No Recife, 120 praças são adotadas pela iniciativa privada. Agora, imagine se essa prática de conservação de espaços coletivos se estendesse às calçadas? A ideia, sem dúvida, teria apoio da população. E o modelo não está tão distante de ser incorporado. A Faculdade Maurício de Nassau pediu licença à Prefeitura do Recife para adotar calçadas em áreas próximas ao entorno da instituição na Rua Joaquim Nabuco, no Derby, por exemplo. Uma delas fica em frente à faculdade, onde há uma parada de ônibus. A Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano do Recife não só autorizou como se mostra disponível para iniciativas desse tipo. A única condição é que se tenha um padrão construtivo. O município pretende lançar no primeiro trimestre deste ano uma cartilha com orientações sobre construção e manutenção dos passeios na cidade.
Em 2005, a Prefeitura de São Paulo chegou a baixar um decreto incentivando a adoção de calçadas em troca de anúncios publicitário, nos mesmos moldes do que é feito nas praças, mas não conseguiu atrair a iniciativa privada. Um dos grandes nichos para as empresas está em perceber o novo olhar para os deslocamentos no dia a dia da cidade e o pedestre começa a ser visto como prioridade. A adoção de calçadas é uma forma de agregar valor à marca. E quem mais entende desse assunto é o próprio pedestre.
“Acho que é maravilhosa essa iniciativa e espero que possa chegar a outros lugares na cidade”, revelou a dona de casa. Leda Alves, 50 anos. “Esse projeto poderá se expandir quando a Câmara incluir na lei de adoção de praças a possibilidade de incluir calçadas pela iniciativa privada”, revelou Sérgio Murilo, coordenador do Instituto Ser Educacional da Faculdade Maurício de Nassau.
O incentivo à adoção de calçadas não exclui a responsabilidade do município. “A adoção é uma proposta boa, mas ela pode ser usada também para a manutenção. O município pode, por exemplo, reconstruir uma calçada e uma empresa ficar responsável pela manutenção. Há muitas formas de se pensar na melhoria dos passeios”, enfatizou o secretário de Mobilidade, João Braga. “Cada governo deve cuidar de uma parte e em um prazo de 10 a 15 anos, quem sabe teremos uma cidade melhor para caminhar”, afirmou.
Fonte: Diario de Pernambuco (Tânia Passos)