Por
Marcionila Teixeira (Diario de Pernambuco)
A lógica se inverteu. Quase 12 meses depois da abertura da Copa do Mundo, em 12 de junho do ano passado, algumas obras de mobilidade voltadas para facilitar a vida das pessoas durante e após o mundial estão atrasadas ou paralisadas.
Os principais entraves estão no corredor Leste-Oeste e no Ramal Cidade da Copa, cujas obras estão suspensas por problemas financeiros enfrentados pelo consórcio Mendes Jr./SERVIX, investigado na Operação Lava-jato. O corredor Norte-Sul, por sua vez, ganhou nova previsão de conclusão para dezembro, já que duas estações sequer foram iniciadas. Segundo Gustavo Gurgel, gerente geral de mobilidade da Secretaria das Cidades, até o fim deste mês o governo abrirá licitação para contratar a empresa responsável por levantar o que deixou de ser executado pelo consórcio. Somente depois haverá nova licitação para contratação de outra empresa para assumir o serviço.
De forma geral, a maior causa do atraso, segundo Gurgel, foram as desapropriações. Além disso, a existência de linhas de energia elétrica e telefônicas e redes de esgotamento sanitário ao longo do caminho geraram demora. “Existe uma prática no Brasil de prazos não serem cumpridos. Os governos apostam em recursos não disponíveis e subestimam cronogramas de obras”, analisa Germano Travassos, engenheiro consultor em mobilidade urbana.
Nas ruas, os sintomas do atraso são sentidos no dia a dia por motoristas, passageiros e pedestres. Na Cruz Cabugá, por onde passa o corredor Norte-Sul, a desordem é generalizada. “Estou participando de uma seleção de emprego e fiquei surpresa com a situação da avenida. Somos obrigados a andar no meio do mato e do lixo porque não tem calçada”, disse Gilvanice da Silva, 29 anos, na altura do Armazém Coral, onde está em obras uma das estações de BRT.
Gustavo Gurgel ressaltou que a secretaria trabalhou com cronogramas factíveis. “Os prazos são trabalhados para darem certo. Infelizmente as desapropriações têm prazos imprevistos. Muitas vezes o problema em um só imóvel atrasa todo um trecho”, destacou. Ainda segundo o gerente geral, o custo total das obras subiu 20% e o permitido por lei é 25%. Gurgel disse, ainda, que a verba para conclusão das intervenções está garantida pelo governo federal.
Eu não entendo essa burocracia nossa. A priori, o governo dizia os percentuais de conclusão das obras, o que precisava ser feito, entraves, etc, teoricamente, auditando o consórcio, além de fiscalizações in loco. Pois bem, por que contratar uma empresa via licitação para saber o que deixou de ser feito quando caberia ao próprio governo, acredito, com acesso aos conteúdos fornecidos pelo consórcio provando este o que foi feito e seria feito, além de investidas em campo, ter conhecimento e assim já partir para a licitação de execução. Será possível que o governo não tem acesso aos projetos de engenharia das obras, fora conteúdo fornecido como prestação de contas, e assim, evitar pagar uma empresa para avaliar o que falta ser feito?
Haja prejuízo deixar uma obra no meio do caminho, pois ter que contratar uma empresa para avaliar a situação e após parecer outra para concluir. Até entenderia se houvesse mudanças no projeto inicial, então uma empresa faria esses ajustes para então licitar a que irá concluir. Não é o caso.