Uma regra para virar exceção

 

Por

Tânia Passos

 

Sair de carro despreocupado para beber vem deixando de ser regra para se tornar exceção. Seja por consciência ou ainda pelo peso da multa no bolso de quase R$ 2 mil para quem dirige alcoolizado. Mas, por enquanto as exceções ainda estão custando muito caro.  Em Pernambuco foram realizadas este ano 4.152 hospitalizações de vítimas de acidente de trânsito, que custaram R$ 3,7 milhões aos cofres públicos. As novas regras da Lei Seca estão, no entanto, cada vez mais duras e a expectativa é que as exceções passem a ser cada vez mais raras.

No primeiro feriado em que passaram a vigorar as mudanças na Lei Seca foram aplicadas no estado 537 multas, 139 carteiras de habilitação apreendidas e 13 pessoas presas por apresentarem teor alcoólico acima do permitido por lei. (Concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligramas de álcoo por litro de ar expelido). Sendo uma das prisões por prova testemunhal, uma vez que o motorista não quis fazer o teste do bafômetro.

Este ano, o número de veículos abordados no feriadão de Natal cresceu 31,7% em relação ao mesmo período do ano passado. Durante os cinco dias de feriadão, de 21 a 25 de dezembro, 5.452 automóveis foram parados nas blitzes, enquanto no ano passado 3.723 carros foram abordados. “Houve um aumento muito maior no número de carros fiscalizados em relação ao ano passado. Mas teve apenas uma prisão a mais em relação ao mesmo período”, revelou o coordenador da Operação Lei Seca, o tenente-coronel André Cavalcanti.

Fazer o teste do bafômetro deixou de ser uma opção para se tornar uma arma de defesa do motorista. O empresário Luiz Guimarães, conta que nunca olhou o bafômetro como inimigo. “Eu vejo o bafômetro como uma defesa não só para mim, mas tam como para as outras pessoas. É uma maneira segura de você mostrar que está apto a dirigir ou que não está e se for o caso é melhor que não dirija”, revelou.

Segundo o coordenador da Operação Lei Seca em Pernambuco, o número de pessoas que se recusavam a fazer o teste do bafômetro diminuiu cerca de 14,3%. “As pessoas estão ficando mais conscientes e além disso é mais seguro hoje fazer o teste, do contrário se a autoridade de trânsito considerar que o motorista está bêbado ele será preso imediatamente”, afirmou. Durante as blitzes, 94 motoristas se recusaram a fazer o teste do bafômetro. No ano passado, 116 se negaram a soprar no etilômetro.

Para quem não quer abrir mão de sair para se divertir e beber, as alternativas são as mais diversas. O militar aposentado Adalberto Sales, 63 anos, costuma pegar táxi. “Acho mais tranquilo e seguro. Saio e volto de táxi. Não há risco”, revelou.  O amigo da vez também vem sendo uma opção. A professora Nívea Negreiros, 36 anos, já ganhou fama de ser a amiga da vez de todas as ocasiões. No lugar da cerveja um copo de refrigerante. “Já me acostumei a ser a amiga da vez. Não me importo. Prefiro beber em casa. A vantagem é que sou convidada para todo lugar”, contou. A jornalista Cátia Rabelo, 34, diz que faz a escolha de abrir mão do carro quando sai para beber. “Pego carona ou táxi. Mas quando saio para beber deixo o carro em casa”, afirmou.

Em um ano, Pernambuco registrou uma redução de 24,3% de mortes em acidentes de trânsito. “A ação das blitzes mostrou uma redução nas mortes e há redução na recusa do teste do bafômetro. Podemos dizer que esse comportamento é reflexo de uma conscientização dos condutores e há uma mudança de hábito e cultura”, ressaltou o secretário de Saúde, Antônio Carlos Figueira.  Apesar dos avanços, as exceções ainda estão trazendo muitos estragos. O feriadão registrou 91 acidentes e 14 mortes. Em apenas um deles, 12 pessoas morreram. O motorista responsável pelo acidente em Parnamirim, interior do estado, estava embriagado, segundo a Polícia Rodoviária Federal.

 

3 Replies to “Uma regra para virar exceção”

  1. Ademílson Pereira Diniz (Advogado Autônomo – Civil)

    Me parece que nada mudou
    com razão o articulista quanto à inanidade da nova lei para o fim almejado, assim como e principalmente quanto à utilização de instrumento de PODER EXCESSIVO para a resolução do problema da conjunção DIREÇÃO/ÁLCOOL. O nosso CONGRESSO NACIONAL está desmoralizando-se a cada dia que passa com essa produção legislativa absolutamente canhestra e CONTRA os interesses da população. Ainda não conheço a ‘nova’ lei, mas, pelo que se comenta, NÃO MUDOU NADA (a não ser o valor da multa), pois, quanto ao uso do BAFÔMETRO não adianta dizer que É PARA O CIDADÃO FAZER A CONTRAPROVA…continua existindo é a exigência de se fazer prova contra si do mesmo, o que é ILEGAL E INCONSTITUCIONAL. O testemunho do POLICIAL, para mim, também é ilegal e não deve ser aceito pela JUSTIÇA. a multa, por sue lado, sem a aplicação do bafômetro é ILEGAL. SUGIRO a todo MOTORISTA que, parado nessas ridículas BLITZs (não sei como ainda se aceita esse tipo de ‘policiamento’) RECUSAR O BAFÔMETRO e, se conduzido preso à AUTORIDADE POLICIAL por qualquer acusação, exigir exame a ser feito no INSTITUTO DE CRIMINALÍSTICA que acusará a ACUSAÇÃO ILEGAL e processar CRIMINALMENTE testemunhas, policiais, médicos, etc . que o atestaram BÊBADO. Só assim acabaremos com essa FARRA medonha de sermos sujeitos á humilhação de soprar essa maquininha idiota. NÃO PAGAMOS, ARMAMOS E TREINARMOS a POLÍCIA para o fim de ela ficar a verificar o ‘bafo’ das pessoas, mas sim para ir atrás de CRIMINOSOS…vejam: em mais de 50.000 carros parados, só prenderam DUAS pessoas por bebida a mais.NÃO SE JUSTIFICA o ABUSO DE DIREITO contra o CIDADÃO.

    Reiterando o que o cidadão falou,é muito simples essa lei ser aplicada,causou um acidente com morte ou não,e foi comprovado que estava com teor alcoólico comprovado por exame de sangue,vai preso,independente de ser RICO ou POBRE,simples assim!!! Mas do jeito que está,além de ser ilegal,não vai adiantar muito não,pois pra quem tem $$$$$$ dois mil ou mais não vai fazer nem cocegas,só vai pesar pra quem não tem,simples assim….. BRASIL,UM PAÍS DE TOLOS!!!

  2. Texto muito bem elaborado! está de Parabéns!

    Realmente temos que viver nessa realidade! pena que o alto valor pago pelas multas em “geral” mesmo sendo dos infratores diga-se irresponsáveis poderiam vir a ajudar na reconstrução de rodovías, novas estradas e não vemos! triste realidade sem fim em um pais com elevado grau de corrupção!

  3. Dirigir bêbado fazendo besteira com a própria vida e de outros não é novidade e se a Lei não cola ou é falha, a benevolência é da sociedade. Em São Paulo, um cara ligado a gestão de grande hospital bateu fez boliche com o seu ix35. Quem o viu disse que tinha bebido e até confessou a uma pessoa entrevista, mas nínguem denunciou na delegacia, não quis fazer o exame, então ficou como acidente de trânsito, que por sorte não feriu gravemente ninguém.

    A Lei Seca só trata uma parte dos condutores: bêbados. Tem muita gente sóbria dirigindo cinquentinha ou até mais potente sem capacete, no sentido contrário do fluxo, avançando sinal, correndo demais; donos de carro querendo ganhar tempo feito um vi que num cruzamento na Domingos Ferreira, ontem, que cruzou rapidamente e mais adiante tinha uma retenção por conta de outro sinal na Conselheiro e freou bruscamente, gente que conduz devagar demais ou rápido demais na via; ciclistas sem freio, sem buzina e pelo menos um retrovisor onde ontem também, pela manhã, quase ocorria uma colisão entre dois, onde um ultrapassou pela direita o outro parado atrás do carro, só que o que estava atrás do carro saiu pela direita.

    O sistema todo é falho. Você avisa ao departamento de trânsito problemas e nada fazem ou demoram muito para tomar uma posição. No lugar onde vi a quase colisão de ciclistas, muitos avançavam o sinal quando vermelho para pedestres, enquanto dois agentes estavam na via principal.