Carro compartilhado vira moda na Europa

 

Trânsito no centro de Paris - créditos: Mal Langsdon/Reuters/ reproduçãoGrandes montadoras e locadoras de carros encontraram um novo nicho de negócio. Em vez de permitir que a popularidade do compartilhamento de carros afete suas vendas, essas empresas estão se unindo e abrindo novas companhias na esperança de segurar os clientes que têm e conquistar uma nova onda de admiradores.

A Daimler e a gigante de aluguel Europcar uniram forças para criar a Car2Go, enquanto a BMW se associou à Sixt para formar a DriveNow. Ambas oferecem um serviço baseado em tecnologia e inspirado no Zipcar, que pertence à locadora Avis.

Nosso negócio principal nos anos 1970 era vender carros. No fim dos 70 e nos 80, veio a grande inovação de leasing e financiamento”, disse Tony Douglas, chefe de marketing e vendas da BMW. “Agora você pode pagar pelo uso de um carro. É como o setor de música. Antes você comprava um álbum, hoje pode pagar por música executada.”

Executivos do setor preveem uma mudança enorme na maneira como as pessoas, em especial nas grandes cidades, pensam a locomoção. O futuro da mobilidade, acredita ele, será “multimodal”, com os cidadãos usando smartphones para planejar itinerários combinando carros, bicicletas, transporte público e caminhada.

“Nós pensamos que este é o futuro”, disse Robert Henrich, diretor-presidente da Daimler Mobility Services, que inclui a Car2Go. “Consumidores jovens não conseguem mais imaginar a vida sem smartphones, e precisamos fazer parte do mundo do smartphone.”

No ano passado, cerca de 2,3 milhões de motoristas em todo o mundo estavam associados a algum serviço de compartilhamento de carros, um número que se espera que vá crescer para 26 milhões até 2020, disse Martyn Briggs, especialista em mobilidade no grupo de consultoria Frost & Sullivan.

Cerca de dois terços provavelmente usarão serviços baseados em pontos fixos, como Zipcar, enquanto um terço usará a nova abordagem sem retorno, em que os carros não têm um local de permanência estabelecido.

O crescimento do novo setor está sendo ajudado por fatores como mobilidade urbana e a forte queda de venda de carros para jovens, que não veem motivo para serem donos de um veículo. O consumidor ligado em tecnologia quer flexibilidade na relação com o transporte.

 Tendências

A Zipcar, que opera nos Estados Unidos e na Europa, aluga o carro por hora e requer que o veículo seja devolvido a uma vaga de estacionamento designada num momento previamente acertado. Já as “novatas” Car2Go e DriveNow cobram por minuto, e deixam os carros em qualquer vaga na cidade quando tiverem encerrado o uso. Os motoristas geralmente usam os veículos para viagens rápidas, só de ida, que não precisam ser planejadas com antecedência.

As companhias negociam direitos de estacionamento com governos municipais para permitir que seus veículos se espalhem livremente numa área designada, geralmente dentro dos limites de uma cidade. Quando os consumidores querem um carro, eles usam um smartphone para localizar o mais próximo e um cartão de inscrição para liberar seu uso.

As duas companhias, cuja abordagem requer GPS e uma conexão de internet em cada carro, começaram na Alemanha, onde são extremamente visíveis e populares, particularmente entre jovens.

“Em quase toda cidade grande, você vê esses veículos parados por toda parte, e pode entrar num deles e levá-lo”, disse Thorsten Wagner, porta-voz do Instituto Automotivo de Administração da Escola de Administração Europeia em Oestrich-Winkel, Alemanha.

Um aluno recentemente se queixou para ele de uma variante local que requeria que os usuários devolvessem os veículos a um ponto de estacionamento designado. Na visão do aluno, segundo Wagner, isso não é compartilhamento de carros, pois é “inflexível demais”. (Tradução de Celso Paciornik)

Fonte: The New York Times (via Portal Mobilize)

Bicicleta ganha mais espaço no sistema de transporte de São Paulo

São Paulo vai receber um sistema de compartilhamento com  três mil bicicletas espalhadas por 300 estações. O sistema será parecido com o que já existe no Rio de Janeiro, e também deve ser patrocinado pelo banco Itaú.

A localização das estações de compartilhamento será baseada no mapa das melhores rotas para circular de bicicleta organizado pelo Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento).

Outro detalhe é que as as estações serão pensadas para melhorar a integração com o sistema de trens, metrô e ônibus da cidade. Sensacional, não?

Isso só mostra que a bicicleta está sendo cada vez mais aceita na cidade de São Paulo, e o poder público cada vez mais atento para seus benefícios. É a força do pedal se ampliando cada vez mais!

Ao mesmo tempo em que ficamos sabendo da proposta deste grande projeto de compartilhamento de bicicletas, o ex-secretário estadual dos Transportes Metropolitanos e de Serviços e Obras da Prefeitura de São Paulo, escreveu um texto para quem quer ver uma cidade melhor e com mais mobilidade. Veja um trecho abaixo:

Andar a pé e de bicicleta trazem um novo padrão: ver a cidade em uma velocidade mais humana que nos permite enxergar e usufruir os inúmeros benefícios que ela tem. Pode estar começando uma nova Semana da Arte Moderna. A arte de ter uma cidade construída para nós.

É isso, não é? Então vamos seguir promovendo a bicicleta como meio de transporte e todos os seus benefícios para nós mesmos e para a cidade.

Fonte: Com adaptações do Blog Eu Vou de Bike

Compartilhamento de automóveis para uso urbano

 

 

Artigo do professor José Alex Sant´Anna, publicado no “Informativo Perkons – Notícias em Trânsito”.

Nas grandes cidades, os veículos particulares ficam mais tempo parados nas garagens e estacionamentos do que efetivamente sendo utilizados, durante todo o dia.

As pessoas que se deslocam para compras ou para o trabalho, que não tem uma rotina fixa e bem estabelecida dependem do veículo particular para seus deslocamentos, pois o transporte público é planejado e operado com o foco principal nas pessoas que se destinam a trabalho e escola em viagens rotineiras e pendulares (do tipo vai e volta).

Nas grandes cidades, qualquer pessoa que tenha alguma atividade que saia um pouco da rotina passa a depender do automóvel para seus deslocamentos e a vida moderna tem na variedade de atividades das pessoas uma de suas características.

Com a crescente dificuldade de estacionamento, principalmente nas áreas centrais das grandes cidades, uma nova modalidade de “propriedade” de veículos parece ser o próximo passo para facilitar os deslocamentos de grande parte das pessoas que atualmente utilizam o carro próprio, nas cidades.

Se o transporte coletivo atualmente é operado por empresas privadas sob o controle do poder público, o transporte individual poderá ser otimizado com a formação de “sociedades” que disponibilizem uma quantidade de veículos em áreas de estacionamento privado, estrategicamente distribuídas pela cidade, de forma a se tornarem acessíveis aos “sócios” para pronta utilização mediante identificação previamente preparada (carteira de sócio) e reembolso das despesas de uso (pagamento debitado em cartão de crédito em função do tempo e quilometragem de cada utilização).

Dessa forma os sócios terão acesso a veículos para seus deslocamentos, sem ter que procurar estacionamentos e sem a preocupação com a manutenção e guarda dos veículos que estaria transferida para a Empresa operadora (poderia ser uma Sociedade por Cotas, onde cada sócio seria um cotista).

Isso não é novidade. Ainda nos anos 70 do século passado, as primeiras iniciativas de utilização compartilhada de automóveis apareceram em Santa Mônica, nos Estados Unidos, com o nome de “car pool”. Pessoas que residiam em um mesmo bairro e trabalhavam em um mesmo local se associavam para compartilhar o mesmo automóvel com o objetivo principal de usufruir das facilidades das “faixas exclusivas” para veículos com duas pessoas ou mais. Como conseqüência imediata, as empresas que incentivaram o “car pool” reduziram significativamente o número de veículos estacionados em seus pátios, abrindo espaço para os clientes.

Em algumas cidades da Europa, a utilização de bicicletas “públicas” ou de empresas locadoras, mediante uma garantia monetária e, às vezes, pequeno pagamento para manutenção dos serviços, surgiu no último quarto do século XX, permitindo considerável melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.

No caso dos automóveis, ainda não é comum locar veículos, no Brasil, embora tal atividade esteja aumentando consideravelmente, mas essa atividade se concentra em atender às demandas de longos períodos, principalmente semanas ou meses, e eventualmente um período de no mínimo 24 horas, mediante contrato específico.

O que se coloca agora para discussão não se trata de locação, nesses moldes, mas de propriedade compartilhada de veículos, disponibilizada para os sócios e gerenciada por uma empresa eventualmente formada pelos próprios proprietários (ou por empreendedores interessados). Em algumas cidades da Europa já começam a surgir iniciativas nesse sentido.

Os veículos seriam disponibilizados em garagens distribuídas pela cidade, para utilização imediata por parte do grupo de pessoas associadas na propriedade dos veículos com pagamento pelo uso e nos encargos de gerenciamento. Os veículos seriam utilizados por períodos curtos de tempo para um único deslocamento entre dois pontos da cidade e ao ser deixado em uma das garagens do “pool” seria disponibilizado para outro usuário.

Em outro segmento do setor de transportes, a propriedade compartilhada de aviões executivos e helicópteros é uma atividade bem sucedida no Brasil. Investidores adquirem esses veículos e os entregam a uma empresa gerenciadora que se encarrega da manutenção e operação com a garantia de disponibilidade por um número programado de horas mensais e eventual lucro resultante do aluguel da aeronave nos períodos que se encontra disponível.

A maior resistência a esse tipo de compartilhamento ainda é relacionada ao veículo automotor terrestre, tanto o automóvel como o veículo de carga; mas o que se espera ao colocar essa discussão é que as mudanças que vêm ocorrendo na sociedade contemporânea, levem à assimilação desse conceito de utilização compartilhada para o transporte individual urbano.

A dificuldade de estacionamento nas áreas centrais das grandes cidades e a modificação das atividades urbanas deste início de século, sugerem que o transporte individualizado sem rotas fixas e sem horários estabelecidos seja popularizado e o compartilhamento pode ser um caminho.

José Alex Sant´Anna
Professor da Universidade Federal do ABC
Dedica-se a pesquisas de Transporte e Trânsito Regional e Urbano