Atravessar na faixa é seguro?

 

Pedestre pede passagem na faixa - Foto foto: Artur Moser/Reprodução internet
Pedestre pede passagem na faixa – Foto foto: Artur Moser/Reprodução internet

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Meli Malatesta (arquiteta e urbanista)

Caminhar nas ruas das cidades nos obriga a enfrentarmos diariamente várias travessias em cruzamentos e interseções pois se repetem a cada cem ou duzentos metros em média. Isto significa, para um percurso cotidiano a pé de 15 minutos, cerca de oito a dez travessias. Ao voltarmos, este número duplica, certo? E o que significa para as nossas vidas esta ação tão corriqueira?

Atravessar ruas são momentos muito importantes em nossa vida: é a hora da negociação da utilização do espaço e do tempo urbanos (das ruas e avenidas) com os usuários das outras formas de mobilidade, majoritariamente a mobilidade motorizada: automóveis, motos, ônibus, caminhões, utilitários.

Distância entre as faixas de pedestre dificulta travessia Foto Paulo Paiva DP/DA.Press
Distância entre as faixas de pedestre dificulta travessia Foto Paulo Paiva DP/DA.Press

Alguns destes locais tem uma negociação de uso pré-formalizada por sinalização de trânsito (placas, faixa de pedestre, semáforo de pedestres), mas a maioria não, valendo a equação mental básica que realizamos de forma automática em nosso cérebro: tempo necessário para ir de uma calçada à outra X velocidade do carro que se aproxima. Na maioria das vezes este cálculo funciona, mas quando falha, o pior resultado é sempre para quem não está pilotando uma pesada máquina motorizada.

No caso dos pontos contemplados com sinalização de trânsito, pode se afirmar com muita certeza que quem atravessa a pé geralmente não confia muito na faixa de pedestre. Para que isto ocorra é necessário haver sempre fiscalização e intensas campanhas de trânsito para garantir seu respeito pelos motoristas.
Pedestre na BR-104 Foto Bernardo Dantas DP/D.A.Press
Mesmo quando as faixas de travessia de pedestres são semaforizadas com foco para pedestres a situação não muda muito. Quem está a pé já sabe que vai esperar muito e ter pouquíssimo tempo para atravessar. Isto ocorre porque os critérios para definir a divisão do espaço e do tempo das vias, tem pesos e medidas diferentes para os pedestres e veículos. Para o fluxo motorizado a divisão de uso do tempo e do espaço urbano adotada pelas metodologias da engenharia de tráfego é definida pelo tempo necessário à sua passagem, ou seja, considera o fluxo de veículos passam por hora ou minuto no cruzamento ou interseção e tem como objetivo dar vazão a todos os veículos que esperam em fila.

Pedestre atravessando na faixa com sinal vermelho Foto Blenda Souto Maior DP/D.A.Press
Pedestre atravessando na faixa com sinal vermelho Foto Blenda Souto Maior DP/D.A.Press

Já para o fluxo a pé, o tempo do direito de travessia é determinado pelo tempo gasto para se atravessar a rua na faixa de pedestres, independentemente de quantos pedestres estejam atravessando no momento. Considera-se como se houvesse uma só uma linha de frente de pessoas aguardando a travessia, sem levar em conta os que se acumulam atrás na formação do pelotão de espera e muito menos a importante característica de que o fluxo dos pedestres acontece sempre em dois sentidos.

Assim a situação de submobilidade das travessias a pé, com diferentes pesos e medidas envolvidos numa simples e importante operação de divisão do direito de uso do espaço e do tempo públicos urbanos, traz aos que a praticam sensações de surpresa e indignação, que resultam na falta de confiança na faixa, foco ou qualquer outra sinalização voltada ao usuário da via que caminha.

Por outro lado, a repetida vivência desta desconfiança produz a rebeldia no uso dos espaços públicos pelos pedestres, refletida principalmente na realização das inúmeras travessias diárias na base do “onde e como puder”, contando apenas com as equações mentais de sobrevivência.

Fonte: Portal Mobilize

Guia da mobilidade para quem for brincar o Carnaval no Recife

 

mobilidade carnavalDe carro, ônibus, metrô ou bicicleta. Na hora de decidir a melhor forma para se deslocar para os polos de animação na capital pernambucana, os foliões vão poder planejar com antecedência, a partir das opções disponíveis.Entenda o passo a passo de cada um dos modais

Expresso Folia do Recife. Foto- Edvaldo Rodrigues DP/D.A.Press
Expresso Folia do Recife. Foto- Edvaldo Rodrigues DP/D.A.Press

Expresso Folia:

Para o sábado o desfile do Galo, o Expresso Folia irá operar a partir das 7h. Os foliões poderão deixar o carro nos estacionamentos dos shoppings RioMar, Recife, Plaza e Tacaruna. Serão disponibilizados 25 ônibus com intervalos de 10 minutos. Os expressos que saírem dos centros de compra da Zona Sul, o desembarque será na frente do 16º Batalhão da Polícia Militar, no Cais de Santa Rita. Já os que saírem da Zona Norte, o desembarque será na Avenida Martins de Barros, no Cais Santa Rita. O retorno dos usuários dos centros de compra será na Rua Madre de Deus, nas proximidades da Rua Profº Aloísio Magalhães. O funcionamento será das 7h às 18h. O Boa vista não participa neste dia.

Serviço:
Estacionamentos:
R$ 6,50 – Shoppings RioMar e Recife e Tacaruna
R$ 6,00 – Shoppings Plaza e Boa Vista
Ônibus do Expresso Folia- R$ 6,00 (Ida e volta)
* Quem não for de carro e quiser ir no Expresso Folia paga apenas a passagem de R$ 6,00

Estacionamento do TRF é um dos três espaços gratuitos oferecidos pela Prefeitura do Recife para o folião. Foto Julião Leitão DP/D.A.Press
Estacionamento do TRF é um dos três espaços gratuitos, oferecidos pela Prefeitura do Recife, para o folião. Foto Julião Leitão DP/D.A.Press

Estacionamentos gratuitos

A Prefeitura do Recife vai disponibilizar três estacionamentos gratuitos: Dois espaços da própria PCR, outro no Tribunal Regional Federal (TRT) e o terceiro no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), totalizando 1,8 mil vagas, sendo 300 para motos e bicicletas. Além de deixar o carro no local mais próximo da folia e sem pagar nada, os foliões também poderão usar o serviço de vans que transportar os foliões até as imediações do Marco Zero. Com intervalos de 10 minutos, das 16h às 4h. Para quem for de bicicleta a recomendação é levar um cadeado. Os estacionamentos terão apoio da CTTU, Guarda Municipal, Polícia Militar, Samu e Emlurb. Para quem for de carro é bom lembrar de levar junto o amigo da vez.
Serviço:
Horário: 16h às 4h
Intervalo das vans – 10 minutos
Traslado gratuito  ( dos estacionamentos ao Marco Zero)

* Estacionamento Legal –  No Parque Memorial Arcoverde disponibiliza 5 mil vagas.  O valor é R$ 15,00 para carros de passeio (incluíndo o traslado e o estacionamento) e R$ 25,00 para vans. Os usuários devem pegar o ônibus no mesmo lugar que desembarcaram.

Cinco pontos de táxis serão disponibilizados nas áreas próximas aos focos da folia no Recife. Foto: Tânia Passos DP/D.A.Press
Cinco pontos de táxis serão disponibilizados nas áreas próximas aos focos da folia no Recife. Foto: Tânia Passos DP/D.A.Press

Vá de Táxi

A vantagem de ir de táxi, para quem não quiser o transporte público ou o carro, é não ter que se preocupar em não beber para dirigir. A CTTU assinou convênio para o funcionamento do táxi metropolitano. A frota irá duplicar nos dias de momo, passando  de 6 mil para 12 mil táxis. O convênio foi assinado com os municípios de Olinda, São Lourenço da Mata, Paulista, Camaragibe, Abreu e Lima, Itapissuma e Ipojuca. O convênio tem início a partir das 18h desta sexta-feira e segue até a quarta-feira de Cinzas. Serão disponibilizados cinco pontos de táxis na área central do Recife.

Serviço:
Pontos de táxi para os focos da folia
Rua Madre de Deus, Avenida Martins de Barros, Ponte Buarque de Macedo, Cais de Santa Rita, Avenida Doutor José Mariano
Para denúncias ligar para  0800 081 1078

Linhas especiais para o Carnaval no Recife. Foto : Bruna Monteiro Especial DP/D.A.Press
Linhas especiais para o Carnaval no Recife. Foto : Bruna Monteiro Especial DP/D.A.Press

Linhas especiais para o Carnaval
Durante o Carnaval serão reforças as linhas para atender os polos de animação em Recife e Olinda. O Grande Recife Consórcio Metropolitano de Transporte organizou um esquema especial com 34 linhas convencionais e 370 ônibus. Os veículos que têm origem da Zona Sul farão ponto de retorno no Terminal de Passageiros de Santa Rita. Os que vierem da Zona Norte terão dois trajetos: os que trafegam pela Av. Norte retornarão na Praça da República, já os que passam pela PE-15, farão retorno na Av. Conde da Boa Vista ou na Praça da República. Já os ônibus provenientes da Zona Oeste farão retorno na Av. Conde da Boa Vista ou no Terminal de Passageiros de Santa Rita.

Serviço:
Operação das 5h até 0h
Tarifas: R$ 2,45 e R$ 4,90.
117 – Circular do Galo
028 – Circular do Frevo
027 – Shopping Recife/Olinda
696 – Circular Olinda
109 – Shopping Tacaruna/Olinda
029 – Shopping Rio Mar/Olinda
862 – Olinda/Estacionamento Legal

Fonte: CTTU e Grande Recife Consórcio

Curitiba aposta em paradas livres para dar mais segurança ao usuário

 

Iluminação precária atrapalha a mobilidade Foto Paulo Paiva DP/D.A.Press
Iluminação precária atrapalha a mobilidade Foto Paulo Paiva DP/D.A.Press

Para quem usa o transporte público à noite e desembarca, muitas vezes, em paradas pouco iluminadas, passa a ter a opção de descer em qualquer local, onde se sentir mais seguro e for mais próximo do seu ponto de destino. A chamada “Parada Livre”, passou a valer oficialmente em Curitiba.

De acordo com o presidente da empresa que gerencia o transporte urbano da cidade (URBS), Roberto Gregório da Silva Junior, as mudanças atendem uma das principais reivindicações dos usuários, assim como dos motoristas e cobradores.

A principal delas é a determinação da ‘parada livre’ após as 22h, quando o passageiro poderá descer em qualquer local nas linhas que não possuem desembarque em tubos. Também visando a segurança, cerca de cinco mil pontos de ônibus receberão iluminação com tecnologia LED, em instalação prevista para um prazo de 12 meses.

Também está prevista maior presença da guarda municipal nas estações tubo e terminais, novas rodadas da campanha “Busão sem Abuso”, educando sobre o respeito às mulheres no transporte coletivo, além do aumento da oferta de informações sobre o sistema, como trajetos, horários e localização.

Lei da bicicleta em Curitiba garante 5% das vias para sistema cicloviário

 

Em Curitiba o BRT é denominado de Rede Integrada de Transporte (RIT) - Foto - Prefeitura de Curitiba/Divulgação
Em Curitiba o BRT é o ponto forte no transporte público da cidade. Projeto irá destinar 5% das vias públicas para ciclovias e ciclofaixas. – Foto – Prefeitura de Curitiba/Divulgação

Por

Enzo Bertolini

Conhecida no Brasil e no mundo pela criação do BRT – Bus Rapid Transit (transporte rápido de ônibus, em tradução livre), Curitiba/PR se torna pioneira também na instituição da Lei da Bicicleta. A Lei n.º 14.594 determina que 5% das vias urbanas sejam destinadas à construção de ciclofaixas e ciclovias, de maneira integrada ao transporte coletivo.

O projeto foi construído coletivamente e apresentado ao Legislativo municipal por meio de iniciativa popular. “A Lei da Bicicleta é uma conquista e vitória”, diz Jorge Brand, conhecido como Goura, diretor da CicloIguaçu (Associação de Ciclistas do Alto Iguaçu). Para Alexandre Nascimento, autor do blog Ir e Vir de Bike, “sua aprovação por unanimidade pelos vereadores é uma grande conquista da sociedade”.

A nova lei estabeleceu um padrão para a construção de novas ciclovias, com largura mínima de 1,5 metro, mão única em cada faixa no mesmo sentido dos carros, demarcação dos símbolos de bicicleta no pavimento no mesmo sentido da faixa, pavimento demarcado por contraste de cor de acordo com a orientação do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), instalação de tachões bidirecionais na cor amarela para separar a ciclofaixa das ruas e avenidas, entre outros itens.

Um ponto importante da lei é o investimento em bicicletários e paraciclos em terminais de transporte coletivo, escolas, shopping centers, supermercados, praças e parques públicos.
eto ao uso de verba do Funset

Ao sancionar a lei, o prefeito Gustavo Fruet (PDT) vetou o artigo 3º, que previa que as despesas decorrentes da lei fossem custeadas pelo Fundo Nacional de Segurança e Educação de Trânsito (Funset). De acordo com a explicação publicada no Diário Oficial, o Município não tem acesso a esse recurso, sob responsabilidade do Denatran, e por isso não teria competência e possibilidade legal de atender à lei. “Se esse artigo fosse aprovado, a lei, que é um avanço para a cidade, se tornaria inconstitucional e sua aplicação seria prejudicada”, explica Luiza Simonelli, secretária municipal de Trânsito.

Para buscar financiamento para as obras necessárias, a prefeitura de Curitiba se encontrou com o ministro das Cidades, Gilberto Kassab, e pediu R$ 105 milhões do governo federal para a implantação de 300 quilômetros de vias cicláveis na capital paranaense até o final de 2016. Segundo fontes da prefeitura que o Vá de Bike ouviu, o apoio do prefeito ao PT nas eleições para o governo do estado teria sido com o intuito de ter apoio federal para diversos projetos, mesmo contrariando aliados no município.

Segundo Nascimento, do Ir e Vir de Bike, o veto ao artigo 3º da Lei da Bicicleta deixará de destinar anualmente R$ 10 milhões para investimentos na promoção da mobilidade urbana sustentável em Curitiba. “Como toda administração pública no Brasil, a prefeitura de Curitiba também trabalha hoje com um orçamento apertado e criar um gasto obrigatório da ordem de R$ 10 milhões é o pesadelo de qualquer gestor público. Daí a verdadeira razão do veto.”

Nascimento explica que na questão das multas municipais, o argumento pela inconstitucionalidade é baseado na suposta interferência entre os poderes, já que o Legislativo não teria a prerrogativa de criar essa obrigatoriedade. “Neste ponto, a jurisprudência do TJ-RS sobre caso semelhante em Porto Alegre pesa em favor dos ciclistas e não do argumento que sustenta o veto da prefeitura.”

De acordo com Goura, o caso de Porto Alegre se refere a multas municipais e não aos recursos do Funset. “Fui convencido de que barrar esse artigo foi o melhor e não acho que seja motivo de derrota. O ponto principal da lei foi sancionado, 5% de ciclovias, e foi um ganho. Temos que batalhar para a prefeitura garantir política orçamentária para tirar os projetos do papel para essa e as próximas gestões.”

Para Nascimento, em vez de contestar o veto em uma batalha jurídica, que pode se arrastar por anos, ou tentar a derrubada do veto na Câmara, a ideia mais viável parece ser a de forçar o prefeito a reabilitar o artigo 3º por meio de um projeto de lei de iniciativa do Executivo. “Seria juridicamente incontestável e atenderia à demanda original da iniciativa popular”, acrescenta.

Curitiba tem 4.600 quilômetros de vias e pouco mais de 160 km de estrutura cicloviária. Com a nova lei, a cidade pode ganhar mais 230 km de ciclovias. “Ainda é pouco e podemos avançar mais”, finaliza Goura.

Fonte: Vá de Bike

O metrô do Recife e a privada

 

Estação Werneck do metrô, Linha Centro, Recife - Foto Guilherme Veríssimo DP/D.A.Press
Estação Werneck do metrô, Linha Centro, Recife – Foto Guilherme Veríssimo DP/D.A.Press

A paralisação do metrô, no último final de semana, a partir de uma decisão dos próprios funcionários do sistema que se recusaram a trabalhar por causa da falta de segurança, chama atenção para um grave problema no transporte público: o vandalismo das torcidas dos times pernambucanos. Os trens e as estações do sistema foram alvo de ataques de vândalos. Até pedras foram arremessadas contra os veículos. Pelo menos dessa vez, não lançaram nenhuma privada. Em maio do ano passado, uma pessoa morreu ao ser atingida por privada lançada da arquibancada no estádio do Arruda.

Não por acaso, a violência das torcidas tem trazido intranquilidade aos trabalhadores do metrô. E não apenas a eles, os ônibus também são alvo da fúria de torcedores nos dias de jogo. A Avenida Conde da Boa Vista, por exemplo, tem sido um verdadeiro saco de pancadas. E quem responde por isso? A propagação da violência encontra espaço, onde a punição é artigo de luxo.

Uma vez ouvi de um consultor em trânsito, que segurança não é um problema do transporte público, mas sim uma questão de polícia. Parece lógico, mas não há como a polícia estar presente em todas as estações, paradas, ônibus e trens. É impossível garantir esse tipo de segurança. As empresas também precisam oferecer segurança própria e dispor de uma forma mais eficaz para se comunicar com a polícia, sempre que necessário.

No final de semana passado, a Secretaria de Defesa Social (SDS) chegou a apresentar um plano de segurança com 68 policiais para fazer a segurança no metrô e não foi suficiente.O Sindicato dos Metroviários chamou atenção para o fato dos policiais não terem sido posicionados nas estações. Isso talvez possa ser melhorado, mas o fato é que há uma insegurança no sistema não apenas para os trabalhadores, mas também para os usuários. A mudança só será sentida quando a punição passar a ser encarada na medida da responsabilidade de quem a pratica, assim como a prisão dos que lançaram a privada matando uma pessoa.

Calçadas com ou sem camelôs ?

 

Policiamento para impedir camelôs na Avenida Conde da Boa Vista Foto Júlio Jacobina DP/D.A.Press
Policiamento para impedir camelôs na Avenida Conde da Boa Vista Foto Júlio Jacobina DP/D.A.Press

Em se tratando do Recife, a pergunta pode até parecer descabida, afinal somos a terra dos mascates. Mas o fato é que a ocupação dos espaços públicos há muito tempo já ultrapassou a barreira do razoável. Em alguns pontos da cidade, o pedestre precisa pedir licença para passar em um espaço que é essencialmente seu. Tratar do comércio informal na cidade é uma tarefa, no mínimo, inglória para o Controle Urbano. Mas pior do que ter o trabalho e o desgaste na remoção é permitir a fixação.

Em 2008, quando a Avenida Conde da Boa Vista foi “requalificada” a um custo de R$ 14 milhões com a instalação do corredor central de ônibus, as calçadas foram todas refeitas com tijolos intertravados para facilitar a acessibilidade. Na ocasião, todos os ambulantes foram retirados da avenida e relocados para vias transversais. Não precisou de muito tempo para que os camelôs voltassem a ocupar o corredor, cuja artéria é o principal acesso ao Centro da cidade. A Conde da Boa Vista foi novamente tomada e as transversais continuaram ocupadas.

A cada ano, o número de ambulantes na cidade só aumenta. Além do problema social é inegável a facilidade que eles encontram para se apropriar de um pedaço da calçada que passa a ser seu. A retirada do comércio informal das calçadas é um alívio para o pedestre. A área do passeio parece maior e mais limpa. A falta de espaço, além do incômodo é também mais inseguro.

O desafio do poder público, agora, é dar melhores condições para o setor informal. O projeto dos shoppings populares é uma alternativa, principalmente por estarem projetados em áreas próximas ao corredor central. A expectativa, no entanto, era que a ação ocorresse após a entrega dos centros de compra, mas o município decidiu se antecipar e uma das razões é que o número de ambulantes já ultrapassou os que foram cadastrados em 2013. E para quem chegou depois, o recado é que não há nada para eles. É preciso ir atrás de outra freguesia. Talvez a própria Conde da Boa Vista depois que a poeira baixar.

Bicicletas poderão ter vendas atreladas a itens de segurança

 

os risco de se pedalar no trânsito do Recife - Foto Alcione Ferreira DP/D.A.Press
Ciclista no trânsito do Recife – Foto Alcione Ferreira DP/D.A.Press

A Comissão de Viação e Transportes aprovou o Projeto de Lei 1043/11, do deputado Dr. Ubiali (PSB-SP), que estabelece multa para fabricantes, importadores, montadores e revendedores que comercializem bicicletas sem equipamentos obrigatórios de segurança. Pela proposta, a multa será de 20% do preço de cada veículo comercializado ou o dobro em caso de reincidência.

O parecer do relator, deputado Washington Reis (PMDB-RJ), foi favorável à proposta. “O projeto traz um mecanismo objetivo para impedir que as bicicletas sejam comercializadas sem os equipamentos obrigatórios”, ressaltou.

O projeto altera o Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/97), que já prevê os seguintes equipamentos de segurança obrigatórios nas bicicletas: campainha, sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e nos pedais, e espelho retrovisor do lado esquerdo. A intenção do autor é estabelecer pena para garantir a efetividade da lei.

“Quatorze anos se passaram e essas normas não foram cumpridas, apenas algumas fábricas produzem bicicletas com tais equipamentos e a maioria das revendedoras também não cumpre a lei”, disse Dr. Ubiali.

O código hoje já penaliza o condutor que trafegar em veículo sem equipamentos de segurança. O relator destaca, porém, que esse dispositivo da lei dificilmente é alvo da fiscalização, no caso dos condutores de bicicletas.

Tramitação
O projeto será analisado em caráter conclusivo pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Fonte: Agência Câmara

Recife poderá ganhar faixa diagonal de pedestre na Conde Boa Vista

 

Cruzamento da Conde da Boa Vista com a Gervásio Pires poderá receber a faixa diagonal Foto Blenda Souto Maior DP/D.A.Press
Cruzamento da Conde da Boa Vista com a Gervásio Pires poderá receber a faixa diagonal Foto Blenda Souto Maior DP/D.A.Press

Uma ideia que surgiu no Canadá, na década de 1940, está aos poucos sendo retomada para facilitar a travessia de pedestre em cruzamentos. A faixa diagonal que liga os quatro lados de um cruzamento foi adotada em Tóquio, no Japão e em São Paulo. Um projeto piloto poderá ser implantado no Recife, em 2015. A Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) estuda a possibilidade de trazer o modelo para o cruzamento da Avenida Conde da Boa Vista com a Rua Gervásio Pires. A proposta é reduzir o tempo de travessia de uma esquina à outra.

O local escolhido pela CTTU leva em conta o grande fluxo de pedestre. Segundo a presidente da CTTU, Taciana Ferreira, a implantação do modelo será feita a partir dos resultados da experiência em São Paulo. “A faixa diagonal poderá resultar em um projeto piloto na Conde da Boa Vista. Vamos avaliar as vantagens do modelo para decidirmos sobre a implantação no Recife em até 60 dias”, revelou.

Em São Paulo, os primeiros números revelam uma economia de tempo na travessia do pedestre. No cruzamento das ruas Riachuelo com a Cristóvão Colombo, no Largo São Francisco, o pedestre economiza 28 segundos na travessia, que antes era feita em duas etapas e demorava 89 segundos. Para implantar o modelo, o tempo dos semáforos também é modificado, uma vez que todo o tráfego fica interrompido em todas as direções, ao mesmo tempo.

Cruzamento com faixa diagonal em São Paulo - Ilustração/Divulgação CET
Cruzamento com faixa diagonal em São Paulo – Ilustração/Divulgação CET

De acordo com o urbanista César Barros, as faixas diagonais aumentam a importância do pedestre, mas ainda não o transforma em protagonista. “Seria mais seguro para o pedestre a passagem em nível, uma vez que obriga o carro a reduzir a velocidade. A faixa diagonal traz mais importância para o pedestre, mas não significa necessariamente mais segurança.”

Para um dos coordenadores da Associação Metropolitana dos Ciclistas do Grande Recife Daniel Valença, as faixas diagonais ampliam o espaço de travessia. “A gente observa que as pessoas já fazem o cruzamento de forma desordenada. É uma forma de regulamentar uma atitude que já ocorre na prática e pode trazer mais segurança, uma vez que hoje não há fiscalização nas conversões feitas pelos motoristas”, detalhou.

Saiba mais

-Iniciativa foi na década de 1940 do engenheiro Henry Barnes

-O sistema foi usado pela primeira vez no Canadá

-O modelo caiu em desuso para privilegiar o tráfego de veículos

-A ideia é garantir mais conforto e segurança nas travessias

– pedestre economiza tempo na travessia

-São Paulo e Tóquio já adotaram as faixas diagonais

Outras experiências já importadas

Faixa azul para o ônibus no Recife - Foto - CTTU/Divulgação
Faixa azul para o ônibus no Recife – Foto – CTTU/Divulgação

A troca de experiências na engenharia de tráfego é sempre bem-vinda. Tudo pode ser copiado, desde que sejam feitos estudos para a realidade local. De acordo com a presidente da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU), Taciana Ferreira, pelo menos duas experiências adotadas em São Paulo e Rio de Janeiro foram implantadas no Recife.

De São Paulo, copiamos a experiência das faixas exclusivas do lado direito da via. O modelo BRS (Bus Rapid Service) é mais prático e fácil de ser implantado e permite que o carro possa fazer a conversão para entrar em algum estabelecimento ou residência ou ainda acessar um cruzamento. No Recife, o modelo ganhou o nome de Faixa Azul. O município projetou 12 corredores de faixas exclusivas.

Já os monitores de tráfego, os amarelinhos, foram inspirados no Rio de Janeiro. Eles ajudam a ordenar o trânsito, mas não têm automomia para aplicar multas. No Recife, cerca de 450 monitores de tráfego já foram contratados pelo município e trabalham para tentar ordenar o trânsito da cidade.

Linguagem universal para o transporte público passa na Câmara

 

ônibus e paradas deverão ser numerados para facilitar acesso de deficientes visuais Foto Hélder Tavares DP/D.A.Press
ônibus e paradas deverão ser numerados para facilitar acesso de deficientes visuais Foto Hélder Tavares DP/D.A.Press

A Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados aprovou proposta que obriga o Poder Público a adotar uma linguagem universal no transporte púbico rodoviário para garantir a acessibilidade e a mobilidade de pessoas com deficiência.

O texto aprovado é um substitutivo ao Projeto de Lei 97/11, do deputado Walter Tosta (PSD-MG), que institui o Programa de Acessibilidade e Mobilidade Urbana. Segundo o texto, essa linguagem universal terá como base números e avisos sonoros e luminosos.

A proposta define que será necessário numerar todas as paradas de veículos coletivos. Dentro dos coletivos, devem ser instalados dispositivos capazes de identificar, em áudio e vídeo, cada ponto e o número da próxima parada.

Locomoção facilitada
A relatora do projeto, deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP), acatou o substitutivo aprovado pela Comissão de Viação e Transportes, que analisou a proposta anteriormente. Ela acrescentou uma pequena modificação para adequar a proposta ao termo “pessoas com deficiência”, expresso na Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da Organização das Nações Unidas (ONU).

Gabrilli acredita que adaptar as paradas e os ônibus significa facilitar a locomoção de todos os usuários de transporte público, e não apenas das pessoas com necessidades especiais.

“Por exemplo, uma sinalização na parada de ônibus indicando qual o horário do próximo veículo e seu destino. E, mesmo dentro do ônibus, as pessoas poderiam saber onde o ônibus está e que parada é aquela”, explica a parlamentar.

“Isso é imprescindível para uma pessoa que tem deficiência visual, para uma pessoa que não conhece o destino para onde está indo, uma pessoa distraída… Isso é bom para todo mundo”, avalia.

Projeto bem-vindo
Walter da Costa, de 76 anos, é deficiente visual e utiliza o transporte público com frequência. Ele conta que, no dia a dia, precisa ficar perguntando aos motoristas e passageiros quais são os ônibus e para onde cada um vai. O aposentado diz que o projeto é muito bem-vindo, mas que muita coisa ainda precisa melhorar.

“Ainda falta muita coisa pra acessibilidade. Eu acho que vai chegar em boa hora porque já estávamos na época para ter esse projeto em funcionamento, em evidência. O que vier para nós de acessibilidade é muito importante”, afirma.

Dificuldades
Aparecida de Fátima Guimarães é presidente do conselho diretor da Associação dos Deficientes Auditivo-Visuais e Deficientes Auditivos. Ela prevê dificuldades no cumprimento da mudança, caso o projeto vire lei.

“Tudo que gera custo requer um estudo maior, uma dificuldade maior”, observa. “Mas eu acho que hoje, como o respeito às minorias, o respeito às pessoas com deficiência vem crescendo. Eu creio que, com uma boa explicação, com uma boa dose de sensibilidade, eu acho que nós podemos estar encontrando um alinhamento e um ponto em comum.”

Tramitação
A proposta ainda precisa ser analisada, em caráter conclusivo, pelas comissões de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Fonte: Agência Câmara

Reserva de vagas de estacionamento no entorno do Palácio do Campo das Princesas é questionada pelo MPPE

Estacionamento em frente ao Palácio do Campo das Princesas, no Recife Foto Paulo Paiva SP/D.A.Press
Estacionamento em frente ao Palácio do Campo das Princesas, no Recife Foto Paulo Paiva SP/D.A.Press

Por

Raphael Guerra

O Ministério Público de Pernambuco impetrou ação civil pública na Justiça contra o governo do estado e a Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU), órgão da Prefeitura do Recife, por supostas irregularidades em relação às vagas de estacionamento no entorno da Praça da República, próxima ao Palácio do Campo das Princesas. O caso está sob análise da 5ª Vara Cível da Capital.

Na denúncia, a promotora Áurea Roseane Vieira, de Habitação e Urbanismo, afirmou que motoristas estão sendo proibidos de estacionar no local porque as vagas são reservadas pela Polícia Militar apenas para pessoas autorizadas. “A CTTU foi oficializada, mas não apresentou qualquer justificativa para sua conduta omissiva.” A Casa Militar, segundo a promotoria, alegou que a praça está “inserida no patrimônio do Palácio, não se constituindo em ruas as vias.”

“Não há qualquer dúvida acerca de que a praça é um bem de uso comum do povo. O estado não trouxe aos autos qualquer documento comprobatório de sua propriedade”, destacou a promotora, em documento enviado à Justiça. “Ficou comprovada a conduta abusiva e ilegal do governo do estado e a conduta negligente da CTTU”, completou.
Na ação civil pública, Áurea cita que a situação afronta a Política de Trânsito Nacional, e pede à Justiça que condene o estado, para que não proíba o estacionamento livre, e a CTTU, para que sejam retiradas as placas e sinalização na área. Solicita também multa diária de R$ 1 mil caso as medidas não sejam cumpridas.

Em nota, a Casa Civil contestou o MPPE. “De acordo com o Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, a região no entorno do palácio, entre a Ponte de Santa Isabel até a Ponte Buarque de Macedo, englobando a Praça da República, pertence ao Poder Executivo Estadual.”

Alegou ainda que o palácio “demanda, por si só, máxima proteção dispensada por parte da PM e da Casa Militar, o que já constituiria razão suficiente para restringir o estacionamento e parada de veículos pertencentes a pessoas não autorizadas”. A CTTU disse que “a utilização de determinadas vagas para carros oficiais e de funcionários do governo se dá por questão de segurança”.

Fonte: Diario de Pernambuco