Desafios do sistema de transporte público

Por

Tânia Passos

O lançamento do edital de licitação das linhas de ônibus do Sistema de Transporte Público de Passageiros (STPP) da Região Metropolitana do Recife, hoje, às 15h, no Centro de Convenções, em Olinda, pode significar o início de uma nova história para quem utiliza o transporte público. Pelo menos é o que se espera. Os desafios são muitos: desde a regularidade das viagens, climatização dos coletivos, acessibilidade dos veículos, paradas e terminais de integração. Mais respeito. E talvez, o mais difícil: reconquistar a confiança de quem já opta pelo carro, mesmo perdendo horas no engarrafamento.
Para quem usa o serviço hoje, a possibilidade de melhoria, a partir da licitação, vem acompanhada de expectativa e desconfiança. A principal reivindicação não é conforto, como se imagina. O mais importante é saber a hora de saída e chegada do ônibus. E nesse quesito, estamos atrasados não apenas pela falta de informações dos horários dos ônibus, como também pela ausência de corredores exclusivos. Mesmo quando o sistema de informação por GPS estiver funcionando, como promete o estado, o ônibus poderá ficar preso nos engarrafamentos. “Acho que precisa de mais ônibus. Faz 35 minutos que estou esperando aqui no sol quente e nada do ônibus chegar”, afirmou Anita Leal, 48, analista administrativa.

A espera nas paradas acaba protagonizando cenas que pioram ainda mais a imagem do transporte público. Em geral, as coberturas são muito pequenas e as pessoas ficam expostas nas calçadas, com riscos de acidentes. Outra cena comum é o enfileiramento dos ônibus na via ou fazendo fila dupla e o desespero de quem aguarda o transporte na parada e precisa correr para ser visto pelo motorista. “Se a gente ficar parado aqui esperando o ônibus, ele vai embora. Temos que correr entre eles e arriscar a vida”, revelou a pensionista Lindomar Vieira, 56 anos.

A altura do ônibus em relação ao piso é um verdadeiro atentado à acessibilidade de qualquer pessoa, pior ainda para os idosos. Descendo com dificuldades, a aposentada Rosa Guimarães, 75, quase perde o equilíbrio. “É ruim para descer e para subir e pior ainda quando o motorista está com pressa”, afirmou. 

O edital de licitação vai revelar, por exemplo, qual a parte que cabe aos empresários do setor que querem garantir uma fatia do sistema, que movimenta cerca de 2 milhões de usuários por dia em 385 linhas, sendo que esse número vai aumentar com os novos corredores de transporte que estão sendo construídos. A ideia do estado é fatiar o sistema em sete lotes. As operadoras poderão montar consórcios para concorrer à licitação, que é aberta também às empresas.

Saiba Mais

O Sistema de Transporte Público de Passageiros da RMR

385 linhas
18 operadoras de ônibus
2 milhões de passageiros por dia

Os primeiros deveres dos empresários

900 ônibus do SEI deverão receber ar-condicionado até 2014
2,1 mil ônibus vão receber ar-condicionado até 2020
R$ 15 mil é o custo para manutenção do ar-condicionado de um ônibus de 12metros
R$ 30 mil é o custo estimado de manutenção do ar de ônibus articulado (sanfona)
15 anos será o tempo de exploração para quem vencer a licitação
5 anos é o prazo que a concessão pode ser renovada
7 lotes vão contemplar as linhas a serem licitadas
20% é o percentual máximo das linhas por empresa ou consórcio

Fonte: Secretaria das Cidades e o consultor César Cavalcanti

 

Diario de  Pernambuco