O transporte interbairros do Recife não consegue atrair usuários do carro

Transporte complementar no Recife - Foto - Alcione Ferreira DP/D.A. Press
Transporte complementar no Recife – Foto – Alcione Ferreira DP/D.A. Press

Ter um ônibus na porta de casa fazendo o trajeto que você deseja não é exatamente a realidade da maioria nem a função do transporte público, segundo os especialistas. Na maioria das vezes, é preciso ir aonde o meio de deslocamento está. Em uma cidade como o Recife, porém, o desestímulo ao uso do transporte público naturalmente gerado pela falta de linhas entre bairros é agravado por problemas como calçadas inadequadas, insegurança no trajeto e desinformação sobre as linhas.

O sistema interbairros da capital tem sete linhas que transportam 45,5 mil pessoas por dia. A lei que regula o transporte complementar proíbe a circulação no centro expandido. Assim, áreas como Boa Vista, Santo Amaro, Ilha do Leite, Santo Antônio e São José não dispõem de serviços desse tipo. O agravante é que o último estudo para medir as demandas nas origens e nos destinos foi feito em 1997.

A estudante Beatriz Oliveira prefere caminhar longas distâncias a usar o ônibus - Foto - Alcione Ferreira DP/D.A.Press
A estudante Beatriz Oliveira prefere caminhar longas distâncias a usar o ônibus – Foto – Alcione Ferreira DP/D.A.Press

A estudante Beatriz Oliveira, 20 anos, mora na Ilha do Leite e trabalha na Boa Vista. De casa para o trabalho a caminhada é longa, mas o transporte coletivo não compensa. “Eu teria que pegar ônibus na Agamenon ou na Conde da Boa Vista e mesmo assim precisaria caminhar muito até o trabalho. Prefiro ir a pé, enquanto não compro um carro”, revelou. A funcionária pública Maria Tereza Araújo, 33, que mora na Madalena e trabalha na Boa Vista, só usa o carro. “Não sei nem se tem ônibus nesse percurso”, afirmou.

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De Jardim São Paulo, a dona de casa Maria Augusta Gouveia tem dificuldade para visitar a irmã que mora no Barro, uma área vizinha. O metrô fica a 1 km, mas da estação à casa da irmã ela teria que andar mais 3 km. “A opção é pegar um ônibus na Avenida Recife para ir à Estância e pegar outro ônibus para o Barro”, revelou.

Consultor em mobilidade urbana, o engenheiro Germano Travassos defende que as linhas existentes são suficientes. “O Recife é bem servido, mas em muitos casos é preciso pegar mais de um ônibus. Isso acontece em outros lugares do mundo. Eu diria que precisamos melhorar as informações”, ressaltou.

Migração
Para o professor do Departamento de Engenharia Civil da UFPE Maurício Andrade, o Sistema Estrutural Integrado (SEI), principal base do transporte público da RMR, não consegue atender a todas as necessidades de deslocamento. “O SEI sozinho não é suficiente para atender as demandas e muita gente acaba migrando para o carro”, opinou.

Também especialista em mobilidade, o engenheiro César Cavalcanti chama atenção para a importância de atualizar informações da pesquisa de origem e destino. “Não há como entender a atual demanda sem pesquisa. Não se pode ficar na base do ‘achismo’”, afirmou.

Fonte: Diário de Pernambuco (por Tânia Passos)

25 Replies to “O transporte interbairros do Recife não consegue atrair usuários do carro”

  1. O sistema complementar é interessante sim!! Utilizo a linha Campo Grande/Afogados, que atende a vários outros bairros como Torre, Madalena, Mustardinha, Largo da Paz, Hipódromo, Encruzilhada e ao Shopping Tacaruna. A linha é muito procurada e beneficia muita gente. Falta mais atenção da CTTU com o sistema complementar, ônibus mais novos, mais linhas interbairros, funcionários capacitados pois tem muitos se esquecem que carregam vidas.

  2. Mas é claro que jamais irei andar de transporte público se não tenho NENHUMA segurança, tanto na questão de segurança física, como nos horários. Além de serem verdadeiras “LATAS DE SARDINHAS PRENSADAS”, hoje já nem existem! o desconforto só não é superado pela não educação de muitos passageiros. Nas filas das estações sem nenhum controle. Após retirarem as KOBIS, graças a Deus; prometeram colocar mais ônibus e aproximadamente os 30% desses climatizados. Alguém ver estes veículos rodando em algum local? Eu jamais deixarei de utilizar o meu carrinho popular com ar, mas que me dá o direito de me locomover sem ser molestado por vendedores, ladrões, pedintes entre outros, além dos absurdos dessas obras(merdas) intermináveis, que aumentam o nosso estresse diário. Quando os secretários do governo e da prefeitura, deixarem de andar nos carrões de suas pastas, pagos pelos contribuintes e forem se locomover de transporte público e poderia começar a pensar nessa possibilidade. Como isso jamais irá acontecer, vou lutar para continuar mantendo o meu 1.0 nos meus deslocamentos. Carinhosamente, Mário Tiburcio.

  3. Utilizo a linha San Martin-Shoping é um percurso longo, precisa ser investido em mais ônibus e profissionais qualificados, nos horários de pico andam super lotados e tem alguns ônibus que ficam sem cobradores fazendo com que a viagem demore mais.

  4. Certa vez saiu esta reportagem em um jornal:

    Folha da Cidade de 09/10/2013

    Novas linhas – Adriano Campelo diz não foram criadas mais linhas de ônibus para o sistema complementar. “Será que as empresas de ônibus têm impedido que essas linhas sejam criadas? Tantos precisando de novas linhas entre os bairros e o próprio Grande Recife despreza”, afirma.

    Será verdade?

    • Absurdo se isto for verdade. O Grande Recife Consórcio e as empresas operadoras nem fazem e nem deixam os outros fazer. Enquanto isso a população sofre.

  5. O Transporte Complementar é sim importante para o Recife!! utilizo sempre a Linha San Martin/ Boa Viagem e ela é sempre muito bem requisitada pelos usuários pois corta vários bairros e locais que o ônibus geralmente não faz uso. Assim como o nosso amigo Felipe bem falou é preciso uma maior atenção dos orgaõs competentes principalmente do (GRANDE RECIFE CONSÓRCIO DE TRANSPORTES E PREFEITURA) e ouvir um pouco mais a população e suas necessidades, pois ela sim faz uso desses ônibus e não tirar ou mudar trajeto de linhas sem consultar as comunidades que o utilizam. Como bem lembrado falta também uma maior capacitação mesmo de motoristas e cobradores porque acham muitas vezes que estão em seus carros particulares e sem fornecer um serviço de melhor qualidade para alavancarem o sistema e terem mais credibilidade.

  6. Gostaria de saber do Grande Recife ou de quem planeja o transporte coletivo, a justificativa de ter ônibus entre Dois terminais integrados. Exemplo Ti-Tancredo Neves para Ti -Aeroporto, Ti Joana Bezerra para TI – Aeroporto. Come também justificar as Linhas Ti-Tip conde da boa vista e Ti Tancredo neve conde da boa vista.
    O mais coerente era que estas linhas alimentasse os terminais circulando em torno dos mesmos se ir ao centro da cidade ou a outro terminal já que existe o metro fazendo este percurso.

    • Sua indagação tem uma resposta bem simples e é só ver em imagens de satélite para entender melhor.
      Embora haja metrô e ônibus partindo de um mesmo ponto com destino a outro comum, o centro da capital, o trajeto é diferente e assim atende a públicos distintos que precisam de um modal que passe por esses locais diferentes, como também existe um bom afastamento entre as paradas e estações quando os corredores são próximos, além de termos uma segunda opção de deslocamento.
      Metrô linha norte – Camaragibe – e ônibus saindo do TIP ou do TI Camaragibe rumo ao centro são trajetos muito distintos. Enquanto o metrô segue uma rota que é fronteira com os bairros das zonas oeste e sul, os ônibus dos dois TIs usam vias exclusivas de uma zona, oeste, ou muito afastadas do metrô como é o caso da Av. Abdias de Carvalho. Leste-Oeste que já tem corredor exclusivo e passará por outro mais rápido baseado no metrô, pode ser uma rota mais rápida que o metrô partindo de Camaragibe até o começo da área central, Derby. A Av. Abdias de Carvalho irá receber o BRS que também favorecerá a questão tempo. Não seria aconselhável o metrô ser único modal para ir ao centro tendo vias radiais distante da sua rede onde outro modal também pode cumprir esse fim de forma direta. Caso não saiba, quem defende a expansão do sistema ferroviário em muitas vias apenas faz trocar o atual modal rodoviário por um sobre trilhos que pode ser metrô, VLT ou monotrilho. Daí se vê que existe uma necessidade de antendimento distinto da rede atual do metrô cuja expansão seria para outras vias exploradas ou não pelo sistema rodoviário.
      A área sul, temos o metrô e os ônibus transitando em vias bastante próximas, porém o distanciamento das estações do metrô com relação às paradas de ônibus pode ser muito diferente. No trecho entre as estações Imbiribeira e Antônio Falcão há várias paradas de ônibus elas distam mais de 2km. O usuário de ônibus se queixa quando deixa de descer numa parada tendo que descer algumas vezes uns 200m na seguinte. Já pensou percorrer a pé 2km? Para ter uma ideia, o BRT Leste-Oeste tem espaçamento superior as paradas provisórias, mas ainda é menor que as do metrô. As estações da Av. Caxangá distam por volta de 400m a 500m, enquanto as do metrô é da ordem de 1,3km a 1,4km.
      O modal ônibus mesmo próximo ao metrô atua como um sistema complementar reduzindo as lacunas, e no caso de pane do segundo, torna-se principal meio de ligação subúrbio-centro.
      Se na atual configuração de transporte que temos o metrô fosse opção primário para chegar ao centro, então o número de estações teria que ser ampliado para reduzir o distancionamento delas, bem como aplicar a elas terminais integrados para os bairros mais afastados da linha mesmo com vias radiais tenha linhas alimentadoras para esses TIs. O problema dessa configuração é que haveria uma grande concentração no metrô, subutilização de vias radiais que poderiam ser atendidas por ônibus ou mesmo outros veículos sobre trilhos, além dos deslocamento para o centro passarem a ser perimetral-radial troncal (metrô). Se há várias vias radiais não assistadas pelo metrô ainda que algumas fiquem próximas a este, no caso a Mascarenhas por exemplo, por que centralizar o deslocamento no metrô?

  7. Lembro aos caros colegas que estas linhas do transporte complementar não tem nada a ver com o Grande Recife Consórcio. Quem é o responsável é a CTTU junto com a cooperativa.

  8. Uso a linha Dois Unidos/Torre e infelizmente ela não segue para a UFPE. Tenho que descer na Madalena e usar outros ônibus.

  9. Ter um ônibus na porta de casa fazendo o trajeto que você deseja não é exatamente a realidade da maioria nem a função do transporte público, segundo os especialistas.

  10. pra nossa cultura preconceituosa, andar de onibus é dar sinal de pobreza, de estar em baixo nível.
    Temos essas bobagens de se mostrar em um carro, ou de que esperar onibus é coisa pra inferior.
    Mesmo que nosso transporte publico fosse excelente , nao adiantaria de nada perante nosso orgulho

    • concordo contigo Franco. e pior,estamos contribuindo para a degradação acelerada de Recife! por causa do”culto ao deus carro”!

  11. Engraçado! eu me desloco da Várzea para Várzea, KKKKK. Moro perto da estação Cosme e Damião, mas trabalho próximo ao IFPE e estudo na UFPE, seria cômico se não fosse verdade, pra ir trabalhar e estudar teria que pegar 2 ônibus super lotado pra ir e a mesma coisa pra voltar. Da minha casa para o trabalho são cerca de 6 km, infelizmente tenho que pegar meu 1.0, enfrentar um pouco de congestionamento e chegar ao meu destino. Poderia sim deixar meu carro em casa, mas pra ir de que? “expresso sardinha” nem pensar!

    • Com tantos bairros recifenses precisando de linhas interbairros, a CTTU não ter planejamento de novas linhas ou estar para criar novas linhas é um absurdo! A não ser que, o que o sr. Marcelo8 disse sobre estarem empatando do sistema complementar crescer seja verdade.

    • Sra. Tânia, já que alguns comentários falam de problemas deste sistema complementar, seria bom um complemento da reportagem falando do principais problemas como ônibus velhos, superlotação, alta velocidade, falta de mais linhas, etc… quem sabe a CTTU não nos dar uma boa resposta?!

  12. Este tipo de transporte precisa de mais atenção da CTTU/Prefeitura do Recife, inclusive troca de linhas que o sistema não tem mais condições de operar devido a grande demanda, como a Campo Grande/Afogados e San Martín/Boa Viagem com outras linhas do Grande Recife Consórcio de Transporte.

  13. e engraçado é que a”imprensa”(Globo a frente),Recifense criticou o sistema complementar de Recife. e o de Jaboatão? é muuuuuuiiiiiito PIOR do que voces pensam. o sistema de Recife dá de 5 a zero no de Jaboatão. mas a nossa imprensa é omissa!

  14. O Grande Recife também tem um sistema operado por microônibus chamado de Sistema de Transporte Complementar Metropolitano. As últimas linhas criadas foram para o TI Xambá, mas muitas cidades da região metropolitana precisam de mais linhas complementar metropolitano. Igarassu, Abreu e Lima, Cabo, Paulista e Olinda tem bairros que nem transporte coletivo tem.

  15. O Sistema Complementar é interessante e muito necessário para a nossa cidade (Grande Recife), porém, apresenta vários problemas que é comum ao serviço público brasileiro: Falta de regulamentação atualizada, Falta de qualidade, Falta de incentivo, Falta de organização e estrutura operacional. O pior é saber que isso vai continuar péssimo uma vez que os governantes não utilizam tranporte público e não fazem a mínima questão de oferecer para a sociedade um serviço digno de qualquer cidadão. Enquanto isso Recife (Região Metropolitana) segue como uma grande e moderna província entregue nas mãos do poder publico omisso e vergonhoso.

  16. Percebo que a zona norte do Recife é a mais beneficiada com essas linhas complementares, porém, um trajeto importante e que não temos é uma ligação entre a Avenida Beberibe, Praça da Convenção e demais bairros próximos para a Cidade Universitária. Sinceramente. não vejo necessidade de ter a linha Dois Unidos/Torre se na região temos linhas de Beberibe, Dois Unidos, PE-15, Xambá e Vasco da Gama para Afogados com trajetos similares enquanto quem deseja chegar na UFPE, IFPE, Sudene, Hospital das Clínicas e Caxangá não tem opção direta nem integração. A linha Dois Unidos/Torre poderia ser Dois Unidos/CDU.