Metrô de superfície. Em Dublin é chamado de LUAS. Confira o vídeo.
Dia: 20 de fevereiro de 2013
O Recife que se quer até 2037
Por
Tiago Cisneiros
Calçadas livres e limpas, transporte público de qualidade, poucos carros nas ruas, rio útil e bem cuidado, construções históricas preservadas e um olhar constante para o futuro. Este é o Recife. Não reconheceu? Pois é, você não foi o único. E a explicação é simples. Essa descrição não é do Recife atual, mas de uma idealização, uma projeção para 2037, quando a cidade se tornará a primeira capital do país a completar 500 anos.
A proposta de transformar a realidade no principal centro urbano de Pernambuco faz parte de um documento entregue, ontem, por membros do Observatório do Recife ao prefeito Geraldo Julio. As proposições do Observatório do Recife foram condensadas em cinco pontos entre eles: controle urbano e mobilidade.
Mobilidade urbana
A tônica do documento O Recife que precisamos, no quesito mobilidade urbana, é o fim da prioridade aos veículos particulares. No lugar deles, os “reis” das ruas seriam os pedestres e ciclistas. Depois, o transporte coletivo.
Com uma frota de mais de 607 mil veículos, que vem crescendo de 6% a 8% ao ano desde 2008, o trânsito da capital tornou-se um problema para quase toda a população. Para resolvê-lo, o consultor em mobilidade urbana Germano Travassos, um dos especialistas ouvidos pelo Observatório do Recife, aponta algumas estratégias. Uma delas seria a introdução de restrições ao uso de automóveis particulares. “O transporte público não é competitivo, em condições de igualdade, em lugar nenhum.
Em cidades como Paris, as pessoas andam de ônibus e metrô porque há mais qualidade, mas, também, devido à dificuldade e ao custo para circular e estacionar o carro”, diz, defendendo a cobrança ou proibição de estacionamento nas vias públicas e a introdução de rodízio e pedágio.
Outra mudança defendida por Travassos é a aplicação dos recursos arrecadados com o trânsito no transporte público. Ele, por sinal, critica a construção da Via Mangue, argumentando que a obra é cara (cerca de R$ 500 milhões) e beneficia, sobretudo, veículos particulares. Elogia, no entanto, os projetos dos dois corredores de BRTs (ônibus rápidos) e dos terminais de integração.
Para o especialista, também é essencial construir e manter de estruturas que estimulem a locomoção de pedestres e ciclistas. Ponto que interessa ao estudante de fisioterapia Herbert Anderson, 20 anos.
Frequentemente, ele sofre com os desníveis e buracos das calçadas do Centro, como, por exemplo, a da Rua do Hospício, eleita pela ONG Mobilize Brasil a 4ª pior do país. “Sempre passo aqui e acabo tendo que me arriscar na rua. A cidade não tem estrutura para pedestre e cadeirante”, diz.revitalização do Rio Capibaribe e, entremeando todos esses, planejamento constante a longo prazo.
Controle urbano
Em muitos pontos da cidade, inclusive no Centro e no Bairro do Recife, a locomoção de pedestres é dificultada pela presença de barracas e fiteiros. O comércio informal, de acordo com Francisco Cunha, é um dos problemas a serem enfrentados no âmbito do controle urbano. A fiscalização de construções e dos anúncios de publicidade também estão na lista.
Nos dois primeiros meses de sua gestão, o prefeito Geraldo Julio iniciou o ordenamento no entorno de alguns mercados públicos da cidade, como o de Água Fria e o de Beberibe. Os comerciantes foram relocados para ruas de menor movimentação ou terrenos específicos. Muitos deles não aprovaram a medida, alegando que teriam redução no faturamento.
Entre os pedestres, entretanto, a ação foi bem recebida. A enfermeira Maria dos Prazeres, 52 anos, por exemplo, gostou das mudanças na área em torno do Mercado de Casa Amarela e espera que elas se repitam no Centro. “É preciso ter mais cuidado com as calçadas. Sei que os comerciantes muitos dependem disso, têm família e não conseguem outro emprego. Colocá-los em uma área própria seria um bom caminho”, sugere.
Leia aqui a matéria completa do Diario de Pernambuco
Infraestrutura para carros custará US$ 45 trilhões até 2050. Até quando?
Novo relatório lançado pela Agência Internacional de Energia (IEA) mostra que durante as próximas quatro décadas o número de deslocamentos diários deve dobrar se comparado ao ano base de 2010.
Para acomodar esse crescimento, o mundo irá precisar adicionar 25 milhões de km de vias pavimentadas para circulação. E entre 45 mil e 77 mil km² de áreas de estacionamento para acomodar o crescimento automobilístico. Esta infraestrutura, sua manutenção e reparo, custará aos cofres governamentais um total de US$ 45 trilhões até 2050.
Para Helena Orenstein, diretora no Brasil do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP, sigla em inglês), “essa situação pode ser revertida através do investimento em transporte sustentável. Ou seja, planejamento e execução de infraestrutura e oferta de serviços de transporte público e não motorizado de modo a oferecer alternativas de qualidade para a parcela da população que usa o carro para todos seus trajetos diários. Em paralelo, é necessário implementar políticas de desestímulo à circulação de automóveis e ao estacionamento em vias públicas”.
A conclusão apontada pela IEA é que o investimento em práticas de transporte sustentável têm o potencial de reduzir o investimento em infraestrutura de transportes em US$ 20 trilhões até 2050, comparado com o ano base de 2012.
Fonte: ITDP (Via Portal Mobilize)