Por
Marcionila Teixeira
O sistema BRT ainda nem foi totalmente implantado no estado, mas sua estrutura já amarga prejuízos da depredação e do descaso com a manutenção do bem público. Dados do Consórcio Grande Recife revelam um número preocupante: de um total de 37 estações em funcionamento nos dois corredores de transporte, 31 já apresentam algum dano, ou seja, 83,8%. A manutenção das estações em operação é de responsabilidade do consórcio. Até agora, no entanto, a empresa não investiu qualquer valor na recuperação dos danos. O pior: não há previsão para início das reformas. Algumas delas exigem licitação, como a troca de vidros quebrados.
Segundo o consórcio, as primeiras paradas passaram para os cuidados da empresa em julho do ano passado. Ao todo, 17 estações do Norte/Sul e 14 do Leste/Oeste já sofreram atos de depredação. Os registros apontam principalmente vidros quebrados, além de pichações e quebras de quadro de aviso. “90% dos vidros das estações de BRT são laminados, que não são facilmente encontrados no mercado. Os vidros vêm da região Sudeste e, como todo órgão público, a partir de valores maiores, temos que fazer um processo licitatório público para aquisição”, diz um trecho da nota enviada pela assessoria de imprensa do Grande Recife.
Enquanto isso, na Estação Riachuelo, na rua de mesmo nome, na Boa Vista, os vidros estão rachados nos dois lados da estrutura pertencente ao corredor Norte/Sul. Segundo funcionários, adolescentes em situação de rua jogaram pedras contra os vidros há cerca de seis meses. “Eu não estava aqui, mas falaram que ainda era cedo da noite quando os meninos fizeram essa bagunça”, comentou um jovem que trabalha no local.
A poucos minutos dali, outra estação do Leste/Oeste, a Tacaruna, na Avenida Cruz Cabugá, em Santo Amaro, foi danificada pela ação de um motorista de caminhão. “Por esse lado da via somente é permitida a passagem de BRT, mas os caminhões insistem em passar. Esse era muito alto e levou um pedaço do teto”, comentou uma funcionária. Do outro lado, parte do teto também já caiu, deixando buracos à mostra. O mesmo problema com o teto é verificado na Estação do Derby, que compõe o corredor Leste/Oeste.
Pichações e pó acumulado durante meses nos vidros da estação de BRT São Francisco de Assis, em Paulista, é outra prova da falta de cuidado com o espaço público. A estação ainda não foi sequer inaugurada e por isso sua manutenção ainda é de responsabilidade da Secretaria das Cidades.
Os buracos do sistema
com as obras inacabadas
No corredor Leste/Oeste, o primeiro consórcio responsável pela obra do corredor formado pela Servix e a Mendes Júnior, paralisou as obras desde janeiro deste ano, após problemas financeiros resultado do envolvimento na Operação Lava Jato. De acordo com a Secretaria das Cidades, o governo optou por uma nova licitação e uma empresa que apresentou proposta está com os documentos sendo analisados. “ Até a próxima semana, concluiremos a análise e homologaremos a licitação”, afirmou Gustavo Gurgel, secretário executivo da pasta.
No corredor Leste/Oeste, o secretário explicou que ainda estão pendentes os terminais da 3ª e 4ª perimetral, a conclusão de seis estações da Avenida Conde da Boa Vista, a Estação Benfica, além das quatro estações de Camaragibe. Toda a obra está sem previsão de entrega.
No corredor Norte/Sul, a Estação Complexo do Salgadinho, que está pronta, ainda necessita de conclusão do sistema viário do entorno. Já o terminal Abreu e Lima, faltam a ligação de energia e água e o ajuste no portão de acesso. As duas obras estão previstas para o final do ano.
Saiba mais:
Diagnóstico atual dos dois corredores de BRT
37 é o total de estações em operação nos dois corredores
31 estações já sofreram algun tipo de dano
83,8 % das estações foram danificadas em um ano de operação
R$ 2 milhões foi o custo de construção de cada estação de BRT
R$ 20 mil é o custo para manter cada estação em operação
* Consórcio não fez nenhum reparo nas estações danificadas desde que assumiu a operação do sistema há um ano
O que está operando e o que ainda falta operar:
Leste/Oeste:
Hoje
15 estações em operação
3 linhas
60 mil passageiros
Futuro
27 estações
7 linhas
155 mil passageiros
Norte/Sul:
Hoje
22 estações em operação
5 linhas
50 mil passageiros
Futuro
28 estações
8 linhas
180 mil usuários
Fonte: Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano