Não precisaria ser, mas a chuva é, sem dúvida, um obstáculo à mobilidade que não pode ser ignorado. E se falarmos na Copa do Mundo, o cenário que se desenha é preocupante. Há dois anos, já chamávamos atenção de que o evento esportivo irá coincidir com o período chuvoso. O plano diretor de drenagem do Recife nunca saiu do papel. E qualquer chuva trava a cidade. A chuva de hoje, não foi qualquer uma e os estragos podem ser vistos em todos os pontos da cidade.
As redes sociais transmitem em tempo real o que acontece nas ruas, nos prédios e até nas estações do Sistema Estrutural Integrado (SEI). Na foto, divulgada pelo internauta Anderson Alexandre, a estação Joana Bezerra ficou com água até o joelho.
Faltando apenas um ano para concluir obras de mobilidade e minimizar problemas de drenagem do Recife e Região Metropoltana, já é possível saber quais as cenas que serão protagonizadas novamente. E mesmo com o fim da Copa, essas cenas vão tornar a se repetir por muito tempo ainda. Pelo menos até que o poder público decida resolver os pontos de alagamentos que todo mundo já sabe onde fica.
O Conselho de Altos Estudos e Avaliação Tecnológica reúne-se hoje para analisar alternativas para o crescente caos no trânsito das grandes cidades. Foi convidado para o debate o professor Augusto César Mendonça Brasil, coordenador acadêmico da Faculdade de Engenharia da Universidade de Brasília, especialista em “soluções de mobilidade sustentável”.
Mendonça Brasil pesquisa “modelos para a redução do caos que se instalou nas regiões metropolitanas, todos eles focados em soluções para o transporte urbano e cujo alcance está associado a um efetivo envolvimento da população no processo de mudança e na implementação das políticas públicas concebidas com esse propósito”.
De acordo com o presidente do Conselho de Altos Estudos e 3º secretário da Mesa, deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE), “os parlamentares que integram o colegiado, sempre preocupados em pautar temas de relevância para a agenda nacional, não poderiam deixar de fora tema tão palpitante como o debate em torno da questão do caos urbano nas grandes cidades”.
A reunião será realizada às 14 horas, na sala de reuniões da Mesa.
Da Redação/WS
Com informações da assessoria de imprensa do Conselho de Altos Estudos (via Agência Câmara)
Não são os 15 minutos de “fama” que irão mudar a sua vida. Mas, talvez, os 15 minutos que você poderá aprender a usar na hora de programar seus deslocamentos. O tempo pode parecer pequeno, mas faz toda a diferença entre encontrar uma janela de escape nos horários de pico ou ficar preso nos engarrafamentos gastando até o triplo do tempo que levaria, se os tais 15 minutos tivessem sido levados em conta. Entender essa lógica é fazer a leitura do comportamento das vias. Cada uma tem o seu próprio tempo e fluidez e precisamos mais do que nunca conhecer a nossa janela de “salvação”.
O principal termômetro para avaliar a fluidez de uma via é a velocidade dos carros. A Companhia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU) registra o volume de tráfego e velocidade nos principais corredores e os números mostram o que os motoristas conhecem na prática. Para se ter uma idéia, às 6h na Avenida Boa Viagem, a velocidade chega a 60 km/h. Nesse mesmo horário, a Avenida Rui Barbosa apresenta uma velocidade média de 28km/h. A variação em minutos nas duas vias é mais perceptível antes das 7h. No caso de Boa Viagem, a diferença de 15 minutos faz uma diferença enorme. Na Rui Barbosa, a variação dos 15 minutos, entre 7h e 10h significa um ganho de velocidade que varia de 6km/h a 16km/h. Um caos, sem muita trégua.
Já na Avenida Boa Viagem, as chances de encontrar janelas de fuga são maiores. A advogada Maria Paula Magalhães, 29 anos, sabe bem que sair quinze ou vinte minutos mais tarde pode fazê-la passar menos tempo no trânsito. Moradora do bairro de Boa Viagem, ela trabalha na Ilha do Leite, no centro expandido, e deve bater o ponto às 9h. A princípio, ela saía de casa por volta das 7h40, 7h45. “Era terrível, pois eu perdia muito tempo no engarrafamento e acabava chegando no trabalho faltando quinze minutos para às 9h”, explica Paula.
Foi por acaso, que ela descobriu a janela de escape. Por causa de um atraso, saiu de casa às 8h15 e chegou ao trabalho 35 minutos depois. “Eu achei que fosse chegar ao trabalho quase às 9h20, mas para minha surpresa, cheguei quase no mesmo horário, por volta das 8h50”, revelou. Paula ficou curiosa com o bom resultado e decidiu tentar uma segunda vez sair de casa para o trabalho às 8h15. Novamente, ela levou cerca de 35 minutos.
Na janela do tempo não é apenas o horário que deve ser levado em conta, mas também a faixa. Algumas são mais velozes que outras. Para se ter uma ideia, às 8h15, a maioria dos carros está a uma velocidade entre 20km/h e 30kms/h, mas nesse horário é maior a quantidade de carros que chegam a 40km/h. “É importante que as pessoas conheçam bem como funciona o trânsito dos seus bairros. Dez ou quinze minutos é o tempo necessário para que um engarrafamento se forme ou desapareça”, afirma Marcos Araújo, gerente de fiscalização da CTTU. Segundo ele, em alguns casos, sair de casa às 7h40 ou às 8h faz uma grande diferença no percurso. (Colaborou Filipe Falcão)