Um novo olhar para o transporte integrado fora dos terminais

 

Terminal da Macaxeira - Foto - Hélder Tavares DP/D.A.PressA estudante Thâmara Morais, 23 anos, nasceu no mesmo ano em que foram inaugurados os dois primeiros terminais integrados do Recife: PE-15 e Macaxeira. Sete anos anos antes dela nascer, o modelo do sistema integrado já havia sido idealizado.

A estudante Thâmara Morais faz duas integrações  por dia Foto - Alcione Ferreira DP/D.A.Press
A estudante Thâmara Morais faz duas integrações por dia Foto – Alcione Ferreira DP/D.A.Press

É graças a esse sistema de integração que Thâmara e um universo de quase um milhão de usuários paga apenas uma passagem por dia para se deslocar para qualquer município da Região Metropolitana do Recife. O modelo do SEI, uma criação genuinamente pernambucana, se tornou referência no país. Trinta anos depois, no entanto, especialistas discutem a necessidade de modernizar o sistema com integrações fora dos muros dos terminais.

Para chegar de sua casa na Várzea para a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde está concluindo o curso de Serviço Social, Thâmara faz duas integrações. Ao entrar no sistema pelo metrô, na estação Ipiranga, ela paga a tarifa de R$ 1,60. Na estação Barro, ela pega o ônibus até o terminal da Macaxeira e de lá a linha Barro/Macaxeira Várzea. “Às vezes demora mais de uma hora por causa do trânsito. Mas prefiro do que pagar duas passagens”, explicou.

Terminal Pelópidas Silveira, na PE-15, inaugurado em 2009 Foto Bernardo Dantas DP/D.A.Press
Terminal Pelópidas Silveira, na PE-15, inaugurado em 2009 Foto Bernardo Dantas DP/D.A.Press

A premissa básica do SEI de inclusão social permitindo uma única tarifa para o sistema é sua maior conquista. Mas outro fator começa a pesar e é determinante para atrair novos usuários: o tempo. Para o professor de engenharia da UFPE, Maurício Andrade, o SEI está falhando nesse quesito. “As pessoas estão perdendo muito tempo nas integrações e há um nível muito alto de desconforto”, afirmou.

A doméstica Maria do Carmo Queiroz, 51 anos, pega três ônibus por dia. Ela reconhece a vantagem de pagar só uma passagem, mas gostaria de encurtar as viagens. “Se pudesse ser pelo menos dois ônibus para chegar onde trabalho, seria melhor. Perco quase duas horas por dia para ir e voltar”, criticou.

O professor Maurício Andrade defende a criação de linhas diretas dentro do SEI com o objetivo de reduzir as integrações. “Para um determinado público, o tempo é mais relevante .Talvez esteja na hora de criar alternativas de linhas diretas, mesmo que o preço seja maior. A pesquisa de origem e destino que será feita poderá identificar se há demanda para esse tipo de serviço”, apontou.

Também defensor de modernizar o sistema, o diretor de planejamento do Grande Recife, Maurício Pina, sugere a integração fora dos terminais. “A essência do SEI deve ser mantida, mas devemos aproveitar o potencial tecnológico existente hoje e que não havia naquela época para que as integrações também possam ser feitas fora dos terminais”, afirmou.

 

Avenida Conde da Boa Vista funciona como um terminal de integração com passagem
Avenida Conde da Boa Vista funciona como um terminal de integração com passagem

Especialista em mobilidade o engenheiro Germano Travasso, que é um dos pais do modelo do SEI, explica que o sistema já previa a integração temporal. “o SEI previa integrações entre linhas convencionais. Para tal, era necessário consolidar primeiro a macro estrutura do sistema, os Corredores Estruturais, e só então promover integrações temporais entre as linhas remanescentes. Seria inadequado promover integrações generalizadas com a rede atual de linhas, cheia de irracionalidades. Caso venha a ser feito, aumentará as ineficiências e, consequentemente o valor das tarifas pagas pelos usuários”, afirmou.

Uma das estações do BRT em Obras - Foto - Nando Chiappetta
Uma das estações do BRT em Obras – Foto – Nando Chiappetta

Trinta anos e não ficou pronto

Os técnicos que idealizaram o SEI há 30 anos imaginaram uma metrópole cortada por sete radiais (vias verticalizadas) cruzando com quatro perimetrais (vias horizontais) e nas interseções os terminais integrados. Na década de 1990, foram construídos os sete primeiros terminais de integração dos 25 previstos. Na década seguinte, outros seis foram entregues, totalizando 13 em 20 anos.

Nos últimos dez anos, sete outros equipamentos foram inaugurados e outros cinco ainda estão em obras com previsão para este ano, depois de vários adiamentos. “Não se pode negar os investimentos que foram feitos nestes últimos anos para o transporte público depois de um longo período de abandono”, apontou Maurício Pina.

Mas há outras intervenções que também foram esquecidas. Das quatro perimetrais previstas até hoje há apenas a primeira. As perimetrais 2,3 estão com os projetos na prefeitura do Recife e a 4ª perimetral  localizada na BR-101 está com o estado. A obra chegou a ser licitada, mas  as obras não foram iniciadas.

Os desafios da mobilidade na Região Metropolitana do Recife

Desafio do transporte público em Pernambuco Foto Annaclarice Almeida DP/D.A.Press
Desafio do transporte público em Pernambuco
Foto Annaclarice Almeida DP/D.A.Press

Na primeira semana da nova gestão, o governo do estado teve que encarar o reajuste da tarifa do transporte público, o que não era feito desde janeiro de 2012. Com isso, o anel A passou de R$ 2,15 para R$ 2,45. Vencido o primeiro desafio, que veio acompanhado de algumas medidas para reduzir o impacto do aumento, como a exigência da renovação de parte da frota de ônibus e o anúncio da tarifa zero para os estudantes da rede estadual, começa agora o maior: tornar o sistema de transporte público mais eficiente nos próximos quatro anos.

Os desafios poderão ser grandes, uma vez que os investimentos possivelmente serão menores que no governo passado, que contou com o PAC Copa. O novo secretário das Cidades, André de Paula, o primeiro a declarar a necessidade de aumento da tarifa, tem pela frente a missão de terminar as obras dos dois corredores de transporte de BRT – Norte/Sul e Leste/Oeste -, a requalificação da PE-15, inclusive das ciclovias e melhoria dos passeios, continuidade das obras de navegabilidade e da via Metropolitana Norte.

Novo governo terá que concluir obras dos corredores de BRT Foto Teresa Maia DP/D.A.Press
Novo governo terá que concluir obras dos corredores de BRT Foto Teresa Maia DP/D.A.Press

Entre outros desafios estão a implantação de projetos que não saíram do papel, como o corredor da BR-101, conhecido com 4ª perimetral, também previsto para ser um corredor de BRT, e o ramal da Agamenon Magalhães. Será preciso ainda desatar o nó da Avenida Conde da Boa Vista e ressuscitar projetos para a Avenida Norte. “O maior desafio dessa gestão será manter a prioridade ao transporte público, aprimorando as soluções técnicas, pois existem problemas no sistema provocados por intervenções inadequadas do poder público”,  ressaltou o consultor em transporte público e especialista em mobilidade, o engenheiro Germano Travassos, que participou da elaboração do Plano Diretor de 2008.

Também especialista em mobilidade, o professor de engenharia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Maurício Andrade, também defende a conclusão das obras e ampliação das discussões antes de se implantar novos projetos. “O elevado da Caxangá trouxe um impacto muito grande para aquela área e não se discutiram os danos. O mesmo deve ser pensado em relação à BR-101, onde também estão previstos elevados”, criticou Maurício Andrade.

Consciente do tamanho da responsabilidade que tem pela frente, o secretário das Cidades, André de Paula diz que não tem medo de trabalho. “Nessa primeira semana cheguei aqui às 7h e saí às 23h. Vencida essa primeira etapa, eu digo que estou bastante motivado para as missões que teremos que encarar a partir de agora”, afirmou o secretário, que inaugurou outro estilo: as reuniões do Conselho Superior de Transporte (CSTM), realizadas para definir aumento das tarifas, vão passar a ocorrer a cada dois meses, para se discutir melhorias no sistema”, afirmou.

A espera pela melhoria do transporte a cada degrau - Foto - Ricardo Fernandes DP/D.A.Press
A espera pela melhoria do transporte a cada degrau – Foto – Ricardo Fernandes DP/D.A.Press

Pesquisa é fundamental

Um passo importante que o novo governo tomou para ter um diagnóstico do transporte público na Região Metropolitana do Recife foi o de retomar a realização de pesquisas. Dois estudos já estão previstos para traçar um cenário mais preciso do que existe hoje e do que poderá haver no futuro.

As pesquisas são de origem e destino, realizada pela última vez há 18 anos, e sobre a qualidade do transporte público, que abrangerá 17 questões, como regularidade das viagens, conforto e segurança. “Os dois estudos servirão de norte para o planejamento das ações no sistema. Poderemos saber se haverá, por exemplo, a necessidade de um corredor de transporte de grande capacidade”, revelou o engenheiro Maurício Pina, atual diretor de planejamento do Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano.

Para o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Urbana-PE), Fernando Bandeira, a retomada das pesquisas será importante para o aprimoramento do sistema. “A pesquisa de origem e destino poderá apontar, por exemplo, a necessidade de se ampliarmos a rede de transporte público. E isso é muito importante.”

 

Carona solidária e menos carro no entorno da Câmara de Deputados

 

Aplicativos simplificam a vida de caroneiros e motoristas, agregando economia e novas amizades ao dia a dia - Arte - Rafael Aderson/DP
Aplicativos simplificam a vida de caroneiros e motoristas, agregando economia e novas amizades ao dia a dia – Arte – Rafael Aderson/DP

Projeto de mobilidade sustentável da Câmara dos Deputados, conhecido como MOB-Carona Solidária, quer aproveitar melhor as vagas para carros nos arredores da Casa. Funcionando desde o último dia 15 de dezembro, o programa funciona por meio de um aplicativo on-line, em que servidores e funcionários terceirizados da Câmara podem pedir e oferecer caronas.

Aqueles que adotarem o projeto terão acesso a vagas mais próximas da Câmara. Além de economizar com combustível e peças para o carro, o participante também estará contribuindo na diminuição de emissão de gases poluentes para a atmosfera.

O único requisito para participar do programa é o carro ter no mínimo três pessoas (funcionários da Câmara), contando com o motorista.

Melhoria no trânsito
Na opinião do especialista em segurança do trânsito e professor da Universidade de Brasília (UnB) Davi Duarte, a iniciativa da Câmara é louvável e deveria ser copiada por outros órgãos públicos e empresas privadas.

”Este tipo de iniciativa pode servir de exemplo para outras empresas e mesmo para conjuntos de empresas que possam se reunir em consórcios. Essa forma de colaboração para melhorar o trânsito é, de fato, uma boa iniciativa”, disse.

Vagas disponibilizadas
Atualmente, existem 17 vagas destinadas aos participantes do Carona Solidária, mas a expectativa é que esse número dobre ao fim do primeiro semestre e, no futuro, chegue a 250.

Segundo um dos responsáveis pelo projeto, William França, que faz parte da diretoria administrativa da Câmara, a possível mudança de regras para acesso a vaga privativa e algumas outras medidas devem ser fatores importantes para mais servidores se interessarem pelo programa.

”Já tem um anteprojeto de ato da Mesa sendo avaliado pela alta direção da Casa, que muda as regras de quem tem privilégio a vaga privativa. Essa mudança será considerável. Paralelamente a isso, temos alguns estacionamentos que hoje são públicos ou compartilhados, mas são de propriedade da Câmara, e pretendemos aos poucos, dentro dessa necessária mudança cultural, ampliar o programa.”

Menos gastos
Um dos usuários do Carona Solidária, o servidor Daniel Carvalho, morador de Águas Lindas de Goiás (GO), município próximo ao Distrito Federal, conseguiu reduzir seus gastos com a iniciativa de transporte solidário. “Estou gastando um quarto do que gastava mensalmente com gasolina. Gastava R$ 600,00 e, agora, apenas R$ 150,00, então é muito viável para mim”, declarou.

Também tramita na Câmara dos Deputados um projeto de lei (PL 8074/14) que promove o transporte solidário em todo o território nacional e inclui, no calendário do governo federal, o Dia do Transporte Solidário. Esse projeto ainda precisa ser analisado por comissões e pelo Plenário.

Fonte: Agência Câmara

Estudo medirá qualidade do transporte público na RMR

 

Terminal Pelópidas Silveira, na PE-15, inaugurado em 2009 Foto Bernardo Dantas DP/D.A.Press
Terminal Pelópidas Silveira, na PE-15, inaugurado em 2009 Foto Bernardo Dantas DP/D.A.Press

No momento em que se discute o aumento da tarifa de ônibus na Região Metropolitana do Recife, há outro ponto, talvez o mais importante, que não pode ser esquecido: a qualidade do serviço. Além da pesquisa de origem/destino, que será licitada pelo Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano para nortear futuros investimentos, também será feito, a partir de março, um diagnóstico da qualidade do sistema.

O Recife será a primeira capital brasileira contemplada com o estudo da Corporação Andina de Fomento (CAF), uma ONG latino-americana que pesquisará junto ao usuário os pontos positivos e negativos de toda a cadeia. Serão analisados 17 atributos, incluindo tempo de espera, segurança, condições das paradas e terminais, atendimento dos profissionais, condições dos veículos e segurança.

Eliseu Bandeira elogia a estrutura do Terminal Pelópidas, mas reclama da demora Foto - Bernardo Dantas DP/D.A.Press
Eliseu Bandeira elogia a estrutura do Terminal Pelópidas, mas reclama da demora Foto – Bernardo Dantas DP/D.A.Press

A pesquisa, que já foi feita em Buenos Aires, Argentina, irá contemplar agora o Recife e Lima (Peru). “Essa pesquisa estava prevista para ser feita em Bogotá (Colômbia), mas conseguimos trazê-la para o Recife. Será importante termos esse retrato nos 14 municípios da RMR”, ressaltou Maurício Pina, diretor de Planejamento do Grande Recife.

Terminal de Sítio Novo, em Olinda foi improvisado em paradas de ônibus. Foto - Bernardo Dantas DP/D.A.Press
Terminal de Sítio Novo, em Olinda foi improvisado em paradas de ônibus. Foto – Bernardo Dantas DP/D.A.Press

Não é difícil imaginar as respostas dos usuários. Sempre haverá o que melhorar, mas há situações piores que outras. O Diario visitou, ontem, três tipos de terminais de ônibus na RMR. No corredor Norte/Sul, por onde passa o BRT, visitamos o Pelópidas da Silveira, inaugurado em 2009. As instalações não estão entre as maiores críticas, mas sim o longo tempo de espera. “Os ônibus são bons e aqui tem BRT. A demora poderia ser menor”, diz Eliseu Bezerra, 55 anos.

Fora dos terminais do Sistema Estrutural Integrado (SEI), a situação é mais complicada. Em Jardim Brasil 2, Olinda, a estrutura tem pouco espaço para o usuário. “Os ônibus poderiam ser mais confortáveis. Não têm ar-condicionado. O terminal também não é bom”, avalia Rafael Martins, 25, estudante.

A cozinheira Rafaela Ferreira reclama da estrutura do Terminal de Sítio Novo Foto: Bernardo Dantas DP/D.A.Press
A cozinheira Rafaela Ferreira reclama da estrutura do Terminal de Sítio Novo Foto: Bernardo Dantas DP/D.A.Press

Mas há situações piores. Em Sítio Novo, Olinda, os ônibus ficam na rua. “O terminal é ruim, os ônibus são velhos e faz muito calor. Também demora muito”, reclama Rafaela Ferreira, 26, cozinheira.

A reunião que definirá o valor da passagem, no Conselho Superior de Transporte, está prevista para amanhã, às 8h. Mas o Ministério Público se reunirá hoje com o Grande Recife para pedir adiamento e maior discussão com a sociedade.

Saiba Mais

Conheça os 17 atributos que serão analisados na pesquisa da CAF

8 atributos (serviço):
–    Rapidez
–    Tarifa
–    Conforto
–    Segurança (acidente/ violência)
–    Confiabilidade
–    Intervalo
–    Desvios de rotas
–    Informações

2 atributos sobre o pessoal de operação:
–    Prudência na condução do veículo
–    Boa apresentação (asseio, uniforme)

4 atributos sobre as estações e paradas:
–    Higiene
–    Comodidade
–    Sistema de informações
–    Compra de bilhete de passagem

3 atributos sobre os veículos:
–    Comodidade (assento, iluminação)
–    Informação ao usuário no interior do veículo
–    Acessibilidade aos veículos

Fonte: Corporação Andina de Fomento

Região Metropolitana do Recife terá pesquisa de origem e destino

Engarrafamento Recife Foto - Blenda Souto Maior DP/D.A.Press
Engarrafamento Recife Foto – Blenda Souto Maior DP/D.A.Press

Foi há 18 anos que a Região Metropolitana do Recife teve a sua última pesquisa de origem/destino. Em 1997, quando foram coletados os dados, a frota da RMR era de menos de 500 mil veículos. Em menos de duas décadas o número de veículos cresceu quase três vezes. A pesquisa, no entanto, foi a principal base para a elaboração do Plano Diretor de Transporte Urbano (PDTU) de 2008, que estabeleceu as linhas dos investimentos que resultaram, por exemplo, nos dois corredores exclusivos de ônibus do sistema BRT. O Norte/Sul e o Leste/Oeste, ainda em implantação.

A ausência de uma nova pesquisa, que fornece o retrato dos diversos tipos de deslocamentos, sempre foi um ponto fora da curva no planejamento das obras de mobilidade. O Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano anunciou, apóos quase duas décadas, que irá licitar o estudo até março. “Já recebemos sinal verde do governador e do secretário das Cidades, André de Paula. O termo de referência foi feito e esperamos que até o início do próximo semestre a pesquisa esteja concluída”, afirmou o presidente do Grande Recife, Francisco Papaleo.

A pesquisa foi uma das sugestões apresentadas pelo novo diretor de planejamento do Grande Recife, Maurício Pina, também professor de engenharia da UFPE. Ele sempre criticou a falta de dados de deslocamento para planejar as ações futuras. “Nós temos dois corredores de BRT, mas é provável que a RMR já necessite de mais transporte de maior capacidade, como o metrô e a pesquisa vai poder nos mostrar isso.”

Além do aumento da frota, também surgiram polos de tráfego que mudaram a lógica dos deslocamentos. Quem poderia prever o fenômeno de Suape ou o polo industrial de Goiana? “Teremos o Arco Metropolitano, os corredores de BRT, o ramal da Agamenon. Isso tudo mudo as formas de deslocamento”, ressaltou Francisco Papaleo.

Para o coordenador no Nordeste da Agência Nacional de Transportes Públicos, César Cavalcanti, a pesquisa trará um diagnóstico. “Essas informações são fundamentais para o planejamento das ações futuras. As cidades estão completamente mudadas.”
Ainda segundo o especialista, é importante também saber como o pedestre e o ciclista estão se deslocando. “As políticas públicas para os meios de transporte não motorizados devem ter como instrumento esse público, quase sempre esquecido”, declarou.
Como era e como é o cenário da RMR

Veículos
1997 – Frota de veículos na RMR era de 489.476
2015 – Frota de veículos na RMR é de 1.229. 682

População
1997 – População da RMR era de 2,9 milhões (Censo de 1990)
2015 – População da RMR é de 3,6 milhões (Censo de 2010)

Obras de mobilidade previstas no PDTU de 2008
Corredor exclusivo de ônibus Norte/Sul
Corredor exclusivo de ônibus Leste/Oeste
Corredor exclusivo de ônibus na BR-101 (4ª Perimetral) não implantado
Arco Metropolitano (não implantado)
2ª e 3ª Perimetrais (não implantadas)

Fonte: IBGE e PDTU

 

Tarifa de ônibus no Recife poderá ficar em R$ 2,30 com IPCA de 6,6%

 

Ônibus que circulam no Grande Recife deverão sofrer reajuste nas passagens Foto - Roberto Ramos DP/D.A.Press
Ônibus que circulam no Grande Recife deverão sofrer reajuste nas passagens Foto – Roberto Ramos DP/D.A.Press

O aumento no valor das passagens de ônibus na Região Metropolitana do Recife em 2015 parece ser consenso entre governo e empresários do setor. Falta definir, no entanto, o percentual. Os empresários pedem reajuste de 24%, que elevaria a tarifa do anel A de R$ 2,15 para R$ 2,67.

Já o presidente do Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano, Francisco Papaleo, empossado ontem no cargo, quer usar como base o Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA), que ainda não foi divulgado, mas deverá ficar em torno de 6,6%. A passagem iria para R$ 2,29, podendo ter o valor arredondando pela Agência de Regulação de Pernambuco para R$ 2,30.

Essa margem elástica abre espaço para discussões e motiva um início de resistência. Em reunião realizada na noite de ontem, a Frente de Luta pelo Transporte Público marcou para a sexta-feira, às 8h, um protesto em frente à sede do Grande Recife, em Santo Antônio. O objetivo é impedir a realização de uma reunião do órgão sobre a tarifa. “Não será reajuste.É, na verdade, uma recomposição do IPCA, que já era uma prática no governo Eduardo Campos e que será mantida no governo de Paulo Câmara”, afirmou Papaleo.

Presente à posse do novo presidente do Grande Recife, o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Urbana-PE), Fernando Bandeira, pretende iniciar as conversas sobre o futuro reajuste ainda esta semana. “Nossa expectativa é de agilizar as discussões. Nós estamos com um déficit insustentável no sistema”, revelou.

Abrir as contas do sistema é o que o defende a Frente. De acordo com Pedro Josephi, integrante do grupo, há um total desconhecimento sobre a receita e despesa do setor. “Nós defendemos uma auditoria no sistema. Pretendemos acionar o MPPE para que os empresários mostrem as contas e justifiquem o aumento.”

Saiba mais:

Como é como pode ficar o valor da tarifa na RMR
Anel A (responde por 70% do sistema)
R$ 2,15 é a tarifa atual
R$ 2,67 é a tarifa proposta pelos empresários (24% de aumento)
R$ 2,30 é a tarifa pelo IPCA (em torno de 6,59%) defendida pelo governo

Conheça algumas cidades onde já houve reajuste
Rio de Janeiro
De R$ 3,00 para R$ 3,40 – aumento de 13,3%

São Paulo
De R$ 3,00 para R$ 3,50 – aumento de 16,7%

Salvador
De R$ 2,80 para R$ 3,00 – aumento de 7,1%

Conheça as desonerações do sistema de transporte em Pernambuco

IPVA PE – 1% sobre o valor do veículo
ISS – Reduziu de 5% para 2% sobre o faturamento
RST (Remuneração por Serviços Técnicos) – 5,5% sobre o faturamento
COFINS – 3% (cobrança suspensa, atualmente está em 0%)
PIS – 0,65% (cobrança suspensa, atualmente está em 0%)
CSLL – 12% (Contribuição Social sobre Lucro Líquido)
Contribuição social – reduziu 2% sobre o faturamento
Encargos sociais – 70% sobre o salário. Não houve redução

* Tributos incidentes sobre os insumos (pneus, peças e acessórios, combustível), ICMS, IPI, PIS, COFINS

Fonte: Urbana-PE

 

Novas regras para ônibus intermunicipais em 2015

 

Sistema de transporte das linhas intermunicipais vai se adequar à licitação Foto Ricardo Fernandes DP/D.A.Press
Sistema de transporte das linhas intermunicipais em Pernambuco terá que se se adequar à licitação – Foto Ricardo Fernandes DP/D.A.Press

 

A Região Metropolitana do Recife teve uma licitação para linhas de ônibus do Sistema de Transporte Público de Passageiros (STPP) que pode não ter sido exatamente como se esperava. Mas, de uma forma ou de outra, a população teve conhecimento dos pontos positivos e negativos de um processo que deixou de fora, por exemplo, cerca de 70% dos ônibus do sistema quanto à obrigatoriedade de ter refrigeração.

Mas há uma outra licitação que pouco se falou ou se sabe a respeito. Trata-se da licitação para as linhas intermunicipais sob a responsabilidade da Empresa Pernambucano de Transporte Intermunicipal (EPTI). O público, em geral, já está acostumado a cobrar ações da empresa Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano, no âmbito metropolitano, mas dificilmente associa a EPTI ao transporte intermunicipal, até agora.

A questão, no entanto, não está na falta de visibilidade da empresa em si, mas das implicações do processo licitatório para quem utiliza o sistema. Só em termos comparativos, a licitação da RMR foi dividida em sete lotes. Para o restante do estado, a licitação da EPTI prevê apenas três lotes. Das 20 empresas que atuavam no transporte intermunicipal, apenas cinco deverão permanecer. Isso vai implicar em melhoria ou não para o serviço? O fato é que já há uma denúncia junto ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e é importante que se investigue mesmo para saber o que será melhor para a população.

Seja mais gentil em 2015 e perdoe as grosserias no dia a dia do trânsito

A gentileza no trânsito reduz o estresse Foto - Reprodução/internet
A gentileza no trânsito reduz o estresse Foto – Reprodução/internet

 

Um novo ano começa e com ele novas esperanças de que o ano que se inicia seja melhor que o anterior. E pode ser. Mas também depende de ações de cada um de nós. E se pensarmos bem, a capacidade de perdoar deve ser um exercício diário em todos os aspectos da nossa vida.

Como seria, por exemplo, o trânsito se fôssemos mais tolerantes. Não levando em conta aquela ocasião em que um certo motorista tentou ser mais “esperto” e passou na nossa frente, ou que estacionou na calçada ou em uma via impedindo a fluidez do tráfego e do pedestre. Antes de atirarmos a primeira pedra é importante lembrarmos que em algum momento das nossas vidas podemos ser esse motorista. E isso ocorre todas as vezes que as nossas necessidades vêm em primeiro lugar em detrimento do coletivo.

Uma boa forma de fazer diferente em 2015 é pensar primeiro no próximo e dar bons exemplos. A gentileza no trânsito é uma arma poderosa. Imagine a cena do mesmo motorista espertinho passando na sua frente e ao invés de criticá-lo, você oferece a vez. As chances dele perceber a gentileza são muito maiores do que uma buzinada no ouvido.

Mas sei que não é fácil. E dependendo do dia é quase impossível. Ainda mais no trânsito onde todo mundo tenta chegar a algum lugar. Às vezes a vontade mesmo é de baixar o vidro e soltar a voz. Os resultados, quase sempre, são os piores possíveis e não por acaso muita briga de trânsito termina em morte. Mas não é assim que quero terminar o primeiro comentário do ano de 2015, prefiro acreditar na esperança de que podemos ser pessoas melhores para as outras pessoas e esperar que elas também sejam para outras.

O perdão deve ser estendido para além das fronteiras de nossos lares e local de trabalho. É o que chamo de “perdão urbano”, mas claro que não há fronteiras para o perdão. Ele deve fazer parte de nosso cotidiano onde quer que estejamos. Feliz 2015!

Estação do novo traçado urbano do metrô de Paris tem desenho de brasileira

estacao paris2A arquiteta carioca Elizabeth de Portzamparc bateu nomes de gigantes como Norman Foster e outros e ganhou este mês o concurso para construir a nova estação de metrô Le Bourget, em Paris, orçada em 86 milhões de euros e com cerca de 7 mil metros quadrados de construção.

A estação de Le Bourget integra metrôs e trens e é parte do novo traçado urbano de Paris, denominado Grand Paris Express (GPE), que cria novos bairros e moderniza a rede de transportes existente – todo o atual sistema de metrô de Paris será renovado em 15 anos. Ao todo, serão 205 km de linhas e 17 novas estações até 2030 – as estações serão conectadas aos aeroportos e ao principal trem de grande velocidade (o TGV).

Le Borget abrigará um metrô automático. As outras estações já em construção são Villejuif, Noisy-Champs e Clichy-Montfermeil, cujo design foi assinado pelos arquietos Enric Miralles e Benedetta Tagliabue, de Barcelona.

Le Bourget é sede do mais antigo aeroporto de Paris e também abriga o Musée de l’Air et de l’Espace, que conta a história da aviação pioneira francesa. “Por causa disso, a estação evoca uma sensação de voo, como se o edifício flutuasse. Também é um projeto de muita funcionalidade”, disse Elizabeth ontem.

O desenho de Elizabeth, sócia do escritório Elizabeth & Christian de Portzamparc (AECDP), mostra espaços em dois níveis, iluminados por uma fachada semi-transparente e de gigantesco pé alto, que atravessa toda a parede exterior. Elizabeth buscou uma noção de espaço “habitável”, aconchegante, para a construção, usando materiais reciclados e cores quentes, além de uma “forte presença da natureza”. As plataformas subterrâneas seguem o princípio do “total flex”, no qual as estruturas interiores são flexíveis e permitem a mudança de uso do espaço no futuro.

Fonte : Portal Mobilize

Confira também o especial Mobilidade pelos trilhos na França

CTTU usa simulação para alterar rotas no Recife e encontrar melhor caminho

 

Trânsito congestionado na Avenida Abdias de Carvalho Foto Ivan Melo Especial Dp/D.A.Press
Trânsito congestionado na Avenida Abdias de Carvalho Foto Ivan Melo Especial Dp/D.A.Press

Para evitar que as ruas se transformem em laboratórios urbanos, uma importante ferramenta que está em uso pelos técnicos da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU) é o simulador de tráfego. A tecnologia permite, por meio de um software, analisar os impactos na circulação antes que se mude qualquer placa do lugar. Atualmente, os técnicos estão trabalhando na simulação de intervenções em seis pontos da cidade, entre eles, Casa Forte e Ilha do Leite. Mas há lugares como Parnamirim, onde os técnicos já lavaram as mãos. O que fazer em ruas saturadas em todos os lados?

Avenida Leonardo Cavalcanti, em Casa Forte, terá trânsito alterado Foto - Bernardo Dantas DP/D.A.Press
Avenida Leonardo Cavalcanti, em Casa Forte, terá trânsito alterado Foto – Bernardo Dantas DP/D.A.Press

A tecnologia é eficaz à medida em que ajuda na criação de cenários possíveis. A CTTU fez uso dela pela primeira vez na Via Mangue. No local, foram feitas 20 simulações que identificaram problemas graves de congestionamento na pista Leste, prevista para fazer a circulação no sentido Zona Sul/Centro. A orientação foi de não abrir a pista para o tráfego e até hoje ela está sem uso. No caso da Via Mangue, a obra já estava pronta. O ideal é que a simulação seja feita antes das intervenções.

Técnicos da CTTU trabalham com simulador para melhorar trânsito no Recife Foto; Annaclarice Almeida DP/D.A.Press
Técnicos da CTTU trabalham com simulador para melhorar trânsito no Recife Foto; Annaclarice Almeida DP/D.A.Press

Cada cenário analisado amplia ou reduz as possibilidades de melhoria no tráfego. Outro desafio da equipe é trabalhar apenas com a logística.“Temos aumento do tráfego, temos pontes e rios e o desafio de mudar sem obras. No Parnamirim não há simulação que melhore o cenário existente”, avaliou a gerente de planejamento de mobilidade da CTTU, Sandra Barbosa.

Um dos nós a desatar fica no bairro de Casa Forte. A Rua Leonardo Cavalcanti, que desemboca na Avenida 17 de Agosto, recebe um grande fluxo e trava na saída. Os técnicos identificaram a necessidade de ampliar de duas para quatro faixas a saída da via nas imediações da Praça. “Não vamos intervir na praça, mas vamos fazer algumas modificações no gelo baiano para ampliar a capacidade de fluidez”, revelou Sandra Barbosa. “Também estamos criando outras opções de circulação para os motoristas evitarem a Leonardo Cavalcanti”, revelou.

Na Ilha do Leite, a simulação apontou a necessidade de inverter o trânsito na Rua Frei Matias Teves com a Estrada de Israel. “O trânsito ficará mais organizado, mas não houve um aumento da velocidade. Ainda estamos trabalhando outras simulações”, explicou o técnico Cristiano Resende, da Imtraff, empresa de consultoria de Belo Horizonte, em parceria com a CTTU.