Nem BRT, nem faixa azul. Agamenon Magalhães é caos de uma ponta a outra

Avenida Agamenon Magalhães, perimetral do Recife, travada. Foto: Ricardo Fernandes DP/D.A.Press
Avenida Agamenon Magalhães, perimetral do Recife, travada. Foto: Ricardo Fernandes DP/D.A.Press

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Rosália Vasconcelos

O ramal do sistema Bus Rapid Transit (BRT) da Avenida Agamenon Magalhães corre risco de não sair do papel. Após vários prazos vencidos para o início das obras, o projeto está sendo avaliado pelo governo do estado, que vai decidir se o trecho é prioritário no atual momento. Embora ainda não tenha descartado oficialmente a implantação do BRT na artéria, a Secretaria de Cidades já não trabalha mais com prazos e diz que não sabe se a pauta vai entrar nos planos do estado.

Diante da falta de perspectivas para o projeto, a Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) estuda implantar uma Faixa Azul na Agamenon Magalhães, com o objetivo de melhorar o fluxo do transporte coletivo no corredor. A velocidade média da via, em horários de pico, é de 17km/h.

“Houve a contratação de empresa para a implantação do Ramal Agamenon Magalhães, mas a companhia não tem interesse em continuar. Está ocorrendo processo de distrato contratual”, informou, através de nota, a assessoria da Secretaria das Cidades de Pernambuco.

Segundo o gerente de Mobilidade da pasta, Gustavo Gurgel, há um termo de compromisso entre a secretaria e a Caixa Econômica Federal, no valor de R$ 120 milhões, para a realização das obras. Ele acrescenta que o grau de prioridade do serviço será uma avaliação administrativa que não se deve à falta de recursos. No inicío do ano, contudo, a pasta justificou que as obras, previstas inicialmente para serem entregues antes da Copa do Mundo, estavam atrasadas porque a verba do governo federal não havia sido liberada.

Análises
Por causa da intenção de implantar o ramal, a via ficou de fora das prioridades da CTTU para a Faixa Azul, sistema de faixas exclusivas para ônibus e táxis com passageiros que deve abranger 60km até o fim de 2016. “A possibilidade de implantar uma Faixa Azul na avenida não está descartada, mas depende dos resultados de uma série de análises técnicas e simulações de engenharia de tráfego, que indiquem a viabilidade de garantir um aumento considerável na velocidade dos transportes coletivos que circulam no local”, ponderou a CTTU, por nota. O órgão afirmou que os estudos serão realizados.

 

Agamenon Magalhães - Foto - Alcione Ferreira DP/D.A.Press

Solução eficaz para os ônibus

O consultor em transporte público Germano Travassos comenta que os ônibus ocupam apenas 30% da Agamenon Magalhães atualmente, e, com as faixas exclusivas, o uso do espaço viário pelo transporte coletivo poderia até 20 vezes mais eficiente.

“A Faixa Azul é uma alternativa barata e simples de melhorar a mobilidade, que deve ser prioritária para as pessoas e não para os veículos. O espaço viário é finito”, opina Travassos. Na Avenida Mascarenhas de Morais, por exemplo, onde os congestionamentos são constantes, foi possível aumentar a velocidade média de 21 km/h para 35,42 km/h.

O consultor disse, no entanto,  que no caso da Agamenon Magalhães, a solução da faixa azul para acomodar os veículos BRT do corredor Norte/Sul é totalmente inadequada, pois compromete os conceitos da operação dos sistemas BRT, e inviabiliza o uso daquela via perimetral na rede estrutural de transporte público da RMR e, em especial, do Recife.
O Ramal de BRT da Agamenon Magalhães faria parte do Corredor Norte/Sul, que liga Igarassu ao Centro do Recife. A proposta era de que o corredor, quando chegasse na altura do Shopping Tacaruna, se bifurcasse. Um outro ramal, que passa pela Avenida Cruz Cabugá até a Avenida Guararapes, está quase concluído. No caso da Agamenon, o corredor se integraria ao Terminal de Joana Bezerra.