Um levantamento realizado pela Secretaria da Saúde de São Paulo revela que nove ciclistas são internados diariamente em hospitais públicos do Estado, vítimas de acidentes de trânsito. E desses nove, pelo menos um deles acaba morrendo.
“Muitas vezes os ciclistas são atingidos por automóveis ou mesmo por ônibus, o que torna comum a ocorrência de politraumatismo”, explica Jorge dos Santos Silva, chefe do setor de trauma ortopédico do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Segundo o médico, as lesões mais frequentes são os traumatismos cranianos e da coluna vertebral, além das fraturas da bacia, dos ossos do antebraço, do fêmur e da tíbia.
Em 2011 foram 3,4 mil pessoas internadas, gerando um custo de R$ 3,25 milhões ao Sistema Único de Saúde para tratar esses pacientes.
No zoológico humano gigante das nossas cidades os usos dos espaços de circulação são construídos através das idéias. Ao longo do século XX que foi criada e disseminada a noção de que as ruas são espaços de circulação exclusivos de veículos motorizados, um conceito que tem sido revisto ao longo do mundo.
As cidades e seus usos foram construídas primeiro no mundo das idéias e com o passar do tempo certos conceitos se cristalizaram. O vídeo abaixo é uma campanha colombiana de 1941 que coloca crianças e adultos a pé como culpados pelos seus infortúnios.
A abordagem pode soar bizarra, mas infelizmente o século XX no que se refere a campanhas de trânsito ainda não acabou. A cidade do século XXI cada dia mais volta a ser a cidade das pessoas, uma cidade com espaços públicos para todos e circulação segura e prioritária dos mais frágeis.
Infelizmente ainda existem exemplos ineficientes de campanhas de culpabilização da vítima. Quando mais eficaz e correto é sempre investir no incentivo para que pedestres e ciclistas possam circular tranquilamente pelas ruas das cidades. Nessa lógica, os veículos motorizados são coadjuvantes, com o transporte público sendo sempre um ator com mais espaço do que os meios de transporte motorizados individuais.
Na comunicação publicitária institucional, como é o caso de campanhas de trânsito em Nova Iorque e em São Paulo os velhos conceitos ainda estão presentes.
Valorizar os mais frágeis é além de mais correto, também o mais racional. Vale sempre ter a mão os dados sobre vítimas de trânsito e “acidentes” (o nome oficial para colisões, atropelamentos e crimes de trânsito) no Brasil:
Ciclistas são 7% dos deslocamentos e 4% dos “acidentes”
Carros 24% dos deslocamentos e 27% dos “acidentes”
Motos 12,6% dos deslocamentos e 22% dos “acidentes”.
Fonte – cruzamento de dados das seguintes pesquisas:
Pesquisa IPEA –Mobilidade Urbana 2011
Mapeamento das Mortes por Acidentes de Trânsito no Brasil – Confederação Nacional de Municipios 2009
Dados da secretaria de saúde de São Paulo apontam que em 2011, 3,4 mil ciclistas sofreram lesões no trânsito e foram internados na rede do SUS, o que gerou um gasto de R$ 3,25 milhões ao Sistema Único de Saúde. Dados da cidade do Rio de Janeiro apontam 811 internações entre 2000-2007 e 114 óbitos no período.
Fonte: Blog Transporte Ativo (http://blog.ta.org.br/)
As cidades brasileiras deveriam focar a acessibilidade nos projetos de mobilidade urbana, foi o que afirmou o novo secretário nacional de transporte e mobilidade urbana do Ministério das Cidades, Júlio Eduardo dos Santos. Para ele, é fundamental promover o acesso de todos os cidadãos ao transporte público, independentemente, de suas limitações.
“Temos que informar aos municípios que existe a Lei de Mobilidade Urbana, recentemente aprovada, que define novos padrões de atuação e suas responsabilidades. Além de mostrar que eles têm linhas de crédito, que podem investir com segurança e que terão nosso apoio em todas as etapas do processo”, destacou Santos.
O secretário também afirmou que a função do ministério é auxiliar aos municípios no preenchimento dos pré-requisitos e a apresentação da documentação necessária exigida para obras de infraestrutura de transporte, para que eles não percam o prazo. Santos explica que para acelerar a melhoria do transporte coletivo é necessário eliminar estes gargalos que desperdiçam tempo.
O secretário ressaltou ainda que a sociedade deve refletir sobre modais de transporte mais sustentáveis, por meio de matrizes energéticas menos poluentes e o incentivo ao transporte individual não motorizado.
Santos, que foi recém-empossado, prometeu dar maior agilidade aos projetos como os do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) Mobilidade Grandes Cidades e das obras de mobilidade para a Copa do Mundo.
Para evitar atrasos, novos relatórios sobre estes projetos serão elaborados e as informações serão constantemente atualizadas. Ainda, de acordo com ele, em sua gestão, as cidades e Estados terão mais apoio por meio de investimentos, treinamentos e capacitação para o desenvolvimento de projetos da área.
Não há acordo entre os sindicatos das empresas de ônibus e dos rodoviários da Região Metropolitana do Recife. A categoria não aceitou a proposta de reajuste de 7,5% e decidiu deflagrar uma greve a partir da zero hora da próxima quarta-feira.Uma última tentativa de acordo pode ocorrer na terça-feira.
Caso a greve seja deflagrada, a justiça decidirá o percentual da frota que terá que circular para garantir atendimento à população. A Região Metropolitana do Recife é atendida por cerca de 3 mil ônibus e hoje são transportados mais de 2 milhões de usuários por dia.
Este ano, a pauta de reivindicações dos rodoviários é composta por 108 reivindicações, sendo o reajuste salarial a principal delas. Desta vez, a categoria quer um aumento de 27% do piso. Com isso, os motoristas passariam a receber R$ 2 mil e cobradores e fiscais teriam um aumento de 60% e 80%, respectivamente, em cima do valor oferecido aos motoristas.
No próximo semestre, a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) vai colocar em votação a criação da Comissão Permanente de Mobilidade. A medida será um desdobramento da Comissão Especial de Mobilidade Urbana da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), que está sendo encerrada nesta quinta-feira, depois de um ano de debates.
Os trabalhos apontaram 18 objetivos para melhorar a mobilidade no estado e a comissão permanente terá o objetivo de atuar na cobrança do cumprimento dessas metas. Entre elas estão o investimento no transporte público de qualidade com ônibus novos, com ar condicionado, câmeras de segurança e sistema integrado; ampliação da rede de metrô; ampliação da malha cicloviária com ciclovias interligadas; construção de novos corredores de ônibus e veículos leves sobre trilhos.
Hoje foi entregue a carta aberta “Desafios da Mobilidade”. O material traz um diagnóstico da mobilidade urbana em Pernambuco, com fico na Região Metropolitana do Recife (RMR). De acordo com o presidente da comissão, deputado Sílvio Costa Filho (PTB), o documento apresenta uma radiografia de toda problemática, incluindo obstáculos que os gestores públicos e a iniciativa privada têm que enfrentar, como um instrumento de pesquisas e sugestões para o futuro.
Os motoristas, cobradores e fiscais de ônibus, que fizeram uma paralisação de advertência por 24 horas nesta quarta-feira, podem decretar greve por tempo indeterminado nesta quinta.
A definição acontecerá em assembleia que será realizada após nova reunião de negociação entre o Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviários de Pernambuco e o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Pernambuco (Urbana/PE). O encontro está marcado para as 14h, na Delegacia do Trabalho, na Superintendência Regional de Emprego e Trabalho, na Avenida Agamenon Magalhães. Caso não haja avanços, os trabalhadores devem aprovar a greve, que ainda não tem data para ser deflagrada.
A categoria comemorou uma adesão de 55% a 60% à paralisação de um dia, números contestados pelo Grande Recife Consórcio de Transportes, que garante que 80% da frota foram às ruas.
O que se viu foi tumulto e depredação de ônibus nos terminais de passageiros, poucos coletivos nas ruas e muita demora nos paradas de ônibus.
A categoria quer reajuste de 27% do piso. O aumento elevaria para R$ 2 mil o salário dos motoristas, R$ 1,2 mil o dos cobradores e R$ 1,6 mil o dos fiscais. O grupo também pede a concessão de tíquete alimentação para os empregados das empresas de transportes. A pauta de reivindicações tem 108 tópicos, mas o reajuste salarial é o principal, segundo o sindicato. Os patrões ofereceram
reajuste de 4%.
Quarenta dias é o período em que os técnicos da Confederação Nacional de Transportes (CNT) terão para fazer o levantamento em mais de 94 mil km de rodovias em todo o país.
Terminais de ônibus lotados de passageiros, com poucos ônibus à disposição. Esquema policial reforçado. Tumulto nos terminais da Macaxeira e Joana Bezerra. Neste último, usuários arrancaram o vidro da saída de emergência de um veículo, para facilitar a entrada dos passageiros. Nas ruas, trânsito mais livre, com poucos coletivos circulando. Este é o quadro registrado no início da manhã desta quarta-feira no Recife por conta da greve de 24 horas dos motoristas de ônibus.
O projeto do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) de Goiânia está pronto, anuncia o governo do estado de Goiás. Além dos trilhos e composições, ele inclui a revitalização da avenida Anhanguera e a construção de estrutura adaptada para o tráfego de bicicletas. O próximo passo é disponibilizá-lo para a consulta pública, o que deverá ocorrer nas próximas semanas.
O VLT fará a ligação leste-oeste da cidade, ligando o Terminal Padre Pelágio e o Terminal Novo Mundo. No total, serão 12,9 km de extensão. Atualmente, essa ligação é feita por um Bus Rapit Transit (BRT). A velocidade desenvolvida no trajeto subirá dos atuais 16 km/h para 23,5 km/h, diminuindo o tempo de viagem de 50 para 34 minutos.
Serão 12 estações, com distância de 850 m entre uma e outra, e cinco terminais. Estão previstas trinta composições, com dois carros. Cada composição terá capacidade para transportar 750 passageiros. O projeto de viabilidade econômica levou em consideração a atual tarifa de ônibus. Portanto, a passagem do VLT deve custar os mesmos R$ 2,70 cobrados por uma viagem de ônibus atualmente.
Os trens serão de modelo francês, com motores individuais por roda, o que diminui o consumo de energia. Mas eles não serão necessariamente comprados na França, já que outros países da Europa produzem composições do tipo. A procedência do trem será uma escolha da empresa que vencer a licitação, desde que o produto se encaixe nos padrões do projeto. Os vagões serão movidos a energia elétrica.
O projeto não inclui a necessidade de desapropriações, já que os trilhos passarão exatamente na pista onde hoje existe o BRT. Mas ele deixa a critério da empresa responsável pela obra a possibilidade de que elas existam para alargamentos de pista ou expansões. De toda forma, as áreas onde a desapropriação é viável são de propriedade pública. Portanto, a população não será atingida.
Demais obras
Outras modificações na avenida Anhanguera estão inclusas no projeto do VLT. As calçadas serão reformadas, dando prioridade para critérios de acessibilidade, e as fachadas do comércio serão despoluídas. Também há a previsão de recuperação do asfalto nas pistas laterais ao VLT e renovação da sinalização.
O tráfego de bicicletas também é uma preocupação. Haverá trechos de ciclovias, onde a bicicleta fica totalmente separada dos carros, que devem totalizar 6 km. Onde não houver a segregação total, os ciclistas terão uma faixa para eles, seguindo o conceito de ciclofaixa. O especialista em trânsito, Benjamin Jorge, é favorável ao projeto.
“Goiânia tem excesso de veículos, então qualquer iniciativa para a redução de carros é válida. Precisamos explorar outros modais, por isso o VLT e a ciclovia estão aí. Se houver infraestrutura para o tráfego de bicicleta, ela passa a ser um meio de transporte atrativo”, argumenta.
Mas o especialista chama a atenção para outras necessidades do ciclista. “A via exclusiva é essencial, mas outras estruturas também são importantes. Os terminais de ônibus e do VLT precisam ter bicicletários e também vestiários para que os ciclistas possam se trocar e seguir usando outro meio de transporte. Só assim haverá a real integração entre a bicicleta e os demais modais de transporte”, explica Jorge.
Entre as avenidas Araguaia e Tocantins, o tráfego de carros na avenida Anhanguera será extinto. Será criado um passeio para pedestres. O fluxo de veículos será desviado para ruas alternativas. O secretário de desenvolvimento metropolitano, Sílvio Sousa, afirma que a preocupação com o pedestre é uma prioridade. “Goiânia sofre muito com essa questão, estamos atrasados com relação a isso. Incluir o pedestre com boas condições faz parte do projeto de integração do VLT”.
Cronograma e orçamento
Duas audiências públicas serão realizadas até o final de julho e a previsão para o lançamento do edital de licitação é para a primeira quinzena de agosto. O projeto será viabilizado por uma parceria público-privada (PPP). Ganhará o certame, a empresa que oferecer a menor contrapartida do governo estadual. As obras devem ser iniciadas entre outubro e novembro deste ano e finalizadas em 2014.
Já há manifestação de interesse do consórcio formado pela Odebrecht TransPort e pela Rede Metropolitana de Transporte Coletivo de Goiânia, que hoje opera algumas linhas de ônibus que ligam a capital às cidades vizinhas. No entanto, o secretário de desenvolvimento metropolitano acredita que outras empresas apresentarão propostas, já que a licitação é aberta e também prevê a operação do sistema.
“Acredito muito que iremos cumprir o cronograma e a previsão orçamentária, a expectativa é muito boa. É um projeto que traz segurança e conforto para a população. Mas receio que estamos fazendo pouco. Se tivéssemos uma capacidade maior de captar investidores externos, talvez pudéssemos ter mais VLTs, ligando outras cidades a Goiânia”, avalia Sousa.
O custo estimado da obra é de R$ 1,2 bilhões. Uma parcela de R$ 215 milhões será proveniente do governo federal, através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Mobilidade. O governo estadual deverá custear R$ 450 milhões e a iniciativa privada R$ 550 milhões.
Os ônibus que hoje transitam no BRT serão utilizados para fazer a ligação entre as estações finais do VLT e cidades vizinhas. Essas ligações serão consideradas extensões do VLT. Serão beneficiadas as cidades de Senador Canedo, Trindade e Goianira. A Metrobus, que administra o BRT, passará a operar nessas linhas.
Aproximadamente 94.300 quilômetros de rodovias pavimentadas em todo o Brasil serão avaliados por 17 equipes de pesquisadores da Confederação Nacional do Transporte (CNT), um aumento de 1.553 km em relação ao estudo do ano passado. Os dados serão coletados pelos próximos 40 dias e farão parte da 16ª edição da Pesquisa CNT de Rodovias. A pesquisa teve início no último dia 25 de junho.
Saindo simultaneamente de 12 capitais (Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Campo Grande, Fortaleza, São Luís, Rio Branco e Belém), os pesquisadores coletarão informações sobre as condições das vias, com relação ao pavimento, sinalização e geometria.
O levantamento é publicado anualmente pela CNT desde 1995 (não ocorreram em 1998 e 2008) e tem como objetivo percorrer 100% da malha rodoviária federal pavimentada e os principais corredores estaduais em que se verifica um grande fluxo tanto de cargas, como de passageiros, sejam rodovias concessionadas ou não.
Para o diretor da CNT, Bruno Batista, o trabalho neste ano será ainda mais criterioso. “A pesquisa compõe a maior série histórica de avaliações rodoviárias do país. Nós conseguimos hoje avaliar com muita precisão o estado das rodovias e essa é uma informação importantíssima tanto para o planejamento dos transportadores, como também para a identificação de locais críticos que merecem intervenção rápida do governo”, ressalta.
A segunda etapa da pesquisa consiste na análise dos dados e edição do material, considerado o mais completo e criterioso levantamento sobre a conservação das estradas brasileiras. O estudo será publicado no segundo semestre deste ano.