Por
Tânia Passos
Tempo é hoje o maior instrumento de negociação para usuários do carro ou do transporte público. O Recife está diante de dois momentos que, embora, não estejam diretamente relacionados, têm um fator em comum: o tempo.
O primeiro oferece rodízio para diminuir o número de veículos nos horários de pico nas principais vias para ganhar tempo e velocidade. O outro são os corredores exclusivos de ônibus: Norte/Sul e Leste/Oeste, que serão entregues em março de 2014, e prometem reduzir o tempo de percurso das viagens nos dois corredores de ônibus.
Nenhum dos dois, no entanto, são garantias de melhoria na fluidez do tráfego. E há uma razão básica para isso: além do aumento da frota, os corredores exclusivos representam uma parte do sistema de transporte público da Região Metropolitana e não o todo.
Enquanto espera o ônibus chegar no Terminal Integrado da Macaxeira, a professora Genaura Lins, 28 anos, conta que a principal reclamação dela do transporte público é o tempo de espera.
“A gente passa muito tempo esperando o ônibus chegar e depois passa muito tempo preso no engarrafamento. E isso acontece todos os dias. É um tempo que não se recupera”, revelou a professora.Fazer o ônibus andar é um desafio dos gestores públicos. Segundo o presidente do Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano, Nélson Menezes, o tempo que o ônibus perde no trânsito dificulda a velocidade e o aumento no número de viagens.
“Muitas pessoas dizem para aumentar a frota de ônibus e isso irá significar mais ônibus preso nos engarragamentos. Esperamos que os corredores melhorem essa fluidez e atraiam o usuário do carro”, apontou Menezes.Para o consultor Germano Travassos, dificilmente o transporte público irá atrair o usuário do carro, mesmo com o rodízio. “É preciso trabalhar em um tripé: redução dos estacionamentos públicos e depois privados, rodízio e por fim pedágio.
De forma graduada. Não precisa ser tudo ao mesmo tempo. Eu começaria pela restrição dos estacionamentos”, apontou. Segundo ele, a migração para o transporte público se dará mais pela restrição do que pela melhoria do transporte. “O transporte público nunca será competitivo com o carro. Enquanto houver espaço para o carro ele irá ocupar as ruas ”, afirmou Travassos.
A ideia dos edifícios-garagem é um contrasenso, segundo ele. “Hoje nós temos Zona Azul que é uma pechincha e haverá mais oferta de estacionamento no centro. Não há como o transporte público competir, mesmo que ele melhore o estofado ou tenha ar-condicionado”, ressaltou.
Saiba Mais
O perfil do transporte público no Recife
3 mil ônibus
385 linhas
1,85 milhão de passageiros transportados/dia
26 mil viagens diárias
800 mil passageiros integrados ao SEI
O perfil dos corredores do BRT
Norte/Sul
33,2 kms de extensão
R$ 151 milhões
33 estações
180 mil passageiros/dia
4 terminais de integração
1 elevado em Ouro Preto/Olinda
1 viaduto nos Bultrins/Olinda
24 kms de ciclovia de Igarassu ao Tacaruna
15 minutos de redução das viagens (estimativa)
Leste/Oeste
12,5 kms de extensão
R$ 145 milhões
21 estações
126 mil passageiros/dia
3 terminais de integração
1 túnel na Caxangá
1 viaduto na Caxangá
30 minutos de redução de viagem (estimativa)
Terminais de integração
15 – terminais estão em funcionamento
6 terminais estão em construção
2 terminais estão sendo reconstruídos (Barro e Joana Bezerra)
800 mil passageiros são integrados ao SEI
1, 6 milhão de passageiros integrados ao SEI com todos os terminais concluídos
Fonte: Secretaria das Cidades