Ruas alagadas, até quando?

 

Diario de Pernambuco

Por Juliana Colares

 

Avenidas debaixo d’água, carros boiando nas ruas ou submersos nas garagens dos prédios, clientes resgatados de dentro de bares alagados. As lembranças do último inverno continuam na memória do recifense. E não há garantias de que episódios parecidos não irão se repetir neste ano. O prefeito João da Costa não quis pôr a mão no fogo nem depois de anunciar investimento de R$ 133 milhões para a Operação Inverno – cifra mais de 130% superior à do ano passado (R$ 57 milhões). “Não podemos oferecer essa garantia (de que alagamentos na proporção dos de 2011 não irão se repetir). Depende da quantidade de chuva”.

Do montante deste ano, R$ 14 milhões (pouco mais de 10%) serão usados em ações que podem ter impacto direto na redução dos alagamentos. Serão R$ 4 milhões para a drenagem dos 66 canais da cidade e R$ 10 milhões para ações de microdrenagem. Nessa conta, não entram, no entanto, recursos destinados para obras como o sistema de bombeamento do canal da Avenida Agamenon Magalhães.

O diretor de Manutenção da Emlurb do Recife, Fernando Melo, elenca pelo menos três fatores que influenciam na formação dos alagamentos: a topografia da cidade (trechos mais baixos que o nível do mar), a coincidência das chuvas com as marés altas e a impermeabilização do solo durante o processo de urbanização. E lembra outros dois agravantes de 2011 – intensidade de chuvas acima da normalidade e abertura de comportas de barragens.

“Mesmo sem chover, há locais onde o sistema de galerias fica completamente cheio por causa da maré”, disse Melo. As ações de macro e microdrenagem (limpeza de galerias, desobstrução de canaletas e linhas d’água) foram iniciadas em dezembro do ano passado e janeiro deste ano, respectivamente. Também foram feitas intervenções em pontos críticos de Santo Amaro, da Caxangá e do Rosarinho. “Minha mãe mora aqui há 15 anos e sempre alaga muito. Há dois anos, meu carro boiou. Agora é esperar a chuva e a maré para ver”, disse Robério Hamilton Bezerra, a respeito da Rua Teles Junior, onde foi realizada uma dessas intervenções.

Na Agamenon Magalhães, o sistema de bombeamento da água do canal deve começar a ser testado em abril. A previsão é de que as casas de apoio onde serão instaladas as seis bombas comecem a ser construídas na segunda quinzena deste mês. Elas jogarão água do canal no oceano, quando necessário. Para definir melhor as ações em relação aos pontos críticos do Recife, será realizado um retrato geográfico da cidade por meio de um voo aerofotogramétrico com uso de laser. O edital deve ser lançado após o carnaval. Serão três meses de voo e nove de compilação dos dados.

Saiba mais

Operação Inverno

R$ 133 milhões serão investidos nas ações

R$ 452,6 milhões já foram investidos pela prefeitura

1 mil pessoas, aproximadamente, irão trabalhar na operação deste ano

190 pontos de risco deverão receber intervenções ao longo do ano

43 obras de contenção de encostas, pavimentação, drenagem e escadarias estão sendo realizadas. Outras 35 estão em licitação

6.354 famílias que moram em morros deverão beneficiadas

66 canais serão drenados, num investimento de R$ 4 milhões

100 escadarias serão revitalizadas até o final deste mês

Defesa Civil

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