O nó das integrações nos terminais

 

O maior diferencial do Sistema Estrutural Integrado (SEI) está na capacidade de integração dos modais por meio dos terminais. E com a possibilidade de deslocamento para qualquer ponto do sistema com uma única passagem. Mas esse talvez seja também seu maior nó. Encontrar o formato ideal de integração em cada um dos terminais não é uma tarefa fácil e tampouco matemática. O gestor precisa levar em conta desde a operacionalização das linhas à aceitação das comunidades.

Foram pelo menos 10 anos até os terminais integrados de Tancredo Neves e Cajueiro Seco, ambos na Linha Sul do metrô, ficarem prontos. Mas até agora não há definição para o início das operações. Como trata-se de uma decisão que mexe na rotina de deslocamento de milhares de pessoas, as definições são sensíveis e não muito fáceis de serem tratadas em um período eleitoral. Mesmo concluídos desde o início do ano, a empresa Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano, que gere o Sistema de Transporte Público, não tem data para o início das operações. Aliás, a empresa alega que os estudos ainda estão sendo feitos, o que parece pouco improvável numa estrutura planejada desde a década de 1980.

Na verdade, o poder de pressão das comunidades acaba sendo determinante na escolha das linhas. Isso ocorre por uma razão simples. Quem está acostumado a ter um ônibus passando na porta de casa e indo até o centro provavelmente não irá querer pegar mais de uma condução para fazer o mesmo percurso. Mesmo que isso signifique menos ônibus se deslocando ao centro e mais velocidade com o metrô. Encontrar esse meio termo é o nó que o Grande Recife terá que desatar. Talvez já tenha feito. Só não disse ainda.

 

Fonte: Diario de Pernambuco (Coluna Mobilidade Urbana)

10 Replies to “O nó das integrações nos terminais”

  1. O Terminal Pelópidas Silveira talvez seja bem emblemático dessa situação que você descreve. Ia-se, ainda que em horários de pico, de Maranguape 1, por exemplo, ao centro do Recife, entre 45min e 1h10 (quando o trânsito não cooperava). Com o terminal, se a pessoa quiser chegar no mínimo em 1h, tem de pegar o primeiro ônibus que estiver saindo no momento em que se chega no terminal. E pegá-lo superlotado, pois o Grande Recife tem horror à ideia de viagem ociosa, então a determinação é que os ônibus sempre saiam com sua lotação máxima. Nisso, os terminais são horríveis, pois, se a passagem é cara, o usuário trabalha com o pensamento – justo – de que merece o mínimo de conforto (ir sentado ou, na pior das hipóteses, em pé sem ser esmagado). Mas esperar no terminal, nesse caso, é sinônimo de chegar atrasado. Ao contrário do que a gerente do Grande Recife propala sempre em suas entrevistas, o sistema é ineficiente, os intervalos entre os ônibus são enormes, e as empresas parecem punir os usuários colocando em horários de grande movimento ônibus monobloco, ao invés dos articulados (como se forçassem os passageiros a irem neles “só tem tu, vai tu mesmo”). No papel é tudo muito bonito, e pra quem tem uma paciência zen-budista pode-se até dizer que funciona. Mas, no caso do metrô da Linha Sul, concentrar todos aqueles bairros (Jd Jordão, Jordão Alto, Jordão Baixo, entre outros) no Terminal Aeroporto ou Afogados para livrar o centro de mais coletivos foi um verdadeiro crime. Com um metrô estreito como é o nosso, em horários como o das 18h, se deslocar no sentido Cajueiro Seco é uma verdadeira visão do inferno. Sem contar que terminais como o da Macaxeira, Barro e o de Rio Doce foram projetados em uma outra época, pensando-se em uma outra realidade. Em cinco anos – e estou tentando ser otimista – tais terminais entram em colapso, não vão dar conta da demanda (já não dão).

    • Obrigada Álisson pelo seu relato. Concordo que o sistema tem que oferecer melhor estrutura e conforto. Pelo que você coloca o problema maior não está na lógica da integração, mas na operacionalização dos terminais e nesse caso a empresa Grande Recife precisa ser cobrada para cobrar das empresas. Não se pode oferecer um serviço ruim para quem não tem outra opção. É preciso oferecer um serviço bom para quem está nele não queira sair e quem está fora queira entrar. Não é só uma questão das empresas lucrarem com os ônibus lotados. O transporte público precisa ser referência na mobilidade ou as cidades irão parar. E isso não pode ser apenas no discurso.

  2. Eu acredito que os TI´s precisam ser melhor projetados no sentido de mobilização, os intinerários deveriam ser mais curtos já que agora disporemos de sistema de BRT, as estações poderiam integrar-se com linhas alimentadoras que fariam as áreas próximas a ela, um exemplo de intinerário curto é a linha Santa Mônica, na estação de Camaragibe.No entanto as linhas para Aldeia e Araçoiaba possuem intervalos muito longos, cerca de 1 hora entre um e outro e a distância é longa. O Barro é um caos e as empresas de ônibus dispõem poucos ônibus em horário de pico, por exemplo as linhas Barro-Coqueiral e Zumbi do Pacheco loteamento, são linhas importantes, mas com poucos ônibus. Sem falar que se colocarem ônibus para fazerem linhas mais longas como Barro-Prazeres, aumenta ainda mais os engarrafamentos. Na minha concepção as linhas férreas seriam a melhor opção, mas já que por enquanto não pensam assim, pelo menos façam estudos e usem o bom-senso para com os usuários.

  3. Os TIs da linha sul do metrô, que não tem linhas para o centro do Recife, foram projetados e estudados com um número maior de trens do METROREC, mas não é o que acontece ainda, por isso o problema………. Na linha oeste do metrô, o TI Cavaleiro, o TI Barro e o futuro TI Santa Luzia também foram projetados e estudados sem linhas de ônibus para o centro do Recife, ou seja, o metrô tem o papel de fazer a ligação das comunidades com TI Joana Bezerra ou TI Recife e a partir deles os usuários utilizar as linhas circulares para o centro (Príncipe, Cais de Santa Rita,Conde da Boa Vista, Derby, Prefeitura, Cabugá e IMIP)….. Está faltando também o Grande Recife Consórcio de Transporte ordenar que a empresa operadora das linhas circulares/centro ofereça ônibus articulados ou alongados. O único TI que precisa ser novamente analisado para criar uma linha direto pra o centro do Recife é o TI Cajueiro Seco.

  4. Prezada Tania, em 1º lugar faço questão de frisar que esta postagem tem um tom crítico, mas que tem a intenção de contribuir e não de disseminar preconceitos(até porque eu também sou nordestino).
    Começo dizendo que atitudes das autoridades são necessárias, mas é necessário também um processo de conscientização, pois a forma pouco civilizada que se vê em terminais de Integração(constantemente utilizo Afogados e Joana Bezerra em horários de pico e vejo agressões na fila, empurra-empurra e a falta de fiscalização). Em Curitiba(estive recentemente lá e vi isso), as pessoas aguardam todos descerem para só após subir. As atitudes que se têm aqui só faz deixar o nosso estado mal visto fora daqui.
    Agora em relação aos TI, sou a favor deles, mas não no formato atual. Poderia perfeitamente ser adotado o sistema de bilhete único, ou seja, o usuário retiraria seu cartão e o mesmo teria uma validade de x horas. Isso não sobrecarregaria os TIs, pois na conjuntura atual, o usuário é obrigado a recorrer a eles se quiser pagar uma única passagem. As implantações dos tubos(no estilo de Curitiba) ajudaria bastante e o aumento do espaço para os ônibus, criando corredores exclusivos. Não adianta priorizar o carro, pois apenas 23% da população possuem carro(o suficiente para congestionar o nosso trânsito, principalmente nesse modelo sem carona solidária). Os governos estão sendo populistas,governando para elite.
    Bogotá é uma megalópole, que hoje conta com 10 milhões de habitantes e a 15 anos atrás tinha um dos piores trânsitos do mundo. O então prefeito tomou medidas que na época foram impopulares e resolveu um problema, transformando em modelo.
    Não adianta criar ciclovias(eu sou ciclista e digo isso com propriedde); deve criar redes de ciclovias interligadas(Aracaju para os padrões brasileiros, está bem avançado nisso) e bicicletários nos TIs, além de criar um vagão nos metrôs para transportar bicicletas, carrinhos de bebê e cadeira de roda diariamente(não apenas em finais de semana).
    Com relação ao TI Aeroporto, achei um crime a retirada das linhas que iam para o Centro; elas deveriam continuar e trabalharem em conjunto com as recem-criadas. O que foi feito, simplesmente desloca a superlotação mas não resolve o problema.
    Outra questão: Recife não tem poucos ônibus, mas uma má distribuição. Linhas como PE15-Afogados chegam a passar 10 em 1 hora e linhas que saem de Candeias, muitas vezes chegam a demorar 1 hora para passar. Deve distribuir melhor isso e comprar veículos novos.

  5. tirando o de Rio Doce(q nem faz parte do SEI),o resto,concordo com o Alisson da Hora!sobre esse”problema”do t.i.tancredo neves,é q as comunidades da UR-2 e 3 Carneiros não querem de jeito nenhum(nem pro barro)ir para a integração.botam um monte de desculpa esfarrapada.mas,isso aí vai ficar pra novembro!

  6. sabe o q é isso Marcelo:é um povo q para aparecer na tv,fala esse monte de besteira dizendo q”a passagem é cara”(recife tem a 6a tarifa mais barata do Brasil),q os onibus não prestam,q tem poucos e por ai vai!agora:se UR-1,2,3 carneiros não querem(mas vão entrar de qualquer jeito),o conjunto Muribeca,foi enganada por um reporter da Tv(Bruno Fortes,da Tv Globo).achando q iria entrar em Cajueiro Seco,foram pro Aeroporto.a comunidade recusou,mas querendo ou não,vão pro Aeroporto!

  7. Não vejo sentido linhas de ônibus em corredores onde há o metrô e TIs seguirem até o centro. Isso é colocar em confronto os dois ao invés de haver complementação. É necessário ter linha no corredor, mas sair de local afastado para ir até o centro é um erro. Se isso ocorre, a lógica do SEI é prejudicada.
    O problema é que o metrô aqui começa a saturar e novas composições ainda vão chegar, então é lógico que aqueles que saem do bairro de ônibus direto para o centro não vão gostar de migrar num TI e ainda por cima ter um metrô lotado.
    Se há um transporte com maior capacidade, este deve ser usado. No trecho sul, se é para ter uma linha que leve ao centro, deveria sair só dos TI Largo da Paz, Afogados e Joana Bezerra. Dos demais TIs iriam até o TI que permita se chegar ao centro, mas não de forma direta, logo é mais para atender aqueles que estão na via para ir a outro ponto desta, bem como distante de estação do metrô. Se quiser ir ao centro, que pegue ônibus até o TI perto do centro onde teria linha ou pegue alimentadora para o TI e use o metrô.
    Com relação ao bilhete único, concordo com o colega acima. É uma forma de complementação ao SEI evitando sobrecarregar os TIs, pois não vejo graça forçar o usuário ter que ir a esse quando ele poderia na metade do caminho tomar ônibus que já saiu do TI ou faz um itinerário diferenciado. Alguns até questionam que o bilhete único fere o SEI, mas o SEI tem gargalos e aí o bilhete único é um tapa-buraco.

  8. Caro Raimundo, muito boa a sua colocação e bem didática. Vou procurar complementar o que colocou e também um ponto que coloquei na postagem 3.
    Deveria haver linhas de percursos menores, tipo Boa Viagem-Piedade ou mesmo reativar a antiga Candeias-Boa Viagem. Explicação para isso: pessoas que trabalham em Boa Viagem(faz tempo que Boa Viagem deixou de ser apenas um bairro residencial) e mora em Piedada, Candeias e região, ao voltar no horário de pico é obrigado a pegar ônibus lotado, pois todos(exceção da linha Piedade-Shopping, mas esta não vai pra Candeias e demora muito para passar) vem ou do Centro ou do Derby. E se a opção for o metrô, o mesmo já chega superlotado.
    Aliando ao que coloquei no comentário 3 sobre o bilhete único, esse seria um caso de utilidade e acrescento com mais um exemplo. Imaginemos quem mora em Candeias e trabalha em Parnamirim(o meu caso particular). As formas de se chegar pagando apenas 1 passagem se resumem às seguintes opções:

    1- Caminhar cerca de 40 minutos até a Estação Prazeres e pegar o metrô. Pegando o metrô, se escolheria uma das 2 opções para pegar o ônibus PE15-Afogados e chegar no destino:
    1.1 Descer na Estação Aeroporto e fazer a Integração com o ônibus TI Aeroporto-TI Afogados, descendo no TI Afogados
    1.2 Descer na Estação Joana Bezerra e fazer a Integração com a linha Centro do metrô, descendo na Estação Afogados.

    2- Pegar o ônibus Candeias-Joana Bezerra, descer no TI Joana Bezerra e fazer integração com a linha Centro do metrô, descendo em Afogados.

    Comentando a opção 1: Se houvesse o bilhete único, poderia-se pegar o ônibus Curado-Barra(Nos moldes atuais, fazer isso, significa uma passagem a mais). e descer na Estação Prazeres e de lá seguir da forma descrita, e no caso de 1.2, descer na Estação Largo da Paz e optar entre ir até o Largo da Paz(que é próxima do TI Afogados, mas sem necessidade de ir ao TI) e ter as opções Vasco da Gama-Afogados, Caixa D’Água-Afogados, PE15-Afogados ou Estrada dos Remédios . Nos moldes atuais, fazer isso, significa uma passagem a mais.
    Comentando o trecho final, que em qualquer das opções, obriga a pegar a linha PE15-Afogados: No caso do bilhete único, o usuário poderia escolher entre ficar no TI Afogados e pegar a linha PE15-Afogados ou sair do TI e ter além da opção TI-Afogados as opções Caixa D’agua-Afogados ou Vasco da Gama Afogados.

  9. Marcelo Alvarenga,

    mais exemplos que o bilhete único pode ser adotado aqui complementando o SEI, até porque, num raciocínio bem simples, se o SEI procura limitar as linhas de bairro até um TI e deste por linhas radiais e perimetrais se comunicar ou não com outros TIs, esquecem que tirando essas linhas entre bairros de zonas diferentes, ainda que venham a ser trocados por linhas interterminais, a substituição efetiva de trajeto em cada zona depende das famosas linhas circulares. O x da questão é que não dá, também, para lotar essas zonas com linhas circulares ou simplesmente ampliar o itinerário das alimentadoras.
    Faz muito tempo, inventei de tomar ônibus no TIP para ir até o viaduto da Caxangá para tomar outro e aí a opção foi Curado/Caxangá. O trajeto é tão longo que é melhor pegar o metrô até o centro e andar um pouco a pé e pegar ônibus que deixe na porta, e o trajeto da linha Curado não me isentou de pegar outro ônibus.
    A lógica do SEI é boa, repito, mas há muitas falhas. Para você que mostra a necessidade da volta da linha Candeias/Boa Viagem, me pergunto por que a linha radial Caxangá/Boa Vista não é integrada ao metrô centro? Na Caxangá, para se integrar ao metrô, ou se pega linha de Camaragibe até a esta cidade, ou vai até o TI da Caxangá para pegar o Barro. É como as ciclovias daqui que não vão a lugar algum. É SEI a linha Caxangá/Boa Vista, mas não se liga a outro modal como o metrô de forma direta e, para piorar, o super Leste-Oeste com BRT num primeiro momento deve se limitar ao Derby para fazer outra migração para chegar ao centro. Hoje o cara sai do bairro e só pega um ônibus para centro, mas no futuro vai pegar três (alimentador/TI/BRT/Derby/circular-alimentador). Depois querem que o usuário de carro use o ônibus. Como se ele vai ficar num pinga-pinga entre vários ônibus ou vários modais e os TIs estão pecando muito.