A informação correta é uma ferramenta essencial na mobilidade. Não saber o roteiro dos deslocamentos, por exemplo, não só é perda de tempo, mas também razão de muito estresse. Quando foi criado o GPS (Global Positioning System), um dispositivo que teve origem no departamento de defesa dos Estados Unidos, cuja função é de identificar a localização de um determinado ponto no globo terrestre por meio do receptor, parecia que nenhum endereço ficaria mais desconhecido aos olhos dos sinais enviados por satélite.
E, de fato, do ponto de vista da capacidade do equipamento, ele até consegue fazer o seu papel. Mas há um outro viés, menos tecnológico, mas igualmente importante: a atualização dos dados nos mapas das cidades. É ai que o GPS acaba deixando muita gente na mão. E nem é culpa dele.
O Diario acompanhou o taxista Ricardo Paiva, 54 anos, em um trajeto relativamente simples do Centro do Recife ao bairro de Boa Viagem. A Rua Professor José Ferreira de Melo, que tem endereço cadastrado no mapa do GPS usado pelo taxista, deveria ter sido localizada sem maiores problemas, mas algumas situações escaparam da exatidão do equipamento.
Na Avenida Dantas Barreto, o sistema nos indicou a seguir em frente, mas o sentido não era permitido e o motorista fez a conversão à esquerda na Avenida Nossa Senhora do Carmo. Na altura do Cabanga, o GPS orientou mais uma vez a seguir em frente em um trecho onde houve alteração devido as intervenções da Via Mangue e mais uma vez o motorista seguiu orientação própria. Também em Boa Viagem, o GPS indicou pegar a Avenida Domingos Ferreira à esquerda para retornar ao Centro, mas a via sofreu modificação de sentido desde 2004.
Apesar das falhas, chegamos ao destino no número indicado no equipamento. “Mesmo com esses problemas, ele acerta em mais de 90% dos casos, se o CEP da rua estiver cadastrado no mapa. A gente só tem que prestar atenção para não entrar em uma rua com sentido diferente porque ele não consegue acompanhar as mudanças no trânsito”, disse o taxista.
E quando a rua não está cadastrada ou o GPS identifica uma via de mesmo nome em outro lugar e faz confusão nos endereços. Quem passou por uma experência semelhante foi o fotógrafo João Fernandes, 29 anos. Ele comprou um GPS para chegar a tempo aos eventos que costuma cobrir como free-lance e já passou por maus bocados. “Certa vez em precisei chegar a um evento e acabei me perdendo. O endereço não batia com o lugar que o GPS indicava. Eu tive que sair perguntando”, revelou.
Pontos fracos
A deficiência na atualização dos mapas é um dos pontos fracos da base de dados usada pelos navegadores que disponilizam o serviço por meio do GPS. Na capital pernambucana, somente em 2013 foram realizadas 20 intervenções que alteraram o sentido de várias vias.
“As empresas que fornecem os mapas digitais precisam fazer a atualização constantemente das informações, do contrário não funcionam adequadamente”, revelou o diretor da SegSat, Sérgio Baptista, cuja empresa faz rastreamento de veículo por meio do GPS. Apesar das limitações, o empresário defende o equipamento. “Antigamente muita gente viajava usando um mapa de revista e hoje em dia não é mais necessário”.
O cientista em computação André Ferraz comenta que a tendência é de haver melhora na qualidade dos sinais de satélite. “Atualmente o GPS depende dos satélites norte-americanos, mas já está sendo estudada a possibilidade de usar satélites russos”. Mesmo assim, segundo ele, a atualização dos mapas vai precisar ser feita de forma sistemática. “O usuário precisa aprender a escolher o tipo de navegador que oferece o serviço com a melhor atualização”, orientou.
Fonte: Diario de Pernambuco (Tânia Passos)