Rua é lugar de gente

 

Rua Duque de Caxias - Foto - Cecília Sá Pereira

Disponibilizar mais espaço para as pessoas e menos para o carro faz parte de uma nova concepção de cidade sustentável, que vem revolucionando cidades em todo o mundo. Ruas que antes eram entupidas por carros e se transformaram em espaços de convivência com mais qualidade de vida para as pessoas.

Foi assim em San Francisco e Portland, nos Estados Unidos; Madri, na Espanha; Seul, na Coreia do Sul, entre outros. Mas temos exemplos também no Brasil. Na área portuária do Rio de Janeiro, o antigo viaduto da perimetral foi destruído para dar lugar à urbanização do espaço com o projeto Porto Maravilha e uma área antes degradada promete levar as pessoas de volta às ruas. São Paulo também já dispõe de uma proposta semelhante com o projeto Casa Paulista.

O fato é que todos esses exemplos revelam o antes e o depois e remetem a mudanças difíceis de se imaginar para quem só enxerga carro na frente. Além disso, há uma pergunta inevitável: para onde foram todos eles?A verdade é que as cidades que se voltam para as pessoas têm seus caminhos renovados e outras formas de deslocamento se tornam possíveis.

Espaços contemplados com árvores, calçadões, ciclovias, praças ou cafés podem ter distâncias percorridas sem muito esforço e o carro dificilmente fará falta. No lugar dele, transportes coletivos compatíveis com o lugar a exemplo do Veículo Leve sobre Trilho (VLT), que se adapta perfeitamente às vias urbanas. No Recife, o conceito de cidade para as pessoas começa a ter exemplos práticos como a proibição de circulação de carros na Rua Marquês de Olinda, no Bairro do Recife.

Há um ano, o bairro já vinha sendo destinado para atividades de lazer, esporte, arte e cultura. É um avanço, assim como as ciclofaixas de lazer. Mas já está na hora de olhar a cidade não apenas em situações pontuais de lazer, mas com mudanças no seu cotidiano de forma permanente.

Sejam em vias existentes ou a serem implantadas. Não por acaso, o projeto de uma nova via na Beira-Rio, causou indignação nas redes sociais de movimentos que defendem uma cidade voltada para as pessoas. O trecho a ser recuperado pelo município nas margens do rio será contemplado com calçadão e ciclovia, mas ninguém pensou que ela simplesmente poderia prescindir de carro.

Às margens do rio, o projeto pode ser uma ótima oportunidade de mudar um paradigma e trazer novos horizontes na forma de olhar a cidade, dentro da perspectiva do parque linear do Capibaribe. Quem vai sentir falta dos carros?