Ônibus direto para a Arena Pernambuco para reduzir carga no metrô Recife

Arena Pernambuco Foto - Rafael Bandeira/Divulgação

Por

João de Andrade Neto

Menos de 24 horas depois de afirmar que iria manter, para a partida de hoje, entre Itália e Japão, o esquema de mobilidade utilizado no jogo de domingo entre Espanha e Uruguai, o Governo do Estado mudou de ideia. Ontem, o secretário extraordinário da Copa, Ricardo Leitão, apresentou uma nova alternativa de transporte rumo à Arena Pernambuco: a disponibilidade de 120 ônibus expressos, saindo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Para isso, serão vendidos bilhetes individuais no valor de R$ 10 (ida e volta).

A nova alternativa, que começa a funcionar às 14h e segue até a meia-noite, visa, principalmente, desafogar o fluxo de passageiros no metrô, ainda único meio de transporte público disponibilizado e gratuito para quem estiver com o ingresso. A ideia é que, com a mudança, cerca de 20 mil pessoas embarquem e desembarquem na Estação Cosme e Damião, ponto final rumo à Arena Pernambuco. No jogo entre Espanha e Uruguai, esse número foi superior a 30 mil pessoas. A estimativa de público para a partida de hoje, de acordo com o Governo, é de 36 mil pessoas. Desse total, 10 mil utilizariam o estacionamento privado Parqtel, com capacidade para 2.100 veículos.

A UFPE disponibilizou seu estacionamento, com capacidade para 5 mil veículos, para que quiser ir de carro e apanhar o ônibus rumo à Arena. O embarque será feito na Avenida dos Reitores, na calçada do Teatro da UFPE. De lá, o expresso seguirá pelas BRs 101, 232 e 408, antes de parar no girador que dá acesso ao Ramal da Copa, onde os passageiros poderão desembarcar.

“Não é uma mudança no esquema de mobilidade, e sim uma complementação natural. É bom lembrar que a Copa das Confederações é um evento teste visando a Copa do Mundo. Poderemos, inclusive, ter outras complementações para o jogo de domingo, enter Uruguai e Taiti”, afirmou Ricardo Leitão.

Ponte do futuro não terá fendas


Diario de Pernambuco

Por Ana Cláudia Dolores

De repente, a uniformidade da pista acaba e condutores e passageiros começam a “pular” dentro do veículo, como se estivessem passando por uma sequência de quebra-molas. Essa é a sensação de quem trafega por nossas pontes e viadutos. As responsáveis pelo desconforto são juntas estruturais, fendas que têm a finalidade de deixar o concreto se expandir e se retrair sem provocar fissuras. Mas essa solução, tão recomendada pela engenharia para preservar o concreto, está sendo colocada na berlinda.

Uma pesquisa do Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil da UFPE indicou que as juntas aumentam os custos de manutenção de viadutos e pontes. A solução seria mudar a forma de construir, optando pelas pontes integrais, sem as juntas. Essas estruturas também resguardam o concreto e ainda são mais seguras.

A dissertação de mestrado Pontes integrais – aspectos de projeto e construção, do engenheiro projetista de pontes Maurício Pinho, enumera as vantagens desse modelo, que é tendência mundial. Além da segurança e da economia na manutenção, as integrais têm menor custo de construção, maior durabilidade, melhor estética e superfície de rolamento mais regular.

“As juntas foram criadas para melhorar o comportamento da estrutura, mas o efeito estava sendo mais danoso que benéfico. Por esses espaços a água entra e corrói a ferragem e o concreto. Além disso, o impacto dos veículos acaba provocando o desnivelamento das placas de concreto ou até a quebra do asfalto”, explicou Pinho.

O engenheiro não mensurou o quanto pode ser economizado com manutenção na troca das pontes convencionais por integrais, porque a abordagem é rara no Brasil. No entanto, ele cita um dado de uma pesquisa do Departamento de Transportes do Reino Unido na década de 1980, que mostrou que a infiltração nas juntas era a principal causa de corrosão nas ferragens de 200 pontes. EUA, Canadá e Austrália já priorizam o modelo.

Segundo Pinho, os custos com materiais são praticamente iguais nos dois métodos. “A diferença é que os cálculos de uma ponte integral são bem mais trabalhosos, porque consideram todos os movimentos do concreto sem as juntas. A execução do projeto também requer mais cuidado. São pontos que podem deixar a obra um pouco mais cara”.

O engenheiro civil especialista em estruturas José Inácio Ávila faz ressalvas à extinção das juntas. “O concreto tem efeitos de retração ainda não muito bem quantificados. Os projetistas podem calcular valores próximos à realidade, que, se estiverem errados, causarão fissuras”, argumentou.

Segundo Maurício Pinho, a Ponte Maurício de Nassau, no Recife, é um dos raros modelos integrais no estado. Ainda há uma ponte em fase de projeto, que será construída em Barreiros, sobre o Rio Una.