A união de metrô e bike

 

 

Diario de Pernambuco

Por Tânia Passos

 

Uma tendência mundial começa a ser incluída aos poucos no sistema de metrô do Recife: a integração da bicicleta com o transporte ferroviário. É bem verdade que, em matéria de infraestrutura, ainda estamos muito no início, mas já se vislumbra a integração, a exemplo do que ocorre no metrô de São Paulo. Há pelo menos duas maneiras de se estabelecer o elo da bicicleta com o metrô: a primeira é usar bicicletários para quem quiser deixar a bike estacionada e seguir de metrô. Aqui ainda não dispomos de bicicletários. A outra é o ciclista entrar com a bicicleta no trem. Em São Paulo, essa prática já é permitida, de segunda à sexta, a partir das 20h, e no sábado, a partir das 14h e domingos e feriados o dia todo. No Recife, por enquanto, só o fim de semana, no mesmo esquema de São Paulo.

Foi na estação central do metrô Recife que encontramos o ciclista Dauziley Fonseca, 44 anos, maquinista do metrô. Ele mora no bairro San Martin, Zona Oeste do Recife, e vai de casa para o trabalho de bicicleta. “Gasto em média 20 minutos, mas se fosse de ônibus perderia mais tempo com certeza”, revelou. O ciclista faz o seguinte percurso: Avenida 21 de abril, Avenida Sul, Rua da Concórdia e estação do metrô. Ou ainda Avenida Abdias de Carvalho, cruza Avenida Agamenon, passa pelos Coelhos, Imip, Ponte de Ferro, Rua da Concórdia e estação. “Mesmo enfrentando um trânsito sem ciclovia e onde os carros não respeitam o ciclista, prefiro a bicicleta do que o ônibus”.

Na estação do metrô onde trabalha, Dauziley tem permissão para guardar a sua bicicleta na ausência de bicicletário. “A minha sorte é que sou funcionário e o pessoal permite que eu guarde a bicicleta, mas quando houver bicicletários muita gente vai poder usar mais o metrô integrado com a bicicleta”, avaliou.

Bicicletários

Das 38 estações do metrô do Recife, apenas a de Santa Luzia dispõe de um bicicletário, resultado de uma experiência que foi abandonada por uma empresa terceirizada. Mesmo assim, o espaço até hoje é usado para estacionamento de bicicleta. “Há um potencial enorme para ser explorado. E não é preciso grandes investimentos. É uma questão de mudar o olhar e perceber que a bicicleta é também um meio de transporte”, afirmou o cientista social José Augusto de Lima Souza, que desenvolveu uma pesquisa sobre o tema.

De acordo com o secretário das Cidades, Danilo Cabral, todos os terminais de integração irão dispor de bicicletários. “Os 14 Terminais Integrados que estão sendo construídos pela Secretaria das Cidades terão bicicletários com capacidade para atender no mínimo 15 bicicletas por equipamento. Além disso, também iremos implantar bicicletários nos terminais que já estão em operação”, afirmou.

No Terminal de Igarassu, onde há um potencial local do uso da bicicleta, os ciclistas improvisam um estacionamento.  Para a implantação dos bicicletários, a Secretaria das Cidades está investindo R$ 350 mil, o que irá garantir a inclusão de 318 vagas exclusivas para as bicicletas. É uma parte do que ainda precisa vir, acesso seguro e ciclovias. “É preciso olhar a bicicleta como meio de transporte”, ressaltou o presidente da Ong Instituto Parada Vital, Ismael Caetano

Blog e coluna: plantando mobilidade

 

Há 10 anos, a palavra mobilidade não era tão conhecida como é hoje. É mais ou menos a mesma lógica da palavra ecologia, tão difundida em todo o mundo. De substantivo ganhou o “status” de advérbio, qualquer um pode ser hoje “ecologicamente” correto. Apesar de estar em moda, a mobilidade ainda não alcançou esse grau de compreensão. Quem sabe daqui a 10 anos, seremos “mobilidamente” corretos.

O fato é que tanto quanto a ecologia, a questão da mobilidade parte da consciência cidadã. Assim como preservar a natureza, respeitar os espaços do outro seja nas vias, calçadas ou ciclovias, ou ainda preservar a iluminação pública, não estacionar em locais impróprios já seria um começo para alcançar um estágio que ainda estamos longe de conquistar.
Essa década, no entanto, talvez seja a que mais se falou em mobilidade. Hoje sabemos o que queremos e precisamos, mas além das intervenções dos gestores públicos, a participação de cada um é imprescindível dentro da dinâmica dos deslocamentos. Denunciar abusos como a aprovação de projetos que poderão trazer impactos desastrosos na circulação é uma das nossas obrigações enquanto “mobílicos”. Na primeira coluna do Diario sobre Mobilidade Urbana, fica o convite para reflexão, sugestões e cobranças. O plantio da mobilidade começa agora e cada um deve regar a sua parte.

Quinze minutos para se livrar do caos

 

Diario de Pernambuco

Por Tânia Passos

Não são os 15 minutos de “fama” que irão mudar a sua vida. Mas, talvez, os 15 minutos que você poderá aprender a usar na hora de programar seus deslocamentos. O tempo pode parecer pequeno, mas faz toda a diferença entre encontrar uma janela de escape nos horários de pico ou ficar preso nos engarrafamentos gastando até o triplo do tempo que levaria, se os tais 15 minutos tivessem sido levados em conta. Entender essa lógica é fazer a leitura do comportamento das vias. Cada uma tem o seu próprio tempo e fluidez e precisamos mais do que nunca conhecer a nossa janela de “salvação”.

O principal termômetro para avaliar a fluidez de uma via é a velocidade dos carros. A Companhia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU) registra o volume de tráfego e velocidade nos principais corredores e os números mostram o que os motoristas conhecem na prática. Para se ter uma idéia, às 6h na Avenida Boa Viagem, a velocidade chega a 60 km/h. Nesse mesmo horário, a Avenida Rui Barbosa apresenta uma velocidade média de 28km/h. A variação em minutos nas duas vias é mais perceptível antes das 7h. No caso de Boa Viagem, a diferença de 15 minutos faz uma diferença enorme. Na Rui Barbosa, a variação dos 15 minutos, entre 7h e 10h significa um ganho de velocidade que varia de 6km/h a 16km/h. Um caos, sem muita trégua.

Já na Avenida Boa Viagem, as chances de encontrar janelas de fuga são maiores. A advogada Maria Paula Magalhães, 29 anos, sabe bem que sair quinze ou vinte minutos mais tarde pode fazê-la passar menos tempo no trânsito. Moradora do bairro de Boa Viagem, ela trabalha na Ilha do Leite, no centro expandido, e deve bater o ponto às 9h. A princípio, ela saía de casa por volta das 7h40, 7h45. “Era terrível, pois eu perdia muito tempo no engarrafamento e acabava chegando no trabalho faltando quinze minutos para às 9h”, explica Paula.

Foi por acaso, que ela descobriu a janela de escape. Por causa de um atraso, saiu de casa às 8h15 e chegou ao trabalho 35 minutos depois. “Eu achei que fosse chegar ao trabalho quase às 9h20, mas para minha surpresa, cheguei quase no mesmo horário, por volta das 8h50”, revelou. Paula ficou curiosa com o bom resultado e decidiu tentar uma segunda vez sair de casa para o trabalho às 8h15. Novamente, ela levou cerca de 35 minutos.

Na janela do tempo não é apenas o horário que deve ser levado em conta, mas também a faixa. Algumas são mais velozes que outras. Para se ter uma ideia, às 8h15, a maioria dos carros está a uma velocidade entre 20km/h e 30kms/h, mas nesse horário é maior a quantidade de carros que chegam a 40km/h. “É importante que as pessoas conheçam bem como funciona o trânsito dos seus bairros. Dez ou quinze minutos é o tempo necessário para que um engarrafamento se forme ou desapareça”, afirma Marcos Araújo, gerente de fiscalização da CTTU. Segundo ele, em alguns casos, sair de casa às 7h40 ou às 8h faz uma grande diferença no percurso. (Colaborou Filipe Falcão)

Coluna mobilidade urbana estreia no Diario de Pernambuco

Uma coluna semanal sobre mobilidade urbana irá abrir mais um espaço paras discussões sobre o tema com a jornalista Tânia Passos.

Projeto torna obrigatória ambulância em postos da Polícia Rodoviária Federal

 

 

A Câmara analisa o Projeto de Lei 3111/12, do deputado Roberto de Lucena (PV-SP), que obriga os postos de fiscalização da Polícia Rodoviária Federal, instalados a mais de 20 quilômetros de centros urbanos, a dispor de ambulância de resgate e profissional da área de saúde.

O autor argumenta que muitas vítimas de acidentes em rodovias perdem a vida por falta de atendimento de emergência. Lucena cita dados do Departamento da Polícia Rodoviária Federal para mostrar que, entre janeiro e novembro de 2011, os 170 mil acidentes em rodovias federais provocaram 6.358 mortes e deixaram 57.791 feridos.

Muitas das sequelas físicas ou mortes, segundo ele, poderiam ter sido evitadas se houvesse socorro imediato, com equipamentos adequados e profissionais preparados.

“Os primeiros minutos que se sucedem a todo acidente, principalmente nos casos mais graves, são importantíssimos para a garantia de vida da vítima. As chances de sobrevivência diminuem drasticamente para as vítimas de trauma que não recebem cuidados médicos especiais dentro de uma hora após o acidente”, afirma o deputado.

Tramitação
A proposta, que tramita em caráter conclusivo, será analisada pelas comissões de Seguridade Social e Família; e Constituição e Justiça e de Cidadania.

Fonte: Agência Câmara

 

Fim do constragimento nos ônibus para obesos

Diario de Pernambuco

Por Juliana Colares

 

Com 1,05 m de altura e 40 cm de largura, a catraca do ônibus de linha não é para qualquer um. Num país onde 15% dos adultos que moram nas capitais são obesos, a roleta vira um obstáculo difícil ou até impossível de transpor. Só quem encara o desafio sabe como ele pode ser constrangedor. Nos ônibus operados pelo Grande Recife, na região metropolitana da capital pernambucana, uma portaria já garante aos obesos o direito de pagar a passagem sem ter que cruzar a catraca. Benefício que poderá virar lei.

O projeto 766 / 2012, que deve entrar em votação na Assembleia Legislativa de Pernambuco neste mês, trata do assunto. Se aprovado, o direito de optar por não cruzar a catraca ganhará força de lei. Mas a obrigatoriedade de pagar a passagem não deixará de existir. O texto tenta expandir o benefício aos usuários de trens, metrôs, ônibus e micro-ônibus de todo o estado. Mas por se tratar de legislação estadual, ela só poderá ser aplicada nos sistemas de transporte público operados por órgãos do governo do estado, como os ônibus geridos pelo Grande Recife. Sua abrangência não chegará aos metrôs e trens (de responsabilidade do governo federal), nem aos sistemas de transporte intramunicipais, de responsabilidade das prefeituras. O projeto é de autoria do deputado Ricardo Costa (PTC).

A portaria 134, que está em vigor desde 2007 e vale para os ônibus de transporte público que circulam na Região Metropolitana do Recife, garante aos obesos a possibilidade de utilizar a área reservada antes da catraca ou entrar pela porta de desembarque, quando os assentos reservados a idosos e pessoas com deficiência estiverem ocupados. “Caso apresente mobilidade reduzida, (os obesos) podem ainda usar a plataforma elevatória”, informou a assessoria de imprensa do Grande Recife, em nota. Em qualquer situação, é preciso pagar a passagem.

Edilma Maria da Silva, 37, não consegue mais passar pela catraca. Da última vez que se pesou, a mulher de 1,60 m estava com 160 kg. “Faz tempo que eu não passo pela catraca. Ou fico na frente ou pago e entro pela porta de trás. E não tenho problema com os motoristas”, contou. Com 139 kg, Francisco de Assis Ferrão, 46, senta nas cadeiras da parte da frente do ônibus, antes da catraca, há dois anos. Ele  lembra bem dos constrangimentos que já passou ao tentar cruzar a catraca, no passado. “Antes era difícil.O espaço é muito pequeno”.