Mudança em turnos de trabalho para melhorar a mobilidade das cidades

 

 

congestionamentos

A proposta de uma possível mudança nos horários de funcionamento dos órgãos públicos e do segmento privado em Manaus, para que não haja conflito no fluxo de veículos, principalmente, em horários de pico, foi unânime entre os participantes de uma audiência pública.

O autor da audiência, vereador Mário Frota (PSDB), garantiu que vai apresentar uma indicação da sugestão à Mesa Diretora da Casa Legislativa, e encaminhar ao prefeito Arthur Virgílio Neto (PSDB), assim que seja aprovada no plenário. Mário Frota vê a necessidade que o tema seja discutido com todos os interessados em uma sessão comum na Casa, com a presença de todos os parlamentares. Ele garantiu que na próxima semana encaminhará ao prefeito uma indicação com a proposta de mudança dos horários de funcionamento dos órgãos públicos, setor privado, comércio e escolas, como forma de melhorar o fluxo dos veículos na cidade.

De acordo com Frota, a nova proposta de horários de funcionamento foi debatida entre os participantes da audiência. “Sou plenamente a favor da mudança. Nesse primeiro momento, essa seria a solução, mas independentemente disso, é preciso realizar outras reuniões com outros atores”, disse o vereador.

A audiência pública contou com a participação do diretor-presidente do Instituto Municipal de Engenharia e Fiscalização do Trânsito, Paulo Henrique Martins, Ismael Bichara Filho da Associação Comercial do Amazonas (ACA), Francisco Feitosa da Federação das Empresas do Comercio de Manaus (Fecomercio), do presidente do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE/AM), Josué Filho, do representante da Federação dos Trabalhadores do Comercio e Turismo do Amazonas e dos vereadores Rosivaldo Cordovil (PTN) e Joelson Silva (PHS) e demais convidados.

Para Josué Filho, ter horários alternativos nos setores privados e órgãos governamentais é a saída para desafogar o trânsito. “O problema é que Manaus habituou-se a uma consciência de província, e de repente a população foi chocada com uma metrópole. Para que isso (mudanças) ocorra, a população tem que mudar de hábito. Que horas eu acordo e que horas vou dormir. Temos que ver que horas o comércio quer abrir. É uma decisão dura, que no momento vai receber várias críticas, mas que poderá ser a saída”, completou o presidente do TCE.

Estudo

Na avaliação do diretor-presidente do Manaustrans, Paulo Henrique, a mudança no horário de funcionamento tanto do comércio quanto das demais áreas é uma alternativa viável. “Esse é um assunto que já estamos trabalhando com levantamentos de dados, e é importante que a população e os órgãos interessados discutam o assunto, visto que hoje se torna um debate público”, ressaltou o diretor.

Paulo Henrique afirmou, ainda, que o prefeito tem interesse que a Manaustrans faça um estudo técnico e demonstre a viabilidade e a inviabilidade dos diferentes setores. “Vamos aprofundar os nossos trabalhos para termos um diagnóstico do que vai acontecer com a modificação dos horários envolvendo todos os setores, e grande parte desse estudo já está dentro do Plano de Mobilidade Urbana”, completou Paulo Henrique, ao acrescentar que a provável mudança pode ocorrer, visto que, já é realidade em outras capitais.

Segmento comercial aprova

O representante da Associação Comercial do Amazonas, Ismael Bichara, disse que, além da proposta de mudança dos horários, outra alternativa para a melhoria da mobilidade urbana seria a abertura do Centro da cidade em horário alternativo de 9h às 19h. A alternância do horário do comércio já foi bastante discutida na entidade. Porém, para que isso aconteça, é preciso melhorar a segurança, iluminação e a mobilidade da população, como pontuou Ismael Bichara.

“Acreditamos que com isso a gente consiga desafogar substancialmente a área Central, porque o grande fluxo é em direção ao Centro da cidade”, disse Bichara, ao elogiar o empenho do prefeito Arthur Neto em criar alternativas para a mobilidade urbana. “Estamos agora com o Zona Azul, que possivelmente vai ser aprovado pelo prefeito, a revitalização das fachadas. Pretendemos melhorar o aspecto do Centro em questão de limpeza, inclusive com separação do lixo, para se transformar num local mais atrativo.”, observou.

Escalonamento de horários

 

Foto - Juliana Leitão DP/D.A.Press

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Tânia Passos

Uma alternativa que vem sendo discutida em várias cidades brasileiras para a melhoria da mobilidade ainda não ganhou eco na capital pernambucana: o escalonamento dos horários de funcionamento das empresas públicas e privadas. A lógica parte de um princípio básico: com horários distintos, a movimentação será segmentada e o tráfego mais rápido.

É verdade que não é uma solução de fácil consenso e precisaria ser discutida nas três esferas de governo. Mas mudar horários não deveria ser mais complicado do que construir grandes obras viárias (com soluções temporárias) ou ainda implantar rodízio de placas, também com prazo de validade. A ideia de mexer na dinâmica de circulação da massa trabalhadora resultaria numa melhor eficiência da ocupação dos espaços públicos e da qualidade de vida. Mas como decidir uma questão tão complexa, a partir de soluções pontuais?

Em Cuiabá, o escalonamento chegou a ser discutido como medida temporária durante as obras da Copa do Mundo, mas não saiu do papel. Em Curitiba, a ideia do escalonamento também já foi colocada em pauta. Apesar de ter um dos melhores sistemas de transportes públicos do país, a capital do Paraná tem uma das maiores frotas de veículos e também sofre com os congestionamentos.

Mas nem mesmo lá, o escalonamento chegou a ser adotado. Numa época em que as soluções mágicas para melhoria da mobilidade surgem de todas as formas, readequar horários não parece ser nenhuma medida espetacular, mas pode modificar um cenário de incertezas nas ruas cada vez menores para uma frota que cresce a cada dia.