Por
Paulo Trigueiro
O Túnel da Abolição, no bairro da Madalena, Zona Norte do Recife, terá o tráfego de veículo liberado até o meio-dia de amanhã, de acordo com a Secretaria das Cidades do governo do estado (Secid). O restante das obras no local, que engloba um elevador de acesso para pedestres e a sinalização da via, continua sem data definida de entrega. A inauguração foi adiada pela sexta vez no mês passado.
A liberação do tráfego havia sido anunciada para 15 de março pelo secretário estadual das Cidades, André de Paula, quando foi realizada vistoria no túnel, no fim de fevereiro. Segundo o secretário-executivo de mobilidade da Secid, Marcelo Bruto, vários testes vêm sendo realizados na fase final da construção, que ao todo recebeu investimento de R$ 16 milhões.
“Estamos acompanhando as obras, pressionando a empresa responsável e realizando testes sucessivos. Depois de um resultado positivo na sondagem de estabilidade no entorno do túnel, falta apenas realizarmos um teste de drenagem”, afirmou Bruto.
Ele acrescentou que o órgão estabeleceu prazo que a construtora entregue o serviço completo até maio.
Interditando a área desde julho de 2013, a obra deveria ter sido finalizada há mais de um ano, de acordo com o planejamento inicial. Integrante do Corredor Leste/Oeste, o túnel faz parte de um pacote de mobilidade que ajudaria no acesso à Arena Pernambuco durante a Copa do Mundo do Brasil, realizada no ano passado.
Antes do início das obras, quando havia ainda um cruzamento entre a Rua Real da Torre e a Rua Benfica, registrava-se um fluxo médio de 4.620 carros por hora no trecho. Com a finalização do túnel, cerca de 8.250 veículos poderão passar no local no mesmo período.
Insatisfação no entorno da obra
O atraso da obra não trouxe reflexos apenas para a mobilidade do bairro. O impacto também foi sentido na economia da região. O assunto foi discutido em audiência pública realizada na Câmara Municipal do Recife, na manhã de ontem.
O estofador Mário Xavier, 56, que trabalha em frente ao túnel desde 2009, lamenta que três lojas vizinhas estão com as portas fechadas por falta de clientes, já que o acesso ficou reduzido após o início das obras. “Além disso, será uma avenida de alta velocidade. As pessoas não param e não há onde estacionar. É triste para nós.” Ele acrescenta que a falta de movimento também gerou insegurança “Quando encerramos o expediente, às 18h, olhamos para todos os lados, correndo para não sermos assaltados”, afirmou.
O prejuízo no comércio local é conhecido pela Secretaria das Cidades e está sendo analisado. Segundo a assessoria da Secid, a prioridade é finalizar a obra e, principalmente, liberar o tráfego. Em uma nova fase da obra, o problema será discutido.
A vereadora Isabella de Roldão (PDT), que convocou a audiência de ontem, lembrou que houve queda nas visitas ao Museu da Abolição. “Sem acesso ao estacionamento, os ônibus não levam estudantes”, explicou. A diretora do museu, Maria Elisabete Arruda, citou ainda o problema de segurança acarretado pela retirada dos postes de iluminação durante a construção.
Fonte: Diario de Pernambuco