Projeto de corredor viário na Agamenon Magalhães sofre modificação

O governo do estado anunciou, durante audiência pública para discutir a construção de quatro viadutos na Avenida Agamenon Magalhães, que o projeto do Corredor Norte-Sul está sendo modificado para atender propostas que têm sido sugeridas pela sociedade. O corredor será uma via exclusiva para o Transporte Rápido por Ônibus (TRO) entre Igarassu e as estações Central e Joana Bezerra, no Recife. Os itens que já foram adicionados ao projeto são as passarelas para travessia de pedestres na Agamenon e a mudança na inclinação do viaduto da Rua Bandeira Filho. Também está sendo contratado um estudo para a implantação de uma ciclovia em toda a extensão do corredor.

O governo, no entanto, não sinalizou para a possibilidade de retirada dos viadutos do projeto. Os elevados foram criticados pelos especialistas em mobilidade, engenheiros, arquitetos e urbanistas que participaram do debate convocado pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE).

De acordo com o secretário de Mobilidade do estado, Flávio Figueiredo, as cinco passarelas que serão construídas na Agamenon – interligadas às estações de embarque e desembarque ao longo da via – foram inseridas quando o projeto começou a ser debatido com a sociedade e a comunidade técnica. Outra alteração foi em relação ao grau de inclinação do viaduto da Rua Bandeira Filho. Para atender os moradores da área, que reclamam que os automóveis passarão no mesmo nível das janelas, foi proposto deixar o viaduto mais íngreme para acelerar a descida dos carros. As laterais do viaduto, no trecho dos apartamentos, ganharão placas de acrílico para dar um pouco de privacidade aos moradores e tentar diminuir a propagação dos ruídos dos motores.

O governo está tentando viabilizar, ainda, a implantação de uma ciclovia de Igarassu até a Estação Joana Bezerra. “Estamos contratando um estudo para concretizar isso na Agamenon. No trecho da PE-15, o que será feito é uma requalificação da ciclovia já existente e a faixa exclusiva para bicicletas na Avenida Cruz Cabugá será compensada pela que será feita na avenida na Vila Naval”, detalhou.

Os viadutos, no entanto, deverão ser mantidos pelo governo. “Pequenas alterações que vierem amenizar os impactos e maximizar os benefícios serão adotadas, mas o governo não vai tirar os viadutos”, afirmou o secretário. Durante o debate, foi ventilada, inclusive, a possibilidade de se erguer um quinto viaduto, no futuro, na Rua Odorico Mendes, caso o fluxo de veículos nesse cruzamento com a Agamenon fique estrangulado. “Mas não estamos pensando em mais viadutos agora. Nossa intenção é construir esses quatros que já foram apresentados”, ponderou Figueiredo.

Para os técnicos que participaram do debate, a opção pelos viadutos só incentiva o uso do transporte individual. “Qualquer viaduto sinaliza a prioridade para carros particulares, assim como a política de construção de edifícios-garagem”, ressaltou o vice-presidente da Associação Nacional de Transporte Público (ANTP), César Cavalcanti. Túneis, corredores suspensos e elevados longitudinais foram propostos em substituição aos viadutos transversais.

Estudos – O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) solicitou ao governo do estado, ontem, durante a audiência, a apresentação dos estudos de impacto ambiental, de vizinhança e de mobilidade do projeto. Segundo a promotora de Defesa do Meio Ambiente, Belize Câmara, as obras não poderão começar sem essas licenças. “Vamos cobrar esses estudos, que são importantes para podermos avaliar a dimensão do projeto. Se o governo não nos apresentar, vamos convidá-lo a negociar. Em última instância, se a construção tiver começado sem os estudos, poderemos entrar com ação civil pública para interromper as obras”, adiantou.

O secretário de Mobilidade, Flávio Figueiredo, garantiu que nada seria feito sem os estudos e as devidas licenças. O MPPE deverá convocar a Agência Estadual de Meio Ambiente e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente para que elas expliquem de quem será a competência de emitir as licenças.

De antemão, a comunidade técnica que se expressou no debate foi unânime em afirmar que os viadutos em nada contribuem para a humanização da paisagem do Recife, transmitem uma falsa ideia de progresso e são contraditórios em relação ao discurso de priorização do transporte público defendido pelo estado. “Os viadutos estão sendo pensados apenas no eixo macro. Eles não têm conexão e não consideram a escala local, a vizinhança dos arredores”, defendeu o arquiteto e urbanista Tomás Lapa.

Os viadutos serão erguidos nos cruzamentos com as vias que apresentam as maiores retenções: Bandeira Filho, Paissandu, Dom Bosco e Rui Barbosa. A previsão é de que a obra fique pronta até dezembro de 2013. O investimento está orçado em R$ 135 milhões. A licitação já está em curso e deve ser finalizada em abril.

 

5 Replies to “Projeto de corredor viário na Agamenon Magalhães sofre modificação”

  1. Numa cidade que há anos sofre nos períodos chuvosos, sugerir túneis e numa via que onde há um canal e em certos trechos alaga parece piada.
    O elevado longitudinal seria interessante, mas segundo os técnicos do governo, seria muito alto, teria inclinações ruins e o que não se sabia, mas virou principal entrave, o tombamento da praça do Derby inviabilizando obras de arte que interfiram na sua visualização.
    A conversa que elevados só beneficiam o transporte individual é tão contreversa quanto às criticas a esses viadutos. Esquecem que as linhas alimentadoras e outras do gênero irão passar por esses viadutos ao invés de ficar esperando a vez com os demais veículos para cruzar a Agamenon.
    Em outra matéria comentei que muitos que se sentem incomodados com os viadutos justificam a privacidade. A construção da Via Mangue provocou várias desapropriações, mas como os afetados são de baixa renda na grande maioria e ganharam imóveis muito melhores dos que tinham, para estes foi um ótimo ganho e para os demais, não sendo no meu quintal não quero saber.
    Outra, pelo texto, se os viadutos estimulam o transporte individual, questiono aos que dizem isso se realmente abririam mão do seu veículo particular para voltar a andar de ônibus, pois é fácil criticar, mas não se quer vivenciar.
    Ou o povo é ignorante ou se ilude pensado que transporte de qualidade é aquele que quem assento para sentar e não seja caro. As melhorias como ar, veículos maiores e em maior quantidade diminuindo os atrasos são custos e passam a influênciar o valor da passagem, mas a isso se pode com algum incetivo tentar minimizar o repasse. Agora, achar que terá cadeira disponível é besteira.
    Os ônibus grandes e modernos em tem menos assentos que os convecionais justamente para garantir mais conforto e abrigar mais pessoas em pé, já que num espaço onde sentam dois, seis ficam em pé. Se até na aviação há as chamadas vendas além da capacidade, que não vira superlotação dentro do avião, mais impede de se embarcar, equivale a vermos um ônibus lotado deixando-o passar para pegar o próximo.
    Nos países desenvolvidos, ônibus também anda cheio, com pessoas em pé, mas não superlotados, e isso mostra que nem sempre irá sentado. Pode-se, sim, ficar em pé menos tempo devido ao menor tempo para se fazer um determinado percurso.
    Bem, encaro esses viadutos como uma opção que permite criar um corredor exclusivo de ônibus sem ter que ficar parando em tantos cruzamentos e se livrar do tombamento da praça do Derby, mas é sabido que eles não são a solução. É preciso uma revisão do fluxo no entorno onde estes viadutos atuam como elos de ligação para que se tenha fluidez, do contrário, será apenas uma transferência de lugar do problema- antes em nível com via, depois acima da via.

  2. Engraçado que só o governo de pernambuco e alguns que se acham intectuais defendem estes viadutos, é como uma cidadão de são paulo relatou esta semana ”estamos nas mãos de políticos que nada entendem de transporte público”, ou seja, ignorantes que só vieram a vê este problema agora devido a copa do mundo.
    O que muito se fala é que devemos sim alargar vias e construir viadutos, ou seja, estamos com o mesmo pensamento dos políticos paulistas da década de 90, onde vias e mais vias foram alargadas e hoje são paulo tem vias com 08 faixas totalmente engarrafadas, por isso, meu amigo, dizer que estes viadutos vão resolver o problema do Recife é contar piada para defunto, e o transporte público tem que ter gente em pé mesmo, porque não? imagine eu num ônibus lotado, eu em pé, porém este mesmo ônibus num corredor de ônibus em movimento e o cidadão do carro na mesma via com o carro parado, duvido que muita gente não iria preferir ir em pé em vez de ficar perdendo tempo no trânsito em seu carro, ou seja, hoje o que menos importa é o conforto, o que vale é a eficiência do transporte nas vias exclusivas.
    Uma prova do ultimo alargamento foi o da av. Dom Bosco, onde foram criadas mais outra via, e o que adiantou, veremos o que vai acontecer com a via mangue três anos depois de inaugurada.

    Blog Meu Transporte

  3. Os 4 viadutos polêmicos da Agamenon
    De repente um grupo empresarial bem articulado convenceu o Governo em construir 4 “viadutos estaiados” na Av. Agamenon Magalhães, mostrando o que há de mais arrojado na Engenharia moderna, um verdadeiro colosso para servir de Cartão- Postal para gringo ver. Trata-se de uma meia-sola porque foi concebido tão somente para atender as exigências imediatistas da Copa e só se preocupa com a mobilidade do Corredor Norte-Sul, deixando as radiais da Av. Agamenon Magalhães, afogadas com tremendos engarrafamentos para todos os lados, desde Santo Amaro até a Ilha do Leite, afetando a própria Agamenon, os quais irão continuar após os viadutos. É muito dinheiro jogado fora, esbanjando dinheiro fácil (R$ 476 milhões), sem nenhuma responsabilidade de longo prazo.
    Este plano foi tão bem articulado, enganando a boa fé das pessoas, de tal forma que todos os veículos de informação contam a sua execução como favas contadas. A verdade é que estão se preocupando com a Copa, mas dizem que estão se preocupando com 60 mil trabalhadores pobres da RM Norte que diariamente demandam o transporte público, e por este motivo acham que podem passar por cima das outras pessoas. Engana que eu gosto. Com esta propaganda enganosa que coloca o povo do Chié e da Ilha de Joaneiro contra os habitantes da Rua Bandeira Filho e adjacências, diretamente prejudicadas, nem mesmo o abaixo-assinado de dez mil pessoas que está em curso, é capaz de mudar a decisão do Governo sobre este projeto polêmico, o qual envolve interesses de poderosos, prejudiciais ao povo e ao Erário Público, pois a própria PCR irá perder receita de IPTU sobre os 31 imóveis afetados.
    Com a metade do montante dos recursos previstos de R$ 476 milhões, mais os aditivos que sem dúvida aparecerão para o projeto dos 4 viadutos da Agamenon, dará para construir 3 túneis, sendo um no cruzamento da no cruzamento da Av. Abdias de Carvalho com a Estrada dos Remédios , o outro, no cruzamento da Rua Joaquim Nabuco com a Rua Amaro Bezerra e o terceiro, no cruzamento da Av. Rosa e Silva com a Rua Amélia, urgentemente necessários para desafogar o trânsito nestas três radiais da Agamenon, cujos congestionamentos,em horas de pico, se irradiam por todas as outras radiais e pela pista local, desde Santo amaro até a Ilha do Leite, incluindo também o Corredor Norte-Sul, nos dois sentidos.
    OBS.- Em curto prazo, a construção destes 3 túneis dispensa os 4 viadutos na Agamenon.
    Está aí a Engenharia de tráfego para comprovar que eu estou falando a verdade, e poderá subsidiar o Governo em optar por um projeto viário de longo prazo e não por este projeto tampão.
    ……Transporte de massa (VLT), para a mobilidade do Corredor Norte-Sul……
    Com os recursos fartos e garantidos da Copa, bem que o Governo de Pernambuco, ao invés deste Projeto tampão dos 4 viadutos na Av. Agamenon Magalhães, poderia optar por um projeto de longo prazo, construindo uma linha VLT de mão-dupla, na parte Oeste do Corredor Norte-Sul, numa extensão de 4,2 km, começando no Torreão, entre a Rua Odorico Mendes e a Av. Norte e indo até a Estação Joana Bezerra.
    Propomos a construção de uma Estação Terminal de Integração VLT/ônibus, nas proximidades da Sec. de Defesa Social – SDS, com retorno para os ônibus provenientes da Região Metropolitana Norte, os quais não poderão mais seguir pela Agamenon. A partir desta Estação os passageiros dos ônibus embarcarão no VLT, com a opção de embarque e desembarque em sete paradas intermediárias, em Santo Amaro, Espinheiro, Bandeira Filho, Joaquim Nabuco, Derby, Henrique Dias e Paissandu, até a Estação Joana Bezerra, e daí seguirem pelo Metrô para Boa Viagem, Aeroporto, Jaboatão, Rodoviária ou para a Arena da Copa.
    Esta linha VLT será expressa, sendo construídos túneis ou elevados em todos os cruzamentos, no lado Oeste da Agamenon. Em todas as paradas intermediárias haverá passarela para os pedestres, cobrindo os dois lados da avenida.
    Nas proximidades da Estação Terminal de Integração Odorico Mendes haverá sinalizações para ordenação do fluxo de veículos, de acordo com o destino de cada um: os coletivos deverão entrar na Estação para o desembarque dos passageiros e espera dos passageiros do VLT que demandam ônibus para o retorno; os carros com destino a Boa Viagem deverão pegar a faixa da esquerda para acessarem a Av. Taurino Batista, Av. dos Palmares, Av. Norte, Cais do Apolo, Av. Sul, Cais José Estelita e Ponte Paulo Guerra; os veículos com destino ao Derby e imediações deverão seguir em frente pela pista local; e os carros com destino ao Arruda, Água Fria e Encruzilhada deverão entrar à direita pela Rua Odorico Mendes.
    Os veículos provenientes da Av. Abdias de Carvalho com destino a Boa Viagem, terão que acessarem o túnel Chico Science, Av. Conde da Boa Vista, Rua do Sol, Rua Floriano Peixoto, Rua São João, Viaduto das Cinco Pontas e Ponte Paulo Guerra.

    Antônio Alfredo Coelho Beviláqua
    Economista

  4. Meu deus!!! 07 paradas entre a SDS e Joana Bezerra?
    Antonio, quantas paradas de onibus tem atualmente neste trajeto??

  5. Se o problema são os viadutos, por que dão sugestões para viadutos longitudinais? O problema mais parece onde estes viadutos irão passar provocando ou não desapropriações – se interferir na privacidade ou afetar comércio, não pode, do contrário, pode.
    VLT expresso com várias estações é meio sem lógica. Se é expresso, não para no meio do caminho ou em grande parte dele como ocorre com a linha de ônibus Camaragibe/Conde da Boa Vista, que no enorme trecho da Caxangá não para.
    Criar túneis em locais onde há problemas de alagamentos parece a pior das alternativas, pois os poucos túneis existem com fortes chuvas alagam, ou não?
    Quando o pernambuco aprender a respeitar a prioridade de certos meios de condução, veículos sobre trilhos em nível podem ser a solução, pois no trecho de Cajueiro Seco ao Cabo vez ou outra há acidentes com trens que serão substituídos por variante VLT.
    A sugestão das empresas de ônibus aderida pela governo pode não ser a melhor das alternativas, mas, em tese, privilegia não só o transporte público quanto o individual.
    Outra, a construção de túneis pode ser bem mais demorada que a de elevados, pois como a cidade foi crescendo através de aterros e demolições. Sendo assim, não descartaria a descoberta de parques arqueólogicos que poderiam comprometer toda a obra.
    A duplicação da BR 101 Norte, por exemplo, teve trecho atrasado justamente por descobrirem um ponto onde tinha artefatos históricos.