Por
Tânia Passos
A contrapartida social é uma tarefa que poucas empresas se dão ao trabalho de fazer, a não ser quando há obrigatoriedade ou se ganha algum benefício no fisco. O fato é que são raros os casos de empresas que entendem o papel social que devem exercer para contrapor os desgastes que provocam. Do ponto de vista da mobilidade, essa é uma questão que a maioria das empresas fecha os olhos. Pode parecer descabido questionar, por exemplo, qual a contribuição das montadoras de veículos na questão da mobilidade? Já imaginaram se parte do faturamento da venda de veículos fosse destinada para a melhoria do transporte público?
Difícil de imaginar, não é? É o caso do Projeto de Lei do deputado licenciado Audifax Charles Pimentel Barcelos (PSB/ES), que prevê uma contribuição social para importação ou fabricação de motocicletas. Pelo projeto, o tributo seria destinando ao SUS, que gasta 48% da sua verba para atender acidentados de motos. Mas o projeto já foi rejeitado na primeira comissão.
Mesmo quando não há uma lei obrigando é possível dividir responsabilidades. E aqui eu cito o exemplo do Porto Digital do Recife, que congrega cerca de 200 empresas, na área da tecnologia, dentro do Bairro do Recife, e lançou um projeto de mobilidade que vai funcionar como laboratório. O projeto prevê, por exemplo, aluguel de bicicletas, o compartilhamento de carros elétricos e ainda oferece aplicativos gratuitos no celular para facilitar o acesso de quem procura por uma vaga para estacionar ou esperar pelo ônibus. Prevista para ser lançada este mês, a implantação só será concluída em seis meses e tem prazo de dois anos para ficar em operação.
Pode parecer pouco, mas quem já fez mais por aqui na perspectiva da mobilidade? Um questionamento simples é saber, por exemplo, o que os grandes centros de compra da cidade, potenciais geradores de tráfego estão fazendo para melhoria da mobilidade?Pois é, está mais do que na hora de dividirmos responsabilidades.
Fonte: Diario de Pernambuco