O Instituto da Cidade Pelópidas Silveira divulgou as primeiras imagens do que está sendo pensado na área de bicicletário para as ruas da cidade. O urbanista César Barros, um dos defensores das ciclovias, apresentou um dos desenhos no seu facebook. De acordo com o presidente do Instituto da Cidade, Milton Botler, a ideia é colocar bicicletários nas áreas dos edifícios-garagem fazendo uma integração dos diversos modais. As ideias estão ai, esperamos a implantação e a viabilização dessas iniciativas.
Estudantes brasileiros e franceses apresentaram propostas de navegabilidade para o Rio Capibaribe. O trabalho foi desenvolvido em 2009 e o que era sonho agora pode ser realidade. Acompanhe o vídeo.
Vídeo mostra o início da integração da bicicleta com o metrô do Recife. A prática ainda é tímida, mas a tendência é a ampliar a integração. A Secretaria das Cidades irá instalar bicicletários nos novos terminais de integração.
Uma tendência mundial começa a ser incluída aos poucos no sistema de metrô do Recife: a integração da bicicleta com o transporte ferroviário. É bem verdade que, em matéria de infraestrutura, ainda estamos muito no início, mas já se vislumbra a integração, a exemplo do que ocorre no metrô de São Paulo. Há pelo menos duas maneiras de se estabelecer o elo da bicicleta com o metrô: a primeira é usar bicicletários para quem quiser deixar a bike estacionada e seguir de metrô. Aqui ainda não dispomos de bicicletários. A outra é o ciclista entrar com a bicicleta no trem. Em São Paulo, essa prática já é permitida, de segunda à sexta, a partir das 20h, e no sábado, a partir das 14h e domingos e feriados o dia todo. No Recife, por enquanto, só o fim de semana, no mesmo esquema de São Paulo.
Foi na estação central do metrô Recife que encontramos o ciclista Dauziley Fonseca, 44 anos, maquinista do metrô. Ele mora no bairro San Martin, Zona Oeste do Recife, e vai de casa para o trabalho de bicicleta. “Gasto em média 20 minutos, mas se fosse de ônibus perderia mais tempo com certeza”, revelou. O ciclista faz o seguinte percurso: Avenida 21 de abril, Avenida Sul, Rua da Concórdia e estação do metrô. Ou ainda Avenida Abdias de Carvalho, cruza Avenida Agamenon, passa pelos Coelhos, Imip, Ponte de Ferro, Rua da Concórdia e estação. “Mesmo enfrentando um trânsito sem ciclovia e onde os carros não respeitam o ciclista, prefiro a bicicleta do que o ônibus”.
Na estação do metrô onde trabalha, Dauziley tem permissão para guardar a sua bicicleta na ausência de bicicletário. “A minha sorte é que sou funcionário e o pessoal permite que eu guarde a bicicleta, mas quando houver bicicletários muita gente vai poder usar mais o metrô integrado com a bicicleta”, avaliou.
Bicicletários
Das 38 estações do metrô do Recife, apenas a de Santa Luzia dispõe de um bicicletário, resultado de uma experiência que foi abandonada por uma empresa terceirizada. Mesmo assim, o espaço até hoje é usado para estacionamento de bicicleta. “Há um potencial enorme para ser explorado. E não é preciso grandes investimentos. É uma questão de mudar o olhar e perceber que a bicicleta é também um meio de transporte”, afirmou o cientista social José Augusto de Lima Souza, que desenvolveu uma pesquisa sobre o tema.
De acordo com o secretário das Cidades, Danilo Cabral, todos os terminais de integração irão dispor de bicicletários. “Os 14 Terminais Integrados que estão sendo construídos pela Secretaria das Cidades terão bicicletários com capacidade para atender no mínimo 15 bicicletas por equipamento. Além disso, também iremos implantar bicicletários nos terminais que já estão em operação”, afirmou.
No Terminal de Igarassu, onde há um potencial local do uso da bicicleta, os ciclistas improvisam um estacionamento. Para a implantação dos bicicletários, a Secretaria das Cidades está investindo R$ 350 mil, o que irá garantir a inclusão de 318 vagas exclusivas para as bicicletas. É uma parte do que ainda precisa vir, acesso seguro e ciclovias. “É preciso olhar a bicicleta como meio de transporte”, ressaltou o presidente da Ong Instituto Parada Vital, Ismael Caetano
Uma das belezas da arquitetura é justamente a incerteza do seu uso. Espaços públicos de qualidade contém sempre o imprevisto, o erro, a arte que não antecipada e que só se faz pelo uso.
Há, no entanto, uma certa tendência a desumanizar os espaços para restringir usos e “ordenar” fluxos e comportamentos, nada mais empobrecedor. Em São Paulo andar de skate já chegou até a ser proibido, afinal ia contra a ordem estabelecida. Mas a proibição deu brecha para o debate e acabou por fim contribuindo para a profissionalização do skate como esporte.
Mas permanece a pergunta sobre o que é mais valioso para uma cidade, espaços públicos herméticos e que aos poucos acabam tomados pelos “indesejados”, ou espaços públicos de qualidade com vidas que circulam, brincam e usufruem da cidade.
A resposta parece bastante clara, mas o vídeo que inspirou esse post traz mais elementos para se refletir sobre a idéia de “arquitetura vs. skate”. Em Auckland, cidade mais importante da Nova Zelândia, o embate está definido entre a vontade e necessidade do poder público de conter o ímpeto dos skatistas e tendência dos skatistas de subverter os usos do mobiliário urbano.
Ao mesmo tempo em que faz adaptações anti-skate nos locais perfeitos para um grind, a administração municipal de Auckland investe na construção de “skate parks”, infraestrutura segregada planejada para a prática do skate. O que a princípio soa interessante, é na verdade uma miopia em relação aos desejos reais da comunidade das rodinhas.
O skatista está sempre em busca de novos locais para realizar manobras em busca de desafios. Ter um parque é bom para novos adeptos, mas é na dificuldade de pular uma nova escadaria ou em voar por um corrimão inexplorado que reside o desafio.
Manobras radicais em grandes obras arquitetônicas podem parecer uma grande heresia, contribuindo para o desgaste prematuro da infraestrutura. Mas a realidade é que uma cidade precisa ser adequada para o uso democrático do espaço. Pensar em maneiras de integrar diversos usos é sempre mais eficiente do que segregar cada grupo social, ou tribo, em sua caixinha.
A estação aeroporto do metrô Recife não conseguia se conectar com seu principal equipamento: o aeroporto. Apesar de ficar de frente um para o outro, há uma barreira de duas faixas de fluxo intenso nos dois sentidos, sem indicação de passagem segura para o pedestre. Era o chamado perto longe. A melhor alternativa de acesso era o carro. Era.
O governador Eduardo Campos anunciou o edital de licitação para a construção de uma passarela ligando os dois equipamentos. Ela tem uma estimativa de orçamento de R$ 28 milhões. Ou seja R$ 10 milhões a mais do que a construção do Terminal de Integração Cosme e Damião, porta de entrada para a cidade da Copa.
A passarela terá 661,27 metros de comprimento. Ela terá início na sede do Aeroporto, passará pela Avenida Mascarenhas de Moraes e seguirá pela Avenida Barão de Sousa Leão, entrará na rua do Colégio Maria Tereza e terminará no TI do Aeroporto, que está integrado ao metrô. “O Recife será a única capital brasileira com acesso direto à cidade da Copa integrando o avião, o metrô ou o ônibus direto com a cidade da Copa”, destacou o governador Eduardo Campos.
Uma cidade que vai nascer conectada com as vias urbanas. A ordem de serviço para construção do Ramal da Copa, pelo Governo de Pernambuco, não representa apenas o principal acesso viário da futura arena, mas também a espinha dorsal de uma cidade projetada. O projeto master plan da cidade da Copa, tem como pano fundo a integração dos diversos modais, inclusive o Veículo Leve sob Trilho (VLT). A boa notícia da assinatura da ordem de serviço com o repórter Cássio Zírpoli.
Diario de Pernambuco
Por Cassio Zirpoli
Foi assinada na manhã deste sábado a ordem de serviço para a construção do Ramal Cidade da Copa, apontado como o principal acesso viário para a futura arena pernambucana, palco da Copa do Mundo de 2014.
Com 6,3 quilômetros de extensão, a radial vai da Avenida Belarmino Correia, em Camaragibe, até a Cidade da Copa, em São Lourenço da Mata, cruzando o Rio Capibaribe com uma nova ponte, dividida por faixas de ônibus, carros e ciclovias.
Orçado em R$ 132 milhões, o projeto será desenvolvido pelo consórcio Mendes Júnior/Servix, que vence a licitação nº 009/2011, cujo resultado foi homologado no Diário Oficial em 27 de setembro. O valor está dividido entre PAC-Copa (R$ 99 milhões, financiados) e recursos do governo estadual (R$ 32 milhões).
“Estamos antecipando o calendário. Nós tínhamos um compromisso acordado com a presidenta Dilma de ter o começo dessa obra até dezembro”, afirmou o governador do estado, Eduardo Campos (PSB), cercado de aliados políticos durante a cerimônia, que contou com Sérgio Mendes, representante da Mendes Júnior, na assinatura.
Com o início da obra, cujo prazo de conclusão é de 18 meses (primeiro trimestre de 2013), Pernambuco busca fortalecer a sua “candidatura” em busca de um lugar na Copa das Confederações, que ocorrerá no Brasil em 2013, como teste para o Mundial. Serão cinco ou seis cidades, entre as 12 subsedes da próxima Copa do Mundo.
A Fifa vai anunciar as escolhidas durante o congresso executivo da entidade, em Zurique, na Suíça, nos dias 20 e 21 de outubro. “Tenho confiança de que seremos escolhidos. Nossas obras estão verdes, ou seja, no prazo. Isso será um argumento forte junto à Fifa neste mês”, completou o governador.
O Ramal Cidade da Copa, que vai contar com um corredor exclusivo de TRO (Transporte Rápido de Ônibus), será construído em duas etapas. Na primeira, será feita um intervenção de 3,76 km, já no terreno da Cidade da Copa, na margem do Rio Capibaribe, até a conexão com a rodovia BR-408, o outro acesso ao estádio desenvolvido pela Odebrecht.
Segundo o cronograma traçado pela Mendes Júnior em acordo com o estado, essa etapa deve ser concluída até dezembro do ano que vem. Depois, na segunda etapa, com 2,65 quilômetros, a obra irá do Terminal de Camaragibe até a nova ponte, passando pela nova estação de metrô Cosme e Damião.
“Esses prazos mostram o compromisso da empresa, consciente do que estamos fazendo aqui, para viabilizar Pernambuco na Copa das Confederações”, ressaltou o secretário das Cidades, Danilo Cabral.
Além da ordem de serviço do Ramal, também foi assinado o projeto de lei (PL) que cria critérios de reajuste tarifário e regulamenta a remuneração dos concessionários de transporte público, estabelecendo diretrizes na licitação das linhas de ônibus que circulam na Região Metropolitana do Recife (RMR).
Para entrar em vigor, o PL depende da apreciação das câmaras de vereadores do Recife e Olinda, além da Assembleia Legislativa de Pernambuco. Por sinal, os prefeitos João da Costa (Recife) e Renildo Calheiros (Olinda) participaram do ato da assinatura.
A integração do transporte público é um dos diferenciais da Região Metropolitana do Recife em relação a outras capitais brasileiras. Mas o acesso aos principais corredores de tráfego e terminais de integração ainda deixa muito a desejar.
No dia mundial sem carro, quando decidi deixar o carro em casa, tentei observar as opções para chegar ao corredor principal, no caso a Avenida Conselheiro Aguiar. Levando-se em conta que eu estava na Barão de Souza Leão, a caminhada até a Conselheiro levaria cerca de 20 minutos. Outra opção seria, a paralela da Barão, a Capitão Zuzinha. A primeira opção teria uma oferta maior de linhas, a segunda mais limitada.
Optei pela segunda. Foi o primeiro erro. O ônibus da linha PE-15 me levaria até a Agamenon Magalhães, mas eu queria ir para o Bairro de Santo Amaro, no centro. Tive que descer na Conselheiro Aguiar e pegar a segunda condução até o Terminal de Santa Rita. Tudo certo. Lá peguei, enfim, o circular .O terceiro ônibus, a terceira passagem.
Para minha surpresa o terminal de Santa Rita não tem o sistema de integração. O terminal que é estratégico na área central da cidade e recebe linhas de todas as áreas, não oferece a opção de integração, nem mesmo com as linhas circulares.
Como não saí no horário de pico e não houve nenhum acidente no meio do caminho, foram só 45 minutos de casa até o trabalho. Quase me convenceu se as opções fossem mais atraentes. Depois soube que poderia ter pego o metrô na estação aeroporto e descido na estação Joana Bezerra e de lá pegaria o circular da integração.
Parecia perfeito, mas o deslocamento até a estação também precisaria de uma longa caminhada com calçadas ruins. E fiquei pensando que a Barão de Souza de Leão, que é um corredor de acesso para o Aeroporto, bem que poderia ter uma linha circular.Até porque o acesso da estação para o aeroporto é também complicado. A travessia a pé, seria uma aventura cansativa e desnecessária.
Seria bom deixar o carro pelo transporte público, mas precisa me oferecer melhores opções antes de me convencer…
Que falta faz não termos uma linha de metrô que se comunique com os diversos canais da cidade. A estação mais próxima do centro, a estação central do metrô do Recife, não é muito acessível. Quem vier de ônibus precisa descer na Avenida Guararapes e percorrer alguns quarteirões por calçadas intransitáveis. Ou tem que pegar um táxi.
Aliás, com exceção do Terminal Integrado de Passageiros (TIP), onde o passageiro desce dentro do terminal, nenhuma outra estação oferece essa opção de interligação com importantes equipamentos.
Até mesmo o aeroporto não foi contemplado com essa logística. A opção da passarela ligando o terminal ao aeroporto ainda está em fase de projeto.
Mas é uma opção melhor do que ocorre hoje. Quem desce na estação aeroporto precisa de um táxi para fazer o deslocamento até o aeroporto, mesmo estando de frente para ele. É um perto, longe.
Na foto, a estação da Consolação do Metrô, em plena Avenida Paulista. Com tudo que uma acessibilidade precisa. Que falta faz um metrô pertinho da gente.
Matéria publicada no dia 29.05.11 (três meses antes da aprovação do projeto)
Tânia Passos
Diario de Pernambuco
Não se pode imaginar o Recife sem os rios. Mas comece a imaginar o Recife com os rios navegáveis. O sonho, quase romântico, de uma Veneza brasileira pode sim acontecer.
Mas não apenas pelo aspecto turístico de passeios sob as pontes. A navegabilidade dos rios passa a ser uma condição essencial de mobilidade para uma cidade travada pelo trânsito caótico.
Pela primeira vez, o rio está sendo encarado como um instrumento viável para o transporte hidroviário integrado ao ônibus e metrô.
A Secretaria das Cidades incluiu a navegabilidade dos três rios que cortam o Recife, Capibaribe, Beberibe e Tejipió, entre os quatro projetos que poderão receber recursos do PAC da Mobilidade este ano.
Orçado em R$ 398 milhões, o projeto aponta três eixos a serem explorados pelas hidrovias: as zonas Oeste, Norte e Sul.
Dos três eixos, a Zona Oeste é a mais viável para o transporte hidroviário de passageiros por causa da demanda existente. O Capibaribe é, na verdade, uma via paralela às avenidas Rui Barbosa e Rosa Silva, que estão com o trânsito saturado.
Imagine então trocar o caos do trânsito nessas duas vias por outra sem semáforos, engarrafamentos, buracos ou protestos e, de quebra, uma das mais belas paisagens da cidade.
Para se ter uma ideia do que pode significar na prática, a equipe do Diario conferiu em um catamarã o trajeto previsto para o eixo da Zona Oeste, que inclui cinco estações hidroviárias:
a estação central do metrô do Recife e o trecho das futuras estações do Derby, Plaza, Caiara e da BR- 101. Devido ao assoreamento a embarcação chegou até o penúltimo trecho.
Em uma conta simples, marcamos o tempo gasto pelo barco no trecho entre Casa Forte e Jaqueira, de apenas três minutos, e de Casa Forte até o Derby, de 10 minutos. É claro que de carro ou ônibus o tempo tende a ser muito maior devido aos engarrafamentos e semáforos.
De acordo com o projeto da Secretaria das Cidades, se aprovado o projeto de navegabilidade, o serviço de transporte público hidroviário será feito por meio de concessão, da mesma forma que ocorre com os ônibus.
O modelo das embarcações só será definido posteriormente em edital. Um dos critérios é que as embarcações sejam fechadas, climatizadas e com equipamento de segurança.
“Ao contrário dos ônibus, nenhum passageiro poderá ficar de pé. Serão todos sentados e com os equipamentos de proteção”, afirmou a secretária executiva das Cidades, Ana Suassuna.
O projeto prevê a dragagem do rio nas três rotas, recuperação das margens e remoção das palafitas. As cinco estações estarão integradas ao Sistema Estrutural Integrado (SEI).
“A gente quer uma confluência de modais dentro da estrutura da mobilidade. Todos os equipamentos estarão diretamente integrados: ônibus, metrô e o transporte fluvial, com o pagamento de uma passagem”, afirmou Suassuna.
Se o projeto da navegabilidade será mesmo ser executado vai depender ainda da seleção dos projetos. “O projeto da navegabilidade é importantíssimo e viável, mas se a gente tiver que optar vamos escolher o dos corredores de tráfego Norte/Sul, Leste/Oeste, Avenida Norte e da 4ª perimetral devido a demanda de transporte ser muito maior”, afirmou o secretário das Cidades, Danilo Cabral.