Eu quero a minha Caloi!

Coluna Mobilidade Urbana – publicada no Diario de Pernambuco no  dia 07.05.12

Por Tânia Passos

 

Na década de 1980, o comercial da Caloi virou febre e toda criança queria a sua bicicleta. Na verdade, a bicicleta sempre foi vista como um brinquedo e dificilmente como um veículo de transporte. Para muitos, quem usa a bicicleta para trabalhar é “pobre”. É bem verdade, que há uma utilização natural de trabalhadores de baixa renda, que se valem da bicicleta para fazer os deslocamentos mais improváveis.

O que só reforça a vocação natural para o uso do equipamento como transporte. Mesmo sem nenhum tipo de estrutura cicloviária, eles improvisam bicicletários nos terminais integrados e se arriscam nas vias não preparada para eles.

A questão é que o brinquedo do passado e o veículo da classe menos privilegiada pode e deve ser o transporte do futuro para muita gente, que hoje faz pequenos deslocamentos de carro. Andar de bicicleta vai ser politicamente correto, contribuirá para o meio ambiente e a mobilidade. Mas para atingir um público diferenciado, a estrutura viária precisa vir junto.

A ideia das ciclofrescas, por exemplo, com ciclovias sombreadas, é muito bem vinda e já existe um projeto piloto com a Pastoral da Saúde e o escritório de arquitetura César Barros para o bairro de Casa Amarela, Zona Norte do Recife. E na última audiência pública da Câmara de Vereadores do Recife, sobre ciclovias, foi anunciado que o governador Eduardo Campos irá apresentar um plano cicloviário para o estado até o fim deste mês. O primeiro passo foi o anúncio de um manual de ciclovias para os prefeitos aplicarem nos municípios.

Na capital pernambucana, o Plano de Mobilidade promete ampliar a malha cicloviária de 20km para 400km. Nem tudo virá assim tão fácil, mas antes que as intenções se tornem reais, o desafio é trabalhar a cultura da bicicleta como meio de transporte e, quem sabe, a gente volte a ouvir os pedidos: eu (também) quero a minha Caloi!

One Reply to “Eu quero a minha Caloi!”

  1. Com certeza não será rápido e nem fácil ampliar a malha cicloviária, pois já há o problema de alocar uma frota de veículos crescente que dificulta a implantação de corredos de transporte público, tanto que é preciso criar vias para estes afim de viabilizar a implantação do transporte coletivo sendo a Via Mangue uma prova disso.
    Sei que há um projeto para aumentar a capacidade de veículos na BR 232 do seu começo até o entroncamento com a BR 408. O projeto consiste na criação de mais uma faixa de rolamento em cada sentido saltando das atuais duas para três. Tem haveria a construção de um ou dois viadutos para fazer retorno devido a distância entre os locais possíveis – entrocamentos com a BR 408 e a BR 101. Por que não aproveitam e criam uma ciclovia nesse trecho como já propostas em estudo para se criar essas em rodovias, que evitaria acidentes por exemplo? Há muitas fábricas no caminho e bairros próximos que seriam beneficiados. Como também deverão construir passarelas, seria possível trafegar de forma mais segura sem se expor.