O dia em que o trânsito do Recife parou para as pessoas

Pedestres - Foto Bruna Monteiro DP/D.A.Press

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Tânia Passos

O dia em que a cidade parou para as pessoas. Não havia trânsito. As ruas ficaram para elas. Os carros saíram de cena, os ônibus mudaram as rotas. As avenidas, viadutos e pontes se tornaram passagens para um único destino: Praça do Derby, ponto de concentração. A maior parte dos manifestantes chegou a pé. Os pedestres nunca tiveram tanto espaço só para eles. Outros usaram bicicletas, skates e até cadeira de rodas. Mobilidade sustentável, acessibilidade plena e melhoria do transporte público eram algumas das bandeiras defendidas pelos manifestantes em um 20 de junho para ficar na história

.O dia em que a cidade parou para as pessoas. Não havia trânsito. As ruas ficaram para elas. Os carros saíram de cena, os ônibus mudaram as rotas. As avenidas, viadutos e pontes se tornaram passagens para um único destino: Praça do Derby, ponto de concentração. A maior parte dos manifestantes chegou a pé. Os pedestres nunca tiveram tanto espaço só para eles. Outros usaram bicicletas, skates e até cadeira de rodas. Mobilidade sustentável, acessibilidade plena e melhoria do transporte público eram algumas das bandeiras defendidas pelos manifestantes em um 20 de junho para ficar na história.

skatista protesto foto - Bruna Monteiro DP/D.A.Press

Numa Agamenon Magalhães livre de carros, o vendedor Erick Alves, 21 anos, deslizava no skate vestido para protestar. “Mais conforto nos ônibus, segurança e espaço para o pedestre, ciclista e skatista”, declarou. Confiante e determinada, a funcionária pública, Cínthia Lombardi, 40 anos, não se intimidou com o tamanho da multidão e foi ao protesto de cadeira de rodas. “Eu precisava vir para pedir melhoria na acessibilidade e o fim da corrupção. Também vim representando o meu marido, que também é cadeirante, mas não pôde participar”, revelou.

cadeirante protesto - foto Bruna Monteiro DP/D.A.Press

Multidão

Acompanhar a multidão de bicicleta não era para encurtar distância, mas principalmente para se fazer representante. “Defendo mais espaço para o transporte não motorizado e melhoria do transporte público. Do jeito que está ninguém aguenta mais”, revelou o ciclista Valdomiro Barbosa, 21. Na defesa do transporte público, a doutoranda Cínthya Pacheco, 27, trouxe para o protesto a realidade de todos os dias, fotos de ônibus lotado no Terminal Integrado do Barro. “Sofremos com as filas gigantes e o atraso dos ônibus, mas queremos melhoria em todas as integrações. Mais respeito e dignidade”, afirmou.

Para deixar a cidade vazia para a manifestação, a Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) chegou a bloquear seis corredores de tráfego e vias transversais. A operação contou com 50 agentes de trânsito. Os bloqueios foram definidos em conjunto com o Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano que montou quatro pontos de retorno para os ônibus. Mas não houve tempo para informar aos usuários. “Faz mais de duas horas que estou aqui e nenhum ônibus passou”, contou o aposentado Amaro de Oliveira, 82 anos, que aguardava um ônibus na Avenida Joaquim Nabuco, no cruzamento com a Avenida Agamenon Magalhães, bem próximo ao perímetro da manifestação e bloqueado pela CTTU. “Não tínhamos como avisar. Era uma situação de emergência e não havia certeza do roteiro que eles iriam fazer”, revelou o coordenador de operações do Grande Recife, Mário Sérgio.

Saiba mais

Operação do protesto
6 corredores fechados
50 agentes de trânsito mobilizados
3 mil ônibus compõem a frota da RMR
100% dos ônibus circularam segundo o Grande Recife
60% da frota foi recolhida segundo o Sindicato da Oposição dos Rodoários

Fonte: CTTU e Grande Recife Consórcio de Transporte Metropoilitano e Sindicato da Oposição

2 Replies to “O dia em que o trânsito do Recife parou para as pessoas”

  1. O atual prefeito de Recife está se saindo igual ou pior do que o anterior. Há seis meses no governo da cidade e absolutamente nada mudou. Nenhuma calçada foi refeita – e nenhum proprietário de imóvel foi multado. Nenhuma faixa de pedestre foi sequer re-pintada – e estão todas apagadas e inexistentes. Quantas vezes a Prefeitura do Recife multou a McDonalds da Agamenon por sua péssima calçada, totalmente em desacordo com as normas e a cidadania? Nenhuma. Quantas vezes irá multar? Nenhuma. Quantas vezes a PCR multou ou irá multar a péssima calçada do Bompreço Parque Amorim? Nenhuma. A imobilidade é total. E não venham falar da fútil iniciativa de ciclofaixa de lazer. A cidade precisa de transport público, corredores exclusivos de ônibus, faixa de pedestres, calçadas e ciclovias de verdade.

  2. Tânia, por falar em acessibilidade nesta matéria, a empresa de ônibus CRT-Mobibrasil está realizando testes com dois ônibus piso-baixo. Situação inédita, os ônibus estão operando na linha 40 CDU/Boa viagem/Caxangá e acredito que merecia uma reportagem. Um deles, o híbrido que saiu em várias reportagens encerra os testes amanhã, mas o outro continuará e ainda não saiu em reportagens.