Crianças na faixa e acompanhadas de adulto

 

Por

Mariana Czerwonka

No dia 12 de outubro, comemora-se o Dia da Criança no Brasil. Deixando um pouco de lado o apelo comercial da data, é importante lembrar a simbologia do dia e também fazer algumas reflexões a respeito do tema. O Dia da Criança foi pensado para trazer à luz da discussão e da atenção da população problemas de violência, situação vulnerável e falta de cuidado com os pequenos. Responsável pela promoção da prevenção de acidentes de todos os tipos com crianças e adolescentes de até 14 anos, a ONG Criança Segura tem um dos trabalhos mais notórios dentro do tema no país.

A coordenadora da organização, Alessandra Françóia pontua alguns números que ajudam o leitor a contextualizar a insegurança no trânsito com crianças brasileiras. ”Em 2010 (dados mais atuais do Ministério da Saúde), 1.895 crianças de até 14 anos morreram vítimas do trânsito. Deste total, 38% corresponderam aos atropelamentos, 36% aos acidentes com a criança na condição de passageira do veículo, 5% na condição de ciclista e os 21% restantes corresponderam a outros tipos de acidentes de trânsito.

Além das mortes, 14.936 crianças foram hospitalizadas vítimas de acidentes de trânsito”, esclarece. Diante dessas informações, a insegurança no trânsito para esse perfil fica mais clara. Maria Amélia Franco, especialista em trânsito da Perkons, acredita que o trabalho de combate aos acidentes com os pequenos passa por formação, educação e conscientização, tanto das crianças, quanto dos pais. ”Primeiro, os país devem reconhecer suas responsabilidades para a melhoria da segurança das crianças e entender os riscos a que estão expostas. É muito importante desenvolvermos projetos de convivência no trânsito, não apenas pensando nelas como futuros motoristas, mas como atuais pedestres e passageiros.

Familiarizar essas crianças com os símbolos do trânsito, respeito às regras de segurança e também adaptar essa teoria à realidade dos mais novos faz parte da estratégia. Além disso, é essencial envolver os pais e parentes no processo de educação. Afinal, ao menos duas vezes ao dia, as crianças são companheiras de viagem nos veículos ou em trajetos a pé”, pondera. Ainda sobre as estatísticas, em 2007, segundo dados do Ministério da Saúde, foram 5.324 mortes e 136.329 hospitalizações de crianças vítimas de acidentes de trânsito, afogamentos, sufocações, queimaduras, quedas, intoxicações, acidentes com armas de fogo e outros.

É estimado que para cada morte, outras quatro crianças ficam com sequelas, gerando consequências emocionais, sociais e financeiras. No mundo, 830 mil crianças morrem todos os anos vítimas de acidentes, segundo o Relatório Mundial sobre Prevenção de Acidentes com Crianças e Adolescentes, lançado em dezembro de 2008 pela Organização Mundial da Saúde e UNICEF.

Maria Amélia coloca a escola como protagonista na educação no trânsito das crianças. ”Ela tem papel fundamental na ação educativa para o trânsito e é o espaço determinante de formação de cidadãos conscientes e críticos. Formar o comportamento do cidadão enquanto usuário das vias públicas na condição de pedestre, condutor ou passageiro significa fazer com que ele reconheça as formas, cores e os significados das placas utilizadas no trânsito, do semáforo, da faixa de pedestres e demais componentes das vias públicas; saiba os direcionamentos sobre os diversos meios de locomoção/transporte, conheça os direitos e deveres como usuário das vias, demonstre atitude solidária frente a situações ocorridas no trânsito, no que tange a habilidades importantes à segurança do pedestre e do próprio passageiro”, explica.

Aproveitando que o 12 de outubro também é feriado, Alessandra Françóia faz um alerta especial no que diz respeito às viagens. ”O número de veículos nas rodovias aumenta muito e o risco de acidentes também. O trânsito é responsável pela maior parte dos acidentes fatais. No caso da criança que pode ficar presa no veículo, o mais importante é evitar que ela tenha acesso ao carro. Portanto, chaves devem ser guardadas fora do alcance da criança e os responsáveis devem evitar deixar portas abertas, pois ela pode entrar e acabar se trancando”, adverte.

E Maria Amélia alerta ainda para os presentes nesta data. ”Bicicletas, patins, skates são considerados brinquedos pelas crianças e, dessa forma, devem ser usados em locais de recreação, não nas ruas”. No que tange a segurança dos menores, o uso do bebê conforto, da cadeirinha e do assento de elevação – equipamentos que passaram a ser obrigatórios desde setembro de 2010 – é a única forma segura de transportar crianças em veículos.

Crianças são vulneráveis

Em linhas gerais, a prevenção é a tônica dos especialistas quando o assunto é acidente de trânsito envolvendo crianças, posto que elas precisam de maior proteção devido à fragilidade do seu corpo. ”Temos que tirar da consciência coletiva a ideia do ‘nunca vai acontecer comigo ou com minha família’. Acontece sim e mais frequentemente do que se pensa”, destaca Maria Amélia.

”Para prevenir acidentes, os responsáveis devem supervisionar sempre até que a criança demonstre habilidades e capacidade de julgamento do trânsito, segurar sempre na mão da criança, firme, pelo pulso, enquanto estiverem caminhando na rua, não permitir a brincadeira em locais que não são adequados como entradas de garagens, quintais sem cerca, ruas ou estacionamentos e acompanhar a criança para identificar o caminho mais seguro e ensinar a completá-lo de forma segura e cuidadosa. Além de dar o bom exemplo”, conclui a coordenadora da ONG Criança Segura.

 

Código de Trânsito Brasileiro

Art. 64. As crianças com idade inferior a dez anos devem ser transportadas nos bancos traseiros, salvo exceções regulamentadas pelo CONTRAN. Art. 168. Transportar crianças em veículo automotor sem observância das normas de segurança especiais estabelecidas neste Código: Infração – gravíssima; (7 pontos na CNH) Penalidade – multa; R$ 191,54
Guia Criança Segura (Via Portal do Trânsito)