Diario de Pernambuco
Por Tânia Passos
Informação é uma ferramenta fundamental na mobilidade. Saber, por exemplo, qual ônibus pegar para chegar a um determinado lugar, em tese, seria básico. Mas na prática é uma verdadeira ginástica.
Não por acaso, cerca de 85% das viagens de ônibus ao centro do Recife, segundo a última atualização do Plano Diretor de Transporte Urbano (PDTU), em 2008, não têm como destino o Centro. Os usuários vão ao local para fazer o transbordo porque sabem que lá vão encontrar linhas para qualquer lugar da região metropolitana.
Reduzir a demanda do centro e o tempo gasto pelo usuário é um dos desafios do Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano. E antes de entrarmos no mérito das tecnologias disponíveis, mas ainda não acessíveis, vale ressaltar que a velha e boa escrita já faria uma grande diferença. A maioria das 6.238 paradas cadastradas nos 14 municípios da RMR não dispõe de nenhuma informação das linhas que passam por elas.
Os itinerários do nosso sistema de transporte público são conhecidos por quem é acostumado a fazer o mesmo trajeto todos os dias e teve que decorar. No entanto, podem se transformar numa verdadeira incógnita para quem muda de itinerário ou faz determinado percurso pela primeira vez. “A grande massa transportada é formada pelos trabalhadores e estudantes. Para quem é de fora ou não conhece o itinerário, a estratégia será melhorar a comunicação”, afirmou a diretora de operações do Grande Recife, Taciana Ferreira.
Na Conde da Boa Vista, encontramos a aposentada Maria Madalena de Araújo, 63, que saiu do Pina com destino a Casa Amarela e desceu do ônibus no Centro para mudar de condução. “Não saberia outro jeito de chegar até lá”, afirmou.
Problema cultural
O consultor em transporte público e especialista em mobilidade urbana Germano Travassos lembra que a cultura das linhas voltadas para a região central é uma característica comum das cidades. “O primeiro anseio das pessoas é a ligação com o centro, que é a primeira nucleação. Com o crescimento surgem outras áreas polinucleadas, mas a configuração original permanece. E não é fácil mudar de uma hora para outra ”, explicou Travassos.
De acordo com a diretora de Operações do Grande Recife, a inversão da lógica do fluxo para o Centro só deverá ocorrer com o funcionamento dos 23 terminais do Sistema Estrutural Integrado (SEI). “Hoje, 60% das linhas são complementares e 40% do SEI. Nós queremos inverter isso e a demanda para o Centro será reduzida”, afirmou.
A demanda e a redução no tempo de viagem é um dos aspectos. O outro, igualmente importante, é a qualidade da informação disponível para o usuário, que tanto pode optar pelo SEI como para uma das linhas complementares, de acordo com o seu destino. “Nós não dispomos ainda de um roteirizador que poderá fornecer as informações ao usuário das linhas e os horários”, afirmou.
Saiba mais
Os números do transporte público da RMR
6.238paradas de ônibus estão cadastradas na RMR
390linhas de ônibus operam na RMR
3 milônibus circulam na RMR
14municípios integram a RMR
2,1 milhõesde passageiros são transportados por dia
900 mil passageiros são transportados pelo SEI
Fonte: Grande Recife