Pedestre na mão

 

Por

Tânia Passos

Que o pedestre tem sido, até então, o último a ser lembrado na escala da mobilidade, quando deveria ser o inverso, o histórico da falta de acessibilidade já mostra isso. Mas quando todo mundo resolve usar a mobilidade como causa inconteste, a prática pode provar que o discurso está muito distante disso.

O que dizer, por exemplo, da passagem usada por pedestres e ciclistas na Ponte Paulo Guerra? Alguém já observou a barreira que foi criada na cabeceira da ponte? Parece inacreditável, mas foi construída uma barreira para impedir que pedestre e ciclista sigam em frente em direção à Avenida Herculano Bandeira, caminho natural de quem faz o percurso. O motivo? Um acesso que está sendo feito para o mais novo centro de compras da cidade. Nada contra, aliás. A questão é que o acesso construído para os carros, eles mais uma vez, coloca, claro, em último lugar ou lugar algum a opção de deslocamento do pedestre e do ciclista. Minto, ambos podem sim seguir em frente se optarem em caminhar pela pista e, nesse caso, teriam que pular a barreira que foi criada para impedir justamente que alguém tenha essa ideia.

Talvez o caminho do pedestre e ciclista seja dar um pulinho no shopping para fazer a volta e continuar o caminho pela Herculano Bandeira. O fato é que eles não foram pensados dentro dessa lógica da mobilidade. A experiência mostra que o caminho que as pessoas usam nos deslocamentos é modificado, em geral, para encurtar caminho, nunca para aumentá-lo. A solução encontrada para o acesso dos carros ao shopping poderá significar risco de atropelamento na cabeceira da ponte e engarrafamentos a perder de vista. A expectativa, aliás, é que o centro de compras atraia um público muito grande ao local. Agora misture tudo isso a uma via estreita e com risco de acidentes no meio do caminho. Socorro!

Fonte: Diario de Pernambuco (Coluna Diario Urbano)

11 Replies to “Pedestre na mão”

  1. Tânia, vá me desculpar, mas o acesso que estão construindo na ponte Paulo Guerra não é para o Shopping RioMar embora benefície este. O acesso, ponte estaiada, é para a Via Mangue.
    Agora, o RioMar vai construir uma alça ligada ao término da ponte estaida garantindo acesso ao seu estabecimento. Todo o trecho paralelo ao RioMar vai ser expresso, tanto que a priori, colocarão faixas de pedestres com sinal, mas no futuro será uma passarela que é vista na maquete da via. Aliás, se fizerem os elevados da Agamenon, a partir do Spettus será trecho expresso até a Igreja do Pina, bem como acessando a Via Mangue a partir da ponte estaiada (birfucação da Paulo Guerra). Quem for para o RioMar usará a alça que este shopping irá construir (isso sentido Setúbal). Quem vier de Setúbal pela Via Mangue, perto do shopping pegara uma via local passando sob fim da ponte estaiada para entrar no shopping ou pegar alça de retorno para a Via Mangue. Quem sair do shopping terá acesso a Via Mangue logo após término da ponte/elevado e se for sentido Av. Herculano, terá que entrar a direita, fazer giro de quadro e passar sob a ponte que desemboca no Aeroclube para então por uma das ruas pegar o túnel ou seguir pela Herculano.
    Isso é como irá funcionar a comunicação da Via Mangue com o shopping e ruas no entorno.
    Com relação ao pedestre e ao ciclista, de fato estes ficaram prejudicados, mas aí o erro já começou bem antes e tem coisa ainda indefinida.
    Vão implantar ciclo faixa no Norte-Sul, que deve chegar a Agamenon, mas vai ser no canteiro central ou no lado direito junto a pista local? Isso ainda implica em os sentidos serão na mesma ciclo faixa ou esta será desmembrada (perto da pista local ou em cada lado do BRT)? Se for no canteiro central (junto ou não os sentidos), ela pode dar continuidade passando pela ponte da Joana Bezerra e pelo elevado Capitão Temudo, só que ao chegar ao Cabanga começa um problema (se for separado os sentidos), teriam que juntar estes para usar a ponte Paulo Guerra que tem mais espaço, pois a sentido centro é apertada e já deve ter uma faixa exclusiva para o BRT das três possíveis.
    Contudo, se vê que é possível dar continuidade de ciclo faixa no canteiro central da Agamenon até a ciclo faixa da Av. Boa Viagem. Para o pedestre que sai do Cabanga, este, parece, terá um espaço na ponte estaiada até chegar ao trecho das ruas no entorno do RioMar, mas continuar pela ponte Paulo Guerra para chegar a Av. Herculano, só se implantarem sinal para travessia na ponte estaiada, o que pode ser feito ao meu ver sem problema e como o trecho é pequeno, 20 segundos são suficientes, até porque a circulação de pedestre e ciclista ali não é alta.
    Bem, se a construção da ponte estaiada já está trazendo barreiras para os pedestres e ciclistas ali no Pina/Cabanga, te digo que no Leste-Oeste ocorre o mesmo com a construção das estações. A parada em frente ao Extrabom tinha uma sinal para travessia nos dois lados que foram removidos. Agora, para atravessar o trecho, só observando se os carros param no sinal perto do Getúlio Vargas ou do Parque de Exposição quando não há congestionamento. É a única opção, pois justamente esses locais onde há sinais já ultrapassam a distância máxima legal de 50m para travessia em faixa de pedestre próxima.

    • Raimundo,

      Talvez não tenha ficado claro no texto, mas se trata de outro acesso após a ponte. Nâo me refiro a ponte estaiada. Até porque ela não estará pronta até o dia 30 de outubro quando será inaugurado o shopping.Tenho um material que posso enviar para você. Qual teu email?

  2. muita gente trafega nessa ponte nos 2 sentidos. podem por a barreira que for que eles vão quebrar. E no dia que a primeira pessoa for atropelada na entrada dessa alça bizonha a turma do Pina vai queimar pneu e fechar a entrada dessa alça particular…

  3. Eu fiz um comentário anterior sem ter visto essa foto (não estava disponível). Nesse comentário pensei que a matéria feita pela Tânia cometia equívoco ao dizer que o acesso é para o Shopping RioMar, pois tinha como referência o acesso que estão construindo na ponte para a Via Mangue, ponte estaiada, que iria impedir, a priori, a circulação de pedestres e ciclistas que usam o lado direito da ponte, sentido Cabanga-Pina da via.
    Vendo a foto, esse outro acesso, concordo, foi feito para o shopping, embora se agora traz um empecilho para o pedestre e o ciclista que vêm do Cabanga pelo lado direito da ponte, esse problema foi antecipado, pois com a ponte estaiada iria ocorrer o mesmo. Outra, esse acesso poderia ser evitado, embora como falei antes, no futuro na ponte iria haver uma descontinuidade para os pedestres/ciclistas no lado direito, bastando o usuário de carro entrar na Rua Arqo. Augusto Reinaldo, a direita novamente na Av. República Árabe Unida, para a esquerda acessar a Rua República do Líbano onde terá a entrada que ficará sob o término da ponte estaiada. Qual o problema em fazer um pequeno giro de quadra? Aliás, se o movimento for grande para o shopping, se criará um congestionamento que irá afetar a ponte Paulo Guerra na pista direita costumeiramente usada pelos ônibus com esse acesso direto para Av. República do Líbano, tal qual ocorre em ruas de acesso ao Shopping Recife em horários e dias de grande circulação. Diante dessa limitação antecipada, ainda que poucos ciclistas e pedestres que transitam pela ponte, irão criar um sinal perto da lombada eletrônica para que eles usem o lado esquerdo da ponte ou, como parece, irão forçar a ir até a Av. República do Líbano para então em alguma faixa de pedestre ali, se dirigir a outras vias para chegar a Av. Herculano Bandeira com segurança? Note que estão reduzindo um percurso (giro de quadra) para quem usa carro e aumentam para quem circula a pé ou de bike onde metros a mais fazem diferença. É situação semelhante a ciclo faixa das Estradas do Arraial e Entrocamento que são mão única, embora o espaço permite com menos folga mão dupla. A CTTU quer força o ciclista a fazer percurso de carro como se o ciclista tivesse um motorzinho (item que torna a bike aspirante a motocicleta sendo criticada em alguns locais) quando as duas ciclo faixas deveriam ser bidirecionais. Quem trata da mobilidade e acessibilidade nos entes governamentais aqui realmente sabem sobre o assunto, pois parecem criar vias para alguns como se eles na verdade usassem carros?

    • Raimundo,
      de fato com a foto fica mais claro. Só consegui hoje. O giro de quadra talvez fosse uma alternativa. Imagina um acidente naquela entrada o nó que vai ser e não será difícil. Acredito que vai gente que tentará atravessar a via pulando a barreira…

  4. Pois é Tânia, fica até difícil imaginar que isso foi planejado e estudado. Cada vez mais se criam acessos aos poluentes, ops! Quis dizer carros. Para os ciclistas e pedestres só restam os desvios, lamentável para um Estado em pleno desenvolvimento ou seria em subdesenvolvimento? Por que do jeito que as coisas andam, está difícil de dizer que estamos em fase estamos.

  5. Tania.
    lhe peço novamente mais reportagens sobre o metro e sua importancia para a cidade!!!
    pois é notoria a carencia de um transporte em massa que englobe toda a regiao metropolitana. é facil entender que o modelo atual implantado pelo governo do estado ja vai nascer com deficiencias e limitado. tal como o sistema de corredor exclusivo na boa vista o BRT é mais uma enganaçao. o metro ja começa com a capacidade maxima do BRT e pode ser mais barato no longo prazo. o governo federal sabe disso e o estadual idem. mais metro=mais qualidade de vida!!! recife acordaaaa!!!

  6. Misael,

    antes de sugerir uma expansão do metrô aqui na região metropolitana, você deveria se questionar como Curitiba ainda vive com o conceito BRT após duas décadas. Afirmar que o BRT já vai nascer saturado é ignorar situação que vi hoje: ônibus articulado Caragibe/Boa Vista indo para Camaragibe com menos de 10 passageiros às 9 horas da manhã. É ignorar que a maioria dos ônibus aqui não são articulados e nem trucados (6×2), sem falar que não temos biarticulados. O Rio de Janeiro com a seu TransOeste só usa articulado e a demanda por lá é superior ao metrô sul sendo que só usam veículos articulados e agora, vi flagras divulgados na net, estão para usar um articulado trucado (8×2) que é o meio termo entre articulado e biarticulado.
    Outra, não se pode esquecer que o metrô em superfície precisa ficar isolado por conta da rede de alta tensão e subterrâneo não dá para fazer em qualquer lugar e demora muito para escavar. Construir elevados é outro problema que fere a paisagem ou só fere para automóveis? Quando o BRT saturar, ainda pode ser usado o VLT aproveitando os corredores. Por fim, por que na linha sul, por exemplo, há linhas de ônibus trafegando paralelo ao metrô? Já vi o quanto são afastadas as estações da Mascarenhas e a distâncias entre elas? O ônibus tem que existir justamente para atender que está no corredor e alimentar o metrô. Metrô não é solução. Solução é fazer uma boa integração entre os modais propostos, coisa que aqui não fazem, pois são linhas que deveriam se ligar ao metrô e não é (Caxangá/Boa Vista), TI com longo tempo de espera, metrô se esguelando no aguardo de novos veículos e atrasando liberação de novos TIs.