. Atualmente, os meios de transportes usados por ele são as três bicicletas cuidadas como se fossem membros da família. Uma é para Fernando ir ao trabalho, a outra para fazer compras e a terceira para passear com um grupo de amigos nos fins de semana. Aos sábados, o professor se junta a mais 20 pessoas para percorrer várias cidades do estado. Certa vez, conta com orgulho, foi até Bezerros, no Agreste, pedalando. O programa é definido como um momento de lazer.

Do grupo, porém, apenas Fernando abandonou completamente o carro. Outros ciclistas não conseguem seguir o exemplo do colega por causa da falta de infraestrutura das vias do Recife. Segundo eles, a pavimentação das ruas é precária, faltam ciclovias, policiamento e educação aos motoristas. Discussões sobre a importância das “magrelas” como meio de transporte estão sendo feitas na Rio+20, onde foi divulgado o programa Rio-Estado da Bicicleta. Na ocasião, o Rio de Janeiro foi apontado como cidade empenhada em promover o uso da bicicleta como forma de locomoção e pode servir de exemplo para o Recife.

Grupos de ciclistas que pedalam nos fins de semana, como o de Fernando, são cada vez mais comuns na capital pernambucana. Amigos, familiares e colegas de trabalho se reúnem para pedalar como opção de lazer. Com menos carros aos sábados e domingos nas ruas, os ciclistas se sentem mais seguros. Uma das queixas deles é a falta de compreensão dos motoristas ao dividir as vias. “Parece que os políticos e os condutores de carro não perceberam a importância dos que andam de bicicleta. De uma forma geral, os motoristas desrespeitam e são impacientes”, reclama o empresário Roosevelt Menezes, 35 anos. Ele participa de um grupo de ciclistas formado por amigos, o Pedala Mundo.

Em 2000, Roosevelt abriu mão do carro e só ia para o trabalho de bicicleta. Desistiu da ideia quando o trânsito do Recife começou a ficar mais intenso. “Só voltaria a deixar o carro totalmente de lado se a cidade fosse mais preparada para isso. Por ser inseguro e sem ciclofaixas, o Recife não oferece condições para pessoas como eu”, critica.

A cidade tem apenas 24 quilômetros de rotas para o deslocamento de bicicletas, entre ciclovias, ciclofaixas e ciclo rotas. Elas estão presentes na Avenida Boa Viagem (9,5 km), na Avenida Norte (1,7 km), em alguns trechos da área central da cidade (3,8 km), entre a Avenida do Forte e a Rua 21 de Abril (6,5 km) e no Canal do Cavouco, no bairro do Engenho do Meio (2,6 km).

“Os recifenses não parecem preparados para um trânsito misto. Falta apoio do poder público também”, lamenta o professor de educação física Sérgio Farias, 49 anos. “A ciclofaixa da Avenida Norte é completamente desrespeitada. Vias como a Avenida Caxangá, que liga vários bairros da Zona Oeste ao centro, também deveriam ter a sinalização”, afirma a instrutora de pilates Carina Brito, 27.

Fernando Nóbrega parece mesmo ser uma exceção entre os ciclistas. “É muito difícil usar a bicicleta para realizar todas as atividades, mas insisto porque me sinto bem assim. Algumas medidas básicas poderiam ajudar no problema de fluxo da cidade e aumentar o número de pessoas como eu. Acredito que deveria existir rodízio de placas, que diminuiria em 20% o tráfego de carros”, opina.