Tem agentes, falta dividi-los

 

Diario de Pernambuco

Por Tânia Passos

Um agente de trânsito para cada mil veículos. Essa é a recomendação do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). O Recife dispõe hoje de um efetivo de 583 profissionais para uma frota de 582.900. Nunca se viu tanto agente na rua como agora. A conta só não é mais exata devido à frota circulante na capital de cerca de 1,2 milhão de veículos. Mesmo com o aumento do efetivo a pergunta é: qual o critério de distribuição espacial deles na cidade?

A CTTU dividiu o município em quatro regiões: área 1 (centro), área 2 ( Casa Amarela e Madalena) , área 3 (Afogados e Caxangá) e área 4 (Boa Viagem). Há ainda, os pontos fixos (principais corredores de tráfego) e os rotativos, de acordo com a demanda do dia. Hoje, o Centro da cidade, de maior visibilidade, tem a maior concentração de agentes de trânsito.

Durante dois dias, o Diario foi às ruas do Centro do Recife, Zona Sul e Zona Norte para observar onde os agentes de trânsito estão atuando. No bairro de Casa Amarela, um dos mais populosos da cidade, a reportagem do Diario não encontrou nenhum agente de trânsito na tarde da última segunda-feira, nas imediações do mercado. “Raramente eles aparecem por aqui. E quando vêm é para multar e não para disciplinar o trânsito”, criticou o comerciante Inácio Barbosa do Nascimento, 54 anos.

No mesmo dia fomos até o mercado de São José, um dos bairros centrais do Recife e encontramos duas duplas de agentes de trânsito. No entorno do mercado, que tem bastante vaga de Zona Azul, deixando as ruas quase intransitáveis, o papel deles é verificar se a área está sendo respeitada. Neste dia, todos os carros estavam com os bilhetes da Zona Azul.Mas o trânsito no entorno continuava complicado.

Evitamos os principais corredores, a exemplo da Avenida Agamenon Magalhães, onde a presença dos agentes de trânsito nos cruzamentos já é obrigatória. Também encontramos agentes no cruzamento da João de Barros com a Avenida Norte e na Avenida Cruz Cabugá. De acordo com o diretor de operações de tráfego da CTTU, Agostinho Maia, a distribuição dos agentes tenta suprir as áreas onde há mais reclamação. “Existe uma distribuição nas quatro áreas da cidade. Mas vamos fazendo alterações onde há mais reclamação”, revelou.

Morador do bairro da Várzea, o arrumador Paulo Fernando, 57 anos, diz que raramente encontra um agente de trânsito no seu bairro. “Dificilmente vejo algum aqui no bairro. Quanto mais nos afastamos do Centro, mais difícil encontrar algum”, revelou. Segundo Agostinho Maia, mesmo com o aumento do efetivo não é possível atender toda a cidade de forma satisfatória. “Não somos responsáveis apenas pela nossa frota. Na cidade circulam mais de um milhão de veículos e não é possível atender todos os lugares”, afirmou.