Poderia ser no Brasil, mas se trata da Cidade do México. Lá, como cá, as leis de trânsito parecem ser impostas pelos veículos motorizados. Dados do governo local indicam que cerca de 650 pedestres morrem atropelados a cada ano na cidade. Como comparação, a cidade de Nova York, que tem uma população equivalente (cerca de 9 milhões), teve 132 mortes de pedestres em 2014. Em São Paulo, que tem 11 milhões de habitantes, foram 555 mortes.
Numa pesquisa realizada entre moradores da capital mexicana, 60% dos entrevistados disseram que se sentem inseguros ou muito inseguros. Diante dessa situação, o governo municipal elaborou um novo regulamento de trânsito que deve entrar em vigor em dezembro próximo.
Em entrevista ao “El País Internacional”, o especialista Jesús Sánchez explica oito das novas regras que constam na nova legislação. Mas, reconhece que vai ser um trabalho difícil construir um consciência cívica em uma cidade na qual “até os policiais acham totalmente normal que as pessoas estacionem seus carros sobre as calçadas”.
1. Não atropelarás o próximo mesmo que o sinal esteja vermelho para ele (sic)
“Desde criança ouço dizer que nos Estados Unidos as pessoas são muito ordeiras e que os pedestres somente atravessam as ruas pelas faixas, e que se por acaso se alguém está atravessando com o sinal vermelho ou fora da faixa os veículos param”, diz Sánchez. Agora, também na Cidade do México o motorista terá que diminuir a velocidade ou parar mesmo ao ver um pedestre cruzando a rua, explica o especialista, lembrando que até então não havia qualquer norma a esse respeito. “Em geral, quando acontecia um acidente, a conclusão era que houve imprudência do pedestre”, completa.
2. Não passar com teu carro, caminhão ou ônibus muito perto de um ciclista
“Pelo novo regulamento, fica claro que os ciclistas têm o direito de usar o meio da faixa de rolamento, e caso o motorista queira ultrapassá-lo terá que guardar a distância mínima de um metro”, disse Sanches. No Brasil, é bom lembrar, a norma prevê ao menos 1,5 metro de distância do ciclista.
3. Ciclistas podem cruzar o sinal vermelho sempre que as condições o permitam
Sánchez conta que a iniciativa surgiu em Utah (Estados Unidos) há 30 anos e de lá se espalhou para muitas cidades.
4. Missão impossível: por favor, não toque tanto a buzina
O uso da buzina na Cidade do México é frenético. O novo regulamento proíbe tocá-la salvo se for para evitar um choque, um acidente. A multa por tocar a buzina sem motivo vai ser de 350 pesos, cerca de 70 reais. Sanchez reconhece que demorará algum tempo até que os condutores se acostumem com a norma.
5. Amigo motorista estrondoso, nós odiamos o seu escapamento barulhento
A nova norma proíbe modificações para que as motocicletas façam mais barulho. A multa é de 1.400 pesos, ou, cerca de 300 reais.
6. Não transportar crianças em motocicletas
Menores de 12 anos não poderão viajar em moto. Para o transporte em bicicletas será exigido uma cadeirinha especial de segurança.
7. Caminhões terão de adotar barras de proteção laterais
Comum no Brasil, a barra impede que pessoas ou bicicletas sejam “tragados” pelas rodas dos grandes veículos de transporte.
8. Velocidade máxima: 50 km/h
Esse vai ser o limite nas vias primárias, nas quais a velocidade atual é de 70 km/h. “Esse é o padrão internacionalmente aceito”, afirma Sanchez.
O motorista, não habilitado, Feliciano Medrano de Lima, 24 anos, que atropelou oito pessoas, no último dia 29 de junho, no Recife, ao avançar um sinal vermelho na Rua Herculano Bandeira, no Pina, Zona Sul da cidade, deverá ser novamente chamado para depor.
O delegado Newson Motta da Delegacia de Delitos de Trânsito do Recife, que está investigando o atropelamento, recebeu, ontem, as imagens do acidente enviadas pelas Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU). As imagens chegaram dez dias após o ocorrido. O delegado disse que já havia visto as imagens do atropelamento divulgadas na imprensa, mas não havia recebido o material como prova.Ontem, ele ouviu mais uma das vítimas, mas aguarda ainda o depoimento de duas pessoas que continuam internadas devido aos ferimentos provocados no impacto. Segundo ele, após todas as ouvidas o motorista deverá ser chamado novamente para depor.
Em entrevista, o delegado Newson Motta chegou a dizer que o motorista poderia ser enquadrado por lesão corporal culposa e avanço de sinal. Felipe Medrano fugiu sem prestar socorro. Ele havia perdido o direito de dirigir desde 2012. Uma portaria publicada no Diario Oficial do Estado suspendeu o direito dele de dirigir por um ano. Para ter a carteira de volta, ele precisaria fazer cursos, mas foi reprovado nos testes. Em 2009, ele contou à polícia que havia perdido a habilitação em uma blitz, após ser pego no teste do bafômetro.
Será que alguém precisará morrer para que o motorista Felipe Medrano de Lima, 24 anos, perca o direito de dirigir em definitivo? No último dia 29, ele avançou o sinal vermelho, atropelou oito pessoas e fugiu sem prestar socorro. O acidente ocorreu na Avenida Herculano Bandeira, no Pina, Zona Sul do Recife.
No ano passado, a portaria do Diario Oficial do Estado nº 1069 de 15/05/2012, suspendeu o direito dele dirigir por um ano, além de promover a anotação de sete pontos na carteira. À polícia ele contou em depoimento que a sua carteira havia sido apreendida desde 2009 ao se recusar a fazer o teste do bafômetro em uma blitz. Virou moda?
Mesmo com um histórico nada recomendável, Felipe Medrano de Lima gostava de exibir sua paixão pela velocidade. Na sua página do facebook, ele exibia orgulhoso uma foto com o velocímetro marcando 160km, onde dizia que o jeito era correr para chegar logo. A postagem foi feita no dia 13 de junho, dezessete dias antes do acidente no Pina, o que só reforça o padrão de comportamento do motorista. Depois da repercussão nas redes sociais, ele removeu a foto do perfil.
As câmeras da CTTU registraram o momento em que o veículo Veloster de placa PFA-4916 bateu em dois motoqueiros e depois nas seis pessoas. O carro foi localizado na casa dos avós de Felipe, na Avenida Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. O veículo, que está com a frente e lateral direitas amassadas, foi periciado e apreendido pela polícia. “O inquérito tem um prazo de 30 dias para ser concluído e, como não houve mortes, o rapaz deverá ser indiciado por lesão corporal, com o agravante de ter avançado o sinal vermelho”, explicou o delegado Newson Motta.
É bom chamar a atenção do delegado ou do Ministério Público que quando alguém avança o sinal, assume o risco de matar. A lesão corporal culposa (sem intenção de matar) é uma punição, que está longe de trazer resultados práticos para alguém que sequer deveria estar dirigindo.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de um milhão de pessoas morrem por ano vítimas de acidentes de trânsito no mundo. Só no Brasil, segundo o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, 9,5 mil pessoas, em média, perdem a vida em atropelamentos todos os anos.
Um estudo feito nos Estados Unidos revelou um dado curioso envolvendo acidentes com pedestres: em seis anos, o número de atropelamentos de pessoas usando fone de ouvido triplicou. A pesquisa, publicada na revista especializada Injury Prevention (do grupo British Medical Journals), aponta adolescentes e jovens adultos entre as principais vítimas.
É difícil encontrar no nosso país um levantamento semelhante, porém, é inegável que o uso deste tipo de acessório causa distração. A Perkons ouviu especialistas que concordam quanto ao risco a que pedestres estão expostos. “São poucos os estudos que analisam os diferentes fatores contribuintes para um atropelamento.
Podemos somente falar em fatores de risco para o pedestre com base em pesquisas realizadas no exterior”, ressalta Renata Torquato*, psicóloga brasileira que trabalha no Departamento Nacional de Trânsito da Noruega (Norwegian Public Roads Administration), em Oslo.
E os riscos não se resumem apenas a ouvir música, mas também enviar mensagem de texto, falar ao celular e até mesmo conversar com outra pessoa enquanto se atravessa uma via. “A modernidade leva ao conforto e à facilidade de comunicação, o que muitas vezes coloca o ser humano em condição de risco produzindo o surgimento de situações adversas.
Os mais jovens dominam com mais facilidade e rapidez a tecnologia e, por isso, são as maiores vítimas de acidentes quando transitando nas ruas”, afirma Dirceu Rodrigues Alves Junior**, diretor do Departamento de Medicina Ocupacional da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (ABRAMET).
Para o médico especialista em medicina de tráfego, “é preciso que o pedestre mantenha em alto nível a atenção, do contrário não conseguiremos reduzir os índices de atropelamentos. O uso desses equipamentos reduz acentuadamente a percepção e retarda o tempo de resposta em caso de situação adversa”, enfatiza.
A psicóloga Renata Torquato corrobora a opinião esclarecendo que os sentidos são responsáveis por comunicar o aparelho cognitivo com informações relevantes para a tomada de decisão frente a um determinado estímulo. “Quando uma pessoa fala ao celular ou usa um aparelho eletrônico com fone de ouvido, a capacidade dos sentidos de captarem as informações sensoriais do ambiente fica dividida.
O resultado dessa divisão de atenção faz com que os sentidos não percebam todos os estímulos fornecidos pelo ambiente que são necessários para que ela realize a travessia de forma segura”, expõe. “Desse modo, a informação insuficiente faz com que a pessoa emita uma resposta inadequada, gerando assim o comportamento de risco”, avalia.
Incerteza
É impossível saber com precisão o número de vítimas de acidente de trânsito causado por uso de equipamentos tecnológicos. Os boletins de ocorrência não trazem a informação de que a pessoa utilizava celular no momento do acidente, por exemplo. Ademais, muitas vítimas se negam a admitir o fato, em grande parte por acreditar que poderão ser prejudicadas.
Para o condutor, de acordo com o artigo 252 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) , é proibido dirigir “utilizando-se de fones nos ouvidos conectados a aparelhagem sonora ou de telefone celular”. A infração é considerada média, com multa de R$ 85,13 e quatro pontos na CNH (Carteira Nacional de Habilitação). “Nos Estados Unidos, algumas cidades já proíbem o uso do aparelho celular também para o pedestre. Entretanto, essa não é uma opinião unânime entre os planejadores e pesquisadores de trânsito”, pondera Renata.
Os pedestres também têm deveres, que estão especificados no CTB. De acordo com o artigo 254, é proibido, entre outras atitudes, “atravessar a via dentro das áreas de cruzamento, salvo quando houver sinalização para esse fim”. A lei estabelece multa, mas como não há regulamentação para essa penalidade, os infratores seguem impunes.
Dentro e fora do veículo
De acordo com Renata, entre os comportamentos observados nos pedestres que falavam ao celular enquanto faziam travessias estavam: não olhar para todos os sentidos antes de cruzar a via, não respeitar o semáforo, não se certificar de que todos os veículos motorizados estavam totalmente parados e, ainda, andar vagarosamente sem observar a aproximação dos veículos. “Vale ressaltar que esses estudos foram realizados em outro contexto cultural. Isso deve ser levado em conta antes de aplicar os resultados para o contexto brasileiro”, pondera a psicóloga, que também é pesquisadora, consultora e realiza palestras sobre processos psicológicos e comportamentos no trânsito com ênfase nos usuários vulneráveis (ciclistas e pedestres).
O diretor da ABRAMET lembra que a tecnologia pode distrair também quem está dentro do veículo, atrás do volante. “Motoristas que falam ao celular ou usam o GPS, por exemplo, também tem a atenção desviada; no entanto, o pedestre ainda é o elemento mais frágil no trânsito, daí a necessidade de atenção a todo o momento”, alerta.
Em última análise, uma mudança de atitude sobre o comportamento de pedestres por meio de campanhas educativas seria importante para limitar os riscos de atropelamentos ocorridos por distração. “Um planejamento urbano adequado pode contribuir para influenciar de forma positiva o comportamento dos pedestres, principalmente por obras de engenharia que propiciem a criação de locais para travessias seguras, diminuindo a mortalidade advinda do conflito entre pedestres e motoristas”, reflete Renata, que vai além. “Nos locais onde esses conflitos não possam ser evitados, a lógica da prioridade deve partir da premissa do pedestre, já que esse é o usuário mais vulnerável no trânsito”, conclui.
Prevenção
Algumas medidas sugeridas para melhorar a segurança dos pedestres são:
– Diminuir a velocidade nos centros urbanos com alta concentração de pedestres;
– Aumentar a fiscalização dos motoristas para garantir o direito dos pedestres.
– Estabelecer pontos seguros e atrativos de travessia como passarelas e faixas de pedestre elevadas;
– Realizar campanhas sobre o comportamento seguro do pedestre na cidade, para alertar tanto motoristas quanto pedestres.
*Renata Torquato é psicóloga, mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) na linha de pesquisa “Psicologia do Trânsito: Avaliação e Prevenção”. Atualmente trabalha no Departamento Nacional de Trânsito da Noruega (Norwegian Public Roads Administration). É responsável pela revisão do manual “Critérios para implementação de faixa de pedestres e lugares de travessia” e também realiza pesquisas, consultorias e palestras sobre processos psicológicos e comportamentos no trânsito com ênfase nos usuários vulneráveis (ciclistas e pedestres).
**Dirceu Rodrigues Alves Junior é médico pós-graduado em Medicina Aeroespacial, Medicina do Trabalho e Medicina de Tráfego. Atualmente é diretor de comunicação e do Departamento de Medicina do Tráfego Ocupacional da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (ABRAMET). Escreve artigos para revistas e sites especializados na área de saúde ocupacional e é autor do livro “Eu, Você e a Idade” e “Manual de Saúde do Motorista Profissional“.
Assim comprovou tragicamente um jovem que ia para o trabalho em sua bicicleta passando pela Avenida Paulista nas primeiras horas de domingo quando foi atingido por um carro. O motorista, um estudante de 22 anos, fugiu do local do acidente levando consigo o braço amputado de David Santos de Souza e jogando depois o membro em um córrego.
Horas depois, o motorista se entregou à polícia.
“Muita gente comentou: ‘O que fazia um homem a essa hora (05h30) de bicicleta na Paulista?’. Ia trabalhar. Por acaso só os bêbados podem passar por lá?”, disse à AFP Willian Cruz, um analista de sistemas de 39 anos que há uma década adotou a bicicleta como meio de transporte.
No entanto, o ciclista, de 21 anos, admitiu que trafegava pela contramão no momento do acidente.
Cruz alimenta o site www.vadebike.org, onde fomenta o uso da bicicleta nesta cidade de 11 milhões de habitantes, com uma frota de 3,8 milhões de veículos motorizados e onde há apenas 60,4 km de ciclovias exclusivas.
Pouco amiga da bicicleta
Milhares de paulistas desafiam o tráfego, as ruas que sobem e descem e as longas distâncias para usar este meio de transporte mais barato, mais rápido e não poluente. Mas são poucos em relação ao exército de carros, motocicletas e ônibus que percorrem as ruas de São Paulo.
“Temos que aprender a conviver com tudo isso. São Paulo não é uma cidade amiga da bicicleta, mas está progredindo. Há cinco anos, quando comecei a pedalar, era muito pior”, comentou à AFP Aline Cavalcante, uma jornalista de 27 anos que junto a um grupo de amigos instalou um café e uma tenda de bicicletas.
No domingo, Aline participou do protesto que bloqueou a Avenida Paulista depois do acidente.
Segundo dados da pesquisa Origem/Destino de 2007, que o Metrô de São Paulo elabora a cada dez anos, em 1997, 0,5% das 31 milhões de viagens diárias na capital e na região metropolitana eram feitas em bicicleta. Esse percentual aumentou para 0,8% em 2007, de um total de 38 milhões de viagens, ou seja cerca de 300.000 viagens.
Mais bicicletas, mais mortes
Mas, apesar de ser mais barato e rápido do que utilizar um carro particular ou transporte público, se locomover de bicicleta é muito perigoso.
“Muitas pessoas veem na bicicleta uma alternativa para seu transporte diário, mas São Paulo não está preparada para receber essa demanda”, comentou à AFP Carlos Henrique Carvalho, pesquisador da área de transporte do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
“São Paulo fez investimentos, ampliou um pouco a rede, mas ainda sim é muito pouco em relação ao necessário para essa demanda. O que está acontecendo é que o número de mortes tem aumentado”, alertou.
Segundo dados do Ipea, 12 ciclistas morreram em acidentes de trânsito em 1997 no estado de São Paulo. Em 2010, foram 290, 4% do total de mortes por acidentes terrestres no estado.
Só na cidade de São Paulo, 52 ciclistas morreram em acidentes de trânsito em 2012. Em 2010 foram 49, de acordo com números municipais.
Há um ano, a bióloga Juliana Dias, de 33 anos, morreu atropelada por um ônibus na Avenida Paulista, depois de ter perdido o equilíbrio ao discutir com o motorista de um outro ônibus que fechou a sua passagem. Sua morte provocou indignação.
Grupos que incentivam o uso de bicicletas, como o “Bike Anjo”, onde um ciclista experiente acompanha os novatos em seus primeiros dias; e o ‘BikeSampa’, o sistema de aluguel de bicicletas públicas, são sinais de que este meio de transporte está ganhando espaço nas ruas paulistanas.
Além das ciclovias, separadas dos outros veículos, existem 120 km de ‘ciclofaixas’ que funcionam aos domingos e feriados. Também há 58 km de ‘ciclorrotas’ localizadas geralmente em ruas laterais, sinalizadas com pintura especial e placas.
Em Bogotá, cidade com a maior extensão de ciclovias da América Latina, são 376 km destinados às bicicletas.
Santos de Souza trafegava pela ciclofaixa da Paulista quando foi atingido pelo veículo que amputou seu braço direito.
O atropelamento provocou comoção nas redes sociais. No Facebook foi criada uma página chamada “Um braço mecânico para o ciclista atropelado na Paulista”, enquanto no Twitter multiplicam-se as mensagens pedindo justiça.
O pai da motorista e dono do veículo que atropelou o ciclista Caio Menezes da Silva, 16 anos, há uma semana, em Boa Viagem, prestará depoimento na manhã de hoje na Delegacia de Delitos de Trânsito.
Além dele, serão ouvidos o agente responsável por registrar a ocorrência e outra testemunha. O delegado Newson Motta informou que as investigações estão avançadas e que a ouvida da motorista, uma universitária de 19 anos, será realizada por último. Caio foi atingido quando atravessava a faixa de pedestres da Avenida Visconde de Jequitinhonha (foto) em cima da bicicleta com o sinal aberto para os carros. A motorista prestou socorro, mas a vítima não resistiu ao impacto.
O ciclista David Santos Souza, de 21 anos, teve o braço decepado após acidente na Avenida Paulista, em São Paulo e, com a amputação realizada no Hospital das Clínicas, pode receber até R$ 12,1 mil de indenização do Seguro DPVAT. Ele, que é limpador de vidros, estava a caminho do trabalho e foi atingido pelo Honda Fit do estudante de psicologia Alex Siwek, de 22 anos, em atropelamento que ocorreu na madrugada de domingo (10/03).
De acordo com o diretor de Sinistros da Mutual Seguros, Jorge Orfali, a ocorrência pode gerar o direito de receber o valor máximo para despesas médico-hospitalares: R$ 2.700,00.
“A indenização por invalidez permanente independe da quantia destinada à assistência médica. De acordo com a tabela do DPVAT, a perda total de um membro superior corresponde a 70% do teto do seguro obrigatório de trânsito, que é de RS 13.500,00. Assim, ele poderá pleitear mais R$ 9.450,00, totalizando R$ 12.150,00”, explica Orfali.
O executivo lembra que, para a entrada no processo das duas coberturas, é preciso apresentar o Boletim de Ocorrência (B.O.) expedido por autoridade policial competente, laudo do Instituto Médico Legal (IML), RG ou documento substitutivo, CPF e comprovante de residência (ou declaração assinada pelo beneficiário, fornecendo dados de endereço).
“O passo seguinte é entregar a documentação à companhia, sem a necessidade de intermediários, para verificação, cadastro e encaminhamento do processo à Seguradora Líder que, após nova análise, pagará a indenização diretamente ao segurado”, conclui Orfali.
Fonte: Seguro Medida
Nove ciclistas são internados por dia por acidentes de trânsito em SP
Nove ciclistas são internados por dia em hospitais públicos do estado de São Paulo vítimas de acidentes de trânsito. De acordo com os dados divulgados nesta quarta-feira (13/3) pela Secretaria de Estado da Saúde, em média, a cada dois dias, pelo menos um dos ciclistas internados morre.
No ano passado, de acordo com a secretaria, 3,2 mil pessoas foram internadas, o que gerou um gasto de R$ 3,3 milhões ao Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo Hassan Yassine Neto, médico socorrista do Grupo de Atendimento e Resgate às Urgências (Grau), as lesões mais frequentes nesses pacientes são os traumatismos cranianos e na coluna vertebral, além de fraturas dos ossos da bacia, do braço e da perna.
“O número de acidentes graves envolvendo ciclistas continua alto, porque as bicicletas precisam dividir cada vez mais espaço com os veículos. É preciso haver respeito mútuo e mais locais sinalizados e adequados aos ciclistas”, disse o médico.
ara diminuir a gravidade das lesões provocadas pelos acidentes, o médico destaca a importância do uso dos equipamentos de proteção individual, como capacete, joelheira e cotoveleira.
Além disso, a Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo (CET) recomenda que o ciclista use roupas claras e acessórios refletivos além dos afixados nos pedais e nas laterais, na dianteira e na traseira da bicicleta, que são obrigatórios.
A CET também recomenda aos ciclistas que não trafeguem em altas velocidades nem em vias expressas e rodovias. Outra orientação é que eles evitar as avenidas movimentadas.
A morte do jovem Vitor Gurman, atropelado em julho de 2011, na Zona Oeste de São Paulo, resultou no documentário “Luto em luta”, em cartaz a partir de sexta-feira (21) nas salas de cinema da capital paulista. O filme mostra histórias parecidas com a do administrador morto quando voltava a pé para casa.
O filme é uma produção independente que durou um ano para ser finalizado e custou R$ 35 mil. Ele expõe, através de depoimentos de vítimas, familiares e imagens de acidentes, a tragédia diária do trânsito da capital paulista. Pedro ouviu especialistas em trânsito, médicos, psicanalistas, jornalistas, juristas, políticos e cidadãos comuns.
Só neste ano, de janeiro a junho, 604 pessoas morreram no trânsito de São Paulo. Destas, 266 eram pedestres. Muitas morreram atravessando avenidas movimentadas. Outras morreram andando na calçada, como aconteceu com Gurman.