Estacionar nas ruas: caro para a cidade, não para você!

 

Por

Juliana Colares

 

O Recife gira em torno do carro, mesmo quando ele está parado. Todos os dias, 40 novos automóveis são emplacados na cidade. A frota circulante diária chega a 1 milhão de veículos na RMR. Atender à demanda por estacionamento ficou impossível. E caro demais.

Com o metro quadrado avaliado em R$ 4,5 mil, uma vaga de 11 m2 em Casa Amarela, por exemplo, custaria R$ 49,5 mil, valor mais alto que o preço de um carro popular. Ainda assim, estacionar na maior parte da cidade, mesmo que o carro fique parado durante todo o expediente, das 8h às 18h, não custa nada – quando não tem um flanelinha “gerenciando” a vaga. A falta de um controle rígido dos espaços públicos usados como estacionamento estimula o uso do automóvel e, nos casos das vias onde é permitido estacionar dos dois lados, impede a criação de ciclofaixas, o alargamento das calçadas e a criação de faixas exclusivas para o transporte coletivo.

A “carrocracia” fez até ruas sem tráfego intenso virarem bônus. A Rua Arnoldo Magalhães, em Casa Amarela, por exemplo, já é usada como garagem privada por moradores dos edifícios e é apontada como “rua livre para estacionamento” em lançamento imobiliário que ganhou as redes sociais. A via tem cerca de seis metros de largura e meio fio pintado de branco em boa parte de sua extensão – da Estrada do Arraial à Avenida Norte. O diretor comercial de uma construtora é categórico: vias mais fáceis de estacionar pesam na escolha do terreno. “Hoje a facilidade para aquisição de carro é muito grande. É natural uma família com mais de um”, disse.

Para o especialista em transporte público e professor da UFPE Oswaldo Lima Neto, Recife carece de uma política de estacionamento nas vias públicas. Ele defende que a prefeitura demarque as vias, defina a quantidade de vagas que a cidade deve ter, delimite os horários de permissão para estacionamento e cobre caro pelo uso desses espaços, principalmente nas áreas mais críticas. “É inadmissível pagar só R$ 1 por até cinco horas de estacionamento no Centro da cidade”, disse, em referência à Zona Azul.

Oswaldo Lima Neto defende, inclusive, que medidas como essa, que são restritivas ao uso dos carros, não esperem a melhoria dos sistemas de ônibus e metrô para serem implementadas. “Muitas vezes essa questão é usada como desculpa por quem não quer usar o transporte público”, afirmou.“A tendência mundial é de restrição do estacionamento, principalmente em áreas críticas. A permissão da vaga gratuita na via é um incentivo ao transporte individual e representa prejuízo ao transporte público. Se o espaço é público, ele tem que ser usado em benefício público”, disse o professor de engenharia civil da UFPE Maurício Pina.

Para o presidente do Instituto da Cidade Pelópidas Silveira, Milton Botler, “todas as vagas de automóveis têm que ser absorvidas dentro do espaço privado”. Segundo ele, esse pensamento está por trás do projeto de construção de 10 mil vagas de estacionamento em edifícios-garagem, que seriam interligados ao transporte público. Concomitantemente à construção desses prédios, seria reduzida a quantidade de vagas nas ruas.

A construção dos edifícios-garagem já é alvo de críticas. Para Oswaldo Lima Neto, o ideal é localizar esses estacionamentos verticais próximo a estações de metrô ou ônibus para fazer as pessoas estacionarem fora do centro e usarem o transporte público. Segundo Botler, a decisão quanto aos edifícios-garagem só será tomada após a análise dos estudos feitos por três empresas que atenderam à chamada pública.“Eu posso ter edifício-garagem, inclusive, para substituir vaga de Zona Azul”, disse Botler. Expectativa é de que o edital seja lançado em novembroO Recife gira em torno do carro, mesmo quando ele está parado. Todos os dias, 40 novos automóveis são emplacados na cidade. A frota circulante diária chega a 1 milhão de veículos na RMR.

Atender à demanda por estacionamento ficou impossível. E caro demais. Com o metro quadrado avaliado em R$ 4,5 mil, uma vaga de 11 m2 em Casa Amarela, por exemplo, custaria R$ 49,5 mil, valor mais alto que o preço de um carro popular. Ainda assim, estacionar na maior parte da cidade, mesmo que o carro fique parado durante todo o expediente, das 8h às 18h, não custa nada – quando não tem um flanelinha “gerenciando” a vaga. A falta de um controle rígido dos espaços públicos usados como estacionamento estimula o uso do automóvel e, nos casos das vias onde é permitido estacionar dos dois lados, impede a criação de ciclofaixas, o alargamento das calçadas e a criação de faixas exclusivas para o transporte coletivo.

A “carrocracia” fez até ruas sem tráfego intenso virarem bônus. A Rua Arnoldo Magalhães, em Casa Amarela, por exemplo, já é usada como garagem privada por moradores dos edifícios e é apontada como “rua livre para estacionamento” em lançamento imobiliário que ganhou as redes sociais. A via tem cerca de seis metros de largura e meio fio pintado de branco em boa parte de sua extensão – da Estrada do Arraial à Avenida Norte. O diretor comercial de uma construtora é categórico: vias mais fáceis de estacionar pesam na escolha do terreno. “Hoje a facilidade para aquisição de carro é muito grande. É natural uma família com mais de um”, disse.

Para o especialista em transporte público e professor da UFPE Oswaldo Lima Neto, Recife carece de uma política de estacionamento nas vias públicas. Ele defende que a prefeitura demarque as vias, defina a quantidade de vagas que a cidade deve ter, delimite os horários de permissão para estacionamento e cobre caro pelo uso desses espaços, principalmente nas áreas mais críticas. “É inadmissível pagar só R$ 1 por até cinco horas de estacionamento no Centro da cidade”, disse, em referência à Zona Azul.

Oswaldo Lima Neto defende, inclusive, que medidas como essa, que são restritivas ao uso dos carros, não esperem a melhoria dos sistemas de ônibus e metrô para serem implementadas. “Muitas vezes essa questão é usada como desculpa por quem não quer usar o transporte público”, afirmou.“A tendência mundial é de restrição do estacionamento, principalmente em áreas críticas. A permissão da vaga gratuita na via é um incentivo ao transporte individual e representa prejuízo ao transporte público. Se o espaço é público, ele tem que ser usado em benefício público”, disse o professor de engenharia civil da UFPE Maurício Pina.

Para o presidente do Instituto da Cidade Pelópidas Silveira, Milton Botler, “todas as vagas de automóveis têm que ser absorvidas dentro do espaço privado”. Segundo ele, esse pensamento está por trás do projeto de construção de 10 mil vagas de estacionamento em edifícios-garagem, que seriam interligados ao transporte público. Concomitantemente à construção desses prédios, seria reduzida a quantidade de vagas nas ruas.

A construção dos edifícios-garagem já é alvo de críticas. Para Oswaldo Lima Neto, o ideal é localizar esses estacionamentos verticais próximo a estações de metrô ou ônibus para fazer as pessoas estacionarem fora do centro e usarem o transporte público. Segundo Botler, a decisão quanto aos edifícios-garagem só será tomada após a análise dos estudos feitos por três empresas que atenderam à chamada pública.“Eu posso ter edifício-garagem, inclusive, para substituir vaga de Zona Azul”, disse Botler. Expectativa é de que o edital seja lançado em novembro.

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Fonte: Diario de Pernambuco

Mais 10 mil vagas de estacionamento no Recife nos próximos três anos

 

Nos próximos três anos, os motoristas que circulam pelo Recife poderão contar com mais 10 mil vagas em edifícios-garagem. Pelo menos esta é a expectativa da Prefeitura do Recife ao lançar nesta quarta-feira um edital de chamada pública para empresas que tiverem interesse em construir ou adaptar edifícios-garagem na cidade. A solenidade aconteceu na manhã de hoje na sede da PCR, no Bairro do Recife, com a presença do prefeito João da Costa.

As edificações serão construídas ou adaptadas em 25 áreas consideradas prioritárias, com início das obras previsto para o prazo de um ano. De acordo com a Prefeitura do Recife, as áreas mapeadas pelo Instituto da Cidade do Recife Engenheiro Pelópidas Silveira são o centro do Recife no bairro de São José no Cais de Santa Rita, Avenida Dantas Barreto, Praça Sérgio Loreto e Avenida Sul; Bairro do Recife nas proximidades da prefeitura e do Porto do Recife; Boa vista na Praça Machado de Assis; Santo Amaro na região do Parque 13 de Miao; Soledade, perto da Unicap; Ilha do Leite; Cais José Mariano, perto da Casa da Cultura; Casa Amarela; Encruzilhada; Água Fria; Afogados, no Largo da Paz; Boa Viagem; Graças; Derby; nos cruzamentos dos corredores Leste-Oeste; Beberibe; Madalena; perto do Shopping Tacaruna e na Joana Bezerra, nas proximidades do polo jurídico.

A ação faz parte dos projetos que visam a melhoria no trânsito na capital pernambucana, livrando as ruas de carros estacionados em locais impróprios e aumentando a fluidez no tráfego. A implantação dos prédios será desenvolvida em parceria entre o poder público e empresas privadas. As empresas que vencerem a licitação vão entrar com o capital, enquanto a prefeitura vai ceder os terrenos.

 

Recife deverá ganhar 15 edifícios-garagem

Diario de Pernambuco

Por

Anamaria Nascimento

Na última semana do ano, o prefeito do Recife, João da Costa, prometeu que vai tirar do papel, ainda no primeiro semestre de 2012, dois projetos que devem melhorar o trânsito da cidade. A primeira ação terá os detalhes divulgados no próximo mês e se refere a câmeras móveis que serão instaladas em veículos da prefeitura. Os carros equipados vão circular pelas principais vias flagrando infrações de trânsito. O segundo projeto de mobilidade urbana é a construção de 15 edifícios-garagem na área central da cidade, livrando as ruas de carros estacionados em locais irregulares. O edital de licitação para a construção dos prédios está previsto para o início do próximo ano. O prefeito espera que os edifícios estejam funcionando entre 2 e 3 anos.

 A implantação dos edifícios-garagem fez parte de um estudo do Instituto da Cidade do Recife Engenheiro Pelópidas Silveira, órgão ligado à prefeitura. A iniciativa será desenvolvida em parceria entre o poder público e empresas privadas. O objetivo dos verticais – que ainda não têm formato nem números de vagas definidos – será ordenar o estacionamento de veículos principalmente da área central da capital pernambucana. A prefeitura planeja implantar prédios nos bairros da Boa Vista, São José e também em Casa Amarela, Zona Norte da cidade.

Segundo o prefeito João da Costa, a cada vaga criada em um dos edifícios-garagem será retirada uma vaga das ruas do centro, melhorando o tráfego. “Isso vai garantir a fluidez do trânsito. O valor do estacionamento nos prédios não será maior que o já cobrado na Zona Azul”, esclareceu. Ainda segundo ele, as empresas privadas que vencerem a licitação vão entrar com o capital e a prefeitura vai ceder os terrenos. Existem apenas 2.700 vagas de estacionamennto Zona Azul no centro e quase 554 mil carros circulando pela cidade.

O anúncio da construção dos edifícios-garagem animou o comerciante Lucas Vieira, 34 anos. Ele trabalha no Centro do Recife há 6 anos e sempre teve dificuldades para estacionar o carro. “Em alguns horários, fica muito difícil estacionar. Uma vez, voltei para casa e retornei para o trabalho de ônibus por causa da dificuldade”, lembrou Lucas. O comerciante contou ainda que espera cerca de 20 minutos para conseguir uma vaga na Rua Gervásio Pires.

A dificuldade para estacionar nas vias mais movimentadas da área central da cidade foi constatada pelo Diario, na tarde de ontem. Muitos motoristas deixavam o veículo com as luzes de alerta acesas ao lado da fila de carros estacionados, criando uma fila dupla. “Não dá para esperar uma vaga. Tenho que resolver uma pendência urgentemente e precisei deixar o carro assim”, alegou um motorista.

A equipe voltou ao centro no início da noite e percebeu que a dificuldade continuava. Condutores deixavam os carros até em vagas destinadas a veículos de carga e descarga. “Preciso descarregar uma mercadoria do shopping e não posso, pois carros particulares estão em nossas vagas”, disse o motoboy Hallan Nunes.

Os caminhos da Zona Azul

Ampliar vagas de estacionamento nas ruas do Recife, mesmo sendo com o modelo de Zona Azul, é um estímulo para a entrada de mais carros nas áreas centrais da cidade e uma inversão do que defendem os urbanistas e especialistas em trânsito.

Enquanto os grandes centros caminham para restrição do uso do automóvel, aqui há um estímulo. Outra consequência é que mais carros estacionados em vias públicas significa uma menor capacidade de circulação.

A ideia do município de incentivar os edifícios-garagem não emplacou e dificilmente irá. Nenhum empresário vai querer concorrer com o espaço da via pública, que é praticamente de graça, mesmo contando com o que se paga ao flanelinha ou na compra do bilhete da Zona Azul.

A ampliação do número de vagas é um ponto a se questionar. Mas o trabalho para a melhoria do serviço é um avanço. A terceirização, por exemplo, pode se traduzir numa melhor profissionalização e otimização do modelo, principalmente no deslocamento de 24 agentes, que hoje atuam no sistema e passarão a trabalhar no trânsito.

Lembrando que a CTTU também dispõe da Zona Azul virtual, onde a pessoa pode comprar o bilhete pela internet. O projeto é em parceria com o Porto Digital. O acesso pode ser feito pelo site: http://www.mobilicidade.com.br