O Túnel da Abolição encolheu meio metro entre o desenho e a execução. O equipamento previa três faixas de rolamento, sendo uma delas para o transporte público. E, para isso, deveria ter no mínimo 8,90 de largura, mas ficou com apenas 8,40, inviabilizando a terceira via. A redução trará impacto direto em outro projeto: a implantação do corredor de tráfego da 2ª Perimetral que passará pelo túnel, conforme recomendação do Plano Diretor de Transporte Urbano (PDTU) de 2008. Com uma faixa a menos o corredor sofrerá um gargalo dentro do túnel. Os estudos apontam uma estimativa de 8 mil veículos por hora nas duas faixas de tráfego misto.
A mudança no projeto, ainda não vista como erro pela Secretaria das Cidades, ocorreu a partir de uma orientação do órgão de trânsito municipal. De acordo com o secretário executivo de Mobilidade Urbana, Marcelo Bruto antes de decidir colocar duas faixas a secretaria recebeu o aval da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU). “A definição de duas faixas foi feita a partir das orientações do órgão de trânsito que é a autoridade municipal nas decisões do trânsito da cidade”, justificou.
A CTTU foi convidada a visitar a obra três meses antes dela ser aberta ao tráfego. Em nota, a CTTU explicou que de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) a faixa do ônibus deve ter uma largura mínima de 3,5 metros e de 2,7 metros para os veículos de passeio. Pelas dimensões do túnel, a implantação de três faixas seria tecnicamente inviável e poderia, inclusive, gerar o atrito dos veículos com a parede do equipamento, colocando em risco a segurança viária. Ou seja, a largura mínima teria que ser de 8,9 metros de largura, isso sem contar a possibilidade futura de uma ciclofaixa.
Para o professor do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Maurício Andrade, os projetos da 2ª e 3ª perimetrais da cidade, que nunca saíram do papel, têm mais de 30 anos e vem sendo reeditados em todos planos diretores de transporte e confirmados no último de 2008. “O traçado não é pensado de forma aleatória. Muita gente trabalhou em estudos e simulações. O PDTU fez a previsão de três faixas e fez o carregamento da necessidade de três faixas. Com duas não resolve. Mesmo que o tráfego hoje não seja muito intenso, mas o planejamento foi feito”, ressaltou.
No projeto original das três faixas, o corredor de transporte fica no lado direito da pista com uma baia para a parada de ônibus. A baia (recuo) para o ônibus foi feito, mas como só há duas faixas, o ônibus terá dificuldades em retornar à faixa em razão do tráfego intenso. De acordo com o Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano 15 linhas de ônibus passam pelo túnel desde a sua inauguração, mas nenhuma está utilizando a parada de ônibus do túnel. E não há previsão de quando a parada será ativada.
Perimetrais na gaveta há 30 anos
As obras da 2ª e 3ª perimetrais serão executadas pela Prefeitura do Recife. No caso da 2ª perimetral, o projeto contempla a requalificação viária para implantação de um corredor exclusivo de ônibus para todo o trajeto. Com a redução de uma das faixas no Túnel da Abolição, o corredor não será mais todo exclusivo. A perimetral terá 9,4 quilômetros de extensão e irá atravessar 12 bairros do Recife de Norte a Sul.
No sentido Norte/Sul ela começa em Olinda, depois passa pelas avenidas Cidade Monteiro, Beberibe, Estrada Velha de Água Fria, Rua Cônego Barata, Rua Pe. Roma, Rua Sebastião Malta Arcoverde, Rua João Tude de Melo, Ponte Viaduto da Torre – Parnamirim, Rua José Bonifácio, Rua Professor Trajano de Mendonça, Rua Real da Torre (onde está o túnel), Rua João Ivo da Silva, Rua Cosme Viana, Rua Santos Araújo, Rua Quitério Inácio de Melo, Rua Augusto Calheiros e Ponte Gilberto Freyre.
A ideia é que a 2ª perimetral faça ligação no futuro com a Via Metropolitana Norte, que nascerá em Paulista, passará por Olinda e irá se encontrar a perimetral por meio de um viaduto desenhado sobre o Terminal da PE-15. A obra da Via Metropolitana Norte já foi iniciada, mas ainda não há previsão de quando a 2ª Perimetral sairá do papel. Ela está entre as obras contempladas com os recursos do PAC de Mobilidade. No final do ano passado, a Caixa Econômica Federal liberou recursos para elaboração dos projetos executivos da 2ª e 3ª perimetrais, além da Radial Sul.
Saiba Mais
O que estava previsto e o que foi feito
R$ 17 milhões é o custo da obra do túnel
287 metros de extensão
8 mil veículos por hora é a previsão do tráfego
8,4 metros é a largura do túnel construído
8,9 metros era a largura mínima para três faixas
Túnel projetado
3 faixas de tráfego
1 transporte público
2 para o tráfego misto
1 parada de ônibus (baia) dentro do túnel
Túnel construído
2 faixas para o tráfego misto
1 parada de ônibus (baia) dentro do túnel
Linha do tempo
2008 – Túnel já era previsto pelo Plano Diretor de Transporte Urbano (PDTU)
2013 – Início das obras do Túnel
2014 – Março era a previsão de entrega da obra
2015 – Fevereiro de 2015 a CTTU foi chamada para dar um parecer técnico do túnel
2015 – Abril houve a abertura do túnel para o tráfego
Fonte: CTTU e Secretaria das Cidades
Falar mais o que. É sempre assim. Na hora cada um tira o seu da reta e não assume a m….. que fez.
O projeto previa terceira faixa para ônibus e descartaram mostra que transporte público como prioridade não existe aqui, até porque como é dito na matéria, as perimetrais se arrastam há bastante tempo. A Av. Gov. Agamenon Magalhães, Perimetral 1, prevista para ter um ramal do BRT Norte-Sul, sem prazo para começar, e era para ficar tudo pronto antes da copa. Perimetral 4 (BR 101), mais uma vez sem previsão de começar obras do corredor, inicialmente proposto como BRT, mas nada aqui é bem feito e definido. Perimetral 3, ano passado propuseram um túnel no cruzamento da Av. Caxangá com a Av. Gal. San Martin, e viaduto desta última com a Av. Abdias de Carvalho. Ainda tem a engavetada ponte Torre/Santana, mas só promessa.Por falar em ponte, a Monteiro/Iputinga acaba no dia de São Nunca. Vão uns três anos e nada desta ponte.
A Perimetral 2, cujo túnel da Abolição foi liberado com infiltrações, perda de espaço para o transporte, tem outra promessa de túnel no seu sentido norte – final da estrada dos Remédios com começo da Av. Visconde de Albuquerque sob cruzamentos com a R. Benfica e Av. José Gonçalves de Medeiros. Sem prazo na prática.
Retomando ao túnel, não o fizeram com três faixas porque não quiseram, pois no lado da R. João Ivo derrubaram metade de uma quadra para criar a pista local a direita e mesmo assim sobrou bastante espaço para ter a terceira faixa no túnel. Para ter as três em toda a sua extensão, teriam que derrubar parte de quadra no lado direita da R. Real da Torre afim de abrir espaço para essa faixa e manter a local de acesso a Av. Caxangá para o subúrbio, porém não devem ter optado por isso e imagino problemas como desapropriações altíssimas por ser um trecho mais comercial, maior proximidade com o museu, etc.
Se a parada for ativada no túnel, o problema do coletivo retornar a faixa de tráfego misto é só um. Como foi dito, são 15 linhas, então em algum momento poderá ter fila de ônibus para entrar na baia e isso naturalmente reteria a faixa a direita do túnel. Outra, a parada facilita abordagem de assaltantes. A ausência de escada rolante é ótima e a presença do elevador é desperdício de dinheiro. Sei que há de se garantir acessibilidade a um grupo de pessoas, mas o governo não se preocupa com manutenções em dia. A passarela que fica no Pina tem quatro escadas rolantes inoperantes que são usadas como escadas comuns. Se funcionam, há uma despesa elevada com energia e quando quebram, outra. Inventar de por equipamento caro para depois não dá conta dele é melhor evitar e que o diga a caríssima passarela que liga TI Aeroporto ao Aeroporto. Não havia necessidade de esteira rolante, pois nem demanda há para viabilizar, mas a fizeram e permanece desligada.
Outro mal exemplo é a ponte estaiada da Via Mangue que é cara por ter esse estilo visual, e não beneficiou pedestre e ciclista, pois cria uma descontinuidade na ponte Paulo Guerra, pior ainda não permitir chegar ao passeio que contorna o Rio Mar.