Acessibilidade comprometida em terminais integrados do Recife

Escada rolante para ampliar capacidade de acesso no TI Tancredo Neves na Copa, não foi instalada Foto Annaclarice Almeida DP/D.A.Press
Escada rolante para ampliar capacidade de acesso ao TI Tancredo Neves na Copa não chegou a ser instalada –  Foto Annaclarice Almeida DP/D.A.Press

Ainda estamos muito distantes de um ideal de acessibilidade dos equipamentos públicos. Mas a gente ainda consegue permanecer ruim, até em ambientes onde, em tese, a acessibilidade já deveria ser um quesito superado. Até o fim do ano, a Região Metropolitana do Recife terá 25 terminais de integração, que agregam em um mesmo ambiente metrô e ônibus.

Eles são fundamentais para duplicar a demanda de usuários do Sistema Estrutural Integrado (SEI) de 800 mil para 1,6 milhão. Só isso já deveria ser mais do que suficiente para os terminais funcionarem como foram projetados. Mas nem isso. Escadas rolantes sem funcionar e elevadores parados são cenas cada vez mais comuns em terminais recém-inaugurados.

Passava do meio-dia, fora do horário de pico, quando presenciamos a chegada de usuários ao Terminal Integrado Tancredo Neves para pegar o metrô. Uma escada rolante estreita congestionava com o volume de passageiros. Ao lado dela, uma outra escada, um pouco mais larga, estava desativada. “Essa escada foi trazida para ampliar o acesso no período Copa, mas nunca chegou a funcionar”, explicou um funcionário do metrô, que teve seu nome preservado.

Escada rolante do TI Tancredo para usuários que chegam na integração do ônibus foi desligada devido queda de energia no local - Foto Annaclarice Almeida DP/D.A.Press
Escada rolante do TI Tancredo para usuários que chegam na integração por ônibus foi desligada devido queda de energia no local – Foto Annaclarice Almeida DP/D.A.Press

A ida ao Tancredo Neves foi em razão de uma denúncia feita por meio do WhatsApp do Diario. A foto era de uma outra escada rolante, que também está sem funcionar, usada por usuários que chegam de ônibus e vão acessar o metrô, neste caso de responsabilidade do Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano. Foi lá que encontramos o aposentado Severino Ramos Pereira, 80 anos, que subia a passos lentos uma escada, que deveria transportá-lo. “Cansei”, disse ele quase sem fôlego.

Elevador do TI Tancredo Neves fica desligado a maior parte do tempo Foto Annaclarice Almeida DP/D.A.Press
Elevador do TI Tancredo Neves fica desligado a maior parte do tempo –  Foto Annaclarice Almeida DP/D.A.Press

Em uma outra situação, a aposentada Maria das Neves, 65 anos, tenta usar o elevador, que fica na parte do desembarque dos ônibus, também sem sucesso. “Eu aperto o botão só para conferir, mas sempre está desligado”, revelou. De acordo com a assessoria do Grande Recife, houve problemas de queda de energia no terminal e em razão disso os equipamentos foram desligados. Ainda não há previsão de voltar a funcionar.

Já a assessoria do metrô informou que a escada rolante desativada veio da China, mas chegou com dimensões diferentes e terá que ser devolvida ao fabricante. Também sem prazo para resolver, quatro meses após o fim da Copa. Quanto ao elevador, o metrô informou que por falta de ascensorista, o equipamento só é ligado no caso de pessoas com dificuldade de locomoção precisarem.

Passarela do aeroporto do Recife será inaugurada em janeiro de 2014

Passarela do aeroporto do Recife. Iniciada a intalação da esteira rolante - Foto - Cristiane Silva DP/D.A.Press
Passarela do aeroporto do Recife, iniciada a intalação da esteira rolante – Foto – Cristiane Silva DP/D.A.Press

O último dos 14 módulos de ferro usados na sustentação da passarela do Aeroporto Internacional do Recife – Guararapes/Gilberto Freyre, será instalado até o fim deste mês. Para evitar maiores impactos no trânsito da Avenida Mascarenhas de Morais, por onde a passarela cruza para se conectar com a estação do metrô, as interdições para a obra estão sendo feitas no horário noturno.Segundo a Secretaria das Cidades, cerca de 70% da obra já foi concluída, mas a inauguração do equipamento só deve ocorrer na primeira semana de janeiro de 2014.

A esteira rolante de 220 metros de extensão já começou a ser montada nos módulos que já foram concluídos. Orçada em R$ 23 milhões, ela terá 461,27 m de comprimento e 9,60 m de largura a uma altura de 15,5 m. Além da esteira rolante, haverá ainda elevador e escada. A cobertura do equipamento permitirá a circulação da ventilação natural pelas laterais.

“A gente preferiu não fazê-la climatizada para reduzir os custos de manutenção”, explicou o secretário das Cidades, Danilo Cabral. Por ser uma obra do governo do estado, diretamente ligada à operação do transporte, a manutenção ficará a cargo do Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano e não da Infraero.

Já foram montados 13 dos 14 módulos de sustentação da passarela. Foto - Cristiane Silva DP/D.A.Press
Já foram montados 13 dos 14 módulos de sustentação da passarela. Foto – Cristiane Silva DP/D.A.Press

Ainda segundo o secretário das Cidades, toda a estrutura física será concluída até o fim de dezembro, mas somente em janeiro ela entrará em operação. “São necessários alguns testes antes que a passarela seja liberada para uso, por isso estamos programando para a primeira semana de janeiro”, revelou o secretário.

O acesso à passarela pelo aeroporto será na frente do portão B6 (embarque) no primeiro piso. O equipamento segue cruzando a Avenida Mascarenhas de Moraes, passa por um trecho da Rua Barão de Souza Leão, bem na frente do Colégio Maria Tereza, até chegar ao Terminal Integrado do Aeroporto e à Estação do Metrô.

O aeroporto do Recife será o único do país, entre as cidades-sede da Copa do Mundo, a ser interligado com o metrô e, por ele, até a Cidade da Copa. Sem a passarela, as condições de travessia para passageiro que desembarca no aeroporto e quer acessar o metrô são praticamente inexistentes. Atravessar oito faixas, sendo quatro por sentido, arrastanta a bagagem desestimula qualquer tentativa de usar o transporte público.

O táxi ou o carro particular são as opções mais usadas por quem chega ou sai do aeroporto. Outra opção é o ônibus que passa na frente da Praça Salgado Filho, mas nesse caso a limitação é quanto às linhas. A oferta maior fica no Terminal Integrado, que fica no lado oposto ao aeroporto, daí a importância da passarela.

Bike e metrô, cada vez mais próximos!

Um excelente exemplo da união dos ciclistas em prol de uma solução propositiva aconteceu em São Paulo. Acessar o sistema de trens metropolitanos e o metrô é permitido em São Paulo em determinados horários, mas o ciclista deveria subir e descer escadas carregando a própria bicicleta. Esse pequeno detalhe operacional era um grande desincentivo para a integração modal da bicicleta com o transporte sobre trilhos. Mas as perguntas certas e um vídeo bem produzido foram capazes de reverter a situação em favor dos ciclistas.

Por conta do vídeo acima e sua repercussão, os operadores do sistema (CPTM e Metrô) passaram a permitir que os ciclistas utilizem as escadas rolantes, mas somente para subir. Um passo importante para que os técnicos das empresas entendam a dinâmica de circulação e para que os ciclistas ajudem a comprovar que bicicleta na escada rolante é seguro e não atrapalha os demais passageiros.

Fonte: Blog Transporte Ativo – http://blog.ta.org.br/