A viabilização do metrô, discutido há cerca de 15 anos na cidade, é propagandeada como uma conquista do atual prefeito, Luciano Ducci (PSB).
No ano passado, a presidente Dilma Rousseff esteve na cidade para anunciar o repasse de R$ 1 bilhão para a obra, o que viabilizou sua construção. Até agora, porém, o edital de licitação para o início das obras não foi publicado.
Fruet defende o adiamento para “definir qual o melhor projeto, trajeto e custo financeiro”. “Não é uma vontade pessoal. Tem uma questão técnica, econômica, financeira. Isso é muito sério”, disse, em entrevista à RPC TV, na última segunda-feira (29)
O pedetista critica que apenas uma audiência pública tenha sido feita, e diz que quer debater o projeto com entidades de classe e com a população.
De acordo com o Ministério do Planejamento, apesar de haver uma aprovação prévia ao projeto atual, é possível que o prefeito eleito faça alterações até dezembro de 2013, prazo final para o início do repasse dos recursos federais.
“[O adiamento] é para ter clareza do que se está assumindo para os próximos 30 anos”, diz o economista Fabio Scatolin, coordenador da equipe de transição de Fruet. “É uma discussão técnica; não tem nada com o atual prefeito fazer ou não fazer [a obra].”
O pedido para que o edital não seja lançado será feito à prefeitura na semana que vem.
O secretário municipal de Planejamento, Carlos Homero Giacomini, diz que a nova gestão tem “todo o direito de analisar o projeto”, embora ressalte que isso vá atrasar a obra em um ano. “É um outro governo”, afirma. “Mas a nova equipe vai ter que enfrentar a discussão toda outra vez.”
O Crea (Conselho Regional de Engenharia) diz ser favorável à rediscussão do edital de licitação, para esclarecer alguns parâmetros da obra que “não estão muito claros”, mas não a revisão do projeto.
“A gente vê isso com certa preocupação, porque pode retardar ainda mais o início da obra”, diz o engenheiro Joel Krüger, presidente do Crea.
Fonte: Portal Mobilize
Por
Tânia Passos
Pioneira no transporte rápido por ônibus e uma das referências desse sistema no país, Curitiba chega ao século 21 sem nenhuma linha de metrô. Mas não por falta de projeto. O primeiro desenho para o metrô da cidade é de 1968, mas sem recursos e com a demanda que estava sendo atendida pelo modelo dos ônibus, em pistas exclusivas, a ideia foi sendo adiada. Em 1990 chegou a ser desenhado um projeto com linhas de bonde, mas não saiu do papel.
Em 2009, a cidade quase teve um monotrilho no trecho onde foi instalada a Linha Verde, com pistas exclusivas para os ônibus do sistema integrado. Também por questões econômicas, o projeto foi deixado para trás. “Mesmo não implantando agora o sistema ferroviário na Linha Verde, já deixamos a estrutura pronta quando houver necessidade de troca de modal”, explicou Reginaldo Reinert, supervisor de planejamento do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC).
A expectativa era que o edital de licitação da obra do metrô fosse lançado ainda em 2012, mas com a posição do prefeito eleito o cronogama agora é incerto. O tempo estimado para implantação do projeto é de quatro a seis anos. A futura linha do metrô da cidade irá substituir o primeiro eixo de linha exclusiva de ônibus implantado na cidade na década de 1970. O eixo Norte/Sul, que tem hoje uma demanda de 230 mil passageiros por dia.
Aumentar a capacidade do transporte com o sistema ferroviário não é a única preocupação. O que vem ditando a mudança é principalmente o conforto para atender um público bastante exigente e que está migrando para o transporte individual. “Não basta apenas aumentar o tamanho dos ônibus. Por maior que ele seja, a percepção do usuário ainda é de um ônibus”, afirmou o coordenador do curso de engenharia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC), Ricardo Bertin.
O supervisor de planejamento do IPPUC, Reginaldo Reinert concorda que a percepção do usuário influencia na escolha. “Quando se pensa em metrô, se pensa na estação e quando se pensa no ônibus, se pensa no ônibus”, comparou Reinert.
O projeto do metrô de Curitiba tem exatamente o desafio de atrair o usuário do carro, da moto, da bicicleta e o pedestre. Pelo projeto, haverá três andares. O segundo deles será para estacionamento. Cada quadra terá capacidade para 180 vagas de estacionamento. “O usuário pode vir de carro e deixar estacionado. Ele pode precisar do carro depois do trabalho para ir ao supermercado, por exemplo, e no metrô ficaria mais difícil. O importante é oferecermos opções de diferentes modais ao longo dos deslocamentos”, explicou Reinert.
O metrô de Curitiba terá 24 km de extensão com uma estação por quilômetro e quatro terminais de integração. A capacidade estimada é de 760 mil usuários Três vezes mais do que o atual sistema. “Nós fizemos uma projeção de um milhão de passageiros em 2044”, revelou Reinert. A entrada do metrô não irá eliminar as linhas exclusivas de ônibus. Os modais são complementares. Mas no caso do corredor Norte/Sul, mesmo sendo subterrâneo a maior parte da linha ferroviária, os ônibus sairão desse eixo. A pista central ficará livre para pedestres e ciclistas. Os carros irão circular nas mesmas faixas destinadas para eles atualmente. Na requalificação da paisagem estão previstas ciclovias, calçadas para o pedestre, quiosques, bilheterias, áreas de convivência e acesso às estações e estruturas operacionais. A Linha Azul, como será chamada, promete reduzir poluentes, ruídos, o tempo de viagem, além de aumentar a capacidade e oferecer mais conforto ao usuário. “Acho que Curitiba está precisando mesmo de um metrô. Já passou do tempo da cidade ter um”, afirmou o estudante Marlon Henrique, 21 anos.
Fonte: Diario de Pernambuco