Sem emitir nenhum tipo de poluente, os taxis elétricos começam a ser testados nesta terça-feira (5) na maior cidade da América Latina. Por enquanto, os pontos de maior circulação de São Paulo contarão apenas com dois veículos movidos a eletricidade. Até o fim do ano, mais oito novos carros serão inseridos na frota paulistana.
O projeto piloto foi desenvolvido pela Prefeitura de São Paulo, em parceria com a companhia energética da cidade, uma montadora japonesa e uma companhia de táxi. Os modelos Leaf, que já são vendidos no Japão, na Europa e nos Estados Unidos, vão circular pela capital paulista a partir de pontos de alta rotatividade, como o Aeroporto de Congonhas.
Para que seja feita a recarga dos modelos, 15 pontos de energia vão ser instalados em diferentes endereços. Por enquanto, a automia dos veículos é de 160 km e o veículo necessita de seis horas para completar a carga. Até o fim do ano, serão implantados pontos de recarga rápidos, de apenas 30 minutos.
Rio +20
O modelo testado em São Paulo será também o veículo oficial do Rio +20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. O carro ecologicamente correto será usado no transporte das autoridades e organizadores do evento.
A Rio +20 reunirá, entre os dias 13 e 22 de junho, líderes de 193 países e dos principais organismos internacionais, bem como representantes da sociedade civil, com o objetivo de discutir o futuro do desenvolvimento sustentável do planeta nos próximos 20 anos.
Universidade Federal do Rio de Janeiro desenvolve projeto para ligar aeroportos Tom Jobim e Santos Dumont
AJUSTES Nos FINAIS laboratórios da UFRJ são testados os novos módulos do Maglev-Cobra
Quem já brincou com ímãs entende basicamente como se faz um trem de cerca de 20 toneladas flutuar sobre trilhos – polos opostos se atraem, polos iguais se repelem. É a partir desse mecanismo de funcionamento dos campos eletromagnéticos que se criou um dos mais engenhosos meios de transporte, o famoso trem Maglev, que já dá ares futuristas, por exemplo, à Alemanha e ao Japão.
Ele agora existirá também no Brasil, mais particularmente no Rio de Janeiro, onde fará um percurso ligando os aeroportos Santos Dumont e Tom Jobim – em sua versão na Cidade Maravilhosa, ele está sendo desenvolvido com olhos na tecnologia japonesa que já na década de 1970 testava os primeiros vagões flutuantes e se chamará Maglev-Cobra.
Segundo os pesquisadores da Japan Railway Technical Research Institute, a “brincadeira” com os ímãs traduz de forma simples a própria propulsão eletromagnética. Passando-se da teoria à prática, o Maglev torna-se então o fenômeno que é, correndo a mais de 582 km/h, próximo à velocidade de um Boeing comercial. O Maglev-Cobra, no entanto, será menos veloz porque, diferentemente de outros países, estará instalado numa região essencialmente urbana: atingirá 70 quilômetros por hora. Nada mal para o engarrafado tráfego entre os aeroportos da cidade: de carro, hoje se demora em média 55 minutos. O trem gastará apenas 18.
A Secretaria Estadual de Transportes, em parceria com uma equipe de engenheiros da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), anunciou na semana passada que a viagem inaugural será em abril do ano que vem. “Modificamos a tecnologia para adequá-la às nossas especificidades de percurso.
O Maglev-Cobra possuirá módulos e, como uma cobra, terá capacidade de entrar em curvas com risco zero para os passageiros”, disse à ISTOÉ o engenheiro Richard Stephan, coordenador do projeto, que ao longo dos últimos dez anos estudou a estrutura do trem japonês e alemão.
A tecnologia de ponta utilizada no Maglev carioca é à base de nitrogênio super-resfriado em cápsulas, e a sua proximidade com os trilhos magnetizados através de poderosos ímãs provoca o efeito de levitação. O primeiro desses módulos já foi testado nos laboratórios da UFRJ e suportou muito bem o peso de seis adultos.”Nós mesmos testamos. Levitamos por 100 metros”, diz Stephan.
O projeto é mais complexo. Além de ligar os dois aeroportos, a equipe de engenheiros pretende se valer do trem de levitação para fixar paradas na Ilha do Fundão, na Rodoviária Novo Rio, na Praça Mauá e Praça XV, fazendo conexão com o metrô da Cinelândia. “Temos de aproveitar esse transporte ao máximo, valorizar o investimento.
O Rio de Janeiro experimentará uma forma nada estressante de cruzar a cidade”, diz Stephan. Para as etapas de teste, o governo estadual vai investir mais R$ 4,7 milhões e, segundo a UFRJ, os cálculos apontam que a construção do sistema Maglev-Cobra, em relação ao metrô, é até três vezes mais viável eco nomicamente – enquanto a construção de um quilômetro de metrô no Rio de Janeiro custa em média R$ 100 milhões, o trem de levitação poderá ser implantado por cerca de R$ 33 milhões, ou seja, um terço do valor. Além disso, o seu perfil estreito permite que eventuais custos de túneis sejam muito menores. “O Rio de Janeiro será um modelo para o futuro da engenharia de transportes”, diz Stephan.