Por
Anamaria Nascimento
A cidade ideal para bicicletas é aquela onde empresas privadas incentivam os funcionários a usarem bikes, gestores públicos estimulam a construção de redes cicloviárias e motoristas respeitam ciclistas e pedestres no trânsito. A afirmação está no livro A bicicleta no Brasil, lançado este ano por organizações de cicloativismo com o objetivo de criar cidades onde as pessoas pedalem mais e melhor. Os dados apresentados na obra serão divulgados aos pernambucanos na abertura do 1º Fórum Nordestino da Bicicleta, que acontece entre quinta-feira e domingo no Centro de Artesanato de Pernambuco, ao lado do Marco Zero.
Das 117 páginas do livro, 12 são dedicadas ao Recife, uma das 10 capitais brasileiras esmiuçadas na obra. De acordo com o texto, os motoristas da capital pernambucana “não têm uma cultura de compartilhamento dos espaços com os demais modais”. As maneiras para começar a mudar essa realidade também são apontadas na obra. As transformações, segundo os autores, devem ser implementadas em quatro eixos: educação, cultura, classe política e estrutura.
Um dos organizadores do livro, o paulista Daniel Guth, ressaltou que os dados sobre bicicleta nas capitais brasileiras foram compilados pela primeira vez na obra. “Nosso objetivo foi trazer um diagnóstico, mas também um prognóstico dessas cidades, ou seja, como elas estão hoje e como elas poderão estar no futuro”, explica.
Sobre o Recife, a obra mostra que a tradição do uso da bike na cidade é favorecida pela geografia plana. “Há bairros onde há um grande fluxo de ciclistas, geralmente em bairros mais afastados do centro e de classe mais baixa. Essas pessoas transitam todos os dias de bicicleta”, pontua o texto. “Pela classe média e média alta, há uma retomada do uso, principalmente como lazer, desde a implantação da Ciclofaixa de Turismo e Lazer. Essa crescente do número, mesmo que aos domingos, aumentou o número de lojas de comércio e serviço, oficinas e o valor das peças”, continua.
Para garantir um futuro mais amigável aos ciclistas do Recife, o livro pontua que é preciso melhorar o conhecimento sobre o Código de Trânsito Brasileiro pelos atores do trânsito e realizar mais campanhas educativas de conteúdo aprofundado. “É necessário ainda maior preparo no planejamento do trânsito municipal por parte da gestão pública; ouvir mais a população (seus problemas e propostas) além de ampliar e melhorar a rede cicloviária”, ressalta um dos colaboradores da obra, o cicloativista recifense Daniel Valença. O livro pode ser baixado gratuitamente pelo link www.uniaodeciclistas.org.br/biblioteca/adquira-livro.
Fonte: Diario de Pernambuco