ônibus vazios e carros parados

 

 

Diario de Pernambuco

Por Tânia Passos

Vazios por dentro e congestionados por fora. Após os horários de pico, a frota de três mil ônibus que circula na Região Metropolitana do Recife recebe uma demanda de cerca de 40% e muitos trafegam praticamente vazios.

Não há, no entanto, atrativo suficiente para conquistar o usuário do carro, que sai de casa depois das 8h, muitas vezes sozinho em seu veículo. Lado a lado: ônibus vazios e uma fila de carros a qualquer  hora.

A ocupação irracional do espaço das vias, que só tende a piorar, está longe de ser invertida. A melhoria do transporte público deve levar em conta o conforto, a segurança, a rapidez, regularidade e um outro fator subjetivo, que vai de encontro a tudo isso: o desejo do usuário em adquirir o próprio carro ou moto justamente para fugir do transporte público.
O administrador João Paulo Marinho, 27 anos, mora em Camaragibe e trabalha em Boa Viagem. Passava das 10h, da última quinta-feira, quando o encontramos em um ônibus da linha Setúbal/Príncipe, na altura da Pracinha de Boa Viagem, na Conselheiro Aguiar.

Além dele, havia outros cinco passageiros. Não foi difícil perceber o contrasenso do ônibus com mais de 80% das cadeiras vazias e uma fila de carros passando ao lado da janela de João Marinho. “Não teria nenhuma dúvida em trocar de lado se pudesse, disse o passageiro, apesar do relativo conforto.
E ele não é o único. Uma média de 3.500 novos carros entram em circulação a cada mês na capital pernambucana. E cerca de 8 mil mensais na Região Metropolitana.

“O transporte público terá que ser mais rápido para concorrer com os carros. Se o ônibus atingir uma média de 30 quilômetros, na pista exclusiva, fará uma diferença grande”, revelou o especialista em mobilidade urbana e coordenador regional da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), César Cavalcanti.
Para a assistente financeira Aline Carvalho, 29, há duas questões que ela considera imprescindíveis para melhorar a qualidade do transporte público: conforto e regularidade. “A gente passa muito tempo esperando o ônibus. É calor do lado de fora e aqui dentro. No meu carro, eu teria ar-condicionado e sairia a hora que quisesse”, afirmou a futura motorista.
O patamar desejado por Aline, João Paulo e outros milhares de usuários do transporte público já faz parte da vida do administrador de empresas Alexandre Tavares, motorista há 13 anos, foi com ele que pegamos uma carona na Avenida Antônio de Góes para continuar a viagem até o centro e saber o que precisa ser feito para ele fazer o caminho de volta para o transporte público.

“Precisa que melhore. Nosso serviço é ruim. Não há conforto, segurança e muito menos regularidade no horário das viagens. Não há como se programar”, reclamou.

Alexandre havia saído da casa dele, no bairro de Piedade, Zona Sul, em Jaboatão dos Guararapes, às 11h05, para um almoço no Derby com um colega. Parou para abastecer em um posto, onde pegamos a carona, e só conseguiu chegar ao seu destino por volta das 12h20. “Uma hora e quinze minutos. Quase o tempo de ir até João Pessoa”, criticou. E quem disse que no trânsito é possível se programar?

4 Replies to “ônibus vazios e carros parados”

  1. Geralmente linhas que atendem diretamente a demanda das faculdades e colégios,principalmente as linhas comuns, só enchem em horários de pico e passam a maioria dos horários vazias. É o caso de algumas linhas que atendem a CDU e Rua do Príncipe/Visconde de Suassuna. Algumas nem funcionam domingos e feriados e aos sábados tem os horários reduzidos chegando à meia hora ou mais.

  2. isso mesmo Nivaldo Lima.essa linha 39-Setúbal(Rua Do Principe)tirando o pico,é uma das mais fracas do sistema Grande Recife.já foi uma das linhas de grande demanda.mas,vem caindo muito de uns anos pra cá!e sobre a matéria,foi de certa forma infeliz a equipe do DP.pois nem todos os leitores tem a compreensão da matéria!sobretudo,de foto.tem q se construir faixas exclusivas para onibus,alem disso:mudar a cultura do Brasileiro.o culto ao carro(e agora a moto).esse individualismo só faz mal inclusive para ele mesmo!

  3. Discordo completamente que os ônibus ficam vazios. É só você dá uma olhadinha no Barro/Macaxeira ou qualquer um Conde da Boa Vista.

  4. Até a demanda da linha Barro/Macaxeira (Várzea) cai pela metade nos fins de semana. Poucos descem e sobem na UFPE, IFPE e UFRPE. O próprio Grande Recife fez alterações neste feriado para linhas que atendem ao campus da UFPE. Por outro lado há linhas que as pessoas são carregadas feito bois.