Recife: 500 anos e 100% de calçadas

Pedras mineiras no Recife - Foto - Bruna Monteiro Esp.DP/D.A Press

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24 anos é o tempo que falta para chegarmos aos 500 anos do Recife. Em 2037, a expectativa é de termos todas as calçadas em condições de trafegabilidade.

Tamanho do desafio

5.000 km de vias ou

10 milhões de metros de calçadas na cidade (em números absolutos)

1.042.000 metros quadrados é o que cada gestão precisaria fazer por ano para construir em uma calçadasde 2,5 metros de largura

Custo do material da calçada tipo pedra mineira

R$ 120,00 é o custo médio de 1 metro quadrado de calçada tipo pedra mineira

R$ 125.040.000,00 é o que o município gastaria para construir 1.042.000 metros
quadrados com o melhor tipo de calçada em um ano

Representa

2,98% do orçamento anual da Prefeitura do Recife ( R$ 4,2 bilhões)
0,2% do Pib do Recife de 2010 ( R$ 61,443 bilhões)
86% do investimento da obra completa do Corredor Leste/Oeste
32,6% do invest imento total da Via Mangue (orçada em R$ 383,45 milhões)
23,5% do custo da Arena Pernambuco (orçada em R$ 532 milhões)

Custo do material da calçada tipo concreto

R$ 35,00 é o custo médio de 1 metro quadrado de calçada em concreto

R$ 36.470.000,00 é o que o município gastaria para fazer 1.042.000,00 metros
quadrados de calçadas de cimento concreto em um ano

Representa

0,87% do orçamento anual do Recife (R$ 4,2 bilhões)
0,06% do PIB de 2010 da Prefeitura do Recife
50 vezes menos do o custo da folha de pagamento da PCR
6 vezes mais do que o município gasta por ano na operação tapa-buraco
Os cálculos em números absolutos não levam em conta as calçadas existentes.
Os dados são feitos tendo como base 5 milhões de metros de ruas no Recife. O
que significa 10 milhões de metros de calçadas x 2,5 m de largura = 25km2.
Dividindo 25km2 em 24 anos = 1,042 km2 ou 1.042.000 metros quadrados de calçadas.

* Ao custo deve ser acrescido o valor da mão de obra. De acordo com a Secretaria de Serviços Públicos do Recife, o valor chega a dobrar.

Fonte: Base de dados da Secretaria de Mobilidade e cálculos do professor de
engenharia civil da UFPE, Maurício Pina

As calçadas do Recife até 2037

 

Calçadas pedras portuguesas Foto - Inês Campelo DP/D.A.Press

Por

Tânia Passos

O primeiro modal na escala da mobilidade sempre ficou em último lugar. Historicamente o pedestre foi preterido pelo veículo motorizado. O futuro plano de mobilidade do Recife, que deve ser entregue à Câmara para votação, ainda neste semestre, promete inverter essa lógica. O desafio, aliás, vai mais além e a expectativa é que até 2037, quando o Recife completar 500 anos, as calçadas da cidade estejam todas em condições de trafegabilidade e dentro das normas de acessibilidade. Fácil não é, mas se a inversão das prioridades se traduzir também em investimento, muito pode ser feito nos próximos 24 anos em um total de seis gestões.

A Prefeitura do Recife ainda não dispõe de um diagnóstico da quantidade de calçadas existentes e que atendem ou não às normas de acessibilidade e muito menos onde há falta delas. O Instituto da Cidade Pelópidas Silveira pretende atualizar as informações a partir de imagens de satélite. Mas há outros números que ajudam a dar uma dimensão do trabalho que se tem pela frente.

Segundo a Secretaria de Mobilidade do Recife, a cidade tem hoje cerca de 5 mil quilômetros de ruas. Em uma conta rápida e sem considerar o que já existe de calçada, chegaríamos a 25 milhões de metros quadrados de calçada, tendo como base a largura do passeio em 2,5 metros, que seria ideal. Na verdade, a maior parte delas tem entre 1,20m e 1,80m de largura. O custo para implantar calçadas dignas de um passeio varia de acordo com o tipo de material. Para se ter uma ideia, a pedra mineira é a mais cara e custa cerca de R$ 210, o metro quadrado. Já o piso em concreto sai em média por R$ 72, o metro.

Na prática, a matemática não é assim tão simples e a grande discussão é quem vai pagar a conta? O Recife completou 10 anos da Lei de Calçadas, onde o proprietário é responsável pela construção e manutenção. Mas nunca funcionou. O secretário de mobilidade, João Braga, é simpático à ideia do poder público assumir a conta. “O governo faz as rodovias, viadutos e pontes para os carros, mas não faz as calçadas. O pedestre faz parte do sistema viário”, diz.

A mudança na lei, segundo o secretário, dependeria de uma discussão mais ampla com a sociedade. “A gente não pode dizer que o município vai assumir uma dívida de 500 anos. É preciso que cada gestão cumpra com sua parte”.

Um dos mais entusiastas defendores das calçadas no Recife, o arquiteto Francisco Cunha, é contra a mudança na lei. “ Não há como o município assumir essa conta. O proprietário precisa fazer a parte dele. Mas concordo que se o município fizer os passeios públicos e cobrar dos proprietários, poderemos ter uma situação melhor em 2037”, disse. O secretário de Planejamento do Recife, Antônio Alexandre, também é contra a mudança da lei. “Não há como a prefeitura assumir uma responsabilidade que é do dono do lote. Ao município cabe cuidar dos passeios, como já faz”.