Chuva x mobilidade

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Estação Camaragibe - Foto Anderson Alexandre/Divulgação
Não precisaria ser, mas a chuva é, sem dúvida, um obstáculo à mobilidade que não pode ser ignorado. E se falarmos na Copa do Mundo, o cenário que se desenha é preocupante. Há dois anos, já chamávamos atenção de que o evento esportivo irá coincidir com o período chuvoso. O plano diretor de drenagem do Recife nunca saiu do papel. E qualquer chuva trava a cidade. A chuva de hoje, não foi qualquer uma e os estragos podem ser vistos em todos os pontos da cidade.

As redes sociais transmitem em tempo real o que acontece nas ruas, nos prédios e até nas estações do Sistema Estrutural Integrado (SEI). Na foto, divulgada pelo internauta Anderson Alexandre, a estação Joana Bezerra ficou com água até o joelho.

Faltando apenas um ano para concluir obras de mobilidade e minimizar problemas de drenagem do Recife e Região Metropoltana, já é possível saber quais as cenas que serão protagonizadas novamente. E mesmo com o fim da Copa, essas cenas vão tornar a se repetir por muito tempo ainda. Pelo menos até que o poder público decida resolver os pontos de alagamentos que todo mundo já sabe onde fica.

Chuva e transtornos no trânsito

 

Não preecisa muito para uma chuva alagar as ruas do Recife e se para os motoristas isso é transtorno, imagine então para os pedestres. No caminho para o trabalho, de Boa Viagem ao bairro de Santo Amaro, o trânsito estava complicado. Alguns pontos da Conselheiro Aguiar e da própria beira-mar, estão alagados, o que dificulta ainda mais o tráfego. Nas paradas de ônibus, pior ainda. A água invade as calçadas e os passageiros são obrigados a ficar com água nos pés. Ninguém merece, ainda mais numa sexta-feira carnavalesca…

Saiba como enfrentar as chuvas de verão sem derrapar

Muitos motoristas aqui já enfrentaram a situação desagradável de passar por um poça de água e perder o controle do carro momentaneamente. O problema é que quando existe um excesso de água, aliado as outros fatores, o resultado pode ser muito grave. Confira abaixo as dicas de um especialista para minimizar os riscos de aquaplanagem.

Janeiro é mês de férias e também um período em que quase todos os dias cai aquela chuva de verão. Por isso, um dos cuidados a mais que os motoristas devem ter é com a aquaplanagem. A aquaplanagem é o “deslizamento” do carro sobre uma camada de água, que ocorre quando os pneus perdem tração por não terem capacidade de “expulsar” a água existente na pista. Isso ocorre devido ao nível de desgaste dos pneus e depende da velocidade do carro ao atingir a lâmina de água. A aquaplanagem pode alterar a trajetória do carro e, em casos mais graves, causar um acidente.

Por isso, a atenção com os pneus deve ser redobrada. Nada de transitar com os pneus carecas. José Carlos Quadrelli, gerente geral de engenharia de vendas da Bridgestone do Brasil, explica que os sulcos dos pneus são responsáveis pela drenagem da água do asfalto. “No caso de chuva a pouca ou nenhuma profundidade dos sulcos, compromete o escoamento da água que fica entre o pneu e o piso, o que aumenta significativamente o risco de aquaplanagem e a perda do controle da direção”, explica ele.

Para garantir a segurança e aderência dos pneus no asfalto, o ideal é que a profundidade mínima dos sulcos não ultrapasse a indicação TWI (Tread Wear Indicators), que são “ressaltos” da borracha vistos dentro dos sulcos. “Abaixo de 1,6 mm de profundidade, em qualquer parte dos sulcos, o pneu passa a ser considerado careca e, além de perigoso, passível de autuação pelas autoridades”, salienta Quadrelli.

Como forma de tentar prolongar a vida útil do pneu, alguns motoristas adotam um recurso que não é recomendável. “Muitas vezes, quando os pneus atingem o TWI, alguns borracheiros aplicam a prática de ‘riscar´ ou ‘frisar’ o pneu, também conhecida como ressulcagem. Consiste em redesenhar a banda de rodagem com lâminas quentes. Esta atitude é condenada pelos fabricantes de pneus, pois ao ter retirada parte da borracha que compõe sua estrutura, deixando por vezes a lona aparente, o pneu perde sua resistência, pode estourar em pleno movimento e compromete sua aderência com o solo”.

Outras regras básicas para o motorista conduzir com segurança sob chuva, são manter os pneus com a pressão indicada pelo fabricante do veículo, ter os quatro pneus com a mesma medida e desenho – que garante capacidade de drenagem por igual, fazer o rodízio a cada 8 mil quilômetros (quando não houver recomendação diferente do fabricante do veículo) e procurar trocar os quatro pneus juntos.

Além dos cuidados com a conservação dos pneus, os especialistas em segurança no trânsito recomendam que nos dias chuvosos não se trafegue em velocidade acima de 80 quilômetros por hora. Afinal de contas, nem todas as estradas brasileiras possuem sistemas de escoamento, drenagem e captação de águas pluviais, portanto, caso você esteja dirigindo em dias chuvosos, sempre olhe pelo retrovisor e veja se você consegue ver as marcas dos seus pneus da estrada. Caso não consiga vê-los, cuidado, pois o risco de aquaplanagem é maior.

Se com todos estes cuidados você ainda aquaplanar, a dica é: retire imediatamente o pé do acelerador, não pise bruscamente no pedal do freio. Segure firme no volante para manter as rodas retas. Quando sentir que os pneus retomaram o contato com o solo, gire levemente a direção de um lado para o outro até sentir que o veículo recuperou totalmente a aderência. Caso o seu carro possua freios ABS (que não deixa travar as rodas), aplique a força no pedal do freio, mantendo-o pressionado até o seu controle total do veículo.

Fonte: UOL.com

As lições da chuva

Trânsito engarrafado, rotas alternativas e tudo por água abaixo quando a cidade alaga. Se existe um fator que atrapalha a mobilidade urbana é a chuva. E às vezes, a gente se pergunta se o motorista não sabe dirigir em vias alagadas. Mas nesse caso, é preciso saber também o tamanho do alagamento. Em alguns, não é possível mesmo trafegar. E então uma das lições que não podem ser esquecidas pelos gestores públicos é que as políticas de mobilidade precisam ser integradas. De que valem a construção de viadutos, mudanças nas rotas, sem o dever de casa do sistema de drenagem ? Outra lição da chuva, os gargalos estão principalmente onde a drenagem não funciona. E ai não tem jeito, o trânsito trava mesmo. Agora, antes de sair de casa é bom acessar o site do transitolivre.com e olhar também para o céu, rezar também ajuda.