Metade das vias navegáveis brasileiras têm pontecial econômico

Rio Capibaribe vai ter trecho navegável no Recife - Foto - Gil Vicente DP/D.A.Press
Rio Capibaribe vai ter trecho navegável no Recife – Foto – Gil Vicente DP/D.A.Press

O Brasil dispõe de uma das maiores redes hidrográficas do planeta, mas ainda utiliza muito pouco desse potencial. Dos 63 mil quilômetros de extensão existentes, apenas 41.635 km são de vias navegáveis e, destas, apenas 20.956 km (50,3%) são economicamente navegadas.

Os dados, divulgados nesta segunda-feira(11), são da Pesquisa CNT da Navegação Interior 2013. O relatório traça um panorama desse modo de transporte no Brasil. O levantamento pontua as características da infraestrutura, a movimentação de cargas, os principais gargalos e apresenta soluções para o aperfeiçoamento do sistema hidroviário nacional.

Entre os principais problemas do setor identificados na Pesquisa estão a ausência de manutenção nas vias navegáveis, a falta de investimentos do governo, o alto custo de manutenção da frota e o excesso de burocracia.

Segundo o presidente da CNT, senador Clésio Andrade, se o modal hidroviário fosse mais utilizado no Brasil, a economia nacional seria fortalecida. “Esse sistema de transporte gera redução nos custos da movimentação de cargas, aumentando, assim, a competitividade dos nossos produtos. Além disso, a utilização das hidrovias aumenta a segurança e reduz o consumo de combustíveis e a emissão de gases do efeito estufa”, afirma.

De acordo com a Pesquisa, os níveis de investimentos em infraestrutura hidroviária apresentam-se abaixo das necessidades do setor. No acumulado entre 2002 e junho de 2013, o valor de investimentos autorizados pelo governo federal no setor foi de R$ 5,24 bilhões, mas apenas R$ 2,42 foram realmente aplicados.

Segundo estimativas da CNT, são necessários investimentos de, aproximadamente, R$ 50,2 bilhões em melhorias na infraestrutura das hidrovias no país. As intervenções propostas abrangem, entre outras, abertura de canais, aumento de profundidade, ampliação e construção de terminais hidroviários, construção de dispositivos de transposição (eclusas), dragagem e derrocamento em canais de navegação e portos.

Na Pesquisa CNT da Navegação Interior 2013 também foram identificados os principais componentes dos custos da atividade. O valor do combustível é o principal item, seguido pelos gastos com tripulação, tributos e mão de obra avulsa.

Ainda foram avaliadas as conexões das hidrovias com os outros modais de transporte. Os acessos ferroviários ocorrem em número bastante reduzido, o que impede um melhor desempenho logístico do país.

Nos acessos rodoviários, foram verificadas deficiências, como estado precário de conservação das vias e ausência de pavimentação. Nos acessos hidroviários, os principais problemas estão relacionados à profundidade do canal, à falta de sinalização e balizamento e à profundidade insuficiente de berços.

Outro gargalo do setor identificado diz respeito à construção de usinas hidrelétricas sem a implantação de eclusas que permitam a navegação dos rios.

O relatório aponta a necessidade do compartilhamento correto das águas, como previsto em lei, considerando os empreendimentos de geração de energia e a navegação.

Com a apresentação da Pesquisa CNT da Navegação Interior 2013, a Confederação oferece as bases para a criação de políticas públicas que fortaleçam a utilização de um modal mais eficiente, mais seguro e menos poluente.

Fonte: Agência CNT

Navegação para a Zona Sul é outra aposta do Recife

Mapa Zona Sul do Recife - navegação

O Recife deve ganhar mais um trecho navegável dentro do projeto Rios da Gente, do governo do estado. A Rota Sul, que estava prevista no projeto original, mas que havia sido retirada por falta de recursos, foi reintegrada à proposta de tornar o Capibaribe navegável. O novo ramal que deve ligar o Centro à Zona Sul foi apresentado, ontem, pelo governador Eduardo Campos e pelo secretário das Cidades, Danilo Cabral, aos ministros das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, e do Planejamento, Miriam Belchior, em Brasília. O estado solicitou ao governo federal a liberação de mais R$ 115 milhões que seriam suficientes para criar mais oito quilômetros de transporte fluvial. Até agora, pelo menos 13 quilômetros estão garantidos com as rotas Oeste e Norte, cujas obras, no valor de R$ 293,6 milhões, estão em andamento.

A Rota Sul levaria o passageiro de barco da Rua do Sol, no Centro do Recife, até a Avenida Antônio Falcão, em Boa Viagem, passando pelo Cais José Estelita e Pina. A quantidade de estações que estariam ao longo dos oito quilômetros ainda não foi definida. Os recursos solicitados, no entanto, dariam para bancar tanto essas estruturas quanto a dragagem de trechos dos rios Capibaribe, Beberibe e Jordão. A proposta foi apresentada ao governo federal como mais uma opção de transporte público para a Zona Sul da capital que ainda pode ser integrado aos demais modais, como o ônibus e o metrô.

Segundo o secretário Danilo Cabral, o estado está tentando integrar as três rotas no Centro da cidade. Para isso, está sendo estudada uma intervenção de engenharia nas pontes da Boa Vista e Seis de Março, mais conhecidas como Ponte de Ferro e Ponte Velha. Elas seriam elevadas para permitir a passagem das navegações quando a maré estivesse alta. A manobra, tecnicamente chamada de macaqueamento, não afetaria as caraterísticas das pontes.

O secretário também fez um apelo aos ministros para que possam intermediar, junto com o ministro da Defesa, uma negociação com a Marinha do Brasil a respeito da liberação de vias na Vila Naval, em Santo Amaro. O estado precisa instalar uma estação do corredor fluvial nessa área e criar uma via para veículo individual paralela a Cabugá que será dedicada ao Bus Rapid Transit (BRT) no sentido Recife/Olinda. “Se isso não ocorrer, inviabilizará o projeto da navegabilidade e do corredor da Cabugá”, pontuou Cabral.

A nova rota navegável

  • O projeto de navegabilidade ganharia a Rota Sul, ligando o Centro a Boa Viagem
  • 8 km de extensão
  • R$ 115 milhões de investimentos
  • Inicialmente, 2 estações estão previstas, mas esse número pode aumentar: Estação Bairro do Recife e Estação Boa Viagem

Trajeto da Rota Sul

  • Agência Centro dos Correios
  • Palácio do Campo das Princesas
  • Bacia do Pina
  • Rio Jordão – até a Antônio Falcão

Projeto de navegabilidade em curso
Rota Oeste ( da estação Metrô Recife à estação Dois Irmãos)

  • 11 km
  • 40 minutos é o tempo estimado do percurso

Cinco estações

  • Estação Dois Irmãos – BR-101
  • Estação Santana – Ao lado do Parque de Santana
  • Estação Torre – Próximo ao Carrefour
  • Estação Derby – Localizada ao lado do Memorial de Medicina
  • Estação Recife – Atrás da estação Central do Metrô

Rota Norte ( da estação da Rua do Sol à estação Tacaruna)

  • 2,9 km
  • 20 minutos

Duas estações

  • Estação Correios – localizada na  Rua do Sol, no bairro de Santo Antônio
  • Estação Tacaruna – próximo ao Shopping Tacaruna

Embarcações

  • 13 embarcações (uma de reserva)
  • 14 metros de extensão
  • 90 passageiros sentados
  • 156 viagens por dia
  • 18km é a velocidade média estimada
  • 335 mil pessoas por mês deverão ser transportadas
  • 293,6 milhões de reais é o custo total do projeto (sem a Rota Sul)

Fonte: Secretaria das Cidades