Passageiros da agonia reféns de um modelo de transporte no Recife

Passageiros ônibus/Recife - Foto - Roberto Ramos /DP/D.A. Press
Passageiros ônibus/Recife – Foto – Roberto Ramos /DP/D.A. Press

o anúncio de greve dos motoristas de ônibus do Recife, que costuma ocorrer todos os anos no mês de julho, quando se negocia a data-base da categoria, vem provocando um fenômeno que poderia ser definido como tensão pré-greve nos usuários do transporte público.

É quando surgem os verdadeiros passageiros da agonia. Porque quem não participa diretamente das discussões sobre os salários dos condutores e preços das tarifas continua sendo, na prática, o maior penalizado. Os que pagam a conta não podem todas as vezes ficar reféns de um único modal.

Na última sexta-feira, presenciei o diálogo entre duas usuárias – enquanto aguardava o almoço – preocupadas com o cenário previsto para o dia de ontem. Pelo celular, elas buscavam informações a respeito da greve. Nem mesmo a determinação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-PE) em garantir 100% da frota nos horários de pico servia de consolo.

A aflição era justificada e há pelo menos duas fortes razões: o modelo de negociação salarial – que sempre se estende às últimas consequências e traz prejuízo principalmente ao usuário – e a ausência de outros modais para compensar a falta do rodoviário.

Em São Paulo, mesmo a duras penas, o usuário tem o metrô que atende aos quatro cantos da cidade, além dos trens a diesel. Lá, a superlotação, no entanto, não permite que os vagões sejam suficientes e nem poderiam. Não há mobilidade que resista a um único modal.

No caso de Recife, a rede de metrô com 39,5 quilômetros, voltada apenas para parte das zonas Oeste e Sul, é ainda insignificante para atender às necessidades de deslocamento da Região Metropolitana do Recife e nos deixa saudosistas da rede de 200 quilômetros de extensão dos bondes que atendia a Região Metropolitana até meados do século 20.

Quanto mais modais, melhor, e para uma cidade cortada por rios, o transporte hidroviário também atenderia uma parte da demanda, mas a obra prevista para ser entregue até junho deste ano foi adiada para 2015 e isso ainda não é certeza de nada.

A paralisação do sistema, mesmo em parte, afeta diretamente cerca de dois milhões de usuários. O trânsito também fica travado e, para piorar, a direção eleita do Sindicado dos Rodoviários, ainda não empossada, vem colocando em prática uma estratégia que consiste em orientar os motoristas para tirarem os ônibus das garagens e parar os veículos nos principais corredores de transporte. O transtorno é gigante para quem está dentro e fora dos ônibus e não tem para onde fugir. Com uma frota circulante de mais de um milhão de veículos, até a carona não parece ser uma boa ideia em dias assim.

Sem ônibus, sem barcos ou ainda metrô para todos, sobra um asfalto de incertezas, esperas e frustrações. Talvez quem menos sofra quando o ônibus deixa de circular seja o usuário de bicicleta. Mesmo sem faixas seguras, ele consegue deixar para trás os congestionamentos. Também para quem se desloca a pé em distâncias possíveis de serem vencidas, mesmo com passeios impossíveis.

Nesse cenário, uma pergunta que permanece é se os próximos julhos serão iguais. Provavelmente sim, mas não deveria. A melhoria do transporte público está diretamente ligada à qualidade e diversidade dos modais. As questões salariais entre trabalhador e empregado precisam ser definidas em lei de forma clara e segura. Para o bem de todos, principalmente do passageiro.

TRT-PE determina 100% da frota de ônibus do Recife nos horários de pico

 

paradas onibus10

No despacho o vice-presidente determinou que sejam mantidos em circulação 100% da frota de ônibus nos horários de maior movimentodas 5h30 às 9h e das 17h às 20h e, nos demais horários, 50%.

Em caso de descumprimento, impõe multa diária no valor de cem mil reais em favor dos sindicatos dos empregadores. O desembargador leva em consideração o argumento dos requerentes de que a atual frota de ônibus existente na região metropolitana do Recife é insuficiente ao atendimento das necessidades da população.

O desembargador também determina a proibição, pelos grevistas, de atos que violem ou constranjam direitos e garantias dos trabalhadores que queiram permanecer no exercício de suas]atividades e a aplicação de penalidade, caso não cumpram a ordem judicial.

Na ação preparatória de dissídio coletivo, os sindicatos requerem o cumprimento do disposto no artigo 11 da Lei nº 7.783/1989, que assegura:Nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. O pedido foi feito em face da greve anunciada pelo Sindicato dos Trabalhadores, a ser deflagrada na segunda-feira (28).

Os rodoviários decretaram greve estado de greve

Após duas assembleias, motoristas, fiscais e cobradores de ônibus decretaram estado de greve e adiantaram que vão parar a partir da 0h da próxima segunda-feira (28). As reuniões da categoria aconteceram pela manhã e durante a tarde desta quarta (23), no Marco Zero, região central do Recife. O grupo rejeitou a proposta dos patrões e também a sugerida pelo Ministério Público do Trabalho, em audiência, nessa terça (22).

Nesta quinta (24), em uma nova audiência, às 14h, o presidente (eleito, mas ainda não empossado) do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Pernambuco, Benilson Custódio, entregará ao procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho, José Laízio, a petição oficializando a rejeição das duas propostas oferecidas para a categoria.

O Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco (Urbana/PE) apresentou uma proposta de reajuste linear de 5% sobre os valores salariais e ticket de alimentação. Além disso, teriam se comprometido a instituir banco de horas e intervalo intrajornadas de até quatro horas, com pagamento de um terço da hora normal, mais a manutenção das cláusulas sociais da Convenção Coletiva de 2013. A convenção prevê, entre outras coisas, auxílio funeral e horas extras. Por sua vez, o mediado, MPT, sugeriu aumento linear de 10%, no salário e no ticket, e a manutenção das cláusulas sociais para motoristas, cobradores e fiscais.

“A rejeição foi unânime nas duas assembleias. A categoria está muito indignada. Até o procurador-chefe entendeu que 5% era pouco. Queremos os 10% no salário, como eles falaram, mas queremos mais para o ticket”, explicou Benilson Custódio. Atualmente, o vale-alimentação dos trabalhadores é de R$ 171, equivalente a R$ 5,60 por dia. “O menor vale do Nordeste é o do Piauí, que é de R$ 320. Não vamos fazer acordo enquanto não mudarem isso”, adiantou.

O valor do salário dos motoristas é de R$ 1.605 e dos cobradores, R$ 783,30. Com o aumento de 10%, ficaria, em média, R$ 1.765,50 e R$ 861,63, para cada função, respectivamente. Já os fiscais, que recebem R$ 1.037, passariam para R$ 1.140,70.

Falta de sincronia de semáfaros da Caxangá aumenta tempo de percurso

 

Semáforos serão replanejados após novo corredor Foto - Allan Torres Espec DP/D.A.Press
Semáforos serão replanejados após novo corredor Foto – Allan Torres Espec DP/D.A.Press

A programação semafórica da Avenida Caxangá, aliada aos impactos das obras do Corredor Leste/Oeste, faz o motorista esperar mais de 40 minutos nos horários de rush, sobretudo para quem sai da Rua José Osório e precisa acessar a via principal. O semáforo veicular 257, no cruzamento com a Rua Carlos Gomes, é um dos que tensionam ainda mais o local e tem sua funcionalidade questionada não apenas por motoristas como também por orientadores e agentes de trânsito.

“Esse semáforo abre durante 90 segundos e depois fecha por 30 segundos. Um agente de trânsito poderia aliviar o problema, permitindo a passagem dos veículos por mais tempo”, opina o empresário Paul Ashton. O 257 não serve ao pedestre, que já é beneficiado por semáforo próprio, o 264, a menos de 30 metros, nem para quem vem da Carlos Gomes, já que abre para essa via no mesmo tempo em que libera os veículos da Avenida Caxangá, sentido Benfica.

A gerente de planejamento de mobilidade da CTTU, Sandra Barbosa, disse que o planejamento da Caxangá será revisto com a conclusão do Leste/Oeste, em setembro, mas prometeu verificar a funcionalidade do semáforo 257 já. “Só podemos identificar quais semáforos são necessários e quais podem ser suprimidos após o corredor ficar pronto. Mas, nesse caso, faremos uma revisão. Toda iniciativa para reduzir o congestionamento daquela área é bem-vinda”, disse.

Calçada com faixa exclusiva para usuários de celular nos USA

 

Calçada nos Estados  dividida para usuários e não usuários de celular - Foto National Geographic/Divulgação
Calçada nos Estados dividida para usuários e não usuários de celular – Foto National Geographic/Divulgação

Espaço para fumantes e não fumantes. Nenhuma novidade. Mas que tal dividir o espaço da calçadas para usuários e não usuários de celular ou tablets? Pois é, quem é que pensa nisso? O canal americano National Geographic decidiu fazer um experimento e separou a calçada de uma rua de Washington, capital dos Estados Unidos, em “faixas” onde pedestres que andam usando seus celulares teriam um lado destinado apenas para eles.

O experimento faz parte da série científica Mind Over Masses, que “usa o que sabemos sobre o comportamento humano para desenvolver soluções interativas para os problemas diários”, segundo o canal explica.As linhas no chão são temporárias e a série filmou a reação dos pedestres no local, que podiam escolher entre a “faixa rápida e a devagar”.

Calçadas pedras portuguesas Foto - Inês Campelo DP/D.A.Press

No Recife, bem que poderia ter como experimento as calçadas acessíveis e não acessíveis, com buracos ou sem buracos. Os caminhos que se interligam com faixas de pedestres e os que deixam o pedestre sem alternativa. Faixa rápida ou devagar, pode ser medido pela que tem obstáculos e as que não tem.

Calçcada toda ocupada por uma árvore. O proprietário que quiser fazer recuo no muro, a PCR bancará a obra - Foto Paulo Paiva DP/D.A.Press
Calçada toda ocupada por uma árvore no bairro Poço da Panela, no Recife- Foto Paulo Paiva DP/D.A.Press

Fonte: Com informações do Correio 24 horas (Via Portal Mobilize)

BRT Norte/Sul do Recife passa no teste, mesmo com limitações

 

Estação do BRT na Avenida Dantas Barreto - Corredor Norte/Sul Foto - Alcione Ferreira DP/D.A.Press
Estação do BRT na Avenida Dantas Barreto – Corredor Norte/Sul Foto – Alcione Ferreira DP/D.A.Press

O primeiro dia de funcionamento do Via Livre no corredor Norte/Sul serviu mais como um teste. O feriado municipal no Recife deixou as ruas praticamente vazias e o tempo gasto de viagem foi metade do que está previsto para os dias úteis. No percurso de 10km entre o Terminal da PE-15, em Olinda e a estação do BRT na Avenida Dantas Barreto o tempo de viagem foi de 25 minutos. Em dias úteis, a estimativa é que essa mesma viagem seja feita em 55 minutos.

A dona de casa Maria Lúcia da Silva, 69 anos, ficou entusiasmada com o conforto do ônibus. “Não sabia que ia pegar ônibus novo para ir para a cidade. Era bom que fosse sempre assim”. Já o comerciante Ronildo Almeida, 43, aproveitou o feriado para testar o BRT. “Eu sabia que ia começar hoje e vim ver como funciona. O ônibus é muito bom”, afirmou.

A partir do dia 28 de julho a linha PE-15/Dantas Barreto vai operar em horário comercial, por enquanto, a operação está sendo feita das 9h às 16h, mesmo padrão utilizado na estreia do corredor Leste/Oeste no mês passado.

De acordo com o coordenador de operações do Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano, André Melibeu a expectativa é que em agosto entrem em operação as outras estações da Avenida Cruz Cabugá, Dantas Barreto, Riachiel e 13 de maio. “Nós só vamos segregar o corredor quando essas estações estiverem funcionando”, revelou.

Segundo o Grande Recife Consórcio de Transporte, até novembro deste ano já devem estar funcionando as oito linhas previstas para o corredor Norte/Sul, com um total de 84 veículos em circulação. Os BRTs têm a capacidade de transportar entre 140 e 160 passageiros de uma vez e possuem uma estrutura de 19 ou 21 metros de comprimento.

O novo modal começou a circular com quatro veículos e se junta aos 24 ônibus convencionais que já operam na linha PE – 15. Serão feitas 21 viagens diariamente, das 9h às 16h, com um intervalo de 20 minutos entre cada viagem.

Ao sair do Terminal Integrado da PE-15, a primeira linha do BRT Norte/Sul segue pela Avenida Pan Nordestina, passa pelo Complexo de Salgadinho, Avenida Agamenon Magalhães, Avenida Cruz Cabugá, Rua do Riachuelo, Rua da Aurora, Ponte Princesa Isabel e, por fim, Avenida Dantas Barreto, de onde retornará no sentido cidade/subúrbio.

A tarifa para a nova linha custará R$ 2,15, equivalente ao anel A do transporte público e mesmo valor cobrado no BRT Leste/Oeste, em operação desde o mês de junho entre o Terminal Integrado de Camaragibe e o Derby. Para utilizar o BRT é necessário possuir o VEM (Vale Eletrônico Metropolitano). O passageiro que não tiver o cartão deverá fazer a troca do dinheiro nas máquinas de auto-atendimento disponíveis nas estações.

Via mangue já reduziu em 41% o tráfego da Domingos Ferreira

Trajeto tornou mais ágil a volta para casa de quem mora na Zona Sul do Recife e em parte de Jaboatão Foto Guilherme Veríssimo Esp DP/D.A.Press
Trajeto tornou mais ágil a volta para casa de quem mora na Zona Sul do Recife e em parte de Jaboatão Foto Guilherme Veríssimo Esp DP/D.A.Press

Em um mês de funcionamento, a Via Mangue já absorveu 41% dos veículos que trafegavam pela Avenida Domingos Ferreira, em Boa Viagem. De acordo com a Companhia de Trânsito e Transportes Urbano (CTTU), 19 mil automóveis passam pela via, um aumento de 4 mil veículos se comparado com os primeiros 15 dias de utilização. Os números correspondem ao período de férias e, com a volta das aulas, a companhia espera um acréscimo de 5% a 7% no volume de veículos.

“Essa é a média já registrada no retorno do período escolar nas vias de grande circulação do Recife. Estamos monitorando o tráfego mas é claro que a pista oeste absorveu uma parte dele”, afirmou a presidente da CTTU, Taciana Ferreira.
Atualmente, cerca de 28 mil veículos circulam na Avenida Domingos Ferreira.

Para Taciana, o maior ganho foi no transporte público. “A avaliação é positiva para o território sul porque, além de se consolidar como uma alternativa viária, a Via Mangue viabilizou a implantação da Faixa Azul na Domingos Ferreira, que prioriza os coletivos”, disse a presidente da CTTU. Segundo a instituição, a velocidade média das 24 linhas de ônibus que operam na avenida aumentou cerca de 50%, passando de 11 km/h para 16,5 km/h. Cerca de 17 mil passageiros do transporte público foram beneficiados.

Quem trafega de carro também sentiu uma redução no tempo da viagem. A estudante de direito Regina Silva, 25 anos, dirige pela Domingos Ferreira diariamente para se deslocar do Pina, onde faz estágio, ao bairro de setúbal, onde mora. “Eu largo às 18h, horário de pique, e, de carro, levava pouco mais de uma hora para chegar em casa. Hoje levo vinte minutos”, contou a universitária.

Infrações
Desde que a Via Mangue foi inaugurada, dia 13 de junho, 810 infrações foram registradas por excesso de velocidade. Embora seja uma via expressa, sem semáforos e construída para dar fluidez principalmente aos automóveis que seguem para os bairros de Boa Viagem, no Recife, e de Piedade e Candeias, em Jaboatão, a velocidade máxima é de 60 km/h, limite em ruas e avenidas do perímetro urbano. As autuações são registradas por um pardal instalado próximo à entrada do Shopping RioMar e por um carro-radar.

Fonte: Diario de Pernambuco

Enviar mensagens enquanto dirige já é o maior motivador de acidentes

celular2O envio de mensagens pelo celular ao volante não é uma exclusividade do brasileiro. E o perigo dessa prática também não. Segundo pesquisa do departamento de direção geral de tráfego da Espanha, 4 milhões de motoristas espanhóis reconhecem que utilizam o aplicativo Whatsapp enquanto dirigem.

O instituto também apurou que 87% dos entrevistados afirmaram ver outros motoristas enviando mensagens constantemente ou ocasionalmente. Mas o dado mais alarmante é que 51,74% dos acidentes com lesões são causados por falta de atenção na condução gerada pelo uso do celular, responsabilidade mais alta que o uso de drogas ou álcool ao volante.

O Whatsapp é um aplicativo de mensagem por texto ou áudio utilizado em telefones celulares com maior penetração no mundo. Na Espanha, em fevereiro de 2014, o App era utilizado por 25 milhões de pessoas. No Brasil, o número ultrapassa os 38 milhões de usuários, o que pode ser um indício de que os números de acidentes podem ser ainda maiores por aqui.

Na Espanha o uso de celular ao volante também é passível de multa (200 euros ou cerca de R$ 600) e acarreta acúmulo de pontos na carteira de habilitação. O departamento de trânsito espanhol está intensificando as campanhas educativas para inibir essa atitude, como a criação da “Stop Chatear”, para alertar aos motoristas sobre o problema. Além do site stopchatear.com, a campanha tem perfil em diversas redes sociais.

Fonte: Portal do Trânsito

Teste para tirar carteira de motorista exige conhecimento sobre ciclistas

 

Muitos trabalhadores usam a bicicleta como meio de transporte - Foto - Cecília Sá Pereira DP/D.A.PressPor

Jaílson da Paz

O DETRAN-PE está promovendo a renovação do banco de questões que compõem o exame teórico para avaliação dos candidatos à Carteira Nacional de Habilitação (CNH). A primeira etapa desta mudança acaba de ser implementada e diz respeito à inclusão de perguntas relativas a ciclistas e ao veículo bicicleta.

O objetivo desta modificação do questionário é adaptar o exame teórico do DETRAN-PE ao atual contexto de transporte multimodal, no qual a participação dos ciclistas cresce cada vez mais. Trata-se de um universo de treze questões, bordando diferentes temas presentes no Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e relacionados diretamente a ciclistas e bicicletas.

Além disso, o exame teórico manterá questões indiretamente relacionadas à condução de bicicletas. No total, existem 20 artigos do CTB direta ou indiretamente relacionados aos ciclistas, além do anexo I do Código, que traz a definição legal de bicicleta e termos correlatos como bicicletário, ciclovia ciclofaixa.

Teor das questões

As perguntas dizem respeito principalmente ao papel do ciclista como ator no trânsito, ressaltando, por exemplo, que este pode se enquadrar tanto na categoria de condutor quanto na de pedestre. Isso está previsto no artigo 68 do CTB, segundo o qual “o ciclista desmontado empurrando a bicicleta equipara-se ao pedestre em direitos e deveres”.

Outra questão curiosa se refere à possibilidade de o ciclista ter a bicicleta recolhida se for pego pela Autoridade de Trânsito dirigindo de forma agressiva ou pedalando em cima de calçadas e passeios.

Há espaço também para indagações relativas ao papel do Poder Público na promoção da circulação segura para os ciclistas. Outro tema abordado é o comportamento dos condutores de veículos maiores com relação ao ciclista.

Questões como distância lateral de segurança e formas de ultrapassagem estão em pauta e derivam diretamente da determinação do artigo 29 do CTB, o qual prevê a obrigatoriedade dos veículos maiores de respeitar e zelar pela segurança dos menores.

Educação

A reflexão sobre os ciclistas também é estimulada pelos projetos Se ssa Rua Fosse Minha e Esta Cidade Também é Minha, voltados respectivamente para a formação de professores e alunos dos ensinos fundamental e Médio. O DETRAN aposta na ideia de que a formação teórica do candidato à CNH deve começar já na infância e continuar depois que ele obtém a CNH, levando-se em consideração que é obrigação do cidadão manter-se inteirado sobre as mudanças da legislação de trânsito.

Multa na Zona 30 do Recife começa sábado e pode chegar a R$ 574

Zona 30 na Rua Madre de Deus Foto - Alcione Ferreira DP/D.A.Press
Zona 30 na Rua Madre de Deus Foto – Alcione Ferreira DP/D.A.Press

O primeiro passo para a implantação da Zona 30 no Bairro do Recife foi dado ontem, com a redução da velocidade para 30 km/h em praticamente toda a ilha. A medida visa possibilitar o compartilhamento do espaço com segurança entre carros, bicicletas e pedestres. “Muitos motoristas ainda trafegaram com velocidade acima da permitida na Avenida Madre de Deus, um dos principais acessos do bairro para a Zona Sul. A multa para quem ultrapassar a velocidade permitida varia de R$ 85 a R$ 574, dependendo da velocidade, mas a cobrança só vai começar a partir do próximo sábado. Até lá, serão feitas ações educativas.

Arte-educadores estão distribuindo panfletos nos semáforos e nos carros estacionados para orientar os motoristas, mas já há placas de sinalização em todo o bairro e duas vias contam com fiscalização eletrônica. “A fiscalização eletrônica vai funcionar na Madre de Deus e na Marquês de Olinda. Nas outras vias do bairro, a velocidade já é reduzida pela própria estrutura delas”, explicou a presidente da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU), Taciana Ferreira.

No projeto final, a CTTU deixou de fora da Zona 30, a Avenida Alfredo Lisboa e a Rua do Apolo. Nas duas, a velocidade permitida é de 40 km/h. A Alfredo Lisboa é um dos acessos para o centro vindo da Zona Sul. “É uma ação inovadora e as pessoas precisam de tempo para incorporar essa nova visão”, ressaltou Taciana Ferreira.

Até mesmo os pedestres ainda não sentiram na prática os efeitos da Zona 30 no bairro. “A dificuldade que tive para atravessar aqui na Madre de Deus foi a mesma. Nem sabia que a Zona 30 já estava funcionando”, afirmou a coordenadora Renata Monteiro, 40 anos. O professor Givanílson Barbosa, 48, elogiou a iniciativa. “Não sabia, mas acho a iniciativa muito válida, mas tem que ter fiscalização”, disse.

Saiba mais

Os efeitos da velocidade em um acidente

A 32km/h 5% das pessoas morrem, 65% sofrem lesões e 30% saem ilesas

A 48km/h 45% das pessoas morrem, 50% sofrem lesões e 5% saem ilesas

A 64km/h 85% das pessoas morrem e 15% sofrem algum tipo de lesão

A 80km/h todas as pessoas atropeladas morrem

Redução de mortes em países com Zona 30

20% de redução das mortes na Noruega desde 2011

18% de redução das mortes na Letônia

17% de redução na Bulgária

15% de redução das mortes na Romênia

4% é o aumento de mortes no Brasil desde 2000

Calçada, terra de ninguém

calcadasPor

Eduardo Alcântara de Vasconcelos

Nas cidades brasileiras andar a pé é a forma mais utilizada de deslocamento, compreendendo entre 35% e 45% das viagens diárias das pessoas. No entanto, nossas políticas de mobilidade historicamente ignoraram o ato de caminhar.

A primeira constatação da falta de prioridade para o ato de caminhar é a exclusão legal da calçada do “sistema de mobilidade”, com a atribuição ao proprietário do lote da responsabilidade de construir e cuidar das calçadas. Esta decisão torna explícito o conceito implícito na decisão: o ato de caminhar não é considerado um assunto público, mas privado. Em conseqüência, toda a engenharia viária foi desenvolvida com atenção exclusiva à pista de rolamento dos veículos.

Nos projetos de transporte a calçada é não apenas ignorada como não dispõe de método técnico para seu dimensionamento físico, de forma a que seja confortável, segura e compatível com o fluxo de pedestres. Ao contrário dos métodos de dimensionamento de vias de trânsito veicular – que se encontram às centenas na literatura técnica – os técnicos brasileiros não têm nenhuma forma de dimensionar a calçada para acomodar adequadamente o fluxo provável de pedestres.

Isto tem o beneplácito geral das pessoas, que em sua maioria aceita a posição do pedestre como cidadão de segunda classe. A calçada é “terra de ninguém” e, portanto, ninguém precisa se preocupar com ela. Como conseqüência, não há nenhuma prefeitura no Brasil que tenha um mapa detalhado de todas as suas calçadas, ao passo que a maioria tem um mapa detalhado de todas as vias para os veículos.

Nas cidades brasileiras a maioria das calçadas tem condições inadequadas e inseguras para os pedestres, o que foi demonstrado por estudos feitos nas universidades brasileiras e o por organizações não governamentais como o Mobilize.

Existe grande variedade de pisos em um mesmo quarteirão, a largura é freqüentemente insuficiente para acomodar os pedestres com conforto, há obstáculos de toda ordem à circulação fluida das pessoas, em terrenos acidentados as rampas de acesso de veículos aos lotes transformam a calçada em uma escada. Na pesquisa do Mobilize feita em 228 ruas de 39 cidades do país a nota final foi de 3,4 em uma escala de 1 a 10.

calçadas portuguesas rotativas
Adicionalmente, a presença de buracos, obstáculos e irregularidades leva a muitos acidentes: um estudo do Hospital das Clínicas de São Paulo feito em 2001 mostrou que 9,5% das pessoas que deram entrada no pronto-socorro eram pedestres que caíram na calçada e uma pesquisa domiciliar feita no estudo IPEA/ANTP sobre custos dos acidentes de trânsito mostrou que ocorriam na Região Metropolitana de São Paulo 91 mil quedas de pedestres em calçadas por ano, com um custo hospitalar de R$ 2.500 por pessoa.

A posição secundária do pedestre dentro das políticas de circulação pode ser vista também por um estudo feito nos semáforos de São Paulo, que mostrou que os pedestres encontram 52 situações distintas para atravessar as vias, ao passo que condutores de veículos encontram apenas 11, o que mostra que os cruzamentos foram projetados para condutores de veículos e não para pedestres, dentro da visão tradicional que privilegia os veículos. Pode ser acrescentado que a maioria dos cruzamentos com semáforos no Brasil não têm focos dedicados a pedestres.

Por último, mas igualmente importante, os pedestres não dispõem de sinalização de orientação para os seus deslocamentos. Quem caminha não encontra indicações sobre a direção a seguir para chegar a equipamentos públicos, museus, zonas de comércio, pontos de parada de transporte público  e outros destinos desejados.

Apesar de todos estes problemas, são raros os movimentos individuais ou sociais na defesa dos interesses de pedestres ou ciclistas. Salvo movimentos pontuais, causados por situações específicas (por exemplo, protestos pela interrupção de circulação em áreas de obras), nada de relevante aconteceu em relação a uma atuação política concreta e permanente por parte dos usuários de calçadas.

É um caso claro de auto-admissão de cidadania de segunda classe, como se isto fosse natural e justo: para isto, basta lembrar que o pedestre no Brasil, quando atravessa a rua sobre uma faixa de pedestres, agradece o motorista que o deixa passar.
Calçadas do Recife - Foto - Maria Eduarda Bione DP/D.A.PressPor todos estes motivos, uma das ações mais importantes que podemos fazer é insistir na discussão do tema, na divulgação de dados e experiências bem sucedidas e na organização das pessoas para introduzir definitivamente o ato de caminhar nas nossas políticas de mobilidade.

Eduardo Alcântara de Vasconcellos é sociólogo e engenheiro com pós-doutorado pela Universidade de Cornell (EUA), consultor da ANTP – Associação Nacional dos Transportes Públicos