A difícil acessibilidade na maior cidade do País. Em capitais menores, o problema não é diferente. Quando o poder público vai entender que calçada é um princípio de mobilidade? Na verdade, a número um na cadeia dos deslocamentos.
Para os pedestres, uma calçada mal conservada é sinômino de desconforto e muitas vezes acidentes. Um estudo de 2005 feito no Hospital das Clínicas de São Paulo atestou que a circulação de pedestres é na verdade um enorme problema de saúde pública. São milhares de casos todos os anos que oneram os custos dos hospitais que também geram um enorme prejuízo econômico para a sociedade.
Já para um cadeirante, calçadas sem condições de circulação representam um custo ainda maior, a perda de acesso à cidade. De maneira consistente ou com improvisos, garantir o direito de ir e vir à pessoas com mobilidade reduzida ganha a devida atenção em nossas cidades. É a luta em prol do que se convencionou chamar de acessibilidade, ou “desenho universal”.
Ao reforçar a lógica de pensar primeiro no mais frágil, o planejamento urbano garante acesso à todos. Sejam ciclistas nas ruas ou os cadeirantes nas calçadas. Parabéns aos irmãos Ramon e Thomaz Ballverdu que junto com Marcelo Silva, produziram o vídeo que ilustra esse post. Moradores de Pelotas, nenhum dos três é cadeirante, mas sabem da importância de uma cidade inclusiva.
Com informações de:
Parkour Roulant: atletismo sobre rodas – Pelotas, Capital Cultural
Cerca de 100 000 pedestres caem e se machucam nas calçadas todos os anos – VejaSP
Outro dia, ao passar pelo pelo Getúlio Vargas sentido Caxangá/San Martin, percebi a ausência de acessibilidade até o hospital. Quem vêm de ônibus até consegue se virar nas rampas da plataforma e calçada em frente ao banco. Todavia, ao chegar próximo a calçada do hospital se vê o primeiro problema: banca de revista na calçada, que apesar de estreita, não garante bom espaço devido a calçada estreita, ou seja, o proprietário nem tem culpa, pois a calçada já existia com esse erro. Solução, neste caso seria recuar a banca, só que invadiaria imóvel ou alargar naquele ponto a calçada. Também não há rampas no trecho de acesso a entrada de veículos do hospital e o pavimento é de pedras bastante desalinhadas. Para piorar, há várias árvores na calçada cujas raizes danificam a mesma bem como estrangulam o espaço, impendido um cadeirante de circular. Aí, até dentro da área do prédio onde há um bloco que ajuda em recuperação, da calçada externa ao mesmo passa novamente por piso de pedras irregulares melhorando numa rampa de acessibilidade.
Não só este como vários outros lugares têm esses problemas. Por conta disso, cadeirante que circula sozinho pena, acompanhado um pouco menos, mas acredito que muitos devem pensar que estes devem ter veículo próprio ou alguém que os leve. Claro, não vou esquecer que temos um serviço gratuito que ajuda cadeirantes e pessoas que ficam nestas por outras deficiências que vai buscá-los em casa, levam onde tem que levar e trazem de volta, mas é pouco.
O ideal era que não se precisasse disso ou somente em situações como chuva, à noite, mas como as vias não foram pensadas para facilitar a vida dos outros, agora é tentar correr atrás do prejuízo.
Por fim, deveriam pensar que até certos tipos de piso em calçadas é ruim para os pedestres. Há quem ache lindo cerâmica e azuleijo na calçada, só que estes pisos potencializam quedas quando úmidos ou molhados.