BRT na capital do forró

Trilhos Caruaru - Foto - Tersa Maia DP/D.A.Press

Por
Tânia Passos

Do Trem do Forró ao modelo de Transporte Rápido por Ônibus, também conhecido como BRT (Bus Rapid Transit). O sistema de corredor exclusivo de ônibus, inaugurado em Curitiba na década de 1970, e que se tornou exemplo para o mundo, será implantado em Caruaru no trecho da antiga linha férrea que corta a cidade de Leste a Oeste. A cidade do Agreste é a primeira do interior do estado a apostar nos corredores exclusivos de ônibus. O município foi contemplado com recursos do PAC da Mobilidade 2, do governo federal, que destinou R$ 250 milhões para as obras. O projeto executivo deverá ser iniciado em até 90 dias e a obra do corredor no primeiro trimestre de 2014.

Com uma população de 306 mil habitantes e uma frota de 126 mil veículos, a cidade tem uma média de um carro para 2,4 pessoas, mesma proporção do Recife, com 1,5 milhão de habitantes e uma frota de 607 mil veículos. O principal sistema de transporte público de Caruaru é o de ônibus, que tem frota de 81 coletivos e transporta 1,4 milhão de passageiros por mês. “Acho o transporte público daqui muito escasso e a situação fica pior nos horários de pico. Demora muito de um intervalo para outro e a gente não tem outra opção”, reclama a estudante Jéssica Machado, 21 anos.

Ônibus Caruaru - Foto - Tersa Maia DP/D.A.Press

Caruaru obteve recursos para o BRT após apresentar um pré-projeto ao Ministério das Cidades, no fim do ano passado, com a proposta de dois corredores exclusivos: Norte/Sul e Leste/Oeste. Dos dois, foi escolhido o ramal Leste/Oeste, que cortará 12 bairros entre Rendeiras e Alto do Moura e beneficiará mais de 50 mil usuários.

“Nós tentamos emplacar os dois corredores, mas para nós o Leste/Oeste, que passa por dentro da cidade e atende quase o dobro do Norte/Sul, é mais urgente. Mesmo assim vamos tentar aprovar o Norte/Sul no PAC3, em 2014”, afirmou o secretário de Projetos Especiais da Prefeitura de Caruaru, Paulo Cassundé.

O corredor Leste/Oeste será construído por cima da antiga linha férrea em um trecho de 13,5 km. A estação da Refesa fica no centro de Caruaru. O local foi o principal palco do Trem do Forró, uma das maiores atrações juninas da cidade. O último trem passou pela estação em 2001. A atividade foi encerrada devido às péssimas condições da linha entre o Recife e Caruaru. A ideia, agora, é reaproveitar o espaço da linha, que ocupa uma área reservada de 10 metros de cada lado.

“Estamos em contato com a Diretoria de Patrimônio da União, a Agência de Transporte Terrestre, o Dnit e o Iphan para que a linha férrea seja oficialmente cedida ao município de Caruaru”, revelou o prefeito de Caruaru, José Queiroz.

5 Replies to “BRT na capital do forró”

  1. Nesse caso Tânia você acha que o BRT é mais benéfico para a cidade? e se o caso for a longo prazo?

    obrigado e meus parabéns pelo blog.

    • Marcelo, acredito que o corredor exclusivo para o transporte público é bastante benéfico para a cidade. Mas, claro que lamento o não aproveitamento da linha férrea. Pelo que apurei com o secretário Paulo Cassundé, a linha não tinha condições de ser aproveitada. Segundo ele, o importante é preservar o traçado urbano que a linha manteve e no futuro a linha férrea pode voltar, seja com VLT ou o metrô.

      • Se eles pretendem no futuro migrar para veículo sobre trilhos, como li numa matéria que divulguei o link no outro post sobre o BRT, deveriam começar a agora, afinal a vida útil de um VLT elétrico ou a diesel é, no mínimo, duas vezes a de um ônibus.
        Claro, Caruaru usando o espaço disponível pelo linha desativada, amplo, poderá se for viável usar veículos biarticulados até vir a usar modal de maior capacidade, o que pode levar décadas.

        • Eu, realmente não vejo vantagem do BRT sobre o VLT. Ademais, pelo que entendi (e espero ter entendido errado), a Prefeitura de Caruaru pretende usar a área dos trilhos para os BRTs, o que seria uma maldade com a História de Pernambuco e de Caruaru.
          Privilegiar mais veículos nas ruas em detrimento dos trens é triste!

          • Daniel,

            a vantagem do BRT está no investimento e prazo de conclusão menores considerando a situação de Caruaru. Empregar um VLT requer uma mínima demanda que justifique modal mais caro, afinal uma composião com três vagões leva em torno de 600 passageiros, pouco mais que o doblo de um ônibus biarticulado e em Caruaru, até onde sei, não usam nem ônibus trucado. Então compensaria colocar um equipamento caro com maior capacidade para ser subutilizado? Atingir a capacidade de um VLT com baixo volume de passageiros por hora só elevando os intervalos, o que é ruim para o usuário.
            A escolha de um modal depende de vários coisas e não apenas porque um veículo sobre trilhos é mais vistoso ou leva mais pessoas. Tenho que recordar que a linha férrea de Caruaru dentro da cidade é singela na sua grande parte, portanto um VLTs não poderiam ser empregados em sentidos opostos por falta de trecho duplicado. Até poderia se em alguns trechos houvesse uma via paralela para esperar o veículo de sentido oposto passar para então liberar o restante do trajeto, só que isso depende de oferta de veículos e tempo do percurso.
            Eles vão usar a área de segurança ao redor dos trilhos chamada faixa de domínio, que seria de 10m para cada lado. Se o projeto for contemplar manutenção histórica da rede, é possível criar um canteiro central apenas para dividir os sentidos matendo os trilhos, como se delimitassem eles até ter a presença de uma estação. Claro, se Caruaru usar embarque nos veículos pelo lado esquerdo, então deverão adotar estação conjugada que possivelmente ficará sobre trilhos criando descontinuidade deste, mas mantendo o restante intacto, preserva-se o valor histórico. Se for como é em Curitiba, com acesso pelo lado direito, então a rede férrea não seria prejudicada se quiserem mantê-la.