Geraldo Magalhães construiu em 1969 o Viaduto das Cinco Pontas, 44 anos depois o prefeito Geraldo Julio vai definir o destino do viaduto. Ele sai ou fica?
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Viaduto das Cinco Pontas: hora de sair
Por
Tânia Passos
O Viaduto das Cinco Pontas, o primeiro do Recife, construído no fim da década de 1960, já passou da hora de sair de cena. Nunca foi unanimidade. Agora, menos ainda. Em péssimo estado de conservação, com placas da mureta central se desprendendo, o equipamento não tem função viária que justifique a sua permanência. Sua demolição é uma das medidas mitigatórias previstas no projeto Novo Recife, no Cais José Estelita. Mas, independentemente da implantação do projeto, sua retirada é uma reivindicação antiga de especialistas em mobilidade e defensores do patrimônio histórico que esperam ter de volta a paisagem do Museu das Cinco Pontas.
Quando o Viaduto das Cinco Pontas foi erguido, em 1969, o acesso à Zona Sul era feito pelo Cais José Estelita e Avenida Imperial. Ambos faziam interligação com a Ponte Paulo Guerra, única existente na época. Segundo o então secretário de Planejamento do governo de Geraldo Magalhães, Waldecy Pinto, havia um conflito no tráfego devido à presença do antigo terminal rodoviário e do trem que fazia carga e descarga de açúcar interrompendo o trânsito no sentido Zona Sul. “Havia muita reclamação. O trânsito ficava interrompido por cerca de 15 minutos, provocando um grande congestionamento. E tinha, ainda, os ônibus do terminal. O viaduto foi importante naquela época para desafogar o tráfego na área”, afirmou Pinto.
Além de comprometer a visão do Forte das Cinco Pontas, um monumento histórico – com a aprovação do Iphan – , o viaduto perdeu logo a sua principal função. Segundo Waldecy Pinto, na década de 1970 houve a abertura da Avenida Agamenon Magalhães, as construções do Viaduto Capitão Temudo e a da Ponte Agamenon Magalhães.
“Passamos a ter outros acessos à Zona Sul. Além disso, o terminal rodoviário foi desativado e o trem não opera mais no local”, relatou.
Sem a mínima nostalgia, o ex-secretário de Planejamento do Recife defende a remoção do viaduto que ajudou a implantar. “De fato não tem mais função. O acesso à Boa Viagem pode ser feito sem precisar passar por ele”.
Sem data
A retirada do Viaduto das Cinco Pontas não tem data definida. Entre as medidas mitigatórias previstas pelo empreendimento Novo Recife está a reurbanização da área. “Esse viaduto já era para ter sido demolido há muito tempo e espero que isso possa acontecer o mais breve possível. O estrago que ele trouxe ao patrimônio histórico foi mais grave do que as torres gêmeas”, afirmou o arquiteto José Luís da Mota Menezes.
Ainda segundo Mota Menezes, a Avenida Cais José Estelita voltará a fazer ligação com a Avenida Cais de Santa Rita, como era antes. “Hoje o motorista sobe o viaduto e desce no Cais José Estelita e isso pode ser feito sem necessidade nenhuma do elevado”, ressaltou. Antes que o viaduto desabe, a Emlurb, informou que enviará técnicos ao local para verificar o trecho danificado na mureta de proteção.