Por que faltam táxis no Recife?

Diario de Pernambuco
Por Tânia Passos

Trânsito demais ou carga horária de menos? Qual é a razão de faltarem táxis no Recife em determinados horários e eventos? Com uma frota de 6.125 veículos a serviço e uma proporção de uma unidade para cada 251 moradores, a capital pernambucana tem a melhor média de táxis por habitante no Nordeste, mas está longe de servir de exemplo. O serviço costuma falhar quando mais se precisa dele. Os taxistas põem a culpa no trânsito, mas muitos admitem que fazem o horário que lhes é conveniente, justamente para fugir do trânsito. Pela legislação do município, os táxis deverão estar sempre à disposição do usuário, mas a lei não estabelece uma jornada fixa. A CTTU pretende implantar taxímetros biométricos para controlar as horas trabalhadas e adequar mudanças no serviço se houver necessidade.

De acordo com a presidente da CTTU, Maria de Pompéia, o controle da jornada é importante para medir a oferta de táxis na cidade, de dia e à noite. “Cada taxista tem direito a dois motoristas auxiliares e se cada um cumprir uma carga horária de oito horas, o dia fica coberto”, explicou Maria de Pompéia. Segundo ela, o taxista não pode fazer a carga horária que quiser, sem levar em conta a demanda. “Embora o motorista seja autônomo, o serviço é licenciado e tem que haver táxi à disposição da população a qualquer hora do dia”, afirmou.

Na prática, não é bem assim que acontece e o próprio presidente do Sindicato dos Taxistas de Pernambuco, Everaldo Menezes, admite que o taxista tem liberdade para fazer a sua carga horária. “Ele é livre para fazer o horário que quiser. Tem gente que trabalha durante o dia e outros à tarde”, afirmou. Sobre o taxímetro biométrico, Everaldo Menezes disse que não conhecia o sistema. “Não sei como funciona, mas somos parceiros da CTTU e, se houver necessidade de melhorar o serviço, nós podemos colaborar”, declarou.

Mais da metade da frota de táxis do Recife está ligada às empresas que exploram o serviço por telefone. Também nesses casos, o taxista chega e sai na hora que quer. “Quem faz o meu horário sou eu. Prefiro pegar cedo e largar cedo”, afirmou José Barbosa de Andrade, 56 anos. Valdemir Lúcio diz que nos horários de pico não compensa ir para a rua. “Com o trânsito travado, a gente só sai se já tiver cliente certo”.

Mesmo com as limitações de horário, sempre é possível ver táxis circulando na cidade, mas a maioria está ocupada com passageiros. “No horário de almoço é muito difícil encontrar táxi livre na rua”, constata a contadora Vera Lúcia, 56 anos. A freira Juraci Nunes, 57, também se queixa: “Algumas vezes é difícil encontrar táxi até mesmo por telefone”.

Taxista há mais de 40 anos e prestes a se aposentar, Arlindo da Silva, 83, admite que o serviço é insuficiente em determinadas situações. “Há momento em que não há táxis para todos, mas isso acontece principalmente nos grandes eventos”, raciocina. Já o taxista Alexandre da Silva acredita que a frota existente é bastante para atender a cidade. Para ele, o motivo da dificuldade é o trânsito. “A gente sai para fazer uma viagem e gasta mais de uma hora para retornar à praça”, declarou.

Detran: mais rigor nas aulas teóricas

 

Diario de Pernambuco

Por Marcionila Teixeira

As aulas práticas de direção não serão mais as mesmas. Pelo menos para os alunos que tentam burlar a carga horária estipulada pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran) faltando às aulas. Até o final do ano, o Departamento de Trânsito de Pernambuco (Detran-PE) vai implantar o sistema de biometria e comunicação on-line também nas aulas práticas. Hoje ele já existe nas teóricas e permite que o Detran fiscalize quem está realmente cumprindo a carga horária exigida nos Centros de Formação de Condutores (CFCs). Isso porque o candidato à habilitação é obrigado a confirmar presença no sistema pondo o dedo no equipamento chamado finger no início, no meio e no fim das aulas teóricas. A comunicação é enviada imediatamente ao órgão.

Até que a biometria seja ampliada para as práticas, outras novidades já estão sendo testadas pelo Detran-PE para garantir uma melhor fiscalização da frequência do aluno. Uma delas é a mudança no Refor, um sistema informatizado onde o aluno agenda suas aulas práticas. Antes, a pessoa fazia a aula e podia informar ao Refor dois dias depois com a data retroativa.

As regras atuais, no entanto, só permitem que o aluno agende, no máximo, com trinta minutos de antecedência da aula. “Dessa forma nós podemos fazer fiscalização, saber se a pessoa listada como participante realmente está em sala”, explicou Amanda Machado, gerente de habilitação de condutores. Outra medida implantada pelo departamento obriga os CFCs a informarem a quilometragem inicial e final do veículo usado pelo aluno.

Levantamento

Amanda Machado informou que a equipe ainda está listando quais equipamentos serão necessários para implantar a biometria nas aulas práticas. “Alguns centros terão que se adaptar, mas outros não. Em breve, vamos publicar portaria com as novas regras, que são exigência da resolução do Contran quanto à obrigatoriedade da realização da carga horária total nos cursos teóricos e práticos”, avisa. Estados como o Rio de Janeiro já aplicam a biometria nas aulas práticas.

Na opinião de Irapuan Oliveira, dono do Centro de Formação de Condutores Tática, na Avenida Norte, no Recife, a medida é boa, mas antes de aplicá-la será necessário aperfeiçoar o atual sistema de biometria aplicado nas aulas teóricas. “Muitas vezes o aluno coloca o dedo para apontar a presença e o sistema não registra, trava ou fica lento. Podemos fazer foto do aluno e mandar depois, mas ainda ocorrem ruídos na comunicação. Há falhas e o problema é maior para quem mora no interior e para resolver a situação precisa vir até a sede, no Recife”, critica