Com o objetivo de coibir o excesso de velocidade nas ruas do Recife e prevenir contra acidentes, a Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) colocou em funcionament um modelo de fiscalização eletrônica itinerante. O sistema consiste num veículo equipado com radar, que, diariamente, vai circular por diversos pontos fiscalizando o fluxo dos principais corredores.
O equipamento meedirá a velocidade dos veículos,inclusive motos, e registrará a infração caso o condutor exceda o limite da via. A tecnologia verifica ainda a situação de carros roubados, procurados e também se existem pendências administrativas.
Por meio do sistema de leitura automática de placas, o carro de fiscalização eletrônica da CTTU irá fazer o registro da infração de trânsito para o veículo que esteja acima da velocidade permitida ou parado em local não permitido. O veículo ainda dará apoio às blitzes promovidas na cidade.
O veículo terá ainda uma câmera de monitoramento acoplada que irá transmitir em tempo real as imagens de onde estiver para a Central de Monitoramento da CTTU. Outra funcionalidade do carro é um painel de LED, que será utilizado para alertar os condutores sobre situações e ocorrências relativas a intervenções emergenciais no trânsito, como acidentes à frente, desvios, reduzir a velocidade por conta de pista molhada, entre outras mensagens.
De acordo com a presidenta da CTTU, Maria de Pompéia, o principal motivo da nova fiscalização é preventiva.“No Recife, o limite máximo de velocidade nos principais corredores é de até 60km/h. Só em 2011, foram registrados 1.668 colisões e atropelamentos, resultando em 2.183 pessoas feridas e em 50 vítimas fatais, apenas nas ruas do Recife. Muitas dessas ocorrências são resultantes do excesso de velocidade que os motoristas insistem em praticar”, afirmou Pompéia.
A fiscalização itinerante foi iniciada no Cais José Estelita, no sentido Centro/Pina. Também está prevista a circulação por algumas áreas de Boa Viagem e outros bairros da cidade.
Com o fim da obrigatoriedade das placas de sinalização dos radares, os motoristas terão de ficar mais atentos às placas de limite de velocidade espalhadas nas vias públicas.
As placas de velocidade são obrigatórias em todas as vias que tenham fiscalização. Já nas estradas, quando não houver placas de aviso, os motoristas devem seguir os limites descritos no CTB (Código de Trânsito Brasileiro), que são de 110 km/h para carros, caminhonetes e motos, 90km/h para ônibus e micro-ônibus e 80km/h para caminhões.
Nas vias urbanas onde não houver sinalização, o motorista deve respeitar os seguintes limites: 80 km/h, nas vias de trânsito rápido; 60km/h nas vias arteriais (grandes avenidas que ligam os bairros aos centros); 40km/h nas vias coletoras ( ruas menores que dão acesso as arteriais); 30km/h nas vias locais.
De acordo com Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), mesmo com o fim da obrigatoriedade das placas sinalizadoras de radares, as sinalizações de redução de velocidade ainda são obrigatórias próximas às lombadas eletrônicas.
Radares
A nova resolução que retira a obrigação de instalação de placas informando a existência de radares também determina que eles fiquem em locais visíveis aos motoristas.
Atualmente, existem quatro tipos de radares. Os móveis medem a velocidade instalados em um veículo em movimento e os fixos registram a velocidade com registros de imagens instalados em local definido e em caráter permanente, como as lombadas eletrônicas, por exemplo.
Há também os estáticos, que são medidores de velocidade instalados em veículos parados, em tripés ou qualquer outro tipo de apoio, e os radares portáteis, que não geram imagens, sendo que o agente direciona o aparelho para o veículo-alvo.
Como recorrer de uma autuação indevida
O motorista pode recorrer de uma autuação em caso de falta de sinalização na via. Para isso, o condutor precisa aguardar o recebimento do boleto para pagamento da multa e, após o recebimento, juntar todos os documentos que comprovem a ilegalidade da cobrança, como fotos do local, por exemplo, e formular o seu pedido para entrar com recurso na Jari (Junta Administrativa de Recursos de Infrações).
As multas aplicadas por radares fixos ou estáticos devem obrigatoriamente conter fotos do veículo autuado.
Um ciclista que percorra os 14,8 km do corredor de ônibus Santo Amaro, saindo do centro e passando pela avenida Nove de Julho, chegará ao destino 14 minutos antes dos passageiros do coletivo que fizerem o mesmo trajeto nos horários de pico.
É mais rápido andar de bicicleta do que de ônibus em qualquer um dos dez corredores de ônibus da cidade. E não se trata de atleta profissional. Uma pessoa comum, com preparo físico médio, pedala a média de 20 km/h.
Nos dez corredores de ônibus de São Paulo, a média de velocidade foi de 15 km/h em 2011, nos horários de pico.
Mesmo assim, houve ganho em relação a 2010 -7,29% no sentido bairro-centro e 7,94% no centro-bairro).
Esse aumento, que trouxe um ganho de qualidade do serviço para os usuários, ficou abaixo da meta estabelecida pela própria prefeitura e abaixo também da velocidade considerada boa.
A meta da prefeitura para 2011 era aumentar em pelo menos 15% a velocidade nos corredores. Só conseguiu metade disso. Dos 20 trechos analisados -os dois sentidos dos dez corredores-, em apenas quatro a meta foi batida.
José Horta Gonçalves, 70, mora em Francisco Morato e usa diariamente o corredor Campo Limpo para chegar ao centro. Ele diz perder, no mínimo, uma hora e meia nos ônibus para ir e voltar da sua casa à banca de jornais que mantém no Jardim Guedala.
São 24 km, no total, que segundo o empresário poderia ser percorrido na metade do tempo se o corredor tivesse uma velocidade média maior. “Eu poderia ficar mais tempo com meus netos, tomar um café da manhã mais demorado. Essas obras ainda não trouxeram compensações para os usuários”, reclama.
Desemprenho
De acordo com a SPTrans, a velocidade entre 12 km/h e 18 km/h é considerada mediana. O desempenho só passa a ser considerado bom a partir dos 18 km/h. Só dois corredores -Parelheiros e Paes de Barros- têm esse nível.
Em média, 9,8 milhões de passageiros passam por dia pelo sistema de ônibus -58% passam pelos dez corredores.
Na média, os ônibus andam a 12 km/h na cidade. A média é “puxada” para cima pelos corredores exclusivos e, principalmente, pelo Expresso Tiradentes, que tem velocidade média de 36 km/h. O segredo da velocidade é que, por ser um corredor totalmente segregado, não há cruzamentos, semáforos ou interferência de veículos.
Fonte: Blog Parques Sustentáveis e http://meutransporte.blogspot.com/
Muito se pensou para a Agamenon Magalhães, mas dificilmente o cenário que se desenha fazia parte do imaginário dos urbanistas. Já foram pensados elevados para a via desde a década de 1970 e, em 2009, o urbanista Jaime Lerner chegou a desenhar um modelo de elevado passando por cima do canal do Derby. O projeto de Lerner foi descartado e no lugar dele surgiram quatro viadutos que irão pontuar os quatro cruzamentos que apresentam as maiores retenções: Bandeira Filho, Paissandu, Dom Bosco e Rui Barbosa. A ideia do governo do estado é aumentar a velocidade da avenida que passará em média de 20km/h para 30 km/h. O ganho na velocidade se dará com a eliminação dos quatro cruzamentos.
O governo do estado já bateu o martelo e a licitação deverá ser concluída em março deste ano. A previsão é que a obra fique pronta até dezembro de 2013. O cenário futurista e ainda incrédulo para uma parcela da população está orçado em R$ 135 milhões. Mas o que se questiona é principalmente qual a vantagem dos viadutos para o transporte público?
Com a eliminação do elevado por cima do canal, por onde passaria livre o corredor exclusivo de ônibus, a faixa dos coletivos será feita em nível ao lado do canal e as paradas em cima do canal. Com os ônibus numa pista exclusiva haverá uma faixa a menos para os carros. Mesmo assim, a expectativa é de ganho na velocidade. “Para se ter uma ideia, no cruzamento da Paissandu que tem uma velocidade média de 5km/h, nos horários de pico, chegará a 18km/h com a remoção dos semáforos”, ressaltou o secretário das Cidades, Danilo Cabral.
O argumento de melhoria da velocidade ainda não convenceu especialistas no assunto. Para o professor do departamento de Engenharia da Universidade Federal de Pernambuco e membro do conselho da Associação Nacional de Transporte Público, César Cavalcanti o ganho é temporário.
“Nós temos uma frota que cresce 6% ao ano. Pode ser que não engarrafe no primeiro ano, mas a tendência é termos engarrafamentos por cima dos viadutos”, alertou. Também especialista em mobilidade urbana, o engenheiro Germano Travassos vê com preocupação a construção dos viadutos. “A primeira pergunta é aumenta a velocidade para quem? Para os carros? O foco não deve ser esse. É um equívoco, se o argumento for ganho na velocidade para o automóvel. A experiência nos mostra que é temporário e com um detalhe onde há mais fluidez, atrai mais tráfego”, afirmou.
Já Oswaldo Lima Neto, professor e doutor em mobilidade urbana, chama atenção para outro aspecto. “É necessário uma preocupação com o entorno que já é engarrafado e vai impactar nos viadutos. A Rosa e Silva, por exemplo, terá que ter os semáforos ajustados para acelelar o fluxo e tem que se pensar na travessia de pedestre”, ressaltou.
As críticas não tiram o otimismo do secretário Danilo Cabral. “O projeto prioriza o transporte público. Haverá uma faixa exclusiva para os ônibus com paradas em nível e pagamento antecipado e melhorando a velocidade da via, melhora também para os ônibus”, afirmou Danilo Cabral.
Com a construção dos quatro viadutos, 31 imóveis terão que ser removidos. No cruzamento da Bandeira Filho, por onde vai passar o primeiro viaduto, os impactos são mais visíveis. O supermercado Bombreço construído há mais de 40 anos será 100% removido. Em cima do terreno será construída a curva do viaduto. “Vai ficar ruim para fazer as compras, mas eu espero que melhore o trânsito. Não pode ficar do jeito que está”, afirmou a professora Helena Cavalcanti, 56 anos.
Também na Bandeira Filho, sete metros do Mc Donalds terá que ser recuado para a instalação de uma via local. O mesmo acontece com a Farmácia Pague Menos e o terreno da lateral do Clube Português. Na via, onde há também quatro edifícios residenciais, as preocupações são as mais variadas. “Tenho medo que embaixo do viaduto vire um ponto de sem teto ou drogados e as nossas moradias vão ficar mais inseguras”, revelou o aposentado Valter Vasconcelos Martins, 80 anos. A preocupação dele tem respaldo no que acontece na prática com a ocupação dos espaços vazios. No Recife, praticamente todos os viadutos têm ocupação irregular. Exceção apenas para os espaços que ganharam urbanização a exemplo do complexo de viadutos do Aeroporto dos Guararapes.
O deputado Nelson Bornier (PMDB-RJ) apresentou o Projeto de Lei PL 2152/11, que obriga a empresa de transporte público a instalar visor digital de velocidade nos ônibus interestaduais. O objetivo é permitir ao passageiro a verificação permanente da velocidade do ônibus. Pelo projeto, o visor digital será instalado fora da cabine do motorista, para fácil identificação por parte do passageiro, durante todo o trajeto.
De acordo com o texto, o visor digital será instalado fora da cabine do motorista para que o passageiro possa visualizá-lo com facilidade durante todo o trajeto. A proposta prevê também que, ao lado do visor, seja afixada uma placa informativa com os números de telefone do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), da Polícia Rodoviária Federal e da empresa de transporte, para fins de reclamação.
O autor do projeto lembra que a velocidade compatível com a segurança é descrita como aquela que permite ao motorista uma reação que evite atingir um obstáculo, um pedestre, um animal, ou outro veículo, facilitando uma manobra de emergência, quando necessária, como frear ou desviar do obstáculo.
Parada do ônibus
Nelson Bornier destaca que o projeto visa a possibilitar o imediato relato da infração de excesso de velocidade aos órgãos fiscalizadores. Ele justifica a proposta citando o “aumento de abusos cometidos pelos motoristas nas viagens rodoviárias interestaduais, frente à impotência dos passageiros que, colocados em risco, muitas vezes percebem que a velocidade do coletivo não é condizente com a da rodovia e não possuem nenhum mecanismo de proteção ou denúncia”.
Segundo Bornier, além de proporcionar o registro de irregularidades, a medida poderá permitir até mesmo a parada do veículo nos postos rodoviários de fiscalização.
Tramitação
Sujeito à apreciação conclusiva, o projeto foi distribuído às comissões de Viação e Transportes, onde aguarda parecer do relator Newton Cardoso (PMDB-MG); e de Constituição e Justiça e de Cidadania.
A indicação dos limitadores de velocidade costuma causar uma reação exagerada nos motoristas. O medo da multa, pelo menos quando se sabe que o equipamento emite multa, costuma provocar uma redução drástica da velocidade. Se a limitação é 40km, o motorista reduz a uma velocidade bem abaixo disso. É quase uma reação automática.
A preocupação faz sentido. Os equipamentos não perdoam quem ultrapassa com a velocidade acima do permitido. Mas bem que eles poderiam também multar os motoristas que dirigem quase parando e atrapalhando o trânsito.
De acordo com o artigo 219 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), trafegar em velocidade inferior à metade da velocidade máxima permitida é infração média passível de multa no valor de R$ 85,13 e acréscimo de quatro pontos na carteira de habilitação. Só falta avisar isso às lombadas eletrônicas.