Juliana Colares
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Já se foi o tempo em que a culpa por todas as barbeiragens no trânsito caía nas costas dos taxistas. O alvo da vez são os motociclistas. Uma pesquisa de opinião pública realizada pelo Instituto Mauríciu de Nassau mostrou que, para os recifenses, os condutores de motocicletas são os mais imprudentes no trânsito. Dos 624 entrevistados, 80% acreditam que os motociclistas agem de forma irresponsável, 75,4% dizem que eles desrespeitam as leis de trânsito e 56,6% defendem que eles são os responsáveis pela epidemia de acidentes de moto. Enquanto isso, motoristas de ônibus e de táxis aparecem como prudentes para 60% e 68,6% dos entrevistados, respectivamente.
A observação dos recifenses sobre os motociclistas encontra respaldo na opinião daqueles que trabalham com análise de tráfego e de acidentes de trânsito. “Nós do Comitê Estadual de Prevenção aos Acidentes de Moto filmamos, durante várias horas, ruas e sinais. E percebemos que os motociclistas só respeitam o sinal verde”, disse o coordenador executivo do comitê, João Veiga. Na visão dele, a maioria dos acidentes de moto ocorrem por culpa do motociclista. “Ele é imprudente na hora de conduzir e de se portar. O motociclista morre porque anda sem capacete, porque não afivela o capacete direito, porque avança o sinal, porque se porta irresponsavelmente no trânsito. E quase 20% dos atropelamentos que ocorrem no estado já são de pedestres atingidos por motos nas calçadas”, complementou.
Professor colaborador do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Urbano da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), César Cavalcanti também defende que, na maior parte dos casos, a culpa pelo acidente encolvendo motos é dos condutores de motos. “O usuário das ruas percebe que o comportamento da maioria dos motociclistas não obedece a legislação de trânsito ou as regras de convivência civilizada. A pesquisa demonstra a sensação real do que está se passando no tráfego do país, não apenas no Recife”, disse.
A percepção extremamente negativa do motociclista pelo recifense chamou a atenção do coordenador da pesquisa Opinião pública e trânsito – percepções e valores dos indivíduos sobre o trânsito e seus atores, o economista Djalma Guimarães. Mas ele pondera que se a maioria dos entrevistados fosse usuária de carros (66,1% andam de ônibus), a opinião sobre a prudência de taxistas e motoristas de coletivos poderia ser diferente.
O vice-presidente do Sindimoto, sindicato que representa quem trabalha com motocicletas no estado, Francisco Machado, é voz contrária à opinião da maioria. Ele defende que o motociclista não é o principal culpado pelos acidentes e que tanto condutores de motos quanto motoristas de automóveis deveriam passar por mais aulas de educação no trânsito. Só em 2010, 602 motocilcistas morreram em Pernambuco.
tambem muitos motoristas alcoolizados no volante.soma-se tudo um verdadeiro caos.
Não sei a situação de Pernambuco, mas sou motorista de carro e recentemente de uma pequena scooter em BH. E isso me cheira a preconceito. O coordenador executivo do comitê devia ter uma visão mais ponderada da situação.